A subida da colina ficava cada vez mais íngreme e Gray andava imerso em seus pensamentos. Tudo o que disse a Lucy e tudo o que ela lhe dissera.

Jamais aconteceu.

Dois minutos foi o tempo de ele ouvir um grito vindo de trás e então uma loira caída por entre as raízes que brotavam de árvores ao redor.

– Lucy! – todos gritaram em uníssono.

– A-Ai, calma gente eu machuquei o pé, mas o ouvido ainda tá aqui. – disse ela enquanto tentava se levantar.

O mago do gelo estendeu sua mão a ela com um sorriso de canto.

– Fala sério, você é muito desajeitada Lucy.

– Q-Que?! – ela não conseguiu esconder a vergonha que sentia. – E-Eu, é que, na verdade...

– Não consegue se levantar?

– É...

– Então não tem jeito, é melhor vocês irem andando. - disse ele se virando para os outros. – Logo alcançamos vocês.

– Ok, mas tomem cuidado. Não podemos deixar nossa guarda baixa.

– Pode deixar Erza. – disse Lucy sorrindo.

– Até mais então. – Natsu olhou para os dois e forçou seu melhor sorriso de confiança.

Ninguém esqueceu que ele ainda tinha sentimentos pela maga estelar, principalmente Gray.

– Aye! Tchau Lucy. Gray não faça nada estranho em. – Disse o pequeno gato azul rindo de uma forma esquisita.

– Até mais tarde Lucy-san, Gray-san. – Wendy se despediu também.

– Andem logo, o tal livro não vai criar pernas e chegar aqui.

Ignorando a o comentário todos eles foram em frente, deixando apenas os dois magos.

Gray olhou Lucy e então virou se costas e se abaixou.

– Consegue subir?

– Hein?

– Como você espera subir tudo isso sozinha? Vamos.

– Tá bom...

A loira se aproximou de Gray e colocou seus braços em volta de seu percoço, ele segurou suas pernas e levantou.

– Nossa pensei que você fosse mais pesada.

– O que?!

– Digo é por que os seus... seus... er... os seus... devem pesar muito. – Por um momento ele ficou feliz de estar de costas para ela, pois seu rosto estava tão vermelho quanto o cabelo da Titânia.

Um turbilhão de pensamentos pervertidos pulavam da cabeça do moreno e tudo por causa dos seios da maga estelar.

– Os meus? Oh. OH.

O momento em que ela se deu conta do que ele falava, gritou:

– PERVERTIDO!!

Leis da gravidade existem e com Lucy batendo na cabeça do homem a sua frente acabou por levar os dois ao chão. Estes rolaram até a costa de Gray colidir com um tronco de árvore.

Ele havia envolvido Lucy com seus musculosos braços, como se fosse um cobertor muito macio.

– G-Gray...?

– Idiota. Não faça essas coisas enquanto subimos montanhas altas.

– É que, eu... Desculpa.

– Ei, ei, porque está chorando? Eu que bati na árvore grande sabe?

– Ok...

– Ótimo, agora rola pra lá que eu vou nos levar pra cima.

– Você está bem?

– Na verdade não, mas vamos fingir que sim.

Girando e tentando se levantar os dois se encontraram em uma posição estranhamente embaraçosa. O mago do gelo em cima e a maga estelar em baixo.

Seus olhos se encontraram.

Não é todo dia que isso acontece. Alguns minutos se passaram, houve um silêncio e os dois ficaram vermelhos.

– Melhor... Nós... Irmos.

– Sim...

***

– Erza-san, pode me explicar mais sobre o Livro dos Desejos? – perguntou Wendy.

– Sim, mas eu também não sei muito.

– Tudo bem, mas você tem alguma ideia de quem estaria controlando o livro?

– Também não, tudo o que temos são hipóteses, pelo menos até chegarmos lá. – a ruiva parecia preocupada, ainda havia muito sobre o que pensar.

– Erzaaa. – chamou Natsu. – Quando vamos comerrr?

– Não sei.

– Mas saabe, eu tenho sentido cheiro de frango frito o tempo inteeeeeiro...

– Dá pra parar de falar desse jeito esquisito? – Erza colocou uma das mãos na cabeleira rosada de Natsu e começou a balança-lo. – Ou será que vou ter que pedir duas vezes, HEIN?

– Aye! – se intrometeu Happy para botar mais lenha na fogueira. – Um frango iria cair bem agora.

Wendy só conseguia rir depois disso, mas o homem sombrio de seus sonhos ainda atordoava-lhe os pensamentos.

***

– Tudo bem aí Lucy?

– Sim. – disse ela em um tom baixo próximo ao ouvido do mago do gelo.

Eles haviam andado uma boa distância e estavam quase no topo quando avistaram seus amigos.

Nuvens negras começaram a se formar no céu e pequenas gotas de chuva caíram sobre todos.

– Está chovendo! – disse Lucy um pouco desesperada, pegar um resfriado seria uma coisa desnecessária para o momento, ainda mais com o pé machucado.

– Calma, calma, vamos chegar até onde eles estão.

Ele começou a acelerar o passo.

– Oh, vocês chegaram, demoraram menos do que eu pensei. – afirmou Erza balando os cabelos avermelhados. – Mas... Uma pequena pergunta.

– O que? – disse Gray.

– Por que você está sem camisa?

– O que? – repetiu a pergunta confuso.

– Quando você tirou?! – Lucy não tinha notado nada! Como assim ele fez isso em menos de cinco segundos?

– HEHEHE – Happy se fez presente. – Lucy, o que você fez com o Gray?

– EU?!

– Ah... Pessoal...? – Wendy dessa vez tentando chamar a atenção de todos para o que havia acima de suas cabeças. – O que é aquilo?

Ela apontou para uma grande nuvem escura no topo da montanha, não muito longe de onde estavam. Alguma coisa estranha estava para acontecer.

– Estou com um mal pressentimento. – disse Erza.

Eles esperavam lutar contra poderosos magos crueis, ou seja, lidar com situações normais para as missões da Fairy Tail.

Nem sempre é como se espera.

– Vamos. – Gray pronunciou-se com determinação.