Socorro! Americano Louco À Vista! escrita por Labi
Notas iniciais do capítulo
Não tenho nada para dizer portanto vou agradecer os reviews ♥ Não pensei que fossem seguir uma coisa tão idiota como esta e....
"Como tenho a certeza que não me vais morder ou comer um braço?", perguntou pela milésima vez enquanto devorava, literalmente, assim como um animal, uma panqueca.
Franzi o sobrolho e resisti ao impulso de comentar a falta de maneiras à mesa.
"Absoluta."
"Então pára de olhar para mim e serve-te."
"Eu não estou a olhar para ti." resmunguei e mexi a cauda em irritação. Ou talvez ela se mexesse sozinha. Nunca entendi realmente, "Não quero, obrigado."
"De certeza?"
E quando eu já pensava que todas as regras de etiqueta que podiam existir à mesa tinham sido quebradas, aquele idiota comete a proeza de falar de boca cheia.
"Sim, eu não como. "
Ele quase que se engasgou e encarou-me desconfiado, "Como assim? Não ingeres alimentos? Como sobrevives então?"
"Eu posso comer desse tipo de comida mas... O que me alimenta são almas humanas." brinquei e ri com a expressão de choque que ele fez. Realmente aquele americano superava todos os níveis de idiotice possíveis e impossíveis.
Ele encarou-me chocado e por momentos ponderei se ele sabia minimamente o que eram demónios. Muito possivelmente não mas também… Quanto menos soubesse sobre mim, melhor.
Mas saiu-me o tiro pela culatra e quando eu pensava que ele se ia calar por um momento, a criatura começa a fazer um turbilhão de perguntas sobre a minha ‘espécie’. Algumas delas eram bastante… Inconvenientes. Portanto, tive de o ameaçar para ele acabar de tomar o pequeno almoço e se despachar.
Sou curioso por natureza e conhecimento é algo que nunca se tem a mais e por isso decidi acompanha-lo até à escola.
Pelo que ele disse , andava no último ano do Secundário. Explicou-me entretanto que queria seguir Matemática ou Física na universidade.
Até é crime alguém gostar dessas duas disciplinas. Se o meu chefe fosse uma disciplina, com certeza que seria uma dessas duas. E nem olhem para mim assim! Inglês sempre será mais fácil que essas…coisas.
Adiante, o americano idiota foi a resmungar comigo até lá chegar, recebendo alguns olhares de lado das pessoas que achavam que ele estava a falar sozinho. Muito para meu divertimento, claro. Ele achava mesmo que se ia conseguir livrar de mim?
A escola dele não tinha nada de especial. Era um edifício branco e largo com janelas grandes. Os alunos andavam em grupos pelo jardim exterior, e um desses grupos levantou a mão para Alfred, que retribuiu o gesto mas continuou a caminhar para a entrada.
Achei estranho quando ao entrar no corredor principal Alfred ficou muito calado e encolhido.
Franzi o sobrolho e pisquei, "Tens medo de alguma coisa?" . Voei para o outro lado e fiquei a planar no seu lado direito.
O loiro resmungou mas continuou a andar cabisbaixo. Coisa que atiçou ainda mais a minha curiosidade.
Ia justamente perguntar qual era o problema quando um grupo de rapazes, todos vestidos com o equipamento da equipa de futebol da escola, avistou Alfred.
"Hey Gorducho! Havia TPC de Matemática para hoje?" um deles perguntou, sorrindo de lado.
Voltei a franzir o sobrolho e olhei pelo meu ombro, apenas para constatar que Alfred tinha ganido baixo e ajeitado os óculos.
"Então? Para além de espaçoso e vesgo também és surdo?" os outros riram e aquele alto, igualmente loiro e com uns olhos castanhos claros, pegou nas golas de Alfred, "Responde-me!"
Olhei para o meu 'protectorado' e vi que ele mordia os lábios, tremendo um pouco com medo. Ao sentir-se observado, olhou pelo canto do olho e encarou-me directamente, suplicante.
Agora digam-me se conseguiam resistir a um olhar daqueles. Eu também já andei numa escola… Demoníaca mas… Escola ainda assim e… Eu sei o que custa passar por aquilo e então… Não que eu seja uma pessoa simpática mas… Eu não o podia deixar assim. Onde estaria a piada de o corromper se outrem o faria?
Ponderei por uns momentos o que era melhor fazer mas ao ver o resto do grupo se aproximar, agi por instinto e dei uma chapada na nuca do sujeito. Forte. Tão forte que aquele animal sibilou e encolheu a nuca.
Ri imenso com a expressão chocada que ele fez, afinal, eu sou invisível.
Começou aos berros e largou Alfred, correndo até aos seus amigos, "Qual de vocês me bateu?!" , encarou-os furioso e começaram todos a discutir. Amo espírito de união.
Sorri satisfeito e aterrei ao lado do americano, "Foi merecido~"
Ele encarou-me, também chocado e assustou-se ao ouvir a campainha para entrar.
"Não te escapas de nós, gorducho!" , o outro idiota berrou, fazendo toda a gente olhar para eles.
Alfred fez outro ganido baixo, ajeitando as golas do seu casaco. Vi pelo canto do olho que eles estavam a ir-se embora.
"Quem são eles?"
Fui ignorado, pois Alfred rodou nos calcanhares e começou a andar em passos rápidos para longe.
Esse foi o maior erro de todos.
Ninguem, repito, ninguém ignora Arthur Kirkland e sai impune.
Tomei então a decisão de seguir Alfred para as suas aulas e sinceramente as únicas que me conseguiam entreter minimamente eram as de História e Inglês.Tinha-me sentado ao seu lado, o lugar estava vazio, e quase o matava sempre que dava um erro em inglês.
E não foi como se lhe estivesse a dizer as datas todas erradas sempre que o professor de História perguntava alguma coisa. O pobrezinho estava na lua e então eu ‘respondia’ por ele.
Se não me tivesse ignorado anteriormente, até podia ser que eu lhe tivesse dado as respostas certas. Mas que fazer… Ninguém o mandou confiar num demónio.
Nas outras aulas, divertia-me a roubar tampas de canetas que caiam ao chão ou a prender folhas por baixo das pernas das cadeiras. E ria como um louco ao ver as pessoas procurarem por uma borracha que nunca mais iria aparecer.
Ao final do dia, pude perceber que ele arrumou as suas coisas o mais rápido possível e basicamente correu dali para fora. Voei ao seu lado, ainda em silêncio.
"Não te vais embora?" ele murmurou, alto o suficiente para eu ouvir.
Cruzei os braços atrás do pescoço e espreguicei as pernas, "Porque o faria? Já disse qual é o meu objectivo."
Notei que ele estremeceu e suspirou, “Não preciso de mais ninguém para me fazer a vida num inferno.”
“Mas eu não te vou fazer a vida num inferno. Além disso, não compares a tua vida a um. Há gente em pior situação que tu.”
“Eu sei.”
“Então se sabes-“
“Não me chateies.” , entrou em casa e bateu com a porta. Na minha cara.
Resmunguei algo e entrei pela janela do quarto dele, no piso de cima. Ainda mal me tinha acabado de sentar e ouvi uma mulher a discutir alto com alguém. Mais uma porta bateu e passado uns minutos Alfred entrou pelo quarto, aterrando de barriga para baixo na cama.
“Odeio a minha vida.”
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