( Ponto de Vista Geral )

A noite em Seattle chegou, acompanhada de uma lua minguante linda e discreta. Pequenas e cintilantes estrelas também decoravam o céu, tornando-o encantador. Samantha caminhava pela rua, observando a bela noite e pensando nele.

Tentava entender porque o moreno estava tão idiota a semana toda, tentando aprender a tocar guitarra. Na noite anterior, ela o viu com uma garota antipática e sem graça, enquanto foi comprar uma vimitamina pra ela. Ele parecia se divertir, enquanto ela morria de ciúmes, pois desejava estar no lugar daquela garota que tinha um sorriso tão falso que a fazia ter náuseas. Queria entender porque ele estava se comportando de maneira tão estranha e ridícula, quando o jeito natural de ser ele, a encantava cada vez mais.

Havia acabado de sair do Groovie Smothie, deixando Carly e T-Bo sozinhos discutindo, como haviam feito durante toda a semana. Ela chegou ao Bushwell e cruzou com Gibby na porta do prédio.

Sam: Hey, Gibby! - Ela o cumprimentou com um pequeno sorriso.

Gibby: Oi...

Sam: O que houve?

Gibby: A banda não deu certo. Aparentemente Freddie e eu não somos muito bons. - Ele disse cabisbaixo.

Sam: Não são mesmo. - Ela disse baixo. - E cadê o Freddie? - Ela perguntou fingindo desinteresse, porém foi em vão. O amigo sorriu malicioso.

Gibby: Está na escada de incêndio.

Sam: Ah sim.

Gibby: Bom... eu já vou indo. Minha mãe tem um encontro e eu vou cuidar do Guppy. - Anunciou despedindo-se.

Sam: Tudo bem, então. Até mais.

Gibby: Até... e boa sorte com o Freddie. - Ele disse com um olhar malicioso. Sam sorriu envergonhada por estar sendo tão óbvia.

Sam: Obrigada. - Ela disse, virando as costas e subindo as escadas. Sim, ela iria de escadas, para lhe dar mais tempo para pensar no que dizer à Freddie.

Após 5 minutos, ela chegou ao andar que desejava, um pouco ofegante. Parou por uns segundos recuperando o fôlego e logo caminhou até a saída de incêndio. O moreno estava lá, sentado sozinho como sempre, enquanto ouvia música com os fones de ouvido.

Ela aproximou-se de lá e mesmo sem ouvir seus passos, ele percebeu a presença dela, pelo perfume inconfundível que a loira usava. Ele se virou, para ter certeza de que não era mais uma pegadinha de sua imaginação.

Sam: Oi. - Ela disse baixo, sentando-se na janela.

Freddie: Oi..- Respondeu no mesmo tom. Ela esperou alguns segundos antes de continuar.

Sam: Soube que a banda fracassou. - Comentou de modo natural.

Freddie: Pois é... eu não sou bom com guitarra. - Disse visivelmente triste.

Sam: Não mesmo. - Ela disse irônica, recebendo um olhar sério dele. - Eu sinto muito. - Continuou agora também séria, percebendo que ele parecia mal com isso.

Freddie: Tudo bem... não estou chateado com isso. - Falou com um leve sorriso.

Sam: Então porque está chateado? - Perguntou, ao notar que algo o incomodava.

Freddie: Eu só... é complicado. - Respondeu, tentando não fazê-la perguntar mais. Ele não queria falar o real motivo.

Sam: Não sou nerd como você, mas garanto que posso entender. - Ela comentou, incentivando-o a conversar.

Freddie: Não é nada.. é só... queria que parassem de me ver como um nerd. - Confessou triste. Ela franziu a testa confusa.

Sam: Porque? O que há de errado nisso? - Ela perguntou. O moreno ficou surpreso com a pergunta, pois achava que ela faria piadas. Arqueou as sombrancelhas ao notar que ela estava séria e fez a pergunta parecendo realmente sincera.

Freddie: Tudo! Garotas nunca levam os nerds à sério. Elas preferem os caras que tem bandas e a inteligencia de um esquilo. - Falou sério. Sua voz tinha um tom de decepção mesclada à indignação.

Sam: Duvido muito que os esquilos gostem dessa sua comparação, acho que eles são mais inteligentes do que alguns guitarristas. - Brincou com uma risadinha sarcástica. Ele riu.

Freddie: Você entendeu o que eu quis dizer.

Sam: É, entendi. - Ela concordou. - Mas está errado... muitas garotas preferem os nerds. - Comentou baixo. Freddie sentiu o coração bater mais rápido.

Freddie: Ah é? Então me diga uma que prefere namorar um nerd do que um cara de uma banda. - Perguntou ele em tom de provocação, implorando à Deus para que obtivesse a resposta que mais desejava naquele momento. Porém não ouviu nada. Ela ficou muda, olhando para o chão. - Viu só? - Falou confirmando o que disse instantes atrás.

Sam: O que? Eu não disse nada. - Ela falou, parecendo surpresa.

Freddie: Esse é o ponto. - Ele disse com o olhar fixo no dela. Sam sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Pode perceber com perfeição o duplo sentido naquela frase. - Como posso seguir em frente se não me dão chance? - Disse após alguns minutos de silêncio absoluto. Sam o encarou confusa.

Sam: Como assim '' seguir em frente ''? - Questionou, fazendo aspas com as mãos. Ele a fitou, desviando o olhar antes de começar a falar.

Freddie: Ah... você sabe, tentar esquecer uma pessoa, se apaixonando por outra. - Disse. A loira soltou um suspiro baixo, sabendo exatamente como ele se sentia.

Sam: Ah... isso! É, eu sei como é. - Murmurou baixo, mas ele conseguiu ouvir, ficando surpreso.

Freddie: Sabe?

Sam: Sei... também estou tentando esquecer alguém. - Ela falou sentindo o coração bater cada vez mais rápido, enquanto ela rezava para que ele não pudesse escutá-lo.

Freddie: Hum... quem? - Perguntou. Seus olhos agora tinha um brilho diferente. Estavam esperançosos e amedrontados ao mesmo tempo.

Sam: Você. - Ela sussurrou, sentindo as bochechas queimarem diante da confissão. Freddie notou o quão vermelha ela estava e sorriu. Ele a achava ainda mais encantadora quando estava constrangida.

Freddie: E conseguiu? - Perguntou tentando disfarçar a felicidade que sentia dentro de si.

Sam: Não... - Respondeu ainda no mesmo tom de sussurro. Ele queria que ela o encarasse, mas não pediria. Sabia que para ela era dificil falar de sentimentos e não queria forçá-la a nada.

Após longos minutos de puro silêncio, Freddie começa a pensar em algo que martela em sua mente.

Freddie: Mas.. eu não entendo.

Sam: O que? - Perguntou um pouco assustada.

Freddie: Nós terminamos justamente por causa do nosso jeito de ser, éramos diferentes um do outro e não nos aceitávamos.

Sam: Não Freddie...o jeito de ser um do outro nunca nos incomodou de verdade, senão nem seriamos amigos. Nós terminamos porque fomos dar ouvidos às besteiras da Carly, que aliás nem estava falando com a gente. - Ela explicou convicta. Freddie a olhou perplexo, diante de suas palavras.

Freddie: Há quanto tempo pensa assim? - Questionou.

Sam: Desde alguns segundos depois em que eu sai do elevador e você disse que me amava. - Ela confessou baixo, agora fitando os olhos do moreno que escureciam a medida em que a felicidade tomava conta dele.

Freddie: E porque não me disse quando perguntei à meia-noite se era isso que você queria? - Perguntou, tentando entendê-la. Sam suspirou triste.

Sam: Eu... não sei. - Murmurou dando de ombros. Ficaram calados novamente.

Ambos tinham medo de dizer algo sem pensar e estragar o belo momento que estavam tendo, depois de tanto tempo separados. Era a primeira vez que ficavam sozinhos e conversavam sobre o fim do relacionamento.

Freddie: Está disposta à tentar novamente? - Perguntou assim que reuniu coragem suficiente, quebrando o silêncio e assustando Samantha.

Sam: Você.... ainda sente algo por mim? - Ela parecia chocada com a atitude do moreno.

Freddie: Eu ainda amo você. - Ele disse aproximando-se dela com um sorriso.

Sam: Então nesse caso, eu estou disposta à tentar. Só que dessa vez, não vamos deixar que ninguém tente mandar no nosso namoro. - Ela disse de antemão. Freddie segurou uma das mãos dela, e com a outra lhe acariciou o rosto.

Freddie: Não mesmo. Eu amo até mesmo as nossas brigas idiotas e sem sentido. - Ele comentou não contendo o sorriso que crescia a cada segundo. Ela riu.

Sam: E eu amo o seu jeito nerd. Não me importo se você não sabe tocar guitarra, pelo contrário se estivesse numa banda, eu provavelmente brigaria com cada fã histérica que quisesse te agarrar. - Ela disse em tom de brincadeira, porém ele sabia que isso não deixava de ser verdade de certa forma.

Freddie: Pode ficar tranquila quanto à isso. - Falou.

Sam: Ótimo. - Ela sorriu, enquanto o abraçava. Sentia os braços fortes dele, enlaçando sua cintura, enquanto suas mãos acariciavam o cabelo do moreno. Afastaram-se o suficiente para se encarar e podiam sentir a respiração calma batendo contra o rosto um do outro.

Antes que pudessem tocar seus lábios, algo tremeu no bolso da calça de Sam, e fez um barulho alto, quebrando o silêncio do local. Eles se afastaram com o leve susto que tomaram e Sam pegou o celular do bolso.

Freddie: Mensagem? - Perguntou curioso.

Sam: É, da Carly. Ela e T-Bo fizeram as pazes e ela quer nos encontrar lá no Groovie Smothie agora. - Falou, respondendo a mensagem rapidamente. Ela levantou-se da janela, pronta para ir encontrar sua amiga e lhe contar as novidades. Freddie a segurou pelo braço, ficando de pé.

Freddie: Ei... não está esquecendo nada? - Perguntou ele, com um sorriso malicioso. Ela sorriu, mas não teve tempo para responder, pois Freddie avançou sobre os lábios dela, com intensidade, roubando-lhe um beijo apaixonado. Suas mãos puxavam o pequeno e belo corpo de Sam para perto do seu, tentando acabar com o mísero espaço que tivesse entre eles. Suas linguas dançavam lentamente, explorando cada canto da boca um do outro.

Mesmo com a saudade imensa que tinham, continuavam a se beijar de modo delicado e lento, aproveitando cada segundo daquele momento que eles julgavam o mais perfeito de suas vidas.

Somente alguns minutos depois, quando o ar já não existia mais e eles realmente precisavam dele, é que quebraram o beijo, com alguns selinhos e sorrisos que eram inevitáveis.

Sam: Vamos logo antes que ela resolva nos procurar. - Ela disse assim que controlou a respiração.

Freddie: Vamos. - Concordou, entrelaçando sua mão na dela e caminhando para fora da saída de incêndio.

Estavam ansiosos para contar à todos que estavam juntos novamente e dessa vez fariam tudo exatamente do jeito deles. Não aceitariam que ninguém julgasse o relacionamento deles e nem tentasse dizer o que era melhor, pois só os dois sabiam o que era melhor para ambos e que mesmo com suas diferenças, se amavam e era só o que importava para eles. Não precisariam mudar um pelo outro, desde que houvesse respeito, carinho e compreensão, seriam felizes.

FIM...