Dont Blink escrita por Blue B


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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            Jade voltou para sua casa acompanhada de Dean, que não largara de seu pé desde que eles tinham saído do apartamento de Megan.

            Ela ainda estava atordoada com todas as informações novas que sua amiga praticamente tinha jogado em sua cara. Não conseguia acreditar em todas as revelações sobre, não só a verdadeira identidade da amiga, mas também sobre o mundo em si.

            Eles entraram no apartamento de Jade e ela foi direto para seu quarto, enquanto Dean foi para a cozinha. Ele estava cansado, pois não tinha dormido na noite anterior, mas mesmo assim não queria dormir agora. Queria ficar acordado quanto tempo fosse possível e proteger Jade. Essa era sua missão agora e ele não falharia como nas outras.

            Um lampejo de lembranças ruins invadiu sua mente e ele sacudiu a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Foi direto para a geladeira e pegou uma latinha de cerveja na mesma. Megan não aprovaria isso, ele pensou, mas foda-se! Eu sei o que estou fazendo!

            Ele caminhou lentamente na direção do quarto de Jade e encontrando a porta aberta. A garota estava parada no meio do quarto, vestindo apenas os jeans apertados e um sutiã preto. Dean soltou um barulho de sua garganta, soltou a latinha de cerveja e se virou, pondo as mãos no rosto que tinha ganhado uma cor avermelhada tão facilmente quanto ele tinha enterrado uma adaga no meio de Jasmine mais cedo. Jade se assustou, levantando a cabeça rápido demais e arqueando os ombros, fazendo o corte em suas costas pinicar.

            -Oh, meu Deus, Jade! Me perdoe! – Dean choramingou desesperado, ainda com o rosto enterrado nas mãos. – Eu não sabia... Eu pensei que...

            Ele foi interrompido com a risada de Jade e ele logo parou de falar, confuso.

            -Tudo isso só por que você me viu sem camiseta? – O tom da garota era divertido, o que combinou bastante com a risada que ela soltou. – Isso é tão irônico.

            Jade terminou de vestir a blusa preta de mangas que ela tinha pegado e se abaixou para apanhar a latinha de cerveja que Dean tinha soltado. Uma pequena poça tinha se formado no chão e estava sendo absorvida lentamente pelo carpete. Jade duvidava que algum dia seria capaz de tirar aquela mancha.

            Dean finalmente se virou, percebendo que a garota estava devidamente vestida e limpava a bagunça que ele tinha feito.

            -Você realmente não se importa de eu ter te visto daquele jeito? – Dean perguntou ainda constrangido e um pouco confuso. Ele tomou a latinha da mão de Jade, percebendo que ainda tinha mais da metade da bebida. – E o que é tão irônico?

            -Não, você não é o primeiro cara que me vê desse jeito. – Ela deu um sorrisinho e ele fez uma careta discreta. – E é irônico por que você teve coragem de enterrar uma faca na testa da minha irmã, mas quase se cagou ao me ver seminua. – Ela riu nasalmente. – O que é? Você é gay ou algo assim?

            -Eu não sou gay! – Dean se levantou de repente e Jade imaginou que ele tivesse ficado chateado. – É só que não acho certo todas as coisas profanas que vocês costumam fazer. O corpo é o templo da alma!

            Dean parecia sonhador enquanto falava e Jade rolou os olhos. Em sua conversa com Megan, a amiga havia confessado que ela e Dean faziam parte de uma raça de seres vivos desconhecidos, ou melhor, desacreditados por uma grande parte da humanidade. Anjos.

            A princípio, Jade achou graça e pediu para a amiga falar sério, mas depois que a amiga abriu um grande corte na palma da mão esquerda e ela mesma assistiu o machucado se fechar e se curar em questão de segundos, Jade começou a acreditar em tudo o que estava acontecendo.

            -Ok, padre! – Jade deu às costas, e caminhou até o guarda-roupa, começando a selecionar algumas roupas. – Não foi você mesmo que disse que precisávamos sair daqui?

            -Sim, sim... – Dean piscou confuso com a repentina mudança de assunto. – Você quer ajuda com a bagagem?

            -Bagagem? – Jade repetiu e riu uma vez nasalmente. – É só uma mochila com algumas mudas de roupas. Você fala como se fosse uma grande mala de viagens internacionais.

            -Oh, cale a boca e se arrume! – Dean reclamou e saiu do quarto, deixando uma Jade risonha arrumando sua mochila.

                                                                    ***                                 

            A música era alta dentro do bar sujo e barato que ficava no subúrbio da cidade. O homem de cabelos pretos estava sentando no balcão, consumindo distraidamente uma dose dupla de whisky puro, sem chamar a atenção de ninguém em especial.

            -Quer mais alguma coisa, menino? – Uma mulher rechonchuda, descabelada e usando um avental sujo se aproximou do homem, sem parecer que realmente se importava com sua resposta.

            -Mais uma dose, por favor! – Alec respondeu e ouviu a porta do bar ser aberta com força. Ele sorriu de lado, sabendo quem tinha entrado no lugar sem precisar se virar para ver seu rosto. Seu cheiro estava por todo lugar. – Ou melhor, traga a garrafa. Eu vou precisar.

            A mulher não entendeu muito, mas quando Alec abriu seu famoso sorriso de canto de boca, a mulher sentiu um arrepio bom cruzar sua espinha e se afastou rapidamente, desconcertada. Alec quase caiu na gargalhada ali mesmo. Como ele gostava de fazer esse tipo de coisa com as pessoas! Mas a mão leve pousando em seu ombro o fez ficar tenso e atento ao que acontecia ao seu redor. Se havia uma coisa que ele tinha aprendido ao longo de sua existência era que não deveria confiar em ninguém, principalmente Caídos que estavam trabalhando para ele.

            A garota loira sentou ao seu lado. Seu rosto angelical parecia cansado e tinha até olheiras embaixo dos olhos. Uma marca arroxeada estava centralizada em sua testa, como se a garota tivesse levado uma pancada no meio da testa. Alec sentiu o ódio crescer em seu peito, mas ele se controlou, apertando os lábios um no outro e respirando fundo.

            -Não precisa nem me dizer que não matou a garota, Sophie, está escrito na sua cara. – Alec disse sem olhar para a garota loira ao seu lado.

            Sophie estava frustrada. Tinha falhado em uma missão da qual tanto planejara. Mas se não tivesse sido por aquele Anjo...

            -Eu quase consegui, mas antes que eu desse cabo na vadia, aquele Anjo Dean, eu acho que esse é o nome dele, apareceu e enfiou uma adaga de prata na minha testa. – Sophie falou tudo de uma vez e depois fez uma pausa. – Quer dizer, na testa da querida Jasmine. – Ela riu debochada.

            -Você acha que estamos brincando? – Alec se virou rapidamente para a garota e agarrou a gola de sua camisa de botões com força. Sophie se sobressaltou e encarou os olhos do garoto à sua frente com desdém. – L quer a alma de Jade e ele vai tê-la. Não aja como se sua vida não estivesse em jogo. Quer ser jogada no submundo como a maioria? Somos privilegiados, Sophie. Será que não entende?

            -O que eu não entendo é essa sua fidelidade incondicional pelo L. – A garota empurrou a mão de Alec e arrumou suas roupas amarrotadas. – Ele é apenas nosso chefe, não precisamos cumprir uma ordem imediatamente como se ele tivesse nos criado.

            -Foi ele quem nos acolheu quando caímos. – Alec se virou novamente bem na hora que a mulher trouxe a garrafa de whisky que ele tinha pedido antes. Ela se afastou de novo e ele se serviu de mais uma dose. – Eu sou fiel e grato a isso. Sabe onde nós estaríamos se ele não tivesse nos acolhido?

            -Purgatório. – Sophie respondeu imediatamente. – Ou talvez, se tivéssemos sorte, vagando pelo mundo, sem rumo, como fantasmas. Provavelmente terminaríamos loucos e esqueceríamos quem realmente somos.

            -Por isso eu gosto do meu trabalho bem feito. – Alec disse depois de dar um gole em seu whisky puro. Ele sabia que isso faria mal ao seu corpo, mas ele não ligava. No primeiro indício de doença, ele trocaria por outro. – Não quero arriscar a sorte com L e ter um fim não muito agradável. Eu gosto muito de quem sou no momento.

            Sophie deu de ombros e pegou a garrafa de whisky disposta sobre o balcão, dando um gole no próprio gargalo, sem se importar com as pessoas olhando ao redor.

            Ela estava frustrada e agora com raiva. Mesmo tendo todas as razões para ser fiel à L, ela ainda achava aquilo uma submissão tremenda. Queria ter uma vida que ela própria regesse, sem nenhuma restrição ou regras a seguir. Apenas ela e suas vontades, mas sabia que nunca seria assim. Ela não foi criada para isso. Foi criada para receber ordens – esteja ela no céu ou no inferno – e não poderia mudar isso.

            Alec se pôs de pé, tirando uma nota de valor alto de sua carteira e jogando sobre o balcão. Sophie observou o ato, imóvel.

            -Eu tenho algo para te mostrar. – Alec disse, sorrindo de lado e Sophie já imaginou que fosse algo útil para o trabalho. Armas, talvez. – Vamos logo! Não temos o dia todo.

            A garota loira rapidamente se pôs de pé, seguindo o garoto moreno que já se encaminhava na direção da porta. Os dois saíram do bar para enfrentar o ar frio da cidade.

***

            Dean praticamente arrastava Jade pela rua, sempre atento às pessoas ao seu redor e nunca deixando de olhar em seus olhos. Ele estava determinado a não cometer erros nessa missão, principalmente quando sua protegida dessa vez era a melhor amiga de sua chefa.

            -Então – Jade disse, chamando sua atenção. – Esse negocio de ser anjo... É o que? Como uma máfia?

            -Não. – Dean respondeu, observando uma mulher que passeava com um Golden Retriever do outro lado da rua, constatando que ela era apenas mais uma humana normal. Talvez ele estivesse ficando paranoico, mas repetia para si mesmo que tomar cuidado nunca era demais. – É mais como uma repartição pública. Só que funciona.

            Jade riu um pouco, se desviando de um pedestre que mexia distraído em seu celular. Ela nunca praguejou tanto por morar em uma capital tão populosa.

            -Cada um de nós têm funções diferentes. – Dean continuou, virando uma esquina. – Eu e a Megan, por exemplo, somos Anjos protetores, mas há também os guerreiros, os caçadores, os organizadores. Isso é tudo questão de suas habilidades.

            Ele engoliu a bile que subiu em sua garganta. Ele era um protetor e sempre falhava em suas missões. Se isso não era ironia do destino, era deboche de Jeremy, que era o Anjo organizador chefe, que mandava em todo mundo e às vezes ele desconfiava que ele mandasse até no próprio Criador.

            -Mas espera aí! – Jade falou e Dean olhou para ela confuso. Se ela tinha dito para ele esperar por que continuava andando? Humanos se expressavam tão contraditoriamente, em sua opinião. – Se você é um anjo e tal, por que estava bebendo cerveja mais cedo?

            -Não há uma regra que nos impeça de consumir álcool. Só não podemos nos viciar. – Ele parou na frente de um portão de garagem de uma casa e Jade o observou.

            Dean abriu o portão, mostrando uma garagem com um Chevy Impala SS 1967 preto, estacionado. Os olhos de Jade se esbugalharam.

            -Esse carro é seu? – Ela perguntou em uma respiração e Dean assentiu. – Oh, meu Deus! Se eu soubesse que anjos eram tão descolados, eu já teria saído com algum antes! – Ela disse um pouco alto demais e Dean olhou redor, vendo que não havia muitas pessoas na rua.

            -Não sabia que gosta de carros. – Dean disse, caminhando na direção do carro e retirando suas chaves do bolso. – Pode entrar se quiser. Eu vou pegar minhas coisas.

            Antes que Jade pudesse responder qualquer coisa, Dean já tinha desaparecido em uma porta lateral, que ia para o interior da casa. Jade ficou um pouco acanhada no começo, mas logo deu de ombros e se jogou no banco do passageiro, jogando a mochila no banco de trás. Não havia por que ficar constrangida perto de Dean.

            Instantes depois, ele tinha voltado com uma mochila e se sentou no banco do motorista e jogou sua mochila no banco traseiro, como Jade tinha feito momentos antes.

            -Então – Dean disse, ligando o carro. O motor soltou um ronco baixo e o carro estremeceu levemente abaixo deles. – Pronta para uma viajem quase sem rumo com um anjo assassino?

            -Eu tenho como devolver a passagem? – Jade perguntou de uma maneira divertida enquanto se olhava no espelho do retrovisor. Sua aparência era cansada e ela tinha alguns arranhões bem leves em suas bochechas e no nariz.

            Dean pôs um par de óculos escuros que tinha achado no porta-trecos do carro, inclinou a cabeça para o lado e fungou.

            -Claro que não! – Jade riu e ele ligou o carro, saindo da garagem.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo (:



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