Aoi 's POV

Era a terceira vez que eu circulava aquela área, e nada dele. Meus orbes negros, sempre atentos, corriam pela extensão daquela vasta rua, mas nada dele – sempre nada dele. Ele se escondia bem, bem até demais.

Havia centenas de membros da gangue à sua procura, mas ele se esquivava dos olhos de todos. Porém,  Kouyou não poderia abandonar se quer a cidade. Vários de nossos homens estavam espalhados por esta, inclusive pelos aeroportos e rodoviárias.

E ele sabia disso.

Eu estava cansado, precisava descansar e relaxar para continuar minha busca, e matá-lo.

Caminhei de encontro a um dos membros da gangue, que fazia a busca junto a mim, e lhe avisei que eu cessaria a minha procura, e sobre meu cansaço também. Recebi ofertas indecentes, como sempre, porém ignorei e dei de costas ao homem que me comia com os orbes - possuídos por imensa malicia.

Eu sempre recebi ofertas assim de rapazes daquela ‘ família’. Mas nunca aceitei, ou se quer me interessei, e sempre que algum deles se metia a engraçadinho comigo, tinha o que merecia.

Vários passos longos me guiaram até o prédio no qual eu me hospedava, eu realmente precisava de um descanso, e quem sabe, com algumas pílulas, dormir.

Assim que adentrei meu vasto apartamento, após percorrer aquele extenso prédio luxuoso até o sétimo andar, tirei meus sapatos.Um suspiro longo, e dolorido, abandonou meus lábios carnudos. A pressão que havia sido feita pelo calçado, em meus dedos, havia causado pequenas bolhas nos mesmos.

- Hwwn..! – me permiti gemer alto, assim que dei o primeiro passo após me livrar do que tanto me causava dor.

Caminhei até meu quarto, me despindo pelo caminho. Eu estava sozinho ali mesmo.

Era certo que haviam vários seguranças no andar, e sem contar  que alguns rapazes da gangue estavam vigiando o prédio.

Eu poderia relaxar sem me preocupar. E aquilo realmente me agradava, não me preocupar com nada por poucos minutos que fosse.

Porém eu estava enganado. Assim que adentrei o banheiro senti um gélido metal ser pressionado contra minha espinha, o que me  causou leves arrepios.

Nada pronunciei, me mantive atento e parado.

- Yuu-chan... - mas amoleci assim que sua suave voz invadiu meus ouvidos, daquela forma, irritantemente, doce. – Tão distraído, huh? Nem checou antes de entrar...  – sua risada divertida, e maldosa, ecoou pelo banheiro.

Senti calafrios percorrerem todo o meu corpo, apenas com aquelas poucas palavras e sua risada, que continuava gostosa. Como da última vez. Porém estávamos em outras circunstâncias, e naquele tempo, eu me divertia com aquela risada, e me constrangia também.

–  FlashBack –

- Pára, Yuu-chan! – eu lambuzava o rosto do loiro com sorvete, havíamos comprado durante uma folga no trabalho.

- Não, Kou! Não até você estar completamente lambrecado de sorvete! -  eu me divertia, lambuzando Kouyou com aquele sorvete de baunilha, sua risada gostosa ecoava por toda a sorveteria, atraindo diversos olhares de repreensão para nós.

Eu não me importava, e nem ele.

- Ah, então... – eu estremeci assim que senti seu rosto contra o meu, se roçando daquela forma inocente, me sujando com meu próprio sorvete, que estava em sua face. –  Isso é pra você aprender, Yuu-chan.

Sua face estava tão próxima da minha, que eu pensei que não conseguiria me conter. Mas me contive.

- Kou! – gritei, forjando em minha face uma feição irritadiça, assim como a das pessoas que nos cercavam.

Mas ele não se intimidou, e me deu seu melhor sorriso. E eu derreti, eu derreti como sempre.

-  FimDoFlashBack -

Eu havia me esquecido o quanto o amava. O quanto meu coração acelerava em sua presença. Havia me esquecido das sensações que sempre tomavam meu estomago, o revirando. E isso só acontecia quando eu estava próximo dele, sempre dele.

Mas já não importava mais. Eu tinha uma missão, e tinha que matar o traidor. Tinha que matar Kou, não importando o afeto, e amor, que tinha por ele.

Continua...