Sempre Com Você escrita por oinani
Estava cansada, mas não conseguia adormecer. Tinham acontecido demasiadas coisas ultimamente. Tentava não pensar em Caspian, mas isso era pedir de mais. Nunca o medalhão que ele me dera me parecera tão pesado. Aquele vazio na barriga mantinha-se, embora não o tivesse a toda a hora, quando tinha, era muito mais intenso do que anteriormente.
“Rapariga estúpida”. Abri os olhos. Quem dissera aquilo?
Mentalmente disse: “Quem és?”
“Isso não interessa”. Sabia que não era eu a pensar aquilo, a minha consciência não era assim.
“O que queres de mim?”
“Estou aqui para te ajudar. Ou o esqueces, ou vai ter com a Sirama.” Aquela voz era bastante desagradável. Liguei a luz para ver se via alguém, mas nada.
“Como sabes de Sirama?”
“Eu sei de muitas coisas.”
“De qualquer maneira, eu só posso ir ter com ela na sexta, foi o combinado”
“Mas ela já chegou e quer que tu vás vê-la o mais rapidamente possível”
“Como é que te sabes disso?” Uma súbita esperança assaltou-me.
“Fazes demasiadas perguntas, pequena.”
Nem me dei ao trabalho de lhe responder. Às tantas era apenas uma partida da minha imaginação. Mas voltou a falar.
“Estares aqui a chorar por ele não te adianta nada. Eu oiço-te. Todas as noites pensas nele. Estás sempre a chamar por ele, mas ele não vem, acorda Susan.”
Já estava com lágrimas na cara.
“Cala-te, tu não sabes nada!” Só me queria agarrar àquele medalhão e esperar que aquela voz se fosse embora.
“Sei mais do que pensas, pequena.”
“Quem és tu?”
“Já te disse que isso não importa agora. E o que viste na floresta não foi apenas imaginação tua.”
“O quê? Como é que sabes? Espera, não vás!”
Mas a voz já não estava ali. Naquele quarto estava apenas eu mais a minha dor.
Não sabia o que fazer. Levantei-me e tentei andar, mas caí logo, estava fraca sem razão aparente. Após ter sangrado era compreensível, mas agora não. O que se passava comigo?
Sentei-me na beira da minha cama e levei as mãos à cara. Tinha de pensar racionalmente. Aquela voz, de onde viera? Como é que sabia tanto?
Acabei por desistir de obter respostas e decidi tentar dormir.
Era de manhã. Já estava pronta e estava a tomar o meu pequeno-almoço preparado por Mary. Ela era a nossa empregada e todos os dias estava em nossa casa, exepto ao fim-de-semana. Posso não a ter mencionado antes, mas isso é porque ela raramente estava em casa ao mesmo tempo que eu, já que eu tinha aulas de tarde e quando chegava a casa ela já não estava lá e porque ela nunca interviera na história, ou no curso das coisas, mas desta vez, sim.
A aparência de Mary era bastante simples. Devia ser meia dúzia de anos mais velha que Len, no entanto já detinha o rosto cheio de marcas do tempo. Possuía uma aparência bastante sábia embora fosse bela. Tinha o cabelo castanho-claro que usava num toco perfeitamente apanhado e os olhos tão escuros que pareciam quase negros.
-Mary.
-Sim, minha querida?
-Onde está minha mãe? Gostaria de a ver.
-A sua mãe saiu hoje muito cedo.
-Sabe onde ela está?
-Não Susan, desculpa.
-Não faz mal Mary. – peguei num pão-de-mel (especialidade criada por Mary) e comecei a debicá-lo.
-Susan.
-Sim, Mary?
-Que colar tão interessante. - olhei para o meu decote e fiquei um pouco envergonhada ao aperceber-me que ao dobrar-me para pegar no pão-de-mel o medalhão tinha saído da minha camisola. Tentei parecer o mais natural possível.
-Ah, este? – indiquei pegando nele.
-Sim.
-Não é nada de especial. – disse eu.
-Pode ser mais importante do que tu pensas. E pode ter a resposta para muitas coisas. - fiquei a olhar para ela com ar atónito. Não tinha reacção para aquilo.
-Como assim?
-Oh, esquece o que eu disse Susan, estava só a falar por falar.
-Bom dia Mary. – disse Peter que tinha entrado na cozinha entretanto.
-Bom dia Peter. – disse ela.
-Bom dia Peter, obrigada pela atenção. – fui sarcástica.
-Oh, desculpa Susan, bom dia.- respondeu ele também no mesmo tom.
-Não que eu não aprecie a tua presença, mas, Mary, porque está aqui? – desta vez tinha sido Edmund a falar, ele tinha chegado também.
-Oh Edmund, eu sei que não estão habituados a ter-me aqui de manhã, mas hoje a vossa mãe saiu e pediu-me para eu vir preparar-vos o pequeno-almoço. Bem, vejo que estão aqui todos, exepto Lucy.
Só quando Peter e Edmund estavam os dois próximos de mim é que notei que os dois tinham marcas na cara. Edmund tinha ainda o lábio cortado, que ainda estava a cicatrizar. Peter tinha marcas na cara, que eram os sinais da luta da noite anterior.
-Estou aqui Mary.
-Ainda bem que estão aqui todos. Agora o melhor é tomarem rapidamente o vosso pequeno-almoço senão podem chegar atrasados à escola.
Ninguém falou. Após tomarmos o pequeno-almoço saímos todos em silêncio. Tinha a sensação que aquele dia ia ser longo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
então leitores, o que acharam do capítulo? :D