Digital Boy escrita por Maar013


Capítulo 1
Chapter 1


Notas iniciais do capítulo

Eles não me pertencem. E isso é triste, e deprimente. Mas eu supero.



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Era tarde, muito tarde. O grande relógio da casa de Shiroyama marcava 23:34.

 

 

O moreno se encontrava jogado sobre sua confortável, e luxuosa, cama de casal, seus braços esparramados, assim como o resto de seu corpo.

 

Seus orbes, naturalmente, escuros estavam fixos ao teto de tão bela pintura, tons de azul claro contrastando com leves tons de um azul escuro intenso. Mas estes não podiam ser vistos pelo guitarrista já que toda a casa se encontrava em uma escuridão intensa.

 

Parecia inerte em meio a escuridão que dominava o cômodo. O tédio parecia ter dominado sua vida, tão banal, tão clichê.

 

 

Shiroyama Yuu, vulgar Aoi, tinha dois trabalhos, os quais sugavam toda sua energia e disposição, e até animo. Mas ele precisava já que havia muito o que manter. Aoi não trabalhava só por si.

 

Havia sua irmã, e ainda sua mãe. Que não moravam com ele, obviamente, mas viviam a sua custa.  Sua irmã, era cega e sua mãe sofria  de um grave problema de coração, o que o deixou responsável pela casa, mesmo que já não morasse lá.

 

Aoi não era casado, morava sozinho por opção, e talvez por seus casos. A cada dia possuía um homem diferente, a as vezes algumas mulheres também. Sempre casos de curto tempo, e nenhum sentimento, para Aoi.

 

Depois de algum tempo ali, inativo,  o moreno se levantou da cama, tendo pouca dificuldade, devido ao escuro. Aoi já estava, praticamente, acostumado a aquela falta de luz. Poucos passos o guiaram ao interruptor que, automaticamente, ligou todas as luzes da casa.

 

 

Uma bela casa, diga-se de passagem. Muitos dos amantes de Aoi se apaixonavam pela bela escolha na decoração, o que ele fizera sozinho. Já que um de seus trabalhos era decoração de mansões.

 

Uma caminhada curta, o guiou até a cozinha, onde fizera questão de se sentar sobre o enorme balcão que a separava da copa. Não conseguia dormir, fato.

 

Era sempre assim, quando perdia o sono perambulava’ pela casa toda, feito um morto-vivo, o que ele estava perto de se tornar. Um fato da vida do moreno era certo, ‘ele não vivia apenas sobrevivia’.

 

(8)~  (...)

 

 

O celular de Aoi tocava sobre a mesinha ao lado de sua cama, pensou em não atender, mas qualquer coisa, naquele momento, seria melhor do aquele tédio, e a insônia, que o dominavam.

 

Sem muito esforço, e vontade, desceu do balcão e caminhou, lentamente, até seu quarto, onde avistou o celular tocando, aquela música que já estava o irritando.

 

Capturou o aparelho com uma de suas grandes mãos, e o levou até o ouvido, escutando vozes animadas gritarem do outro lado, pareciam estar em um local agitado, o barulho denunciava.

 

- E aí, Aoi? O que ‘tá fazendo? – questionou a voz doce, e simpática, do outro lado da linha, que gritava um pouco.

 

- O que você quer, Kai? – suspirou o moreno, parecendo um tanto desanimado, e descontente, por ouvir a voz de seu amigo de infância Kai.

 

- Hwn... wow! Tem gente mal humorada do outro lado da linha. – Kai cantarolou as palavras, sua risada divertida tomando conta da linha. O outro moreno já estava acostumado com o mal humor do amigo, havia sido assim desde a infância.

 

- Kai, fala logo, eu estava dormindo.

 

- Não, não estava não, Aoi. Se o conheço bem, estava vagando por sua casa, como sempre. Aliás, você precisa procurar um médico para tratar da sua insônia.

 

- Kai, fala logo. – insistiu o moreno, que chegava a bufar, colidindo seu hálito quente contra o gelado material do aparelho.

 

- Aoi, hwm... mal humoradinho. Te ligo para te convidar a sair com agente e você me trata assim. Ruki, Reita, Miyavi e eu, estamos  em uma  boate perto da sua casa, dá uma passada aqui. – pediu o moreno, enquanto tentava se esquivar dos carinhos que Miyavi o proporcionava, risinhos escapavam de seus lábios, o que fez Aoi suspirar do outro lado da linha.

 

- Não dá. – afirmou friamente, o moreno.

 

- Por quê? – indagou Kai, emitindo um murmurar tão manhoso que se igualou ao ronronar de um gato.

 

- Porquê não dá, Uke Yutaka.

 

- Mas...

 

- ____________________________ x

 

A ligação fora encerrada, por Aoi. Kai não pôde conter o bufar que exalou de seus lábios. As vezes não entendia Aoi, tão duro, tão seco e tão ignorante. Mesmo com todos esses defeitos Kai se recusava a se afastar. Apreciava muito Aoi, e apesar de tudo que já havia agüentado, de tantas mal criações  por parte do moreno, não poderia se ver sem a amizade de quem tanto amava, secretamente.

 

 

 

xXx

 

 

Novamente deitado naquela imensa cama, agora com as luzes - de toda a casa - acesas, o moreno vagava o olhar pelo quarto tão bem decorado por si mesmo. Olhar seu próprio trabalho o deixava orgulhoso e, de alguma forma, bem consigo mesmo. Afinal era através daquele trabalho que ganhava o sustento para sua mãe, e irmã.

 

Era tudo tão clichê na vida de Aoi, que o moreno se recusava a encarar o fato de sua vida ser tão banal. Em pensar, que quando criança sonhara com tantas coisas, tantas idiotices que crianças sempre sonham para um futuro longínquo.

 

Aoi também fora uma criança assim, cheia de esperanças. Chegou a sonhar em ser um famoso guitarrista, daqueles que tocam em bandas de sucesso, com um grande nome no mercado. Queria ter fãs, que admirassem seu trabalho, e lhe pedissem autógrafos.

 

 

O moreno não podia reclamar muito, já que era muito reconhecido pelo trabalho que exercia, fãs não lhe faltavam, não só pelo trabalho mas também por sua beleza.

 

 

Fora em meio aos pensamentos, lembranças e desejos, de sua infância, que ouvira um barulho estranho, assemelhado a um gemido, algo assim, vindo de seu apartamento.

 

O moreno sentiu suas pálpebras serem razoavelmente afastadas, e seu coração acelerou. Havia se assustado com aquele barulho, mesmo não temendo o que quer que tivesse o causado.

 

Talvez tivera se assustado por costume. As noites sozinho naquele apartamento eram tão silenciosas, que ele havia se distraído demais, e esquecido que existia uma mundo barulhento, e movimentado, lá fora.

 

Ponderou alguns instantes, talvez fossem os vizinhos, que estivessem aprontando algo, e confundido o moreno. Mas então aquele som peculiar fora emitido novamente, e sem dúvida alguma soava de dentro de seu apartamento, ou então muito próximo.

 

Yuu seguiu os sons que se seguiram e acabou parado frente à porta de vidro da varanda. Através desta podia ver o que parecia um corpo, caído no chão. Mesmo a imagem sendo tão distorcida pelo vidro, ele podia ver que era uma pessoa ali, e não parecia um assaltante, estava caída no chão.

 

De imediato, ele largou a arma que havia pegado na gaveta da mesinha que ficava ao lado da cama, a guardava ali por precaução, e caminhou até a porta, abrindo a mesma com calma, os orbes negros curiosos recaindo sobre a bela imagem caída no chão, desacordada.

 

De primeira vista, lhe pareceu uma mulher. Devido aos delicados traços e aos cabelos semelhantes aos de uma. Mas assim que se ajoelhou, e capturou o corpo alheio o colocando sobre o colo, pode ter a confirmação de que estava errado.

 

Era um homem, um belo homem. Seus traços eram muito delicados, tão delicados que Yuu chegara a o confundir com uma garota.

 

Mas o que havia chamado mesmo a atenção do moreno fora a roupa que o loiro usava, um tecido diferente, diferente demais de todos os que conhecia. A cor chamativa demais, tons prateados mesclados com tons de um roxo claro demais e com pequenos fiozinhos, que traçavam toda veste, em tom verde-limão. Sua botas eram prateadas, e chegavam à altura de seu joelho.

 

Era muito estranho, mesmo achando as vestes bastante parecidas com algumas que alguns integrantes de bandas usavam.

 

 

xXx

 

 

Assim que chegou ao quarto, o moreno depositou o loiro, com cuidado, sobre sua cama espaçosa. Ainda não entendia como ele havia ido parar em sua varanda, e sem nenhum arranhão de uma possível queda, que seja.

 

O moreno tentava avaliar o loiro ali, deitado. Mas não conseguia consolidar cada fato ocorrido. O barulho que mais havia parecido um gemido mesclado a um ronronar de gato à uma suposta queda até seu apartamento.

 

Tudo que restava era a espera. Esperaria o loiro acordar e questionaria a ele tudo que precisava saber.

 

O moreno levou os dedos indicador e médio, unidos, até o pescoço do loiro, comprovando que o desconhecido deitado em sua cama estava vivo. Mesmo já tendo notado isso pelos movimentos irregulares, e estranhos demais, que fazia seu tórax- um subir e descer rápido demais, rápido demais para um mero humano.

 

 

O moreno se sentou ao lado da cama, enquanto lutava contra o sono. Os olhos se cerravam e ele os abria, não queria dormir, não podia. Tinha que vigiar o desconhecido ali deitado. Que mais parecia um alien, vestido naquelas roupas e com a respiração descompassada daquela forma, a aquelas alturas, um humano normal, teria tido um enfarte.

 

Mas ele não, parecia dormir tranquilamente. Aoi havia pensado em levá-lo a um hospital, mas ele, aparentemente, estava bem. Sem arranhões, sem sangramentos, apenas a respiração esquisita demais. Mas nenhum inicio de enfarte, nem um sinal se quer. A policia também havia lhe passado pela cabeça, mas por algum motivo maior hesitou em chamá-la, o loiro não parecia perigoso.

 

Fora em meio aos pensamentos de Yuu que aquele som voltou a ser emitido, o mesmo que havia escutado instantes antes de encontrar o loiro em sua varanda. Aquele som era emitido dos lábios do rapaz deitado em sua cama, com os olhos agora abertos, ele havia despertado.

 


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Notas finais do capítulo

Me empenhei. Não sei se ficou boa, mas espero que ela agrade.



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