Inimizade Amorosa escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 25
Revivo o terror


Notas iniciais do capítulo

Oi gente... ~le foge das pedras~ então demorei pra caramba, mas cá estou eu com um cap gigante! Esse ia ser o último, mas então ficou grande de mais e eu resolvi dividir em dois... Espero que gostem, e aah, Bem vindo leitores novos!! E muito obrigada a cada comentário, por mais que eu esteja sentindo falta de algumas leitoras... Maas, BOA LEITURA!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/278459/chapter/25

A primeira coisa que aconteceu quando cheguei em casa foi: Fui derrubada no chão por um cão imenso! Uma Bloodhound preta com manchas marrons, que reconheci como Mona.

– Meu Deus! Como você cresceu! -exclamei e depois me dei conta que estava no chão. - Mona!! Gritei, mas não consegui ficar brava e comecei a rir. Consegui tira-la de cima de mim, e fiquei fazendo carinho nela. Era tão bom vê-la de novo...

– Isabela! -disse Tomás.- Ué, como você saiu do hospital? -perguntou com cara pensativa.

– Fui liberada, Tomás! -falei o obvio. Daniel me ajudou a levantar do chão e fomos até meu antigo quarto deixar minhas bolsas lá. Assim que entrei senti calafrios pelo corpo inteiro. Era tão familiar, mas ao mesmo tempo tão desconhecido. Era um quarto simples, mas que tinha o seu charme. As paredes eram um tom claro verde que combinava com a mobília que era preta e branca. Ele possuía uma cama de solteiro com uma fronha de flores rosas, e três bichinhos de pelúcia por cima: Um urso amarelo, uma girafa muito fofa, e um coelho branco com um macacão alaranjado. De frente a cama tinha meu guarda roupa, preto e branco, e do lado uma escrivaninha, que acima havia um nicho cheio de livros. Desde a série Percy Jackson e Os Olimpianos do Rick Riordan, a Hush-hush da Becca Fitzpatrick, Jogos Vorazes da Suzanne Collins e Harry Potter da J.K. Rowling . Sorri ao me lembrar de suas histórias, e não me incomodo nem um pouco se tiver que relê-los para lembrar certinho. Também tinha o tal livro que Daniel havia me falado, O que sinto por você, e estava muito curiosa para lembrar-me de seu conteúdo. Fiquei alguns minutos lá parada, sorrindo para meu quarto até alguém pigarrear atrás de mim.

– Am... Ta viva? -perguntou e riu. Virei para trás e vi que Daniel ainda estava ali, me observando com um sorriso nos lábios.

– Não, eu morri... -falei e fingi que iria cair no chão.

– Mas é bobona, não é? -falou mexendo a cabeça como se não acreditasse na minha criancice.

– Sou mesmo! -ri e mostrei a língua para ele. Peguei em sua mão e fomos para a sala. Ainda queria ver o resto do apartamento para me lembrar mais.

– Oh, esse é meu quarto e você sempre arruma pra mim quando a mamãe manda. -falou Tomás abrindo a porta de seu quarto me fazendo rir.

– Claro, sei, arrumo... -falei rindo.

– É verdade! -Tomás disse mais começou a rir. Logo depois saímos de lá, e fomos para a sala, que foi o local das minhas primeiras lembranças: tanto da minha família, tanto de Daniel. Observei a por um tempo. O sofá era um tom vermelho, e eram dois: Um de três lugares e uma poltrona, que estava sendo ocupada por Mona no momento (não sei como meus pais deixaram isso acontecer). Uma raque de madeira em estilo rústico que cobria até onde a televisão de tela plana estava, dano um toque mais sofisticado. E em cima da raque havia pequenos vasos de orquídeas brancas, que não sei como sobreviviam em meio a Mona, e porta-retratos meus e da minha família. Do outro lado se encontrava a mesa de jantar, que também era de madeira rústica, e tinha dois quadros de cestas de frutas do alto na parede. Tudo era muito lindo.

– E aí, se lembrou de mais alguma coisa? -perguntou Daniel se sentando junto comigo no sofá.

– Sim... Quer dizer, mais ou menos. Só lembrei daqui mesmo, sabe...? -comentei com o olhar perdido. Então me toquei em uma coisa.

– Tomás, cadê a mamãe e o papai? -perguntei assustada.

– Trabalhando, uai. -respondeu como se fosse obvio.

– Mas... você fica aqui sozinho a tarde inteira? -perguntei assustada.

– Sim... Antes você também ficava, mais daí como você estava no hospital eu fiquei sozinho... -ele disse dando de ombros e ligando a televisão, tirando Mona da poltrona para se sentar. Ainda não entendo como meus pais deixam ela se sentar ai...

– Tomás, desde quando Mona pode se sentar ai? -perguntei e me sentei mais confortável no sofá, ou seja, mais próxima a Daniel.

– Hum... Eles não deixam. Não conta pro papai que ela estava aqui! -ele pediu em total desespero. Ri e assenti. Estava passando um filme que na hora me lembrei e achei um tanto quanto um acaso estar assistindo junto com Daniel: 10 Coisas que Eu Odeio em Você. E como ainda estava no começo, decidimos assistir, mesmo com as reclamações de Tomás falando que aquele filme era muito meloso. Quando o filme acabou Tomás se cansou de ficar ali na sala e foi para seu quarto jogar vídeo-game.

PERIGO EMINENTE, PERIGO EMINENTE! Estou sozinha com Daniel na sala e não faço a mínima ideia do que falar. Ah! Socorro, o que eu faço?!

– Então... -falei tentando puxar assunto.- Como foi a escola hoje? perguntei.

– A mesma chatice de sempre... Só que me lembrei de uma coisa. -ele respondeu, e virei meu corpo, de modo que ficava de frente a ele, e perguntei:

– O quê?

– Que na primeira vez que nos vimos no hospital você enrolou, enrolou, enrolou e não contou qual foi sua lembrança sobre mim... -ele disse e olhou para mim esperando uma resposta. Apenas virei meu rosto para a televisão. Ah, cara, é constrangedor falar que me lembrei do nosso primeiro beijo sem nem saber ou pensar o que ele poderia ser na minha vida. Na verdade, sem nenhuma pista, como se aquilo fosse uma coisa tão importante que meu cérebro esqueceu, mas logo tratou de lembrar-se de tão boa que era aquela lembrança. Percebi que iria ter que falar. Que mal tem isso? Já passei tanta vergonha, isso só vai ser mais uma pra minha coleção.

– Am... É que, bem, logo depois que acordei o Dr. Mauro me fez umas perguntas e eu descobri que estava sem memória. Depois de descobrir meu nome, fui lembrando da minha família já que tinha um porta-retrato nosso lá no meu quarto, e essa foi minha primeira lembrança. -contei e olhei para ele para ver se estava prestando atenção, e acabei me deparando com um par de olhos azuis me fitando intensamente, o que me deixou mais constrangida ainda- Logo depois eu fui tirar um cochilo, para descansar, sabe? -perguntei e ele assentiu curioso para saber onde isso iria acabar.- E então, sem que eu percebesse, me lembrei do dia em que estávamos aqui... E você estava parado me olhando estranho, e eu chamava a sua atenção. Mas em vez de dar uma resposta em palavras, você me beijou... -falei e fiquei brincando com meu cabelo.- Foi a segunda coisa a qual me lembrei, o nosso primeiro beijo... -terminei querendo cavar um buraco e enfiar a cabeça ali pra nunca mais tirar. Em um grau de 0 a 100 de vergonha, eu estava no 101. Fiquei de cabeça baixa esperando a risada, mas, em vez disso, Daniel levantou meu rosto com o dedo e olhei para ele, que sorria de orelha a orelha. E então, com as borboletas na barriga soltando fogos de artifícios, com um calafrio interminável percorrendo todo o meu corpo, Daniel me beijou, fazendo com que uma sensação maravilhosa percorresse todo o meu corpo. Ficamos assim por uns cinco minutos, até que a porta da frente se abre, e minha mãe aparece, nos assustando.

– Ui, parece que atrapalhei... -ela disse sorrindo enquanto tanto o meu rosto, quanto o de Daniel pegavam fogo.

– Imagina, Tia Eliza... -Daniel disse rindo envergonhado e me afastei um pouco dele.

– Sei... -respondeu com um sorriso malicioso e extremamente irritante nos lábios, aquele sorriso que apenas nossas mães e tias sabem fazer. Então sussurrei um "para!" pra ela, e esta riu.- Desculpe acabar com a farra de vocês... -ela começou a falar, mas a repreendi.

– Mãe!

- Tudo bem, mas vou atrapalhar mais um pouquinho, porque temos que ir imediatamente para o shopping comprar seu vestido para o casamento, filha. Não deu tempo de ir comprar com você no hospital... -ela disse e entrei em desespero.

– Meu Deus! O casamento! Eu não tenho roupa, sapato, não marquei salão, e não lembro os paços da aula de dança! AHH! -gritei me levantando do sofá.

– Calma... -Daniel disse rindo. Mas não tinha como ficar calma, não tenho nada preparado, e o casamento é amanhã! Sem contar que ficar quase um mês no hospital fez meu cabelo crescer e ficar um emaranhado de cachos longos e bagunçado, sem brilho algum, e meus cortes... Ainda tem meus cortes! Que é impossível não notar os do braço! Ai, ferrou!- Bem, vou indo então... Vou aproveitar para visitar um amigo... -disse Daniel também se levantando do sofá. Fui com ele até a porta e dei um pequeno selinho de despedida e murmurei um tchau. Virei para minha mãe e ela ainda estava com aquele maldito sorriso no rosto.

– Para! -falei tentando esconder o meu sorriso.- Isso é constrangedor! exclamei, mas ela só riu.

– Eu sei... Mais agora se troca para irmos comprar... -falou e fui para meu quarto me arrumar.

–Tomás não vai? -perguntei quando já estava pronta na sala.

– Não, segundo ele não tem graça ir no shopping com a gente... -minha mãe respondeu e descemos no elevador até o carro. Não costumo me preocupar tanto assim com a minha aparência, ou com o fator Ir às compras, mas este é um caso em especial onde estou em um estado crítico de mais para ser madrinha de um casamento. Decidimos ir ao shopping do centro mesmo, já que era mais perto de casa e tinha mais lojas de roupas sociais. Logo que chegamos fomos para o segundo andar na loja em frente ao elevador.

– Olá, posso ajudar? -perguntou uma moça no balcão e então minha mãe explicou e ela foi mostrando vários estilos de vestidos, mas apenas dois me chamaram a atenção. Um era azul turquesa e tinha um babado reto e um broche de flor na cintura. O outro era vermelho sangue e era longo e simples. Os peguei e fui provar. No azul parecia que eu estava indo para o carnaval, já que o vestido ficou muito "cheguei", e o vermelho me deixou com cara de velha. Ou seja, fomos para outra loja.

– O que desejam? -perguntou a atendente desta outra loja. E depois de falar que era um vestido para casamento, a moça mostrou umas cinco peças apenas, e depois pediu para olharmos o mostruário. Sinceramente? Não gostei de nenhuma roupa dali, mas peguei um vestido verde para experimentar e não ficar chato. No final falamos que não deu certo, e fomos para outra loja. Não achamos nada de nada.

– E se formos para o outro shopping? -perguntei já cansada de ficar transitando de uma loja para outra. Outro fato que me lembrei: Odeio ir a shoppings, as pessoas ficam te avaliando como se você fosse um bicho de outro planeta, e tudo é muito caro. Estou generalizando, mas isso não deixa de ser verdade.

– Não dá, já ta tarde, daqui a pouco as lojas fecham... -minha mãe disse.

- Ah, olha! -ela falou e olhei achando que era mais uma loja chata de vestidos mas na verdade era uma com roupas para adultos.- Vamos ali que eu quero ver se compro umas blusinhas para mim... -ela disse e fomos para loja.

Chegando lá a atendente nos tratou muito melhor que as outras, e depois que mostrou as blusas para minha mãe fiquei dando uma olhada na arara de roupas, enquanto pensava no Daniel. Ah, me dá um desconto, também não gosto do fato do meu pensamento sempre o cercar, mas ah, sei lá... É tão bom pensar nele. Mas ao mesmo tempo ruim, e confuso. Quê que eu to fazendo mesmo? Ah, é, as roupas!

– Esse é bonito filha... -minha mãe disse saindo do provador. A encarei confusa e percebi que segurava um vestido amarelo de renda em minha mão. Espera... Aquele vestido era social! E lindo! Tirei da arara e fui prová-lo. Ficou simples e bonito ao mesmo tempo, o que me fez gostar de cara do vestido. Ele era como se fosse um tomara que caia, que era o tecido suave amarelo claro, mas por cima havia a renda que o transformava em um vestido de mangas.

– Eu quero esse... -falei com olhar de cachorro abandonado para minha mãe.

– Realmente, este ficou lindo! Olha, que sorte a sua! -falou a vendedora-. Ontem veio uma menina que se encantou com esse vestido, mas como já tinha, a mãe não deixou comprar, e se ela tivesse levado iria acabar, já que este é peça única... -acrescentou.

– O.K. Vou levar... -disse minha mãe e sorri. Depois que pagamos fomos para a loja ao lado que era de sapatos. Com o vestido que comprei o que mais combinaria era uma sapatilha, mas como eu iria ser madrinha e já não teria vestido longo, minha mãe insistiu para que eu comprasse um salto, mas não tão alto. Depois de praticamente uma hora olhando os saltos, achei um dourado fechado, simples que combinaria perfeitamente com o vestido.

– Pronto... Vamos embora? -falei assim que saímos da loja, já estava cansada de ficar ali.

– Vamos comer alguma coisa antes... -minha mãe disse já indo para a escada rolante que levava para o terceiro e último andar, reservado apenas para o cinema e a praça de alimentação. Resolvemos o que íamos comer, e depois que pedimos ficamos sentadas esperando o lanche chegar.

– E então, como foi o pedido? -minha mãe perguntou e como eu estava desatenta respondi que pedi o lanche como ela tinha falado.- Não, Isabela! To falando do pedido de namoro! -falou e olhei para ela percebendo que aquele sorrisinho já estava ali novamente.

– Hum... bem... -enrolei e foi ai que me toquei: Ele ainda não tinha pedido oficialmente. E se o que eu falava no meu diário sobre ele só estar querendo se aproveitar de mim era verdade...? Ai, beleza, agora estou insegura.

– Anda, me conta, quero saber... -pediu.

– É que... Ele ainda não pediu oficialmente, sabe... -falei brincando com meu cabelo.

– Como não?! -ela exclamou e por um momento parecia Bianca com seus ataques.

– Não pedindo, horas... -respondi.- Bom, pelo que eu saiba, ele não pediu para você e pro papai, pediu? -perguntei. Sim, sou a moda antiga.

– Não... -minha mãe respondeu, e antes que ela pudesse acrescentar algo, nossa senha do lanche apareceu e ela foi buscá-los. Logo depois voltou a mesa e comemos em silêncio.

– Só espero que ele peça logo, porque senão vocês vão estar proibidos de sair por aí pra ficar. -falou minha mãe quando fomos jogar o lixo dos lanches.

– Relaxa, mãe... -falei quando na verdade quem tinha que relaxar era eu! Será que ele não vai fazer o pedido oficialmente?

Depois disso fomos embora, e quando cheguei em casa me pus a dormir, amanhã será terça-feira, e deveria ser meu primeiro dia de aula depois do sequestro, mas minha mãe me deixou faltar para dar tempo de me arrumar certinho para o casamento.

– Ela viu seu sonho acabar, será que um dia voltaria a acreditar? E viver uma nova história... -meu despertador do celular tocou me acordando. Não gosto muito de despertadores, mais com a música que coloquei "Velha cicatriz- Rosa de Saron", até gosto porque a música é barulhenta e me acorda mais rápido, o que me deixa um tempinho para curtir a música.

– Bom dia! -eu disse entrando na cozinha já vestida. Não iria para escola, mas tive que acordar cedo para ir ao salão, me depilar, fazer a mão, o pé, a sobrancelha e depois do almoço, o cabelo. Credo, to parecendo a noiva!

– Dia... -respondeu Tomás bocejando. Peguei uma fatia de pão, passei manteiga, e depois coloquei um pouco de café preto em minha xícara. Logo depois, fiz minha higiene matinal, e estava pronta. Quando todos já estavam devidamente arrumados, fomos para o carro. A primeira parada era a minha, já que o salão era próximo de casa. Minha mãe só conseguiu marcar tudo isso para mim em cima da hora porque a Celeste, a dona do salão, era uma grande amiga da minha mãe, e sabe do meu caso.

–Tchau! Até mais tarde! -me despedi assim que desci do carro. O salão já estava aberto, então entrei e dei de cara com uma mulher de aproximadamente quarenta anos, de cabelos castanhos que caiam até a cintura, e olhos verdes.

– Oi... falei meio tímida.

- Olá Isabela! Como vai? -perguntou-me sorridente. Iih, eu conheço ela? pensei em desespero.

– Vou bem, obrigada. -respondi sorrindo- Desculpe, mas você é...?  -perguntei envergonhada.

– Ah, que cabeça a minha! Tinha esquecido que você não me conhecia!  -ela disse rindo e batendo a mão em sua testa.- Sou a Vânia, ajudo Celeste aqui no salão...

– Ah sim... -falei.

– Bem, vamos começar? -perguntou e eu assenti. A partir dali fui para uma pequena sala onde tinha uma maca com um lençol branco, e ao lado um recipiente com cera quente. E a tortura começa! pensei.

Depois de algumas horas, duas pra ser precisa, sai daquela sala toda dolorida.

– Oi Isabela! Como está se sentindo? -perguntou uma mulher loira de uns quarenta anos quando sai da sala da tortura.

– Dolorida... -falei rindo.

- Ah! Quer que eu ligue pra buscar um remédio? Tenho o telefone da sua mãe anotado aqui em algum lugar... -disse mexendo em sua bolsa.

– Não! Não, não é minha cabeça nem nada, é por causa da cera, eu to bem... -falei já entrando em desespero.

–Ah sim! -a mulher falou e soltou uma risada aliviada. Ai, não foi porque eu sofri certos traumas que toda hora vou estar mal por causa disso!- Sou a Celeste, lembra? -ela perguntou e eu assenti, mesmo sendo mentira. Não me lembrava dela, mais pra que quê a coitada tem que saber disso?- Que bom, venha aqui, vamos fazer seu pé e sua mão. -ela disse e eu fui com ela até um sofá do salão para me sentar enquanto ela colocava uma mesa cheia de esmaltes e utensílios para fazer minha mão e pé. Depois de muito pensar escolhi fazer francesinha nas unhas de meu pé, e dourado básico nas unhas da mão, nada muito chamativo. Logo depois fui fazer minha sobrancelha. Quando terminei me despedi de Celeste e Vânia, e fui para minha casa a pé. Era estranho andar pela cidade sem me lembrar muito bem por onde ir, e também porque todos ficavam me encarando igual no shopping... Virei animal de circo agora! Mereço! -pensei irritada.

– Isabela! -saudou-me o porteiro quando cheguei em meu prédio.

– Oi... -falei sorrindo timidamente. Todos que me viam pareciam estar surpresos por eu ainda estar viva e isso já estava me irritando...

– Como vai indo o tratamento? -perguntou, e mesmo sem querer falar para ele como estava meu tratamento (horas, ele nunca falou comigo e agora quer saber da minha vida?!) o respondi.

– Vai indo bem... Já me lembro de quase tudo. 

– Ah, que bom! Vou te dizer, quando saiu no jornal regional o seu sequestro, minha mãe ficou louca da vida! -ele disse e eu me assustei. Como assim saiu no jornal?!

– Jornal? -perguntei e ele assentiu.- Mas colocou alguma foto minha machucada? -perguntei pasma.

– Não Isabela, passou na TV, o jornal mostrou quando aquele delinquente atirou em você de raspão e você caiu no chão, como se estivesse morta... Também mostrou você entrando na ambulância e tudo... -falou e fiquei em choque.

–Quer dizer que... Ai meu Deus!, é por isso que todo mundo fica olhando para mim na rua! -exclamei ainda em choque e corri para o elevador. Precisava entrar logo em casa para procurar na internet essa matéria que me mostrava ainda no sequestro.

Quando o elevador abriu, corri até minha porta, a abri, e entrei rapidamente indo até meu quarto pegar o notebook.

–Como vou achar isso?! -falei em voz alta. Então coloquei no site de pesquisa "garota é sequestrada e perde a memória", e abri na primeira aba que apareceu. E foi na certa, era a reportagem sobre mim. Se iniciava com um repórter falando que ele iria junto com os policiais até a casa do meu possível sequestrador. Chegando lá mostraram uma hora que eu não me lembrava, meu pai estava com um mega fone e falava: O que você quer? Em? Nos diga o que quer, podemos trocar por ela! E então a câmera apontou para outra direção, e ao ver aquela cena, meu cérebro entrou em choque maior do que já estava. Um garoto alto, moreno, me segurava pelo pescoço e apontava uma arma em minha cabeça. Eu estava totalmente horrorosa: O cabelo desgrenhado e embolado, sujo de alguma substância vermelha, que também sujava minhas calças, blusa, tênis e braços... Os braços estavam horríveis, com ferimentos abertos.

–Ai meu Deus! -exclamei e comecei a chorar. A substância que me sujava toda era... Meu próprio sangue!

Minha visão ficou turva, e uma imagem minha caindo em cima de uma pilha de cacos de vidro me veio à mente, juntamente com minha imagem caindo junto com uma porta de madeira ao chão, e também eu quebrando uma porta de vidro, e depois eu saindo correndo por uma casa gritando em busca de socorro, mas a única coisa que escuto é um barulho de tiro para o auto, que me faz ficar quieta e começar a chorar. E logo após isso me lembro de tudo, absolutamente tudo que aconteceu naquele maldito sequestro, e eu me desato a chorar.


-------------------------------------------------------------------------------------------


– Isa? Filha, cadê você? -escuto. -Isabela? Ué... Será que ela ainda não voltou do salão? -fala a pessoa sozinha, e me dou conta que é minha mãe, o que me faz chorar um pouco mais alto. Eu estava em meu quarto encolhida ao lado da cama segurando meus bichinhos de pelúcia com força. Parecia uma criança, literalmente.




– QUEM FOI QUE FEZ ISSO?! -escuto ela gritar, e me apavoro sabendo que vou levar a maior bronca por ter quebrado o notebook. Mas acontece que logo depois que terminei de ver a reportagem que falava sobre mim, simplesmente levantei correndo do sofá e vim para o meu quarto chorar, e nisso derrubei o notebook, o quebrando.

Passou alguns minutos onde minha mãe recolhia as peças quebradas do notebook no chão (dava para ouvir o barulho dela varrendo) e eu fiquei encolhida ainda chorando, até que o barulho de vassoura se cessa, e meu celular começa a tocar. Ele estava em cima da minha cama, e não me dei ao trabalho de ir pega-lo para atender. Depois de um tempo ouvi passos, e minha mãe veio até meu quarto para ver se meu celular estava aqui mesmo, e me encontrou encolhida no chão.

– Isa?! Filha, o que aconteceu? -ela perguntou vindo até mim e me levantando do chão, fazendo com que eu me sentasse na cama. Em vez de respondê-la apenas a abracei, desencadeando uma nova onda de lágrimas.

– Você se lembrou...? -ela perguntou depois de um tempo enquanto acariciava meu cabelo. Nem me dei ao trabalho de respondê-la, apenas mexi a cabeça, afirmando que sim, e ela me abraçou mais forte.

Depois de mais cinco minutos assim, ouvimos a porta da sala se abrir, e meu pai e Tomás entraram em casa. Minha mãe se soltou do abraço, limpou uma lágrima que caía, e sorriu, um sorriso afetuoso, que fez eu me sentir muito melhor.

– Já passou. Isso não vai mais acontecer. Você é feliz, certo? -ela perguntou se levantando de minha cama.

– Certo. -respondi mais controlada.

– Agora vai lavar esse rosto que vamos sair pra comer... -disse saindo de meu quarto e assim o fiz. Depois de dar uma boa lavada para tentar tirar a feição triste de meu rosto fui para a sala, e saímos para almoçar, já que minha mãe não havia feito comida.

Lá pelos 14:00 horas minha mãe e eu fomos para o salão novamente para fazer a maquiagem e o cabelo. Resultado: Só saímos de lá as 17:00 horas e o casamento começava às 18:00 horas. Eu havia feito uma maquiagem simples, lápis, delineador, sombras branca e dourada, e batom vermelho, mas não muito forte. Já o cabelo eu o prendi de lado, com uma presilha pequena branca, e defini meus cachos corretamente. Minha mãe estava com uma maquiagem forte, verde escuro, e o cabelo e um coque para combinar com seu vestido longo verde.

– Você não está muito simples não Isabela? Vai ser uma das madrinhas! Minha mãe reclamou assim que chegamos em casa e coloquei o vestido e o salto.

– Não sei... Acho que não. -respondi. Na verdade, sim estava simples, mas eu gostei e como já está em cima da hora não tem como mudar. Minha mãe deu de ombros e foi ver o que o Tomás queria. Ele estava simplesmente lindo! O cabelo castanho estava com gel, penteado de lado, dando destaque aos seus olhos castanho escuro. E também vestia um terninho com uma gravata preta.

– Meu Deus, como está galã esse meu irmão... -brinquei quando passei por ele para me sentar no sofá, e em resposta ele me mostrou a língua.

– Tomás! Ela te elogiou, agradeça! -minha mãe disse enquanto arrumava a gravata dele.

– Eu não. -ele respondeu e depois foi para a cozinha beber água. Tive que rir, esse meu irmão é uma peste!

–Todos prontos? -meu pai perguntou depois de um tempo na sala.

– Sim. -respondi.

Então vamos, porque quem chega atrasado é a noiva! -brincou, e fomos todos para o carro em direção da igreja para o casamento de Beck.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Observação: Peguei o vestido da Isa da internet: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQEaEGTmqlxBmFr-W52saBFax74Jr8hAqHPO2tIf6bUF8cRiM0a
E tem também pra quem quiser ver ua foto da Mona, agora mais grandinha: https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSZcs1kCWYATaa7XNJXt-w38M4mzgR5HdcH-fx_54IVO7UNM3HBlQ
Bem, o que acharam?? Prometo que não vou demorar tanto pra postar o próximo... Obrigada por ler! Beijos!