Dont Blink escrita por Blue B


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Repostando o capítulo por que eu tinha feito uma cagada! Sorry :S
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/277032/chapter/4

            A sala era iluminada apenas pela luz da televisão ligada, dando um ar mórbido à casa vazia.

            Jasmine ainda não tinha voltado e Jade já estava começando a ficar apreensiva, mas se negava a ligar para o telefone da irmã ou ir procura-la. Tinha estranhado o comportamento da outra. Jasmine nunca agia daquela maneira, em hipótese alguma. Era sua principal característica. Doce, bem educada e compreensiva. Essa era Jasmine. Não aquela garota que gritou com ela em busca de respostas sobre seus machucados. Algo naquele modo de agir a fez lembrar o misterioso homem que a havia procurado mais cedo.

            Jade sacudiu a cabeça, tentando espantar esses pensamentos. Não! Claro que Jasmine não estava agindo como aquele louco! Aquele cara era um maníaco e Jasmine é minha irmã!, Pensava ela, tentando prestar atenção nas notícias que a repórter vestida formalmente e com um tom monótono, passava.

            E nesta tarde, um incêndio destruiu parcialmente uma creche no subúrbio da cidade. De acordo com as autoridades, houve apenas uma vítima fatal no incidente. Aaron Lewis, de seis anos, sofreu queimaduras pelo corpo todo e não resistiu, entrando em óbito antes mesmo de chegar ao hospital. Mais informações...

            Jade não ouviu mais nada que a jornalista tinha a dizer. Uma foto do garoto Aaron aparecia na tela do televisor e ela gelou. Era o mesmo garoto que ela viu em sua visão mais cedo.

            O suor escorreu pela sua testa sem que ela percebesse, e ela rapidamente arrebatou o controle remoto da televisão que estava sobre o braço do sofá e desligou o aparelho, com raiva. Ela se sentia culpada pela morte do garotinho, mesmo que nem o conhecesse. Ela poderia, e deveria, ter feito algo para evitar aquela tragédia. Mas o que poderia dizer? Não poderia simplesmente chegar à creche e dizer que iria ocorrer um incêndio sem parecer uma maluca incendiária.

            Resolvendo que se culpar não levaria a nada, ela caminhou às cegas pela casa, sempre com uma mão apoiada na parede, e foi até seu quarto. O melhor que tinha a fazer agora era dormir.

            Entrou em seu quarto e chutou os chinelos para longe, escorregando para debaixo das cobertas e fechando os olhos, embarcando em um sono sem sonhos quase imediatamente.

***

            Dean andava apressadamente pela rua escura, procurando sua chefa ou, como ele gostava de brincar, sua mandante.

            Não demorou muito para ele encontrar a mulher magra, de cabelo curto e colorido parada em uma esquina, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco grosso. Ele riu para si mesmo, imaginando que se algum policial mundano passasse naquele momento, iriam pensar que ela era algum tipo de traficante ou coisa parecida.

            -Sabia que você está chamando atenção? – Ele sussurrou no ouvido da outra, que estava de costas para ele, com a intenção de assustá-la, mas a mulher se virou para ele sorrindo debochadamente, como se soubesse que o homem iria fazer isso e o estava caçoando.

            -Você nunca irá me pegar, Dean. – Ela disse de um modo sedutor, mordendo o piercings em seu lábio, de leve.

            -E eu nunca irei desistir, Megan. – Ele disse imitando o tom sedutor que Megan usara, de uma forma caricata, esperando que a outra pelo menos sorrisse, mas ela apenas deu às costas e começou a caminhar em passos lentos.

            -Você disse que eu estava chamando atenção parada aí, então o que está fazendo? – Ela disse séria, mesmo que estivesse debochando do doutro.

            Dean piscou e arrancou em uma caminhada rápida para alcançar a outra, que já andava a uns quatro metros afrente dele.

            -Algum avanço com ela? – Megan perguntou como se já estivessem conversando sobre aquele assunto desde que se encontraram.

            -Não, mas eu sinto que as duas estão sendo importunadas por Alec. – Ele fez uma careta. – Acho que ele está tentando se aproximar de Jasmine para poder atingir Jade. Ela surtou com a irmã hoje por que Jade chegou machucada em casa, dizendo que tinha tido uma convulsão.

            -Ela teve uma visão. – Megan disse convicta. – Jeremy tinha me alertado sobre os poderes dela e sobre a ganancia de L. Eu sempre soube que ele enviaria Alec para conseguir ela para ele. – Ela suspirou. – Espero que Jade esteja bem.

            -Por que Jeremy sempre fala com você e nunca falou comigo? – Dean disse emburrado.

            -Por que você é um incompetente irresponsável! – Megan gritou se virando tão rápido quanto uma sombra na direção do outro e o agarrou pelo colarinho da camisa, o fazendo arfar assustado. – Estamos lidando com vidas, Dean! A vida de Jade está em risco e eu não quero perde-la para o L, você me ouviu?

            Dean engoliu em seco, assustado, e apenas assentiu.

            -Ótimo! – Megan o soltou e voltou a andar. – Por que se você falhar nessa missão terá o mesmo fim que L e Alec terão.

            -Eu não irei falhar. – Dean falou com convicção e Megan o olhou séria, sentindo o peso que tinha colocado nos ombros de seu subordinado, sabendo que ele não poderia garantir nada, tudo era relativo. – Eu prometo.

            Megan assentiu e viu Dean atravessar a rua, desaparecendo nas sombras.

***

            Jade acordou ouvindo sons na cozinha.

            Não eram barulhos estridentes, apenas sons leves e corriqueiros, mas que foram capazes de despertar a jovem de seu sono leve.

            Ela se sentou na cama, checando o rádio relógio no criado-mudo, que marcava 03:33 da manhã. Escorregou para fora da proteção das cobertas e saiu da quarto, cruzando o corredor escuro e entrando na cozinha também escura.

            Ela ficou assustada ao ver a sombra de uma pessoa na frente da geladeira aberta, mas resolveu acender a luz do cômodo e denunciar sua presença, se essa não tinha sido percebida pela outra pessoa ainda.

            A forte iluminação repentina machucou suas retinas e ela piscou várias vezes para que seus olhos se acostumassem e então viu que a pessoa que estava ali era sua irmã, Jasmine.

            -Eu já estava ficando preocupada, Jasmine. – Jade disse, abraçando o corpo ao sentir repentinamente o frio que saia da geladeira e chegava até ela pelo chão. – Você não voltou pra casa mais cedo. Eu te esperei.

            A outra nada respondeu, apenas continuou mexendo na geladeira e isso irritou Jade.

            -Jasmine, eu estou falando com você! – Ela falou mais alto, sem usar nenhuma delicadeza.

            Sua irmã continuou calada e de costas para ela. Jasmine pegou um prato de carne crua fatiada que estava no congelador da geladeira e foi até a pia, sem se importar em fechar a porta da geladeira. Ela rapidamente rasgou o papel celofane que cobria a carne, e tirou uma fatia, cheirando a carne de um jeito um tanto animal e depois começou a comê-la.

            Jade sentiu seu estômago embrulhar com aquela cena e por pouco não colocou o que quer que esteja em seu estômago, para fora. Ela está drogada, pensou Jade, completamente drogada.

            -Eu poderia ter cozido isso pra você, eu não me importaria. – Ela disse engolindo a bile. Sua voz saia trêmula enquanto seus pensamentos fervilhavam em busca de uma solução para se tomar nesse momento. Talvez ela ligasse para Megan para saber o que ela fazia quando seu ex-namorado se drogava. – Mas se você estava com tanta fome poderia ter comido biscoitos ou o pedaço de bolo que você deixou escondido atrás do leite. – Ela tentou sorrir. – Não pense que eu não vi.

            -Cale a boca, sua verme! – A voz estridente e repentina de Jasmine fez Jade se sobressaltar e recuar um passo. – Desde que eu cheguei que você fica tagarelando em meus ouvidos.

            Jasmine se virou e encarou Jade, que o único sentimento que a possuiu foi horror.

            Os olhos de Jasmine estavam negros. Completamente. Era como se uma tinta negra tivesse se apossado de seus olhos e vazado para a parte branca, deixando assim duas bolas negras como a noite ali em seu rosto.

            Jade sentiu cada pelo de seu corpo se eriçar e ela deu mais um passo para trás, assustada. Ela não conseguia pensar ou agir naquele momento.

            -Jasmine... – Ela balbuciou e a outra a encarou com uma expressão que ela pode dizer ser puro ódio, mesmo que não conseguisse ver nada por trás daqueles olhos mortos.

            -O que foi? – A outra sorriu sádica. – O gato comeu sua língua? Por que senão, eu posso fazer isso agora...

            Tudo o que aconteceu depois foi tão rápido. O som metálico da faca de legumes sendo deslizada lentamente para fora do suporte; Jasmine caminhando lentamente na direção de Jade, com a faca na mão; Jade correndo na direção da porta da frente e encontrando-a trancada; Jade sendo jogada sobre a mesa de centro com tampo de vidro e o mesmo quebrando embaixo dela; Jasmine atacando Jade e tentando esfaqueá-la.

            Isso está errado, Jade não parava de repetir para si mesma, mas ela não podia negar que estava acontecendo. Alguma coisa tinha acontecido com sua irmã e agora ela tinha se transformado em uma sádica que queria assassina-la.

            Um som estridente se espalhou por todo o apartamento e a porta da frente explodiu aberta. Logo depois, Jade sentiu o peso de Jasmine sobre si diminuir e ela foi arrancada de cima dela. Ela respirou aliviada, mas depois viu quem a havia salvado de sua própria irmã.

            Dean dava uma chave de braço em Jasmine e segurava sua mão que estava com a faca com um pouco de dificuldade. Jasmine se debatia e fazia sons inumanos e, algumas vezes, parecia que queria morder o amigo.

            -Quem mandou você? – Ele gritou e Jade ficou confusa, sem entender o que ele queria dizer. Ela quase disse que não sabia do que ele falava quando percebeu que seus olhos não estavam nela, mas sim em sua irmã. – Eu fiz uma pergunta! Vamos quem mandou você?

            Jasmine fez um som gutural e Dean rosnou a jogando do outro lado da sala com tanta força que ela bateu na parede e caiu no chão novamente.

            -Você está louco? – Jade se pôs de pé com dificuldade, correndo até Dean e agarrando seu braço com força, tentando parecer hostil, mas o rapaz pareceu nem sequer perceber. Seus olhos estavam grudados em Jasmine, que agora se contorcia no chão.

            Ela levantou a cabeça e eles puderam ver o sorriso diabólico em seus lábios. Jade recuou novamente, mas Dean nem sequer pareceu surpreso.

            -É tudo o que pode fazer Caído? – Jasmine riu debochada e Dean gemeu de ódio.

            -Não me chame desse nome sujo, demônio! – Ele rosnou, puxando uma adaga reluzente que estava presa em seu cinto. O sorriso de Jasmine desapareceu e ela se pôs de pé com dificuldade. – Eu fiz uma pergunta e quero a resposta: Quem te mandou aqui?

            -Você sabe quem foi. – Jasmine sorriu sadicamente novamente e Dean deu um passo afrente empunhando a adaga, mas dessa vez Jade se atirou entre ele e Jasmine.

            -Pare! – Ela gritou espalmando as mãos no peito largo de Dean, tentando impedir que ele desse mais um passo na direção de sua irmã. – Eu não vou permitir que você faça qualquer coisa contra minha irmã.

            -Jade, essa coisa não é sua irmã. – Ele disse a palavra com nojo. – Isso é apenas um parasita, um demônio, que está se alimentando dela e se aproveitando desse corpo para poder pregar o desespero nesse mundo também. – Seus olhos encontraram os olhos azuis da mulher, que estava quase chorando. – Jasmine está morta, sinto muito.

            -Não! – Jade gritou e socou o peito de Dean, que pela primeira vez balançou sobre seus pés. – Jasmine não está morta! Ela está bem aqui atrás...

            Jade foi interrompida quando algo cortante atingiu suas costas e Dean a jogou de lado. Ela rolou pelo chão ao mesmo tempo em que sua irmã caiu de joelhos, com a adaga de Dean enterrada no meio de sua testa. Ele pegou a adaga de volta e empurrou o corpo de Jasmine para trás, mas Jade ainda pode ver que sangue escorria em abundancia pelos olhos da irmã.

            -Jade você está bem? – Ela não tinha percebido que Dean se aproximara dela.

            A primeira reação que ela teve foi fugir.

            Ela empurrou com força o peito de Dean com uma mão e tentou se levantar com a outra, mas a mesma não se mexeu e ela entrou em pânico.

            -Não chegue perto de mim! – Ela gritou chorando. – Socorro! Soc...!

            Dean pôs sua mão sobre a boca de Jade, forçando-a a se calar. Ela ainda resistiu por alguns instantes, mas quando viu que o outro não iria desistir ela se calou.

            Ele suspirou e olhou bem nos olhos da garota, esperando assim conquistar um pouco da confiança dela.

            -Eu vou te soltar se você me prometer que vai ficar bem quietinha enquanto eu explico o que aconteceu aqui. Promete? – Jade assentiu com os olhos esbugalhados e Dean suspirou, tirando sua mão da boca dela e esperando um instante para ter certeza de que ela não estava mentindo, mas Jade continuou em silêncio o olhando assustada. – Ótimo! – Ele respirou aliviado. – Bem, o que você viu aqui... Jasmine era um demônio.

            -Do que você está falando? – Jade franziu o cenho, irritada. – É claro que minha irmã não era um demônio.

            -Eu não quis dizer que ela sempre foi um demônio, Jade. – O tom de Dean era apaziguador. – Ela estava possuída por um Possuidor. É um demônio possuidor de corpos. Ele trabalha como um vírus, para você entender melhor. – Dean suspirou e se sentou no chão ao lado de Jade, se sentindo mais seguro com a outra. – Provavelmente ele possuiu Jasmine hoje, eu tenho quase certeza.

            -Mas você não poderia, sei lá, exorcizar ela? – Jade chorou. Estava difícil conter as lágrimas quando ela podia ver o corpo de sua irmã ainda ali, jogado no chão da sala e coberto de sangue.

            Dean riu baixo e ela o encarou com um olhar cortante.

            -Me desculpe, mas acho que você anda assistindo filmes demais. – Ele disse com um sorriso debochado que não durou muito.

            -Eu tenho... Eu tenho que ligar pra Megan... – Ela tentou ficar de pé novamente, mas dessa vez sua visão falhou e ela sentiu algo escorrendo pelas suas costas. Era quente e viscoso.

            Logo depois ela sentiu como se estivesse dentro da água e seu cérebro espalmou. Ela conhecia essa sensação e logo se jogou para trás, com as mãos na cabeça e gritando quando a pressão em sua cabeça e a queimação em seu corpo começou.

            As imagens apareceram distorcidas para Jade, mas ela ainda pôde identificar Sophie e o homem que a perseguiu mais cedo. Os dois estavam bastantes próximos um do outro e sorriam, também.

            Sophie segurava um bastão fino e longo – talvez maior do que ela – enquanto o homem segurava uma espada. Os dois pareciam comemorar algo por que, de fato, eles estavam felizes. A risada estridente do homem parou apenas por um segundo quando ele beijou Sophie nos lábios e de repente a imagem se desfez como fumaça, e tudo o que Jade podia ver era Dean a olhando com os olhos esbugalhados.

            -Você está comigo, Jade? – A voz de Dean parecia distante e mais uma vez sua visão falhou. – Está de volta? O que você viu?

            Ela tentou balbuciar algo, mas ela já não conseguia ver nada e seu corpo estava pesado demais para sequer mover um dedo. Logo depois sua audição também a abandonou e Jade mergulhou no mar da inconsciência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até a próxima (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dont Blink" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.