Moulin Rouge - Amor Em Vermelho escrita por Lady Potter


Capítulo 12
“One day I’ll fly away”




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Zidler tinha finalmente um investidor, e os boêmios tinham um show.

— É o fim do século! — gritava Simas feliz com uma garrafa de absinto na mão — A revolução boêmia está aqui!

Estavam todos, inclusive muitas das prostitutas do Moulin Rouge, no último andar do hotel onde Harry morava, comemorando o fim do século. Principalmente com seus parceiros.

Rony beijava Hermione compulsivamente num canto escuro. Sempre que tinha um tempo livre, eles dedicavam um ao outro, embora afirmassem abertamente para quem quisesse ouvir que não estavam comprometidos, pois ela não podia se dar ao luxo de namorar ninguém por causa de seu “trabalho”.

No entanto, Rony sempre dizia que ela era a sua “cortesã favorita”, enquanto que ela lhe afirmasse que ele era seu “cliente favorito”.

Apenas para Rony, Hermione fazia tudo de graça, pois se sentia muito bem de estar com ele, ela queria isso. Nunca rolava ciúmes entre eles, pois não estavam namorando.

Hermione poderia ir para a cama com qualquer outro homem que lhe pagasse e ele poderia alugar qualquer outra cortesã que lhe conviesse, tudo isso era perfeitamente normal para eles, já estavam mais do que acostumados.

Logicamente eles compartilhavam o desejo secreto de pertencerem um ao outro exclusivamente, mas se isso acontecesse, então ambos teriam que abandonar seus respectivos trabalhos, e então sem dinheiro morreriam de fome. Não tinham escolha.

Mas naquele instante Rony e Hermione não pensavam em mais a não ser na felicidade que sentiam ao estarem juntos, passando a virando do ano nos braços um do outro. Fizeram questão de que isso acontecesse, Hermione fazendo o esforço de declinar o convite de dois clientes que quiseram aluga-la, ambos cheios de dinheiro. Para ela, era sempre importante estar com Rony, ainda mais na virada do século.

A mesma coisa acontecia com Simas e Lilá, Neville e Luna, Dino e Parvati.

Enquanto a festa acontecia lá em cima, Harry se trancou em seu quarto para tentar escrever a sua história apesar do barulho, mas ao invés de estar diante do velho computador, ele estava na janela e só conseguia pensar nela.

HARRY
How wonderful life is
(Como a vida é maravilhosa)

E ela, estaria pensando nele?

How you’re in...
(Agora que você está…)
…the world
(...no mundo)

Naquele instante, Gina estava sentada sozinha diante na penteadeira em seu quarto no Elefante. As luzes estavam apagadas, mas a intensa iluminação e brilho que vinha da aldeia lá fora iluminava suficientemente o quarto.

Ela usava novamente o belíssimo vestido vermelho justo ao corpo, cuja barra roçava nos pés. Algumas poucas mechas de seu cabelo intensamente ruivo estavam presas num coque, mas a maior parte do cabelo caía em ondas sedosas por suas costas. Os lábios entreabertos estavam com o costumeiro batom vermelho-berrante, sua marca registrada, e os incríveis olhos azuis brilhantes miravam sua própria imagem no espalho em frente sem realmente prestar atenção nisso, pois o pensamento estava muito longe, ou melhor, nele. Só conseguia pensar nele.

Duque? Eu não sou Duque.”. Dizia a voz de Harry em sua cabeça. “Sou um Auror, você sabe Gina.”, “Eu sou o Harry, Harry Potter.”.

Incapaz de continuar sentada, tendo apenas os pensamentos inquietos para lhe fazer companhia, Gina se levantou e foi até a janela-porta. Começou a admirar a vista da aldeia cheia de luz lá fora, mas os pensamentos ainda a atormentavam.

Ele não queria enganá-la.”, “É sobre o amor.”, “Sim, é sobre o amor... Superando todos os obstáculos...”.

Gina conseguiu avistar o hotel que ficava um pouco afastado, sabendo que Harry morava ali e viu o próprio na janela também admirando a aldeia como ela, mas estranhamente com um olhar vago, parecendo muito pensativo.

Conseguiu ver que a festa em cima do hotel estava bombando. Era muita gente bebendo até cair, dançando ou beijando compulsivamente. Devia estar muito barulho naquele lugar, mas isso não parecia perturbar Harry no andar logo abaixo.

Viu quando ele moveu o olhar, sem duvida deve ter pressentindo que estava sendo observado, e seus olhos verdes encontraram com os azuis dela. Naquele momento tudo pareceu sumir: a festa, o hotel, o Elefante e até mesmo a aldeia. Só existia Harry, Gina e os pensamentos de ambos, lembranças de tudo o que já viveram juntos, pensamentos do momento atual de como agora eram diferentes e certos sentimentos antes adormecidos.

Problemas, dúvidas e incertezas atingiram-na. Gina não lembrava de se sentir incerta uma só vez desde a última vez que o vira, mas agora que ele estava de volta em sua vida, esses sentimentos também estavam.

GINA
I...
(Eu...)
...follow...
(...acompanho...)
...the night
(...a noite)
Can’t stand...
(Não suporto...)
...the light
(…a luz)
When will I begin…
(Quando começarei…)
to live again?
(…a viver de novo?)

One day I’ll fly away
(Um dia eu vou partir)
Leave all this to yesterday
(Deixarei tudo para trás)
What more could your love do for me?
(O que mais o seu amor poderia fazer por mim?)
When will love be...
(Quando o amor…)
…through with me?
(…terminaram para mim?)

Why live life…
(Por que viver a vida…)
...from dream to dream?
(...de sonho em sonho?)
And dread the day...
(E temer o dia...)
…when dreaming…
(…em que o sonho…)
ends
(…terminar)

Harry que olhava hipnotizado pela imagem de Gina na janela, belíssima naquele vestido vermelho, percebeu que ela estava cantando alguma música triste pela movimentação de seus lábios e sua expressão cabisbaixa.

Apesar de nem ela e nem ninguém conseguir ouvi-lo, e mesmo sem saber que música ela estava cantando, Harry resolveu se juntar a ela e simplesmente cantou o que sentia por ela, colocando para fora o que estava guardado.

HARRY
How wonderful life is
(Como a vida é maravilhosa)
Now you’re in the word
(Agora que você está no mundo)

Em sua opinião, Gina estava incrível naquele vestido vermelho, muito graciosa e ao mesmo tempo sexy. Seu simples olhar e sorriso podiam deixar de joelhos qualquer um. Tudo nela era perfeito, havia se tornado uma bela mulher.

Harry então chegou ao ponto que não conseguiu mais resistir, ele precisava vê-la mais uma vez e teria que ser agora, ao menos por um instante, não podia esperar até a manhã seguinte e precisava aproveitar que ela não tinha companhia, estava sozinha. Foi mais forte do que ele, e quando viu, já estava fora do próprio quarto e descendo rapidamente as escadas do hotel para encontra-la.

Entrementes Gina começou a subir as escadas que levavam ao teto do Elefante. No meio do caminho ela lançou mais um olhar para a janela do quarto de Harry, mas descobriu que ele não estava mais lá, talvez tivesse ido dormir, era tarde.

Ela chegou ao teto e começou a cantar bem alto como se quisesse que toda a aldeia a ouvisse.

GINA
One day I’ll fly away
(Um dia eu vou partir)
Leave all this to yesterday
(Deixarei tudo para trás)
Why live life…
(Por que viver a vida…)
...from dream to dream?
(...de sonho em sonho?)

Harry conseguiu atravessar toda a aldeia, do hotel até o Elefante, em tempo recorde. Avistou uma grossa corda que usou para subir até o teto onde ela estava, tentando não fazer nenhum barulho para não assustá-la com sua presença no meio da noite e sem um aviso prévio de que estaria chegando.

Ouviu quando ela continuou a cantar, mas já não tão alto.

And dread the day...
(E temer o dia...)
when dreaming…
(…em que o sonho…)
ends
(…terminar)

Ainda cantando baixinho somente para si, Gina sentou-se no chão, olhando distraída para a aldeia ao redor do Elefante.

Harry conseguiu chegar o mais silenciosamente que pode ao teto do Elefante, mais especificamente às costas dela, ainda sem ser notado, e pôs-se a admirá-la embasbacado.

One day I’ll fly away
(Um dia eu vou partir)
Fly...
(Vou...)
...fly...
(...vou...)
...away
(...partir)

Simplesmente impressionado com tanta beleza, talento e graciosidade, Harry não conseguiu evitar soltar um suspiro por Gina, mas ao que foi ouvido por ela que se virou e se assustou com a aparição repentina dele e gritou, pondo-se imediatamente de pé e ficando de frente para encará-lo. O coração batendo descompassado.

— Desculpe. — pediu Harry. — Eu não queria... Eu vi a luz acesa e subi... Eu queria...

— O quê? — perguntou ela assustada, se recuperando do susto com a mão no coração e ao mesmo tempo tentando entende-lo.

— Eu só queria agradecer por me ajudar a conseguir o emprego. — falou Harry rapidamente, tentando tranquiliza-la e ao mesmo tempo também tentando ficar calmo.

— Ah, claro. — Gina fechou os olhos, conseguindo finalmente entender o que ele estava dizendo e depois abrindo e olhando-o — Sim, Rony tinha razão. Você é... muito talentoso.

Harry apenas sorriu em agradecimento. Manteve-se no mesmo lugar, com medo que a assustasse mais ainda se ele se aproximasse.

— Será um show maravilhoso. — continuou ela — Mas agora, é melhor eu ir. Nós dois teremos um dia e tanto amanhã.

E Gina foi se retirando lentamente. Estava com medo de que Harry lhe fizesse perguntas sobre a sua música de querer fugir. Ninguém devia saber aquilo, que ela detestava o Moulin Rouge, principalmente Zidler, e tinha medo que Harry contasse a ele.

— Espere. — pediu ele — Por favor, espere.

Gina parou de andar em direção às escadas e virou-se lentamente para ele, temendo o que ele poderia dizer.

— Antes, quando estávamos... Quando pensou que eu era o Duque... Você disse que me amava, e eu imagine que...

— Que fosse teatro? — perguntou ela e Harry confirmou com a cabeça. Gina se sentiu um pouco mais tranquila ao ver que Harry não lhe faria perguntas sobre sua música. — E era.

— Pareceu real. — Harry disse baixinho, abaixando a cabeça, visivelmente desapontado por ela não ter dito o contrário. Gina suspirou, vendo que teria problemas em fazê-lo compreender sua situação da qual ele pouco conhecia por ser novo em Paris. Harry levantou então a cabeça e olhou-a esperançoso — Mas e quando nós éramos namorados em Hogwarts? Nós nos amávamos e eu só terminei com você para protegê-la de Voldemort. Mas ele não existe mais. Nenhuma pessoa que tentou impedir o nosso namoro no passado pode fazer isso de novo agora.

— Agora os tempos são outros, Harry. Muita coisa mudou. Nada mais é como antes. — ela disse — Eu sou uma cortesã. Eu sou paga para fazer os homens acreditarem naquilo que quiserem crer.

Harry tentava sorrir com esforço para fazer a situação parecer boba.

— Tolice a minha pensar que você poderia se apaixonar por alguém como eu.

Gina soltou um sorriso sem graça como se concordasse com ele, mas por dentro pensando que não tinha nada a ver o que ele dissera. Ele era sim, sempre fora, alguém por quem ela podia se apaixonar, mais do que qualquer outra pessoa. No entanto, depois de muito tempo sem vê-lo ela conseguiu manter seus sentimentos por ele guardados, e agora temia que com a volta dele tudo viesse à tona.

Ela sabia que não devia encorajá-lo, mas também não suportava a ideia de fazê-lo pensar que ele não era bom o suficiente para ela. Afinal, o problema era ela, e não ele. Resolveu então explicar a sua situação, a primeira coisa que lhe falaram quando veio trabalhar no Moulin Rouge.

— Não posso me apaixonar por ninguém. — Gina disse.

No entanto, a reação de Harry depois de suas palavras não foi o que ela esperava.

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Continua...

No próximo capítulo:

Na verdade, enquanto o amor se mantivesse afastado de sua vida, tanto melhor por não atrapalha-la.

Harry começou a cantar mais alto ainda e insistentemente para Gina que não se deixava cair na dele, embora sorrisse com o fato dele estar cantando.

Seus rostos estavam muito perto e os lábios entreabertos estavam quase se tocando, podiam sentir a respiração quente um do outro. (...).

A razão e a emoção lutavam furiosamente dentro de Gina. (...).

Lady Potter


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