Sempre Com Você escrita por oinani


Capítulo 29
Gymnopédie nº 3


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo não está bem como eu quero mas pronto ugh (é obrigatório ler as notas finais)



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Não conseguia parar de sorrir. Lucy corria de um lado para o outro com bolachas de mel dando-as aos nossos convidados. Will estavam num canto da sala a jogar competitivamente xadrez com Edmund. Eu, Miriam e Elizabeth estávamos a jogar às charadas e Peter, como tinha perdido contra Edmund e William, encontrava-se sentado ao lado de Elizabeth, enquanto tentávamos adivinhar qual era a profissão que Claire estava a tentar representar através de gestos. Eu tinha a certeza absoluta que Peter tinha feito de propósito para perder contra o Ed e o amigo pois Peter era muito melhor que eles a jogar xadrez. Peter e Elizabeth conversavam incessantemente, parecia que tinham sempre assunto. Eu tinha a impressão de que quando eles estavam juntos todas as outras pessoas em seu redor desapareciam.

Decidimos fazer uma pausa dos jogos (exepto Edmund e Will) e eu andei a servir às pessoas limonada que Lucy tinha feito naquela tarde. Dei um copo a toda a gente. Quando me aproximei da mesa onde eles ainda se encontravam a jogar xadrez, Edmund aceitou o meu copo sem sequer largar os olhos do tabuleiro, tamanha era a concentração. Will olhou para mim cheio de angústia nos seus belos olhos azuis. O meu coração sucumbiu-me. Eu entreguei-lhe o copo e fui até à cozinha pousar o tabuleiro. Sempre que via William lembrava-me dos seus lábios nos meus. Eu conhecia aqueles lábios.

Na sala, vi que Peter estava sentado no sofá grande enquanto Elizabeth sentava-se num mais pequeno que se encontrava ao lado do maior. Ela tinha os joelhos contra o peito e conversava alegremente com Peter. Aproximei-me de Miriam, de Claire e Lucy e continuamos a jogar os mais diversos tipos de jogos. Passado algum tempo, Peter levantou-se. Beth ficou a olhar para ele completamente embaraçada e com um olhar suplicante. Peter ignorou-a e disse com voz para todos ouvirem:

“Agora para nosso entretenimento, esta adorável senhora vai tocar piano para nós”, Elizabeth (ainda sentada) agarrou-lhe o casaco e acenou negativamente com a cabeça. Pelo que percebi ela não queria tocar piano pois estava completamente envergonhada. Face ao movimento dela, Peter baixou-se para ficar ao mesmo nível de Elizabeth e disse-lhe umas coisas rapidamente. Ele estava a tentar convence-la.

Aproximei-me do piano que se encontrava ao lado da lareira e abri-o. Tinha bastante pó acumulado por cima das suas teclas por isso soprei de modo a que ficassem mais limpas. Peter aproximou-se de mim vindo de mão dada com Elizabeth, arrastando-a para o sítio onde o piano se encontrava. Toda a gente reparou neste pequeno gesto, mas ninguém disse nada. Eu afastei-me deles e sentei-me num dos sofás. Beth sentou-se no banquinho e ficou parada a olhar para o piano. Peter encostou o braço ao piano ficando virado para Elizabeth, como se a tentasse dar coragem para prosseguir. Ela ficou a olhar para ele, insegura de si. Olhou novamente para o piano e premiu uma tecla. Premiu outra e mais outra. Fez isto uma série de vezes, embora o som produzido não formasse nenhuma melodia. Provavelmente estava apenas a tentar adaptar-se ao peso e textura das teclas. Ela inspirou profundamente e começou a tocar. Era uma melodia que começava de maneira relativamente simples e lenta. À medida que avançava, mais fluídas saíam as notas. Ninguém na sala conseguia tirar os olhos de Elizabeth. As notas começaram a ser cada vez mais graves e a música mais lenta até que parou. A última nota ecoou pela sala e fez com que nós ainda ficássemos um pouco mais absorvidos na música. Elizabeth não hesitou e começou logo a seguir a tocar outra música. Esta era logo inicialmente mais complicada. Elizabeth percorria de um lado ao outro do teclado rapidamente à medida que tocava. Ela estava completamente absorvida na sua própria música. Tocar piano para ela era como respirar. Ela tinha um talento fora do normal. Nem era o que ela tocava era mais a paixão que ela punha de cada vez que pressionava uma tecla. Desviei os olhos de Elizabeth para ver qual era a expressão de Peter. Um enorme sorriso estava espalhado pela sua cara. Os seus olhos estavam a brilhar e ele não tirava os olhos de Elizabeth nem por um segundo. Aquilo era o olhar de alguém que estava a apaixonar-se. As últimas notas soaram e começamos a bater palmas. Ela era fantástica. Eu não hesitei e fui abraçá-la. Ela estava completamente vermelha. Após eu a ter largado Peter colocou a mão dele no cabelo de Elizabeth e despenteou-a dizendo “estiveste bem”. Ela ficou ainda mais encarnada (nem sei se isso era possível) e agradeceu baixinho. Tal como eu pensara, Elizabeth tinha sido apenas modesta a dizer que tocava razoalmente bem. Ela era uma artista nata. Quando éramos pequenos Len e o nosso pai tinham-nos levado a um recital. Lucy nessa altura ainda nem tinha nascido. Lá tocaram os mais variados instrumentos como violino (algo que eu apreciava bastante), violoncelo, viola e piano. Lembro-me que quando o primeiro pianista pisara o palco e começara a pressionar as primeiras letras eu ficara completamente apaixonada. Era tão belo. Mas quando eu comparava Elizabeth com esse pianista via que Elizabeth tinha algo que ele não possuía: paixão. Ela tocava de uma maneira que mesmo que eu aprendesse a tocar piano nunca teria aquela intensidade, aquela energia. Era aí onde se via que havia talento. Comecei a ouvir a chuva a cair lá fora. Claire e Peter insistiram que Elizabeth tocasse pelo menos mais uma música. Ela assim o fez. Era uma canção triste e lenta. Tive que combater o ardor que surgia nos meus olhos. A chuva e aquela música deixava-me completamente sentimental. Só pensava em Caspian e como eu tinha que estar injustamente afastada dele. Por que é que Aslan nos separara?

Falamos durante mais algum tempo e como já estava a ficar tarde fomos dormir. Elizabeth adormeceu mal se deitou. Comigo não foi bem assim. Dava voltas e voltas na cama. Eu estava a ficar cada vez mais impaciente. Parecia que o tempo não passava. Estava ansiosa que Sirama voltasse e que me trouxesse novidades sobre os portais, novidades sobre Aslan, novidades sobre Caspian. Elizabeth e Miriam tinham sorte. Podiam ver e estar com os rapazes que amavam sempre que quisessem. Eu não podia. E isso magoava-me mais do que tudo. É claro que eu gostava de dormir ao lado de Elizabeth pois a presença dela transmitia-me uma estranha paz, mas mesmo assim, acho que adormecer nos braços de Caspian seria a melhor coisa do mundo. Queria que ele me dissesse que tudo iria ficar bem. Queria chorar nos braços dele. Queria não me sentir tão sozinha neste mundo.


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Notas finais do capítulo

Esta foi a primeira música que Elizabeth tocou: http://www.youtube.com/watch?v=I8du7b0ccr0
Esta a segunda: http://www.youtube.com/watch?v=nSKFtDgPDm0
E esta a terceira (que foi a que deu nome ao capítulo):http://www.youtube.com/watch?v=iHEpuj96bCg&feature=fvwp