Carlos levava uma vida normal ao lado de seus amigos e adorava estar com eles na maioria do tempo. A tour e as gravações faziam com que ele esquecesse por tudo o que passou durante o colegial. Não foi um dos seus melhores momentos, mas mesmo assim, ainda há lembranças e momentos em que passou junto com seus amigos. Tanto aqueles que o apoiaram, quanto aqueles que passaram a ignorá-lo e ofendê-lo. O garoto levava uma vida meio agitada, agendas lotadas de shows, com férias de apenas algumas semanas, e ligações de várias radios e programas de televisão querendo a banda para eles o tempo todo. Gravações de novas músicas, e álbums, e a rotina era sempre a mesma, não conseguia se cansar disso, desde que esteja ao lado de seus melhores amigos, nada mais importa. Ele era um rapaz alegre, contente com a vida que estava levando, era um dos que menos conseguia ficar irritado, e conseguia fazer tudo com o pé no chão, sem esfriar a cabeça nem nada. Três amigos: Kendall, James e Logan. São os três que o acompanham na tour bus e que o faz rir quando o que ele mais quer é chorar, são os três que estão lá sempre para apoiá-lo quando ele mais precisa e, se duvidar, serão os três que vão continuar ao lado dele até o fim. A não ser que exista algo que o faça mudar de ideia.

- A gente pode ir pra Orlando de novo, depois de nos casarmos. - Samantha, namorada de Carlos, tinha um sonho de se casar com o rapaz e ir morar longe de onde eles vivivam, atualmente em Los Angeles. Ela não gostava dos amigos dele, achava que eles faziam demais a cabeça dele. - Ia ser legal, não ia?

- Sammy, já falei sobre isso! Estamos muito novos para nos casarmos e, além do mais, eu amo meus amigos e a última coisa que eu quero é ir embora pra Orlando. - Ele respondeu enquanto tirava algumas fotos da paisagem que estava bem na sua frente. A praia de Maui, no Havaí. - Você sabe que o meu maior motivo de ter saído de lá foi porque eu queria vir pra cá e ter uma banda!

- Podemos nos casar e morar aqui, então!

- Casar agora? Ou depois? Não sei, eu quero continuar levando a vida que eu levo tendo a banda e os caras comigo... - Carlos não costumava ser sincero quando a verdade doía, ele não sabia direito porque estava com ela e, para ser sincero, estava odiando. Mas não podia dizer isso à ela, sabia que ela estava feliz e sabia que isso poderia afetá-la de tal maneira que não sabia como ela reagiria. Ele era inseguro, tinha medo, medo das pessoas, medo de machucá-las pois não sabia o que elas poderiam fazer em relação a isso. Por isso ele se escondia tanto.

- Você podia ter uma mente menos fechada, Carlos, eu sei que foi realmente muito difícil tudo o que você passou mas, olha só, você tem eu, seus amigos, sua família, seus fãs... Tudo isso pra te apoiar. Não 'tô falando sobre nos casarmos, é tudo, as vezes acontece algo e você ao invés de falar, fica quieto. Você não pode guardar tudo isso dentro de você! - Ele deixou a câmera de lado e apenas observou a paisagem.

As ondas do mar quebrando levemente, as pessoas aproveitando aquele dia quente para se refrescarem, o ar puro... Apesar de gostar de Samantha, as vezes ela o irritava, achava alguns comentários dela tão desnecessários que não fazia questão de argumentar. Mas preferia ficar quieto. E ele sabia que ela continuava falando, mas olhar o movimento era um pouco mais interessante naquele momento. "Aquilo é o Logan?" Pensou assim que um garoto branco, com os cabelos abaixados, segurando uma camiseta, passou bem na sua frente e pensou que fosse ter algum tipo de ataque. Logan não era muito de não fazer nada no cabelo, sempre fazia aquele topete esquisito que deixava seu cabelo com 5 metros de altura, parecendo o Johnny Bravo. "Puta que pariu, Logan!" O garoto quase urrou, Logan estava tão... Lindo? Ele não sabia o que pensar naquele momento, e pensar justo em quem? Na pessoa mais difícil de lidar no mundo! Parecia estar em outra galáxia, quando Sammy perguntou se ele estava ouvindo o que ela dizia. 

- Acho melhor você ir dar uma volta, pensar. Não sei no que você está pensando agora, então vou deixar você sozinho um pouco. - Ela saiu, pegando suas coisas, deixando o garoto sozinho, e ele apenas continuou na mesma posição, apenas movimentando a cabeça. Era difícil ter que aguentar Samantha as vezes. 

- E aí, parece que a missão impossível de ter que ouvir sua namorada falar está de volta! - Kendall sentou ao lado do amigo, que apenas riu, concordando com a cabeça, e o olhou. Tentou ignorar o que tinha visto alguns minutos atrás.

- Não aguento, não quero que ela se sinta ofendida ou qualquer coisa do tipo, mas não sei o que fazer, eu não posso continuar fingindo que eu gosto dela. 

- Você devia ir dar uma volta, sei lá, esfriar a cabeça, pensar melhor na coisas, sabe? Talvez seja só uma fase ou... sei lá. É difícil. - Ele coçou a cabeça e viu que o amigo não sabia o que fazer, estava em uma situação em que as únicas duas saídas o levavam para o mesmo lugar: tristeza. Odiava ter que fazer as pessoas sofrerem, e ele mesmo sofrer. Na maioria do tempo ele era aquele cara inseguro que não sabia se fazia a coisa certa ou se continuava do jeito que estava. 

- Você sabe que eu não sou igual vocês, tipo... É. Você sabe que eu não gosto de mulher, na verdade eu não sei porque eu 'tô com ela, sabendo que tudo o que eu quero é outra pessoa. Que no caso nunca vai querer me fazer feliz, mas enfim, é a vida, não é? Não é a gente que escolhe, é a vida que nos propõe desafios. - Ele pegou sua câmera novamente e começou a tirar foto do mar, do céu, disfarçadamente, para poder tirar fotos do cara que estava na beira do mar: Henderson. Sabia que ninguém olharia as fotos em sua câmera, pois colocava tudo no computador antes de isso acontecer, ou pelo menos tentava.  

- É... É verdade, eu tinha esquecido desse detalhe. Mas olha, não fique assim, cara, vai dar tudo certo, se você conseguiu passar por cima de todas as dificuldades nos anos anteriores, tenho certeza que você vai conseguir conquistar quem quer que seja essa pessoa.

- Você não sabe o quanto é difícil ter pelo menos cinco minutos de atenção dessa pessoa, que dirá ter algo com ela. - Logan não parava, era dificil alguém ter a atenção do garoto por mais de dez minutos. Tanto em tour quanto no estúdio. Isso tornava a situação ainda mais difícil para Carlos.

Logan não conseguia manter-se no mesmo lugar, estava sempre querendo fazer várias coisas quase que ao mesmo tempo, não importa onde esteja, e Carlos precisava de no máximo uma hora com o garoto, ou até mais, a situação era delicada, ele precisava entender tudo com muita calma, ele precisava prestar muita atenção em cada palavra, por mais que aquilo não significasse nada para ele. Tudo o que o garoto precisava era ter coragem o suficiente para fazer as duas coisas que ele mais queria: Terminar o namoro, e contar para Logan o que ele sentia pelo o garoto. Quer dizer, ele não sabia nem quando começou a sentir essas coisas pelo melhor amigo, tudo o que ele conseguia enxergar era a espontaneidade, simpatia e talento dele, por mais que as vezes ele conseguia ser chato, Carlos não se importava com nada. As vezes até tentava disfarçar, mas é só ver que nas fotos em que eles tiram ao lado um do outro, ele não consegue se controlar e abraça o amigo. Quando não abraça, ele tenta agarrar o braço ou tenta fazer algo para manter-se perto dele. Era como se a presença dele fosse algo que o mantinha alegre, que o fazia sentir-se bem, diferente. Ele passava dias tentando entender que, com tanta pessoa por ai, por que logo Logan? Ugh, não conseguia pensar em Logan sem ter que pensar como seria se ele o abraçasse, o beijasse, ou algo do tipo. 

Aliás, ele não conseguia pensar como seria diferente, se não tivesse Logan perto dele.