Droopy escrita por zireael, Miss Mayne


Capítulo 2
Nightmare


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap. pra vocês ;)



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Aqui esta triste sem você. Não consigo entender o porque da sua morte.”

O

 Mount Pleasant Cemetery estava cheio, não porque estavam acontecendo vários enterros ali, mas sim um enterro em especial, o enterro de James Beckford. James tinha vários amigos, era um homem bom e honesto e era adorado pelas pessoas de Toronto. Todos os seus clientes estavam lá, além de amigos, família, conhecidos e os funcionários de seu escritório. Melissa e sua mãe caminhavam ao lado do caixão, chorando, com algumas rosas vermelhas em suas mãos.

Chegaram ao local onde estava o túmulo de James e se sentaram nas cadeiras presentes para ouvir a oração feita pelo pastor. Depois que o caixão foi enterrado Leslie deu um pequeno discurso improvisado.

-James... Este homem vai me fazer tanta falta. Não apenas como marido, mas como a pessoa boa que ele era. Nos conhecemos  jovens  e eu posso dizer que ele foi o único homem que amei em toda minha vida. –As palavras saiam entrecortadas pelo choro, mas mesmo assim a mulher continuou. – Graças a este homem tive uma vida feliz. E graças a ele, hoje eu tenho o bem mais precioso que uma mulher pode ter, uma filha. James sempre foi um marido carinhoso, e muito atencioso também. Era um homem muito romântico e sempre dizia que me amava. – Um sorriso triste brotou em seus lábios. – Um dia nós acordamos e ele me pediu uma coisa. Promete que nunca vai me dizer adeus? E eu o prometi... Prometi que nunca iria lhe dizer adeus, e hoje, aqui neste cemitério, eu repito novamente. Eu nunca irei te dizer adeus James. –Disse se ajoelhando em frente à lápide e colocando uma rosa em cima da terra. – Eu nunca irei te dizer adeus... –Sussurrou olhando a lápide

Aos poucos as pessoas foram voltaram as suas residências. Por último só ficaram Leslie e Melissa. Elas ainda não acreditavam que o homem que mais amavam em suas vidas estava morto, enterrado bem ali na frente delas.

Enquanto Melissa e sua mãe lamentavam a perda de James, alguém as observava em algum lugar do cemitério. O garoto observava cena com tamanho desalento, se ele pudesse chorar, com certeza estaria como elas. Ele conhecia aquela garota desde que ela nascera e, mesmo de longe, havia acompanhado cada momento da vida de Melissa. O garoto loiro tinha presenciado cada momento desde que a garota havia aberto os olhos e sabia tudo sobre ela, mesmo ela nem sonhando com sua existência. Agora, sentado em cima de uma lápide, observava angustiado aquela cena, sabendo que, no momento, não podia fazer nada.

-Dav, podemos ir embora? Esse lugar me dá arrepios, e eu nem sabia que podia sentir isso! - Noah, melhor amigo do garoto, falou num tom meio amedrontado, tirando o amigo de seus devaneios.

-Noah, você sabe que não precisava ter vindo comigo... - O garoto de olhos hazel falou calmo, sem desviar o olhar do túmulo de James.

-Você sabe porque quis vim. Hoje a Katherine veio visitar o túmulo da "abuela" dela, como ela falava - Ele respondeu, com um olhar triste.

-Não acha irônico isso? As duas aqui, no mesmo lugar e ao mesmo tempo, mas nunca se viram nem se falaram... Nem sabem da existência uma da outra.

-A vida é irônica, o que você queria? - Noah riu. - Mas falando nisso, quando vai falar com ela?

-Você sabe que ainda não está na hora... No momento certo eu farei isso.

-Quando você falar com ela não se esqueça de avisar a Katherine de que existem pessoas que se preocupam e zelam por ela - O garoto de cabelos pretos falou, se sentando em cima de um túmulo, mas se levantando rapidamente. - Me desculpe, hã... - olhou o nome impresso na lápide - Gilbert... Me desculpe, não queria sentar no seu túmulo, me desculpe mesmo.

David revirou os olhos e riu com a bobagem do amigo.

- Anda Noah, vamos embora... - Se levantou. Logo sendo acompanhado pelo outro garoto. O garoto loiro lançou um último olhar para onde Melissa e sua mãe estavam, e virou andando ao lado de seu amigo, até desaparecerem de lá.

Quando Melissa e Leslie começaram a caminhar para fora do cemitério, Melissa sentiu uma presença estranha perto de si. Uma presença estranha, mas de uma forma boa. Aquela presença fazia com que o vazio que sentisse em seu peito fosse preenchido.

Tudo ficará bem pequena...” – Foi o que Melissa ouviu de uma voz melódica e logo depois a presença bondosa sumiu, junto com o preenchimento do vazio em seu peito. A garota ficou meio assustada com que aconteceu e parou de caminhar bruscamente, olhando ao redor como se quisesse encontrar a fonte daquela voz.

-Melissa? Esta tudo bem? –Perguntou Leslie confusa com o movimento da filha.

- Ah sim... Esta sim. É que eu... Esquece. –Respondeu dando de ombros

***

O resto do dia Melissa e Leslie passaram atendendo telefonema de parentes distantes que não puderam comparecer ao enterro. No final do dia as duas estavam esgotadas. Queriam dormir, acordar e perceber que tudo isso não se passou de um pesadelo, um terrível pesadelo.

-Mãe? – Melissa perguntou baixinho enquanto abria minimamente a porta do quarto de Leslie

-Sim querida. –Respondeu doce sentando-se na cama e ligando o abajur.

-Eu... Posso dormir com a senhora hoje? –Perguntou sem jeito

-Claro. Venha. –Chamou dando um sorriso terno para a filha e batendo a mão no espaço vazio ao seu lado. O espaço que antes era preenchido por James.

Nenhuma das duas conseguia dormir. As duas sentiam falta de James e aquilo as aterrorizava. Melissa ainda tinha na cabeça aquela voz melódica dizendo que tudo ficaria bem, ela realmente queria acreditar, mas era tão difícil.

-Não consegue dormir? –Leslie perguntou baixinho ao virar para buscar uma posição cômoda na cama e encontrar a filha de olhos abertos fitando o teto

-Não. A senhora?

-Também não. –Deu um suspiro longo e puxou Melissa para seu peito, afagando os cabelos castanhos da filha. –Eu sei que você sente a falta dele, mas nós vamos superar isso. Juntas. – A filha levantou o olhar para vê-la e Leslie lhe deu um sorriso fraco e acolhedor.

-Juntas. –Repetiu voltando a deitar a cabeça no peito da mãe se abraçando mais forte a ela.

***

Melissa caminhava lentamente pela rua quase deserta enquanto ia de encontro a seu pai, que caminhava em sua direção com um sorriso gentil no rosto. Tudo parecia se passar em câmera lenta. Melissa e James estavam quase se alcançando e levantaram os braços para que suas mãos se tocassem, e então, quando seus dedos se tocaram minimamente, tudo ficou preto e a única coisa que Melissa viu foi uma imensa rachadura se abrir na imensidão negra, puxando seu pai para baixo.

-PAAAAAI! –Gritou desesperada, ajoelhando-se em frente aquele abismo, enquanto mantinha sua mão pendendo para dentro daquele lugar como se esperasse que James segurasse sua mão para que ela o ajudasse a voltar para perto dela.

Melissa sentou na cama em um rompante, lágrimas rolavam copiosamente por seu rosto e garota tinha um semblante assustado. Sua testa suava e a respiração estava pesada.

-Filha, o que foi? – Perguntou Leslie preocupada, se sentando ao lado da filha

-Eu tive um pesadelo... Foi horrível mãe. – Balbuciou entre o choro abraçando a mãe de forma desesperada

-Ei, vai ficar tudo bem... –Disse afagando as costas da filha

***

No dia seguinte Melissa e sua mãe acordaram um pouco antes do horário do almoço. Haviam dormido tarde, e todos os despertadores tinham sidos desligados. A garota não iria pra escola o resto da semana, queria evitar lugares com muitas pessoas, sinais irritantes e professores chatos. Na verdade tudo o que ela queria era se trancar em seu quarto e nunca mais sair. Leslie também não estava muito diferente de sua filha. Havia ligado para o escritório e avisado que iria tirar umas “férias”. Todo mundo entendeu, e algumas pessoas até mandaram algumas lembranças e se ofereceram para cobrir o trabalho da arquiteta. Depois que elas acordaram, começaram a circular pela casa feito zumbis, alguma coisa lá não estava certa, claro que não, James não estava mais com elas e elas nunca mais o veriam.

Por volta das duas da tarde Leslie foi fazer alguma coisa para ela e sua filha comerem. Acabou preparando alguns lanches rápidos, já que não conseguia pensar em coisa melhor. Colocou-os em uma bandeja e levou para a sala, onde Melissa estava encolhida em um dos sofás, segurando seu velho e surrado urso de estimação. Urso esse que tinha sido presente de seu pai quando ela ainda era criança. Leslie se sentou ao lado da filha e fez com que a garota deitasse a cabeça em seu colo.

-Filha, come alguma coisa, você não comeu nada desde ontem... – Falou com uma voz aparentemente calma.

-Não quero comer – A garota falou baixo e sua mãe pode ouvir a voz chorosa.

-Meu anjo, não faz isso. Sei que você está sofrendo, e eu também estou, mas você precisa se alimentar...

-Mãe, você não entende? – Melissa se levantou e encarou sua mãe. – Fui eu quem ligou pro papai na hora do acidente. Ele morreu por minha culpa! – Exclamou chorando. – Foi tudo culpa minha, mãe. Eu não devia ter ligado pra ele.

- Melissa Beckford, nunca mais repita isso, entendeu? Você não teve culpa da morte do seu pai. Não quero mais saber de você falando isso, nunca mais! – Interrompeu Leslie

***


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Notas finais do capítulo

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