- Então, só para revisar, copiem as definições do Tratado de Versalhes em seu caderno. –disse o professor de história. A aula estava até legal, contando que eu não prestei atenção nela, e fiquei conversando com Daniel. Digamos que ele ouviu ontem quando minha mãe gritou no carro, mas não comentou nada sobre isso, graças a Deus. Achei até estranho quando ele puxou papo comigo na primeira aula, mas é claro que não questionei, é bom ser amiga dele, por mais que eu não saiba ser algo a mais ou manter essa amizade. Não duvido nada que ela acabe daqui a pouco, contando com a sorte que temos...

Após o termino da aula, foi falar com Bianca, para irmos para o estacionamento, como sempre fazemos, mas ela me disse que iria a pé junto com Otávio, então fui conversando com Daniel.

- Isaaa! –gritou Bianca indo ao nosso encontro.

- Bianca? Mas você não ia a pé? –perguntei estranhando.

- É que como uma boa amiga vim te avisar que tem um certo príncipe te esperando na porta do colégio... –ela disse sorrindo maliciosa, na frente do Daniel.

- Am? –perguntei boiando.

- O Cadu! –ela respondeu rindo e meu corpo gelou. COMO ASSIM ELE ESTAVA NO PORTÃO DO COLÉGIO ME ESPERANDO? E a Bianca ainda ri da minha cara! Isso porque no intervalo eu contei a ela sobre o beijo idiota que ele me deu... Ai Jesus, me socorre!

- O QUÊ?! –não me contive e gritei. Olhei quase em desespero para os lados, a última coisa que eu queria era falar com Cadu.

- Bom, acho que eu já vou indo... –disse Bianca sorrindo e indo até Otávio.

- Bianca... –falei quase em um sussurro. Que amiga a minha, viu...

- Bom, também já vou. Até mais Isa... –Daniel disse, com certeza achando que eu estava super feliz em ver Cadu aqui.

- Não! –falei e segurei seu braço. Ele me olhou confuso. – Er... Por favor, me ajuda... –disse e ele e olhou mais confuso ainda. Soltei seu braço e falei olhando pra os lados enquanto apertava meus dedos demonstrando nervosismo. – Am... Lembra que ontem eu disse que gostava do Cadu...? Então, eu menti. –falei e ele continuou me fitando confuso. – Ai... É que eu falei aquilo só pra... Er... Fazer ciúmes –falei rapidamente corando- E ele realmente acha que eu gosto dele... Mas é mentira! E ontem ele meio que me... Beijou, e eu não quero ter que falar com ele! –terminei de falar completamente desesperada.

- Ele te beijou?! –Daniel falou um pouco mais alterado do que o normal. –Mas você se não gosta dele, então porque deixou? –perguntou me fitando. Mas ele já não sabia que o Cadu tinha me beijado? AHH! Vou surtar!

- Eu bem que tentei impedir, mas não deu... Vai, por favor, me ajuda... –pedi.

- E como eu vou te ajudar? –ele perguntou confuso, mas um tanto quanto nervoso.

- Am... Conversa com ele, enrola ele, enquanto isso eu passo por trás sem ele me ver... Vai, por favor? –supliquei. Daniel deu um sorrisinho, e respondeu:

- Tudo bem, mas depois vou cobrar este favor...

- Ta, obrigada! –eu agradeci, e por um ato de coragem retirada não sei da onde dei um pequeno beijo em sua bochecha. Depois ele saiu e foi conversar (enrolar) Cadu. Depois de um tempo saí por trás, e corri até meu carro.

- Onde você estava? –perguntou minha mãe quando entrei no carro. –Demorou...

- Am... Fui ao banheiro. –menti.

- Cadê a Bianca? –Tomás perguntou.

- Hoje ela foi embora a pé com um outro amigo... –respondi. Olhei pela janela, e vi que Cadu e Daniel ainda conversavam, e pela expressão de seus rostos, o assunto era sério.

Quando chegamos em minha casa, almoçamos, e eu fui para meu quarto. Liguei o notebook, e decidi dar uma passadinha no facebook para ver as atualizações, e para a minha imensa surpresa tinha uma mensagem não lida. E adivinha de quem era? Graças a Deus não era do Cadu, e para meu desapontamento, também não era do Daniel... Era do Príncipe Sonhador. Estranho.

Príncipe Sonhador:

Olá Isabela! Fiquei esperando sua resposta, quanto a minha dica, mas como você não me contatou mais, resolvi vim conferir se você conseguiu resolver seu problema amoroso... E então, como está seu coração?

Mesmo assustada com o fato dele ter lembrado de mim, e falado comigo mesmo quando eu fui grossa com ele, respondi:

Isabela Ferreira:

Ah, olá! Desculpe-me por não ter mais falado com você... Então, quanto a sua dica, digamos que não a segui e estou completamente ferrada agora... Digamos que o Traste não é mais tão Traste agora... Só que eu me meti em uma enrascada fingindo gostar de outra pessoa... E estou completamente confusa quando ao o que o Traste sente por mim...

Mandei e fiquei esperando a resposta, mas não houve nada. Fiquei por meia hora no Facebook esperando, mas nada. Talvez ele estivesse ocupado de mais... Sei lá... Logo depois entrei no meu tumblr e mudei seu theme. Ficou um tanto quanto simples, mas gostei. A URL eu deixei do jeito que sempre foi, I-am-a-supernatural.tumblr.com, porque gosto dela. Enfim, acabou que passei a tarde toda no notebook, tentando fazer minha mente parar de pensar só no Daniel. É incomodo a sensação de que eu só sei fazer isso... É estranho, porque por mais que sejamos amigos agora, acho, eu fico confusa quanto a isso, e por mais que eu não seja lerda, não consigo captar as indiretas dele, ou senão só finjo não captar... É incrível a capacidade que eu tenho de me fazer acreditar no que não é verdade, e não acreditar naquilo que é... Isso é estranho, mas eu sou estranha, então é normal.

À noite, tomei uma ducha e me pus a ler. Quando já era umas 22:00 horas, decidi que já era hora de dormir, e tentei fazer isso. Por sorte, ou não, dormi rapidamente.

No outro dia acordei com dor de cabeça, e tive que tomar remédio para ir pra escola. Lá encontrei Bianca e esta me contou com vários detalhes sobre ontem, mesmo que eu não tenha perguntado. Ela e Otávio foram o caminho inteiro conversando, e quando chegou na casa dela, eles se beijaram, e segundo ela foi com em uma filme, eu comentei que parecia um filme clichê e ela me deu um tapa. Mas é verdade! Não tenho culpa se o beijo dela foi clichê! Ta bom... Admito que na verdade foi “bonitinho”, e eu fiquei com um pouco de inveja. Ela teve o beijo com o cara que ela está apaixonada, e ele foi romântico, já o meu foi por conta de um impulso. A droga idiota de um impulso! Seria bem mais fácil ser porque ele gosta de mim, mas não, ele me disse que foi um impulso. Ah, que quê eu to falando...?

- Desculpa... É que não estou muito bem hoje... –me desculpei, pois eu havia acabo com a alegria dela sendo chata. Mas digamos que hoje não é um dia muito bom, porque além de estar com uma dor de cabeça terrível, estou com um mal pressentimento, mas não sei o que é...

- Bom dia alunos! Todos em suas carteiras... –disse o professor entrando na sala e eu fui me sentar. Hoje Daniel não conversou muito comigo na hora da aula, já que era a maioria revisão de prova que teríamos semana que vem, então não levei para o lado pessoal... E também não tentei ficar puxando assunto toda hora, iria parecer uma desesperada. Quando a aula acabou, Bianca me avisou que iria novamente a pé com Otávio, e eu fui tranquilamente para o carro, já que hoje nenhum Carlos Eduardo apareceu para estragar meu dia...

Chegando em casa tive a vontade de cavar um buraco e me esconder ali para sempre... Que diabos o Cadu fazia na frente do prédio em que eu morava?! Meu pai parou na frente do estacionamento subterrâneo para que eu pudesse ir falar com ele, e depois entrou no estacionamento, me deixando sozinha com Cadu na entrada de meu prédio.

- O quê você está fazendo aqui? –perguntei ríspida. Se ele ainda não entendeu que eu não quero nada com ele, vai entender agora.

- Porque você não foi ao clube ontem? –ele perguntou.

- Mas ontem eu não tinha nada pra fazer lá... –respondi confusa.

- CLARO QUE TINHA! –Cadu gritou alterado, me assustando. Nunca o vi com este comportamento. – Eu pedi pra você ir lá ontem para podermos conversar, mas você me ignorou... –ele falou um pouco mais calmo, mas era perceptível que ele estava se segurando para não arrancar a minha cabeça. E também, que memória a minha! Tinha esquecido completamente que ele havia falado isso... Devia ter pelo menos inventado algo pra não ter que ir pra lá...

- Você podia pelo menos ter me avisado por Facebook que não iria, assim eu teria ficado esperando... –ele disse com a voz ainda raivosa, mas um pouco mais controlada.

- Me desculpe, não lembrei... Eu... –falei sem ter o que realmente falar para me explicar.

- Você não lembrou? –ele falou com a voz carregada de deboche. – Não lembrou? –repetiu com raiva. Comecei a estranhar o modo que ele estava agindo e dei dois passos para trás.

- Calma... É, me desculpe... Mas é que Cadu, eu não gosto de você, digo, gosto, mas apenas como amigo... Não quero ter nada à mais do que amizade com você... –eu disse cautelosa.

- Ta me dizendo que eu fui ontem a sua escola à toa?! E Vim aqui hoje pra levar um fora?! Sinto muito, mas eu não vim aqui pra receber um não como resposta... –ele disse com a voz carregada de ódio. Seu rosto estava contraído, o que dava um ar louco para ele, e seus olhos pareciam que iam saltar de suas orbitas. Comecei a andar até a recepção, lentamente para não levantar suspeitas. Depois não entendem a minha sisma...

- Cadu, olha, me desculpa, mas eu só quero a sua amizade... –falei com a voz calma, mas a verdade é que eu estava morrendo de medo, e estava a ponto de começar a gritar.

- VOCÊ NÃO ENTENDE! –ele gritou. –NÃO INTERESSA O QUE VOCÊ QUER! –gritou novamente, me fazendo ficar cada vez mais assustada, e parar de frente a recepção.

- Calma... Cadu, para, por favor, você está me assustando... –eu disse e antes que eu percebesse lágrimas começaram a cair de meus olhos. Eu estava em desespero total. Olhei em volta e a rua estava deserta, olhei para a portaria, e o porteiro estava no horário de almoço. Ótimo, isso me deixou mais assustada.

- Eu estou te assustando, é? –ele perguntou debochando, fazendo mais lágrimas caírem de meus olhos. Cadu possuía um sorriso malicioso (demoníaco na verdade) no rosto, o que me deu vontade de sair correndo para o elevador, mas minhas pernas estavam petrificadas no chão, eu não conseguia me mover, mas estava prestes a cair durinha no chão se ele continuasse a me assustar. Cadu soltou uma risada de deboche, e quando se virou para mim, perdeu o sorriso malicioso, e a carranca de psicopata se desfez. – Isa... Eu... Você está chorando? –perguntou preocupado e se aproximou de mim.

- Não me toque! –falei ríspida saindo de perto da mão dele, mas este desfez a expressão preocupada, e segurou meu braço com força. – Me solta... –falei entrando em pânico- Ta machucando... Por favor, me solta... –pedi entre a respiração pesada e o choro, mas antes que eu pudesse ouvir sua resposta, Cadu colocou um pano em meu rosto.

- Me solta!... Ahh... –tentei começar a gritar, mas Cadu pressionou o pano com mais força em meu rosto. Tentei me debater, me soltar, fazer algo para tirar aquilo de perto de mim, mas a cada segundo que se passava o cheiro tóxico que aquilo tinha penetrava em meu corpo, o deixando mais mole, não obedecendo meus comandos. Depois de alguns segundo Cadu tirou o pano de meu rosto, mas já era tarde de mais, eu já não mandava mais em mim mesma.

- Me... solta... –supliquei quando meu corpo já estava pesado de mais para ficar de pé. – Por favor... –supliquei mais uma vez, tentando deixar meus olhos abertos, mas foi impossível, estava muito difícil continuar acordada, e minhas narinas pareciam pegar fogo... E foi ai que perdi a consciência.