Fantasia escrita por Suzana San


Capítulo 18
Capítulo 12 – Sakê


Notas iniciais do capítulo

Tadaima!!! Finalmente! Quem deu uma olhada no meu perfil já deve saber o motivo pelo qual eu desapareci nos últimos dias. Mas eu vou resumir aqui. Em um assalto, perdi, além de outros objetos, meu pendrive, o mesmo que guardava o capítulo novo da fic. ;( Por isso eu tive que refazer tudo. Acabei fazendo um capítulo completo.
Tem sido muito complicado escrever ultimamente, por causa de dois cursos que estou fazendo. Mas um deles já acabou e o outro só dura até o fim desse mês, então volto a escrever normalmente.
No próximo sábado, vou viajar, pois é a formatura da minha irmã e, obviamente, eu não posso deixar de ir. Rsrs
Maaaasssss... Vamos superar estes momentos difíceis juntos, não é minna? *-* Sim, eu sei que vamos. xD Porque todos estamos aqui por um motivo em comum: Kakashi-sensei. Ehehehe
Espero que gostem desse capítulo. =D Vejo vocês nos comentários!
E para não perder o costume: O mangá/anime Naruto e seus personagens não me pertencem! Peguei emprestado de Kishimoto Masashi-sensei. *reverência* Mas a Keiko e a Aki são minhas e ninguém tasca! U.u



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Capítulo 12 – Sakê

Consciência é a parte da psique que se dissolve em álcool.

(H.D. Lasswell)

A noite estava fresca e agradável. Keiko e Aki sentaram-se numa mesinha redonda para duas pessoas, no lugar mais reservado da temakeria, e foram prontamente atendidas por uma jovem garçonete.

- Irashaimase! – Disse a moça com um largo sorriso, colocando um cardápio sobre a mesa.

Aki pegou o cardápio, deslizou a ponta do dedo pelas opções e, por fim, escolheu um “Temaki Tropical”, torcendo para que eles colocassem fatias de manga e pepino. Keiko, porém, sequer pegou o cardápio, já que não estava sentindo nem um pouco de fome; mas pediu uma garrafinha de sakê, pois sabia que o álcool a deixaria um pouco menos tensa.

Escolher conversar fora do apartamento de Keiko foi uma decisão silenciosa e unânime, bem ao estilo “leitura-de-pensamentos-da-sua-melhor-amiga”. Seria bem difícil ter uma conversa decente com Kakashi escutando tudo, principalmente por causa de todos os segredos que Keiko insistia em manter. Além disso, Keiko precisava tomar um ar fresco e colocar a cabeça de volta no lugar, especialmente depois de ter viajado até o oitavo céu com o beijo maravilhoso do seu shinobi mascarado.

Aki estava mais do que ansiosa para berrar nos ouvidos de Keiko que pedir demissão era uma insanidade monstruosa, mas havia outra curiosidade mais urgente consumindo-lhe. Então, assim que a garçonete se afastou, terminando de anotar os pedidos, ela disse:

- Kei-chan, eu sei que eu vim aqui para conversar com você sobre sua decisão de pedir demissão, mas... Eu estou me corroendo por dentro para saber o que estava acontecendo entre você e o Kakashi antes de eu chegar. – Seus olhos se arregalaram em expectativa. – E não disfarça dizendo que não aconteceu nada porque eu captei aquele clima no ar.

Keiko sentiu seu rosto pegar fogo instantaneamente. Ela não pretendia esconder nada de Aki, mas já fazia muito tempo que estava acostumada a apenas ouvir a amiga falando sobre os seus namorados. Agora que chegara a sua vez, sentia-se envergonhada.

- Nós nos beijamos. – Ela disse, encarando a mesinha de madeira.

Um sorriso gigantesco dividiu o rosto de Aki em dois. Mas logo em seguida, ela pareceu se lembrar de algo e seu olhar ficou preocupado. No segundo seguinte, seu semblante ficou triste. Aki relembrou a mensagem que Keiko lhe enviara, falando sobre a resposta negativa da Miko acerca da sua ida com Kakashi para o outro mundo. Ela suspirou.

- Não há nenhuma possibilidade, Keiko? A Miko não deu nenhuma esperança?

Keiko limitou-se a balançar negativamente a cabeça. Tocar naquele assunto doía tanto, que era difícil falar.

- Merda... – Aki sussurrou baixinho.

A garçonete surgiu ao lado delas, trazendo a garrafinha de sakê que Keiko pedira, e um copinho. Com uma reverência, ela se retirou.

– Me conte exatamente tudo o que ela disse a você. – Aki continuou, depois de se certificar de que ninguém estava ouvindo a conversa.

Keiko sabia que Aki não ia deixar passar nenhum detalhe, então era melhor superar a dor e contar tudo. Ela colocou um pouco de sakê no copinho, tomou um gole e sentiu o ardor do álcool queimar sua garganta. Então, resignada, passou a contar como fora a sua visita ao templo, acrescentando mais e mais detalhes na medida em que a bebida fazia efeito, deixando-a mais corajosa para falar sobre o assunto. Não foi difícil se lembrar de tudo o que a Miko dissera, já que as palavras da velha sacerdotisa ficaram gravadas em sua memória como marcas de ferro quente na pele.

Quando terminou, Aki parecia chocada.

- O que a velha quis dizer com “não posso fazer isso duas vezes”? – Ela quis saber, mas sua pergunta ficou no ar, pois a garçonete havia voltado, trazendo seu temaki.

Aki olhou para o prato, fazendo uma careta inconsciente. De repente, não estava mais sentindo fome alguma.

- Eu não faço ideia, Aki. – Keiko respondeu. – A única coisa que sei, com absoluta certeza, é que quero aproveitar ao máximo todo o tempo que eu tiver ao lado de Kakashi.

- Mas você não pode se demitir por causa disso. – Aki foi taxativa, e quando Keiko abriu a boca para protestar, ela ergueu uma mão, pedindo-lhe que esperasse e continuou: – Kei-chan, eu sei o quanto você estudou para ser selecionada para a vaga. E sei mais ainda que o IPF carrega as memórias dos seus pais. Então pedir demissão é algo que está fora de cogitação. Mas isso não significa que você tenha que sacrificar seus preciosos dias ao lado do Kakashi.

Keiko franziu as sobrancelhas, sem entender o que Aki queria dizer com aquilo.

- Eu tenho uns contatos no setor de R.H. – Ela se apressou em dizer, percebendo a expressão de dúvida da amiga. – Então vou ver se consigo dar um jeito. Enquanto isso, você fica em casa, e aproveita para beijar muito o seu ninja mascarado. – Aki disse com um sorriso malicioso.

Uma nuvem negra turvou o olhar de Keiko na mesma hora, e o sorriso de Aki desapareceu.

- O que foi? – Ela perguntou, preocupada.

- Não sei se quero beijá-lo de novo...

- Você enlouqueceu, Kei-chan?

- Acho que vai doer mais perder algo que eu tenho, do que algo que eu nunca tive...

Aki ficou em silêncio, olhando fixamente para Keiko, como que analisando a amiga.

- Você pretende simplesmente fingir que nada está acontecendo entre vocês? – Seu tom era de descrença.

- Eu pretendo deixar claro para ele que eu quero manter uma certa distância, já que ele vai embora um dia e eu vou ficar aqui, sozinha.

- Deixa eu ver se entendi. Primeiro você pensa em abandonar o trabalho para ficar todo o tempo perto dele. Agora você quer distância? Alguém aí pode trazer uma porção extra de confusão, por favor? – Aki estava exasperada.

- Aki-chan... – Keiko fechou os olhos, aborrecida, e inspirou profundamente. Então voltou a encarar a amiga e disse: - Eu sei que minha cabeça está confusa. Sei disso melhor do que qualquer pessoa. Mas eu acho que isso é o melhor a ser feito. Eu preciso de um tempo pra mim. Quero colocar minhas ideias no lugar e dar um pouco mais de atenção à minha vida pessoal, sem me preocupar com o trabalho.

- Ok. – Aki disse, levantando as mãos em sinal de derrota. – Eu não tenho nenhum direito de dizer a você o que é certo ou errado. Mas tenho o dever de ficar ao seu lado. Sempre. E, apesar de achar que você devia realmente aproveitar esses dias com o Kakashi – e você sabe do que eu estou falando – eu vou apoiar as decisões que você tomar. Desde que elas não signifiquem pedir demissão ou qualquer outra loucura do tipo. – Ela riu.

Os olhos de Keiko se encheram de lágrimas.

“Ah, Aki. O que seria de mim se não fosse você?”

Aki sorriu maternalmente e olhou para o temaki intocado à sua frente. Então seus olhos se iluminaram e um sorriso largo brotou em seu lábios.

- Êba! Tem manga e pepino!

Então ela desatou a falar sobre as últimas fofocas que a moça da limpeza lhe contara no IPF, usando aquela sua habilidade mágica de suavizar climas ruins e conversas pesadas, e dando a Keiko a oportunidade de esquecer um pouco de toda a tensão do que estava vivendo, enquanto ria das histórias que Aki contava.

O copo de sakê esvaziou-se rapidamente, e Keiko não se importou em enchê-lo outra vez.

-x-x-x-x-

As portas do elevador se abriram, e Keiko viu Kakashi encostado no umbral da porta, esperando-a. O sakê ainda corria em suas veias e Aki havia injetado uma boa dose de ânimo em seu peito, então ela abriu um largo sorriso e acenou para ele.

- Yo... – Kakashi disse suavemente.

- Oi. – Ela respondeu.

Os olhos dele estavam ilegíveis e sua expressão era indecifrável por debaixo da máscara.

- Você bebeu?

Keiko levou um susto. Estava tão óbvio assim?

- Um ou dois copinhos de sakê...

Kakashi ergueu uma sobrancelha, descrente.

- Ok, eu bebi uma garrafa. – Ela confessou.

- Nós precisamos conversar. – Ele disse. – Mas acho que prefiro aguardar até que você esteja sóbria.

- Não acredito que eu seja capaz de ter uma conversa decente com você se eu estiver sóbria. – Keiko riu, achando graça do próprio comentário.

Kakashi não conseguiu conter um sorrisinho torto. Apenas uma garrafinha e ela ficou assim?

Ele, então, suspirou resignado. Gostaria de conversar com ela em outro momento, mas sabia que o álcool costumava deixar as pessoas mais sinceras e a sinceridade seria fundamental.

Keiko entrou no apartamento e sentou-se no sofá da sala. Kakashi fechou a porta e sentou-se ao seu lado.

- Eu não estou acostumado a ficar tão confuso, Keiko. Preciso saber o que você está pensando.

Ouvi-lo dizer seu nome, ao invés do apelido, foi doloroso. Implicitamente, ele estava se afastando, rompendo aquele laço íntimo que havia sido criado com o já familiar “Aka-chan”.

- Eu... – Ela começou, fazendo um esforço para organizar seus pensamentos e colocar para fora o que estava em sua mente. – É difícil para mim pensar que você vai voltar para casa um dia. – Confessou.

Os ombros de Kakashi relaxaram quando ele ouviu o desabafo de Keiko, mas foi tão sutil, que ela sequer notou. Embora ela não tivesse dito muita coisa, suas palavras foram como uma pista, uma bússola apontando para alguma direção.

- Não está sendo fácil para nenhum de nós, Keiko.

A revelação pegou-a de surpresa. Não tinha imaginado que Kakashi pudesse achar doloroso o seu retorno para casa.

- Eu também estou tão confusa... – Ela disse, despejando sem pensar as palavras que iam surgindo em sua mente. – O meu coração me diz uma coisa e a minha razão me diz outra.

- O que eles dizem? – Kakashi quis saber.

- O meu coração quer que eu peça para você ficar. A minha razão diz que não seria certo separar você do seu mundo. Então o meu coração diz que eu pelo menos devia aproveitar os dias que você estiver aqui comigo, mas minha razão diz que não, pois eu vou sofrer ainda mais quando você for embora. Eu não queria que fosse assim...

- Como você tem tanta certeza de que eu vou embora?

A pergunta pegou Keiko desprevenida.

- O que você quer dizer?

- Como você pode ter tanta certeza de que eu vou conseguir voltar?

Keiko estreitou os olhos e ficou calada por um tempo, pensando em como responder.

- Você é um ninja Kakashi. Um dos bons. E eu duvido que você ainda não tenha pensado em uma maneira de investigar um modo de voltar para Konoha.

Foi a vez de Keiko pegar Kakashi desprevenido.

- Você é perspicaz. – Ele constatou em voz alta. – Sim, eu já pensei sobre isso e sei por onde vou começar a minha investigação.

- Aposto que vai precisar de mim.

Kakashi ergueu uma sobrancelha. A versão embriagada de Keiko conseguia mudar seu estado de espírito com bastante rapidez.

- O álcool deixa você sincera e convencida.

- Talvez.

- A quem você dá mais ouvidos? Ao coração, ou à razão?

- Depende. Quando estou sóbria, a razão fala mais alto. Mas agora...

A frase ficou no ar. Keiko riu e levantou-se, cambaleando um pouco.

- Eu adoraria ouvir seus planos para a investigação, mas acho que não devia ter dito metade das coisas que disse, e sei que vou me arrepender disso amanhã. E agora que vejo que a sala está girando, eu verdadeiramente acredito que eu deveria me deitar.

Kakashi levantou-se e ajudou Keiko a se equilibrar.

- Precisa de ajuda para ir até o quarto?

- Não, eu vou ficar bem, obrigada.

Ela se desvencilhou das mãos dele e começou seu caminho sinuoso em direção ao quarto, mas depois de dois passos ela teve que se apoiar na parede. Meio segundo se passou até ela sentir dois braços fortes erguerem-na no ar.

Keiko deixou escapar um gritinho e um sorriso.

- Você é tão exagerado às vezes.

- Exagerado? – Kakashi perguntou, enquanto caminhava até o quarto dela.

- Um ombro para eu me apoiar seria o suficiente mas... – Ela fez um gesto largo com o braço. – Preferiu me carregar. Você está tentando se aproveitar de mim?

Kakashi riu, chutou a porta entreaberta do quarto e colocou Keiko deitada na cama.

- Eu nunca me aproveitaria de uma garota. Muito menos se ela estivesse bêbada.

- Ah... – Keiko parecia desapontada, mas ele não conseguia ver seu rosto, pois a luz estava apagada e o quarto estava mergulhado na penumbra.

Quando ergueu o corpo para sair, os braços dela, que estavam ao redor do seu pescoço, enrijeceram, impedindo que se levantasse.

- Que pena... – Ela murmurou.

- Keiko... – Era uma advertência. – Você precisa descansar.

Mas ela fingiu não escutar. Afundou os dedos da mão direita nos cabelos da nuca dele, afagando-os. Kakashi suspirou. Ele sabia que não era certo deixar que ela continuasse com aquilo, mas não conseguiu impedir que a mão dela escorregasse até a sua máscara, puxando-a delicadamente para baixo.

- Eu queria que a luz estivesse acesa. – Ela disse, baixinho, terminando de tirar o tecido do rosto dele.

- Eu teria feito com que você fechasse os olhos.

- E eu daria um jeito de espiar só um pouquinho.

Ele riu.

- Você espiou hoje mais cedo?

- Não. Mas estou arrependida.

Os dedos dela deslizaram pela sua bochecha, e seu toque era delicado.

- Hm... Você faz a barba.

- Todos os dias. – Ele respondeu, divertido.

- Por quê?

- Não seria nada confortável ter pelos roçando no tecido da máscara o tempo todo.

- É um bom argumento. – Então ela voltou a percorrer seu rosto com a ponta dos dedos e tocou a superfície dos seus lábios. – São quentes...

Kakashi suspirou e segurou os dedos dela, beijou-os um a um e se afastou um pouco.

- Eu sei o que você está fazendo.

- O que eu estou fazendo? – Ela perguntou, fingindo-se de inocente.

- Você está me enlouquecendo, mas eu não vou voltar atrás na minha palavra.

- Que palavra?

- Eu não me aproveito de garotas bêbadas, Aka-chan.

Ah, o “Aka-chan” voltou!

- Tecnicamente você não estaria se aproveitando se eu estivesse permitindo.

Ele inclinou-se, depositou um beijo delicado em sua testa e se afastou.

- Não me tente... – Disse, ouvindo o suspiro desapontado de Keiko.

Ele recolocou a máscara e caminhou até a porta.

- Por que não, Kakashi-kun?

Ele parou e virou-se para ela.

- O seu coração só está falando mais alto do que sua razão por causa do álcool. Só posso dizer sim no dia em que ele falar mais alto sem álcool algum. Boa noite, Aka-chan.

E saiu, fechando a porta atrás de si.

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~~Glossário dos Termos Japoneses~~

Irashaimase: Seja bem vindo(a)!

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Notas finais do capítulo

Por favor, me digam o que estão achandooo!!! Super beijocas para todos e até o próximo capítulo! =D