A Vida de Elizabeth Ashfield escrita por Anonymous


Capítulo 31
Capítulo 31: Laços


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo Capítulo da Primeira Parte... Nem sei porque insisto em escrever notas, ninguem ta lendo mesmo



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À borda de um penhasco sem nome, na grande cidade de Summerlight, Elizabeth põe-se de pé. Sua vida não fazia mais sentido, pois perdera o marido e o filho - as pessoas que mais se importava na vida.

Elizabeth observava o mundo que se encontrava diante de seus pés: Summerlight, a cidade onde nascera e residira, onde passou sua vida inteira, onde viveu inesquecíveis e dolorosos momentos, capazes de enlouquecer muitos. Todavia, ela fora forte para aguentar tudo que acontecesse, mas seu limite havia chegado.

Nada mais importava, nada mais seria capaz de impedir que seu destino fosse traçado. Ela saltaria daquele local e encerraria tudo. Bastava somente um passo. Um único passo e todas aquelas mágoas e saudades iriam ter fim. No entanto, algo a impedia de seguir esse passo.

Elizabeth virou-se, descobrindo que a pessoa que impedira o suicídio se tratava de sua irmã mais nova, Victoria Wilkinson.

- Elizabeth, não faça isso. – suplicava Victoria, puxando a desequilibrada irmã para longe da borda do precipício. – Eu não sei o que seria de você. Você sempre cuidou de mim quando precisava, quando eu era bebezinha. Você sempre me amou e nunca teve raiva por ter que dividir suas coisas comigo. Chegou a minha vez de cuidar de você.

Elizabeth, ao ouvir as doces palavras da irmã, se sentiu pior ainda, pois se lembrara de Margareth e de todo mal que havia feito à irmã de Megan assassinando sua irmã. Caso Victoria fosse assassinada, Elizabeth faria o mesmo que Margareth tinha feito.

- A propósito, eu quero lhe pedir uma coisa.

- O que? – Elizabeth de imediato despertou de seu turbilhão de pensamentos com o chamado da irmã.

- Desejo, de todo o coração, que você seja a madrinha da Isabella.

Elizabeth conseguira sorrir. Estava louca, desnorteada, pela morte do marido e do filho. Tinha esquecido que alguém ainda poderia fazer parte de sua vida: a sobrinha, que se tornaria sua afilhada. Isabella Wilkinson seria como uma filha para Elizabeth. Como o filho que ela perdera.

...

Quatro anos depois...

A pequenina Isabella não poderia ter uma vida melhor. Pais que a amavam de verdade, uma madrinha extremamente atenciosa que estava disposta a tudo para a alegria da sobrinha e afilhada. Uma menina de sorte. Tivera tudo o que o primo Thomas não pudera ter devido a um ato de crueldade.

Elizabeth Ashfield fazia o que podia para dar à pequena afilhada tudo o que não pudera dar ao pequenino bebê que fora roubado há quatro anos. A milionária realizava inúmeras buscas pelo filho, mas nada adiantava. Absolutamente nada. Só um milagre seria capaz de trazer Thomas de volta para seus braços, de onde jamais deveria ter sido tirado.

Na mansão, onde Elizabeth agora residia com Victoria, Isabella e Teddy, a morena se encontrava no grande piano, tocando distraidamente inúmeras canções. Era algo que a relaxava, acalmava sua alma. Sorriu ao observar a alegre menininha descendo as escadas e correndo para seu colo.

- Você cresceu rápido, minha querida. Faz tão pouco tempo que você não passava de uma bebezinha! – A madrinha abraçou fortemente a criança. Um anjo que caíra do céu.

...

Thomas, registrado como Eric pela família que o adotara, também crescera sendo muito amado pelos pais adotivos, que, mesmo o garoto sabendo que era adotado, o amavam como se fosse de seu próprio sangue.

O pequeno garotinho passava horas no quarto com os brinquedos e os livros de contos de fada que proporcionavam um imaginário mundo na vida de qualquer criança. Tinha os cabelos pretos e os olhos como os da mãe. Caso Elizabeth o visse, o reconheceria imediatamente.

Todavia, seu mundo de alegrias e diversões acabara repentinamente com uma notícia que mudaria sua vida para sempre. Sua mãe, Charlotte, chegara de uma consulta médica e correra para abraçar o marido, Henry. Algo de muito bom, pensara Thomas, tinha acontecido.

- Meu amor, você não vai acreditar! Parece um milagre! Eu estou grávida, vou ter um bebezinho. – Seus olhos se encontravam vermelhos de tanto chorar, emocionada.

Aquilo fora grande comemoração para ambos os três. Nove meses depois, outro menininho chegava. Seu nome era David. Eric sempre amou o irmãozinho, porém, aos poucos, o menino perdia a atenção e o carinho dos pais, que só se importavam com o filho legítimo, ignorando completamente os sentimentos do mais velho, que estava destinado a crescer solitário.

Com o passar de três anos, o quarto em que antes era de Eric, que completara sete anos de idade, agora era especialmente para a criança. O cômodo poderia ser bem dividido para os dois irmãos, mas os pais desejavam que somente David ocupasse tudo, de modo que sobrava somente o sofá da sala para o filho biológico da milionária Elizabeth. Eric não tinha outra opção a não ser aceitar tudo o que estava acontecendo, mas, não suportava tamanha rejeição.

Era a primeira noite em que Eric dormiria na sala. O pequeno subira as escadas, se dirigindo ao quarto dos pais. A porta estava aberta.

- Mamãe... – chamava gentilmente, acariciando o braço da mulher que o adotara.

- Diga, Eric. – respondia a mãe, secamente, irada por ter sido interrompida do importantíssimo sono.

- Eu tenho medo do escuro.

Ao ouvir o que o filho adotivo afirmara, uma ira ainda mais forte preencheu Charlotte, que se levantara de má vontade da grande cama, encarando a criança. Seu olhar era frio, como se Eric fosse seu maior inimigo, e não um bebê que ela mesma havia comprado para adotar.

- Você já está grandinho demais para isso. – Charlotte puxou Eric pelo braço, descendo, rápida como uma lebre, a escadaria, o empurrando para cima do sofá. – Se eu ver que essa luz está acesa, vou colocá-lo de castigo, o dobro do tempo em que você ficou, na semana passada. Ouviu bem?

Eric assentiu, cerrando os olhos. Após a maquiavélica Charlotte subir as escadas novamente, o menino se debulhou em lágrimas. Sabia que sua vida nunca mais seria do jeito que era antes.

- Se ele não tivesse nascido, eles me amariam!

...

O sono de Eric fora interrompido por uma pequena mão que acariciava seu rosto. O menino abrira os olhos e se surpreendera ao ver que se tratava do irmão mais novo.

- Oi, David. O que você quer? – perguntava, com um longo bocejo. Quando finalmente tinha conseguido dormir, o irmão o acordara.

- Não fica triste por causa da mamãe. Pega um colchão e vem pro quarto... – O bebê puxara o mais velho pelo braço. Eric se deixava guiar pelo irmãozinho. Chegando à escada, apenas assentiu, carregando o pequeno enquanto subia silenciosamente os degraus, se dirigindo ao grande aposento, com uma cama que era imensa para uma criança como David. Os irmãos, juntos, dividiram a grande cama. Um grande laço de amizade crescera entre Eric e David. Eram irmãos, se sentiam assim, mesmo que Eric soubesse que era adotado, era como se David fosse de sangue. Um grande laço.


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