Hoje eu também estava nervosa. Toda vez que estávamos juntas eu ficava desse jeito, extremamente ansiosa. Só de sentir aqueles lindos olhos sobre mim o meu corpo reagia de maneira agressiva e se aproximava cada vez mais dela.

– Milena, eu... Eu queria te perguntar uma coisa.

Um dos meus maiores defeitos era não conseguir ser direta, mas eu estava me preparando há semanas para tentar derrubar esse defeito pelo menos hoje.

– Pergunte. – você sorriu.

Com esse sorriso angelical e olhar dócil... Como eu poderia fazer uma pergunta que muitos achariam brusca e indelicada? Não quero destruir a imagem de garota comum que você tinha de mim.

– Não, deixa pra lá. Outro dia eu pergunto.

Novamente o meu medo e o meu defeito me venceram. Entretanto irei fingir que foi a sua pureza que me atingiu.

Pureza...

Será que você era pura?

O que é ser pura?

Isso de fato existe?

Você me acordou de meus devaneios como sempre faz. Sentou ao meu lado e desse jeito consegui sentir o contato de sua pele com a minha.

Dum Dum Dum Dum

Meu coração não parava, nem mesmo por um minuto. As borboletas em meu estômago estavam agitadas e queriam sair.

Você segurou a minha mão.

Outro contato de pele que fez o meu coração bater de uma maneira impossível. Eu amava aquele seu jeito carinhoso, mas ao mesmo tempo odiava, pois me deixava desarmada.

– Você gosta de meninas também?

Pronto. Não foi tão difícil assim, não é?

Oh não... Não me olhe com esses olhos, por favor!

Você... Você está sorrindo?

– Acho que você é a única pessoa desse colégio que ainda não sabe disso, sua boba. – você riu levemente.

Senti-me boba por não saber disso quando todos já sabiam, mas ao mesmo tempo feliz por finalmente matar a minha curiosidade. Aquele era o momento mais feliz da minha vida até aquele momento. Eu queria te abraçar e sentir aqueles lábios prensados aos meus, mas me contive.

– Ah, você sabe como eu sou desligada... Bem, que legal!

E a minha reação diante da resposta que eu quis escutar nos últimos dois meses foi “Bem, que legal”... Eu realmente sou uma boba, não... Uma idiota mesmo.

– Por que a curiosidade? Está entrando na fase de descobertas? – você riu de canto enquanto comia um pedaço de uma maçã.

Fase de descoberta... Eu estou nessa fase desde que nasci. A minha cabeça era cheia de teorias, mas meu corpo era carente de experiência.

– Eu não descobri nada ainda... Digo, nunca fiquei com alguém antes.

Sim, eu era uma romântica. Achava que o beijo era algo especial e memorável. Teria que ser com alguém que eu realmente gostasse. Poderia ser com você.

– É mesmo? Seria interessante eu roubar o seu primeiro beijo, não? – você riu maliciosa.

Como assim? Eu realmente ouvi bem? Ah, não... Deve ser mais uma das suas brincadeiras. Resolvi não responder a sua pergunta e apenas sorri. Segundos depois o sinal tocou, avisando que o recreio já havia acabado, e voltamos para nossas respectivas salas de aula.

As aulas já haviam terminado e fomos para as nossas respectivas casas. Ao chegar percebi que estava novamente sozinha e então rapidamente almocei para poder entrar no computador e ver se conseguia me distrair com algo. Senti então o meu celular vibrar. Era uma mensagem sua me convidando para ir à sorveteria.

Como o combinado, fui ao local e você já estava lá com o seu vestido florado. Logo compramos os sorvetes e fomos para o parque que havia ali perto. Sentamos num banco que estava acomodado na sombra, embaixo de uma árvore, e ali deliciamos aquele doce gelado.

Por um momento parei de tomar o meu sorvete e fiquei apenas a observando. Os traços delicados e os olhos charmosos, juntamente da pele branca, exaltavam a sua beleza.

Ah, os seus olhos... No momento em que eu os olhava, acabava mergulhando neles e não conseguia sair daquele universo...

Você se aproximou.

Você se aproximou mais e mais.

Você me beijou.

Desajeitadamente tentei corresponder o beijo, mas acho que não me saí tão bem assim. O contato não foi muito longo e logo estávamos a poucos centímetros de distância, apenas olhando uma para a outra.