Peter Johnson E Os Olimpianos escrita por Valerie D Lavuz
-Alguém sabe como se convoca uma Náiade? – perguntei.
-Você podia tentar chama-la – sugeriu Thales.
-Certo – respondi – Hum... Senhorita Náiade?
Esperamos. Nada aconteceu.
-Continue – encorajou-me Sophia – Talvez ela não tenha ouvido.
-Senhorita Náiade? – repeti mais alto – Esta me ouvindo?
De novo, nada. Continuei chamando por algum tempo, depois Thales e Sophia tentaram chamar também. Nada.
Rebekah estava sentada na margem do rio em silencio desde que a Esfinge se decompusera. Ela pegou um bloquinho na mala e arrancou uma folha. Assim que o papel terminou de ser amassado foi arremessado no curso de água. Eu ia perguntar o que ela estava fazendo, mas fui interrompido por uma garota um pouco mais nova do que eu que saiu da água berrando com minha amiga.
-O QUE VOCE PENSA QUE ESTA FAZENDO!? – gritou ela – Poluindo meu rio! Eu deveria te matar afogada!
-Ola, qual é o seu nome? – perguntou Rebekah – Nos somos Rebekah, Sophia, Peter e Thales. Gostara de saber se você pode nos ajudar.
Rebekah pegou a bolinha de papel, acalmando um pouco a Náiade.
-Thais – respondeu Thais – E eu não posso ajuda-los!
-Mas você nem sabe para o que queremos ajuda! – exclamei.
-Mas eu não quero ajuda-los! – replicou ela – Poluidores estúpidos!
-Parabéns, Rebekah! – reclamou Sophia – Por sua causa ela não vai nos ajudar!
-Por minha causa ela está aqui – disse Rebekah, depois se virou para Thais – Escute, eu só joguei papel no seu rio para chama-la. Nunca faria isso por outro motivo.
A Náiade cruzou os braços para mostrar que não havíamos convencido-a.
- Alem disso, ele é um filho de Poseidon – completou Rebekah apontando para mim – Tem certeza que não pode ajudar-nos? Quer dizer, não seria bom ter um voto de gratidão do deus do mar?
-O que precisam que eu faça? – perguntou Thais.
- Bom, queríamos que isto chegasse a Poseidon – eu disse mostrando-lhe o convite – Você consegue?
- Claro que sim! – ela pegou o convite de minha mão e desapareceu na água.
-Obrigado! – gritei.
Já havia anoitecido, por isso pegamos nossas coisas na lanchonete e voltamos ao carro. Argos estava dormindo e ele ficava engraçado com metade dos olhos abertos e a outra metade fechada. Depois que conseguimos acorda-lo entramos no carro.
Sophia assumiu o banco da frente ignorando os protestos de Argos, o que era bem fácil de fazer já que ele não fala. Obriguei Rebekah a mudar de lugar comigo e acredite isso não foi fácil. Não que seja muito fácil obriga-la a qualquer coisa.
Quando o carro assumiu sua super velocidade eu ia perguntar onde íamos dormir, mas Sophia foi mais rápida.
-Boa noite! – gritou do banco da frente, depois se encostou e fechou os olhos. Ela começou a roncar. Se você nunca viu uma filha de Afrodite roncando, não tem a menor ideia de como isso é estranho, afinal são as ultimas pessoas que você espera que ronquem.
-Boa noite! – respondeu Thales e instantaneamente caiu no sono, também roncando.
Ficamos em silencio, quebrado apenas pelos roncos alternados de Thales e Sophia. Rebekah começou a procurar alguns papeis e acabou pegando seu bracelete que virava um escudo. Ela encarou-o por alguns instantes e eu reparei em ago que não vira antes. Inscrito no metal havia claramente as letras N E O Q E A V. Eu tinha que descobrir o que aquilo significava. Nenhum Extraterrestre Olha Quem Eu Acho Veloz? Nunca Entendi O Que Eu Ando Vendo? Ninguém Estuda O Quanto Esfinges Amam Verbetes? Certo, eu sou péssimo com siglas.
-Você não o superou não é? – perguntei me arrependendo na mesma hora – O Theo sabe?
Ela me encarou, surpresa, depois suspirou.
- Não – ela guardou o bracelete enquanto me respondia – Não posso.
-Claro que pode! – eu disse, um pouco alto demais, me esquecendo de meus amigos dormindo – Por que não poderia?
Ela pegou um papel no bolso da calça e recitou:
Quando não souber quem é o mais querido,
Quando confundir o mocinho com o bandido.
Ele terá sua vida enfim retornada,
Quando a divindade mais poderosa for revelada.
-O que é isso? – perguntei.
-Uma profecia – ela guardou a profecia de volta no bolso – O oráculo me passou na época que ainda era uma múmia, logo depois que Theo morreu.
-Quer dizer que... Que ele vai voltar?
-Talvez. Nunca consegui entende-la direito. A profecia é muito confusa – ela parou para pensar – Como se eu não pudesse decifra-la.
-Entendi – eu disse, mesmo não tendo entendido nada.
Tentei encontrar uma posição confortável para dormir, mas não conseguia. Rebekah deu risada da minha dificuldade e eu resolvi apoiar-me nela só de pirraça. Achei aquilo surpreendentemente confortável e acabei dormindo daquele jeito mesmo.
Sonhei que estava no Acampamento Meio-Sangue. Rebekah estava sentada em sua cama no chalé de Zeus. Não havia mais ninguém ali. Ela lia um livro que minha dislexia não permitiu reconhecer o titulo. Alguém bateu na porta e ela foi atender.
Theodore estava parado na soleira segurando uma caixa preta de veludo do tamanho de uma bolinha de tênis e sorrindo.
-Bom dia! – ele disse enquanto entrava no chalé e fechava a porta.
-Theo! Isso é contra as regras – Rebekah reclamou me lembrando o dia que eu também entrei em seu chalé tentando fazer ela me desculpar por alguma coisa que eu ainda não sei o que foi – Você sabe muito bem que um garoto e uma garota não podem ficar sozinhos em um chalé!
-Pare de ser chata! – ele respondeu aproximando-se dela – Eu trouxe um presente!
Ele entregou-a a caixinha.
-Não, não é um anel de noivado – ele acrescentou – Você já me disse que não aceitaria se casar aos doze anos. Não sei por que!
Rebekah riu e abriu a caixa. O presente era o bracelete que se transformava em escudo, que alias, ela tinha me dito que fora um presente de Hefesto.
-Eu forjei hoje mais cedo – ele pegou o bracelete e mostrou que ele virava um escudo – Você gostou?
-Claro que sim! – ela respondeu abraçando ele – Obrigada!
- Você ainda não viu a minha parte favorita! – Theo virou o bracelete de forma que ela pudesse ver a sigla entalhada – Neoqeav.
-Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você, nosso lema – ela completou sorrindo – É perfeito! Simplesmente perfeito!
Ele riu e beijou-a.
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