A Vida de Elizabeth Ashfield escrita por Anonymous


Capítulo 23
Capítulo 23: Traições


Notas iniciais do capítulo

Último Flashback do passado de Margareth neste capítulo! Confiram...



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Na noite do dia seguinte, Elizabeth comparecera ao local marcado para o jantar: um elegantíssimo e refinado restaurante cinco estrelas. Sentou-se em uma das mesas para casais, à espera do acompanhante. O local era iluminado à base da luz de velas, de modo que deixasse a noite mais romântica.

Um jovem com vestimentas brancas e vermelhas se aproximava da milionária, com um bloquinho de notas em uma das mãos.

- Posso ajudar?

- Por enquanto não, obrigada. Estou a espera de alguém. – respondia Elizabeth, fitando o relógio de ouro encontrado no antebraço esquerdo. A qualquer momento, Charles chegaria ao encontro.

Pouco tempo depois, em apenas alguns minutos, Charles Ashfield chegava à mesa, implorando para que Elizabeth desculpasse a pequena demora.

- Me desculpe pelo atraso! – e enxugou o suor que escorria da testa. Era notório que o homem estava completamente nervoso diante da presença da advogada. – Este trânsito está uma bagunça!

- Tudo bem. – sorriu Elizabeth.

...

Margareth Wargrave Hoffman se encontrava no interior de sua cela quando repentinamente uma carcereira, provavelmente a estressante Esther.

- Hoje chegou correspondência para você... Esqueceram de te entregar e aqui está. – afirmava secamente, entregando um envelope sujo e amassado nas mãos da presidiária, que vinha correndo a seu encontro. Imediatamente rasgou completamente o papel, desesperada e ansiosa para descobrir o que havia escrito na pequena carta.

“Querida Margareth,

Fiquei sabendo em que situação você se encontrou e finalmente reparei na besteira que cometi há anos atrás... Sei o que você deve ter pensado de mim depois do que fiz, porém, durante todos esses anos mantenho um profundo arrependimento dos meus terríveis atos e voltarei. Em breve você terá mais informações sobre mim.

Grato,

Arthur Hoffman”

- O que esse desgraçado acha que pode fazer na minha vida depois de tudo aquilo que passei por conta dele? ELE NÃO PODE VOLTAR! – gritava alucinada, destruindo qualquer objeto que aparecesse à sua frente, relembrando do passado.

-- Flashback --

A jovem Margareth Wargrave tinha a melhor vida que uma mulher poderia ter: era feliz no amor, tinha dois filhos lindos e saudáveis e pessoas que a amavam de verdade.

Encontrava-se em seus aposentos, que dividia com o marido e os bebês, e estava acompanhada de Soraya, que a auxiliava na troca de fraldas dos bebês.

- Tenho a vida que qualquer mulher desejaria ter... Só me faltava uma coisa... – lamentava Margareth, relembrando de Megan. – Minha irmãzinha mais nova... Eu até tentei procurá-la, mas não adiantou. Ela não quer nem saber de mim.

As duas permaneceram em silêncio, pois Soraya desejava, e muito, consolar a amiga de alguma forma, porém, nada poderia ser feito. Após um longo silêncio, a porta se abriu com violência. Nervosa, chegava Stéfany ao cômodo, suando frio.

- Margareth, venha comigo! – gritou a prostituta, assustando as duas jovens que se encontravam no cômodo. – Soraya, cuide bem das crianças enquanto isso. – implorou, segurando firmemente o braço de Margareth, puxou a mulher de Arthur para fora do quarto e juntas as duas desceram rapidamente a escadaria, partindo para fora do bordel.

- O que está acontecendo, Stéfany? Diga-me alguma coisa!

- Você já vai ver! Você tem que ver com seus próprios olhos, caso contrário não acreditaria. – garantiu, puxando a amiga pelas ruas, as duas chegando a uma belíssima e enorme praça, distante do bordel. – Veja ali, naquela direção. – apontou na direção de um casal que se beijava apaixonadamente. Margareth berrou, desesperada, e correu na direção daquelas pessoas, pois o homem era Arthur, seu marido e pais de seus filhos.

- Arthur! O que é isso? – seus olhos se encheram de lágrimas. Sentia vontade de saltar sobre os dois e espancá-los até o fim de suas vidas, porém, era necessário que esse desejo se mantivesse apenas no pensamento, pois pequenas criancinhas dependiam daquela mãe. O marido, depois de escutar os berros enlouquecidos, levantara surpreso, se afastando da mulher que beijara. A figura tinha longos cabelos pretos trançados e uma pele branca como a neve. Era muitíssimo mais jovem do que a esposa.

- Meu amor, eu posso explicar tudo o que aconteceu aqui!

- Pode nada! – gritou Margareth, esbofeteando Arthur fortemente, de modo que o homem perdesse o equilíbrio e caísse sobre o chão de pedras. – Acabou tudo, Arthur! Vá embora para sempre da minha vida. – e retornou ao bordel, acompanhada de Stéfany que, aterrorizada, não pronunciara nenhuma palavra no caminho, enquanto ouvia a amiga surtar.

As duas chegaram ao grande casarão. Margareth sentou-se em uma das mesas do grande salão que só funcionava à noite, quando Mafalda de repente se juntou as duas, enquanto Stéfany a servia um copo de água.

- Margareth, querida, – Mafalda sentou-se ao lado da nora e pôs a mão sobre seu ombro. – o que aconteceu?

- Foi o seu filho, dona Mafalda! Ele estava me traindo no meio da rua, com uma garota mais nova do que eu! – surtava a nora, fitando o olhar surpreso de Mafalda.

- O Arthur? Não... Não pode ser... Você tem certeza? – Mafalda gaguejava ao imaginar o filho naquela situação. Nunca passaria pela sua cabeça que o menino que saíra de sua barriga se tornasse um marido infiel no futuro.

Segundos depois, Arthur chegava ofegante ao local, ajoelhando-se diante das duas.

- Margareth, me perdoa... Eu posso explicar!

- Você não pode explicar coisíssima nenhuma! – berrou a esposa tão alto que qualquer pessoa que passasse pelas ruas escutaria os gritos. – Me ridicularizou na frente de todo mundo, em praça pública! Justamente eu, a mulher que tanto te ama e mãe dos seus filhos!

- Ah, quer saber? – Arthur soltou uma alta gargalhada. – Você não me dava atenção... Eu amo os meus filhos, mas eles roubaram toda a atenção que você me dava antes. Você não é mais a mesma pessoa de antes! EU ME CANSEI DE VOCÊ.

Todos fizeram uma pausa enquanto Margareth chorava cada vez mais. Mafalda a abraçou, fitando o filho com desprezo.

- E você ainda não é grata por eu te dar lar e te tirar daquela sua vidinha medíocre que você tinha antes... Fora da minha casa, e deixe meus filhos comigo! – ordenou o homem, puxando a esposa dos braços da mãe, empurrando-a na direção da porta de saída. A jovem perdera o equilíbrio e caíra no solo de madeira do salão.

- Filho, se tem alguém que vai sair daqui de casa, esse alguém é você!

...

Arthur Hoffman, após ser expulso do bordel pela esposa e pela mãe, viajou com sua nova paixão e nunca mais dera notícias, sinais de vida.

O bordel estava começando a se encontrar em uma crise financeira. Mafalda, a sogra de Margareth e avó dos filhos da jovem, passara muitíssimo mal durante aquela semana, deixando para a nora toda a administração do bordel. Além de tudo isso, Margareth ainda deveria cuidar dos filhos.

- Stéfany, é muita tarefa pra uma pessoa só... Estou ficando desesperada. – Margareth suspirou, exausta, depois de um dia de árduo trabalho. – E a dona Mafalda que não melhora de jeito nenhum?

- Acho melhor chamarmos outro médico... – sugeria a jovem prostituta, segurando as mãos da melhor amiga. – Este daí não é um dos bons e não encontrou nada nela, e sem dúvida deve ser algo importante... Já faz uma semana!

...

No dia seguinte, Mafalda comparecera ao médico para realizar os exames necessários. Margareth aguardava o resultado do exame em uma das salas de espera, enquanto Soraya e Stéfany, suas maiores amigas, cuidavam dos pequeninos bebês.

- Sra. Hoffman, as notícias não são nem um pouco agradáveis. – abaixou a cabeça, tristonho. Algo de muito sério havia acontecido com a bondosa Mafalda, assombrando a nora. – Espero que esteja preparada para ouvir tudo o que tenho a lhe dizer.

- Pode falar.

- A senhora Mafalda Hoffman, sua sogra, está com os dias contados. Ela possui um grave tumor no útero e tudo o que podemos fazer é fornecer alguns remédios para que ela não sinta dor até que o momento chegue... Somente o que pode salvá-la nesse momento é um milagre! Ela necessita do carinho, atenção e afeto de todas vocês nesses dias, pois a qualquer instante poderá chegar o seu fim.

...

Margareth, abalada, levou a pobre Mafalda novamente ao bordel, contando para a sogra toda a verdade sobre o que estava acontecendo, pois era melhor que ela soubesse pela nora do que por qualquer outra pessoa que acidentalmente deixasse escapar o ocorrido.

Todos na grande casa passaram a mimar e paparicar aquela que havia fundado a casa de mulheres e salvado a vida de muitos que se encontravam pelas ruas da cidade, sem lar, sem trabalho, sem vida. Mafalda Hoffman deveria entrar para a história da cidade, devido aos generosos atos.

O grande momento finalmente tinha chegado e a matriarca do bordel se encontrava sobre a cama de seus quartos, coberta em um lençol rosa choque, as mesmas cores do papel de parede de aparência medieval do cômodo, que era decorado com móveis no mesmo estilo. Margareth segurava as mãos da ex-sogra, chorando desesperadamente.

- Margareth, você foi um grande anjo que caiu do céu que apareceu na minha vida! Você me deu a alegria de ser avó, me dando esses dois lindos netinhos... É uma pena que meu filho não soube valorizá-los, pois vocês são ouro.

- Dona Mafalda, não precisa falar mais nada... A senhora que foi um verdadeiro anjo na minha vida: me acolheu, me deu sustento, me ajudou. Graças à você, pude ter a família e os filhinhos que sempre sonhei, mesmo sendo de um modo bem diferente de como eu imaginava.

- Cuide bem deles, minha querida. – Mafalda fez uma pausa, aterrorizando a todos as pessoas do bordel, que se encontravam presentes no cômodo. Porém, repentinamente tossiu alto, aliviando a todos. – Se o meu filho um dia aparecer, por favor, o perdoe... Não precisa aceitá-lo de volta, somente não seja rancorosa, vai fazer mal a você mesma. E cuide bem do lugar... Faça deste estabelecimento o que você achar que deve ser feito! – a idosa se aproximou do ouvido da mãe de seus netos, sussurrando. – Pedro e Catherine merecem um lar mais adequado.

Mafalda abraçou Margareth e todos se silenciaram. Quando a jovem finalmente reparou, a matriarca do prostíbulo se encontrava inconsciente, porém se olhos arregalados. Margareth pôs cuidadosamente o corpo da mulher sobre a cama, cerrando seus olhos.

- Descanse em paz, querida... O céu ganhou uma nova estrela!

...

Após o enterro de Mafalda Hoffman, Margareth se encontrava no grande jardim do casarão, onde um jardineiro regava cuidadosamente cada uma das plantas do local.

- Deve ser muito cansativo trabalhar com isso, não? – perguntava indiferentemente, secando as lágrimas que escorriam de seus olhos sem parar.

O homem virou-se e respondeu calmamente:

- Geralmente costuma ser cansativo para quem não gosta do trabalho que faz, senhora. Mas eu amo meu trabalho, compreende? Cuido de suas plantas com orgulho e carinho, como se fossem vivas. Como se fossem criancinhas que dependessem de alguém para sobreviver.

- É lindo o modo como você vê a vida... – refletiu, conseguindo esboçar um sorriso diante de toda aquela situação. Teria que comandar o imenso Bordel da Mafalda e mostrar para todos de que era capaz de carregar tamanho peso sobre as costas. – Qual é mesmo o seu nome? São tantos funcionários que os confundo as vezes, desculpe.

- Não foi nada... Deve ser difícil viver do modo como a senhora vive. Meu nome é James.

...

Margareth se encontrava em seu quarto, amamentando os dois bebês, um em cada seio. Estava decidida do que iria fazer com o bordel. Necessitava por o plano em ação, portanto, pediu para que chamassem suas mais fiéis amigas. Stéfany e Soraya adentraram o cômodo.

- Alguma coisa importante, querida? – Soraya quebrou aquele silêncio, sentando-se sobre a grande cama de casal que Margareth anteriormente dividia com Arthur. – Por que nos chamou com tanta urgência?

- Finalmente decidi o que vou fazer com o bordel! – exclamou a loira, orgulhosa, os olhos brilhando gloriosamente. – Vou transformá-lo num orfanato, onde vocês todos terão um cargo especial para isso... Dinheiro não é o problema, pois Mafalda deixou uma grande herança para mim e meus filhos e irei usá-la para o bem e o futuro deles...

- Num... Num orfanato? – Stéfany se surpreendeu, esboçando um grande sorriso. Finalmente iria largar aquela vida de meretriz para poder se tornar uma nova pessoa, um novo ser humano.

- Sim, o Orfanato Mafalda Hoffman.

-- Fim do Flashback –

...

Elizabeth ainda se encontrava no jantar acompanhada de Charles Ashfield. Os dois conversaram sobre muitos interessantes assuntos, sobre os bebês da milionária e de sua irmã. Elizabeth notara que o homem a fitava da mesma maneira do que no dia anterior, deixando-a incomodada.

- Elizabeth, eu preciso falar uma coisa com você... – dizia Charles, finalmente decidido. Resolvera quebrar aquele constrangedor silêncio e troca de olhares.

- Pode dizer...

- Eu... Desde que te vi, desde a primeira vez em que olhei para você, sinto algo diferente, algo que jamais senti por uma mulher após a morte da minha primeira e única esposa... Elizabeth, eu...

- Não diga mais nada. – interrompeu Elizabeth, se aproximando de Charles, o beijando apaixonadamente. Ela também não sentia aquilo desde que... desde que se apaixonara pelo rapaz que a engravidou e infernizou sua juventude.

...

No dia seguinte, após Elizabeth chegar exausta à mansão e cochilar no mesmo instante, visitou a casa da irmã Victoria naquele fim de semana.

- Victoria, tenho tanta coisa nova para te contar!

- E o que seria? Uau, pelo visto você está muito feliz com alguma coisa...  Mal posso esperar para saber do que se trata.

- Bem, eu… Eu e o Charles, a gente, nós nos beijamos. Posso dizer que estamos tentando um relacionamento.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês gostem...



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