Era uma vez, uma garota chamada Felicidade, que morava numa vila chamada “Emoções”. Era uma pequena, porém confortável vila. Felicidade era a pessoa mais feliz da vila... não, do mundo. Ela era a mais brilhante, vívida, bonita, fofa e gentil. Todos a amavam, ela era perfeita.

Na mesma vila, tinha um garoto chamado Tristeza. Ele era a pessoa mais triste de lá. Todos possuíam medo dele. Um dia, Felicidade o encontrou na rua. Como ele não andava nos mesmos lugares que ela, eles nunca haviam se encontrado antes. Quando ela o viu, pensou: “Eu vou falar com ele, e minha felicidade vai ganhar! Eu posso fazê-lo feliz também!”... mas ela estava errada. A tristeza de Tristeza era maior do que tudo. Os seus sentimentos eram os mais fortes da vila inteira.

Felicidade foi falar com ele, “Eu posso fazer isso”, foi o que ela pensou. Eles se falaram. Ela não conseguia entendê-lo. Ele ficou mais triste.

E... No outro dia, Felicidade subitamente ficou triste. Ela, que nunca havia sentido tristeza na sua vida, estava sentido naquele momento. Os dias foram passando e ela ainda estava triste. Ela, que era a pessoa mais reluzente, estava opaca. Ela era um arco-íris antes, agora era preto e branco. Ela não poderia sentir nada além de tristeza.

Dia após dia, Felicidade estava tão triste que as pessoas da vila acharam isso estranho. “Mesmo Felicidade não pode ser feliz o tempo todo. Certo?” foi o que pensaram. Tristeza, como foi dito antes, era a pessoa mais triste. Ele se sentia morto, ele só desejava estar morto. Felicidade, que outrora não poderia entender isso, agora... poderia.

Ela entendia tão bem, que ela começou a se tornar mais triste do que o próprio Tristeza, porque ela era feliz antes. Ela sabia como era ser feliz. Tristeza não. Ele não havia sentido nada além de tristeza, mas Felicidade tinha. Ela tinha sentido felicidade antes. Ele, que não pôde ter um gosto da felicidade, não sentia falta. Mas ela, que tudo que ela possuía antes era felicidade, subitamente perdeu isso, sentia muita falta. Ela, que era feliz por tudo, sorria por tudo, era feliz apenas por estar viva, de repente perdeu isso. Ela se sentia vazia.

Pouco a pouco, Felicidade finalmente se tornou mais triste do que o próprio Tristeza. Ela, que era a pessoa mais feliz do mundo, havia se tornado a mais triste do mundo. Ela estava tão tão tão triste, que começou a se chamar de Morte, porque não havia nada tão triste como a morte, para ela.

Ela se sentia morta, a esse momento. Ela não poderia sentir nada além de tristeza. Nenhuma felicidade, nenhuma raiva, nenhuma indiferença, nenhuma inveja, nenhum orgulho, nenhum medo, nenhuma luxúria, nenhum arrependimento, nenhum amor. Nada. Ela nem mesmo amava mais sua própria vida, ela queria estar morta. Ela não poderia mais suportar isso.

Um dia, pensou: “Se não posso mais sorrir, eu não tenho mais nenhum outro motivo para viver”. E então, Felicidade parou de sair para a vila. Seus vizinhos acharam isso esquisito. Tristeza estava triste. Ele sabia o que havia acontecido para Felicidade porque ele sabia que tinha sido sua culpa. Ele não queria, era apenas... involuntário. Ele tentou tanto não encontrar com ela, mas ela foi falar com ele. “Sua felicidade infelizmente não pode ganhar da minha tristeza. Você será afetada”, foi o que ele disse para ela. Mas ela não o escutaria ou o entenderia.

Então, um de seus vizinhos entrou na casa dela. E lá estava ela, deitada na cama, com um frasco nas mãos. Era um frasco de comprimidos. No frasco, estava escrito: “Pílulas da Tristeza, então morte”. Ela, que antes possuía um lindo cabelo ondulado e colorido, olhos felizes, lindo sorriso e bochechas avermelhadas, não possuía mais. Seu cabelo estava opaco, liso, seus olhos preenchidos somente com tristeza, uma boca sempre fechada e uma pele pálida. Não, ela estava pior do que isso. Ela estava morta.

Tristeza se sentiu culpado, era sua culpa. Ele tinha feito isso. Ele fez ela se sentir como ele. Agora, ele se sentia terrível. No outro dia, Tristeza também havia morrido. Segurando um frasco com: “Pílulas da Felicidade, então paraíso”.

...

Felicidade, que havia tomado as pílulas da Tristeza, morreu sorrindo. Tristeza, que havia tomado as pílulas da Felicidade, morreu chorando.

É um lindo final, não é?