Sempre Com Você escrita por oinani


Capítulo 10
Família




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Corri para apanhar o autocarro e lá juntei-me ao resto da minha família. Todos nós estávamos calados e pensativos, mas Peter, era sem dúvida, aquele que se encontrava mais sombrio. Havia algo na cara dele que me perturbava.

Mal cheguei a casa, a primeira coisa que fiz foi praticar arco e flecha antes que escurecesse.

Ao fazer isto, muitas memórias de Narnia apareciam na minha mente.

Lembrava-me das vezes que tinha ido lá. Lembrava-me de Mr.Tumnus, de Reepicheep, de Aslan, de Sirama, de Jadis… De Caspian.

Ao lembrar-me desse nome que me conferia tanta dor, parei de treinar e sentei-me na relva. Agarrei o meu colar e apertei-o contra o peito. Posso dizer que duas lágrimas me escaparam.

Olhei para o céu e vi que o sol já se estava a pôr. Será que algum dia voltaria a Narnia? Gostava de pensar que sim.

Retirei-me para dentro de casa e arrumei o arco e as flechas. Tinha acabado de arrumar quando Edmund veio ao meu encontro.

-Susan, ouviste falar do que aconteceu hoje?!

-Claro!

-Matthew telefonou para casa de GraySon e a mãe dele disse que ele estava lá.

-Tu já sabias que GrayS gostava de Claire?

-Sim.- A resposta direta dele surpreendeu-me.

-E não me disseste nada, Edmund?!

-Achas mesmo?! Não podia dizer-te! Tu és amiga da Claire, ias logo a correr contar-lhe!

-Pois… Talvez tenhas razão. Mas não entendo como é que ele nutre aquele tipo de sentimentos por ela, eu nunca os vi juntos. Será que ele sempre gostou dela?

-Não sei. Ele gosta dela há bastante tempo. Só é pena ela não gostar dele, acho que ele ficou bastante magoado por causa dos seus sentimentos não serem correspondidos.

Estava prestes a falar quando fomos chamados para jantar.

Quando me levantei não tinha tido sonhos. Desci e falei com Edmund. Peter já mal falava com os outros membros da família. Ele encontrava-se sempre absorto em seus pensamentos. Via-o na escola mas ultimamente ele estava sempre afastado dos seus amigos (incluindo Will). E quando chegava a casa, após o jantar fechava-se no quarto e permanecia lá a maior parte do tempo.

Lucy ainda não me dirigia a palavra. Queria muito que tudo se resolvesse entre nós, mas também não queria que ela descobrisse tudo o que ando a fazer. Se ela por acaso soubesse acharia isto tudo uma loucura e iria impedir-me de levar a minha avante pois iria contar tudo a Peter, que contaria a Len.

A minha reflexão foi interrompida por Len, que me disse para me despachar senão perderia o autocarro. Despedi-me dela e saí com os meus irmãos.

Eu e as minhas amigas encontrávamo-nos a falar sobre GraySon.

-Ainda não o vi hoje. – Falou Elizabeth.

-Nem eu, Claire.- Falei.

-Acho que não vou ser capaz de o enfrentar. Ele deve estar tão ressentido comigo. – Confessou Claire.

-O que é certo é que ele fez uma tempestade num copo de água. Segundo o que tu nos contaste, tu e o GraySon só falaram umas vezes, tu não tens culpa de não estares apaixonada por ele. – Miriam proferiu estas palavras com um tom dócil.

Claire ia responder quando Matthew apareceu.

-Olá meninas.

-Olá Matthew.- falei eu, Claire e Elizabeth.

-Olá Matty.- Miriam cumprimentou-o de uma maneira tão apaixonada que ficamos a olhar para ela. Perante a nossa reação, Miriam corou e Matthew ficou atrapalhado. O silêncio constrangedor que se tinha instaurado foi interrompido por Elizabeth:

-Matthew, hoje o GrayS veio?

-Sim, já estive com ele. – Vi a cor desaparecer da cara de Claire.

Tivemos aulas e num intervalo aconteceu uma coisa um pouco inesperada. Matthew e Miriam estiveram juntos. Toda a gente conseguia ver que aqueles dois estavam apaixonados.

Mas o insólito ainda estava para ocorrer. Eu, Elizabeth e Claire estava-mos na sala de convívio quando de repente, começamos a ouvir uma barulheira e à nossa frente instaurou-se a confusão. Toda a gente estava de pé formando um círculo em volta de algo. Levantamo-nos para ver o que é que se estava a passar e, após passar mos por aquele mar de gente descobrimos quem é que eram os responsáveis por aquela agitação toda. Quem se encontrava ali a provocar a provocar aquele alvoroço era Dempster e GraySon. Estavam a lutar. Eu não fazia a mínima ideia do que é que estava a ocorrer ali. Olhei para Claire e para Elizabeth e vi que as duas pareciam partilhar dos mesmos pensamentos que eu. Claire encontrava-se branca que nem um fantasma.

Ninguém os separava. Tudo o que eu via um cabelo ruivo e um cabelo castanho a andarem de um lado para o outro. Parecia uma fusão, ou melhor, um duelo, entre os elementos Fogo e Terra.

Charles e Matthew finalmente chegaram. Eu reparei que Matthew chegou com Miriam e estavam de mãos dadas. Quando Charles disse a Matthew para o ir ajudar a separa-los, Miriam puxou Matthew para trás e parecia que queria impedi-lo de ir. Provavelmente ela apenas tinha medo que ele se magoasse. Matthew disse-lhe qualquer coisa ao ouvido, beijou-lhe a face e abandonou-a.

Charles e Matthew finalmente puseram um fim àquela briga e levaram Dempster e GraySon à enfermaria, pois os dois encontravam-se a sangrar.

Logo no fim das aulas fui a correr ter com Matthew.

-Matthew, explica-me por favor porque é que houve aquela desavença entre GrayS e Dempster.

-Não posso Susan, lamento.

-Anda lá Matthew.

-Tens de me prometer que não contas nada a Claire.- Engoli em seco. A briga tinha tido algo a ver com a minha amiga.

-Prometo.

-Vou-te fazer um resumo muito breve da história. GrayS e Dempster gostam da mesma rapariga e Dempster começou a dizer que GraySon era um cobarde e que nunca mais a tinha conseguido enfrentar após a sua confissão.

-Dempster gosta de Susan?

-Sim. Embora ela não admita toda a gente sabe que sim.

-Como é que isto aconteceu? – Matthew soltou uma gargalhada.

-Sei lá. Não sei quais são os motivos que levam uma pessoa a apaixonar-se por outra. - Antes de eu o poder evitar, apareceu um enorme sorriso na minha cara. Esse sorriso dizia “Pois, tu também não sabes o que te levou a gostar de Miriam”. Matthew corou face ao meu grande sorriso e despediu-se de mim, atrapalhado.

Nessa tarde eu tornara a falar com Lucy, mas ela ainda estava relutante quanto a mim. Acredito que ela tinha receio de que se ela voltasse a confiar em mim, que eu a voltaria a magoar. Quando isto tudo terminasse, poderia explicar-lhe e aí só me restaria esperar que ela compreendesse e que a nossa relação voltasse a ser como dantes.

Algumas horas depois, enquanto eu estava a treinar arco e flecha no jardim apareceram abruptamente Peter e Edmund. Lucy surgiu atrás deles. Edmund estava a usar um tom de voz muito alto para falar com Peter.

-Estás a ouvir o que eu estou a dizer? Não te faças de surdo! - Sibilava Edmund. – Responde-me!

Peter continuava em silêncio e nos olhos dele parecia ver-se labaredas. Lucy olhava para os dois com um ar muito preocupado.

-Peter! Age como um homem e responde-me!

-O que é que tu queres? – Rugiu Peter.

-Finalmente! Importas-te de falar com a tua família? Len anda muito preocupada e as tuas irmãs também!

-Eu não quero saber. Isso não me interessa.

-Estás a insinuar que não te importas com a tua família?! – A fúria de Edmund aumentava a cada palavra.

-Sim, estou. – Edmund saltou subitamente para cima de Peter e espetou-lhe um punho na cara deitando-o ao chão. Lucy soltou um pequeno guincho.

Corri para a beira de Edmund e impedi-o de inferir mais qualquer tipo de golpe em Peter.

-E vocês ainda o defendem?! Ele não quer saber de nós! Ele só se importa com ele mesmo. É um egoísta! – Ed estava completamente fora de si

-Ed, Ed. Acalma-te por favor. – Disse Lucy à medida que se aproximava cautelosamente de nós.

-Eu não quero saber de ti para nada, Edmund. Mas quero saber de Lucy, de Susan e de Len. A partir de hoje não és mais meu irmão. - Disse Peter levantando-se e desaparecendo dentro de casa.

Lucy começou a chorar e correu também para dentro de casa. Eu sentei-me no chão e em vez de chorar fiquei ali a fitar o chão. Estava completamente chocada. O que desencadeara aquela discussão?

Fiquei ali quieta, e também Edmund entrou em casa. Só entrei quando a minha mãe me chamou para jantar.

Durante a refeição, ninguém olhava para ninguém e ninguém falava com ninguém. A minha vida era um desastre. Os meus amigos estavam metidos em situações que não podiam resolver, a minha família estava mais afastada do que nunca, e eu estava ali sozinha, longe de Caspian. Esta desordem a que eu dava o nome de “vida” estava a ocupar-me a mente e até esquecera por alguns dias Caspian. Mas eu continuava a sentir que ele devia estar ali comigo. A angústia voltou, as saudades voltaram, tudo voltou.


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Notas finais do capítulo

pessoas só postarei o próximo capítulo se este tiver pelo menos três reviews e vai ser assim daqui em diante xx espero que tenham gostado :)



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