Rose Weasley.

─ Tio... Por que a tia Louse tem uma barriga tão grande? ─ ouvi Shane perguntar no que pensou ser um sussurro, ao tio, quando chegamos a casa de Rick.

─ Shane! ─ repreendeu ele, mas pude sentir um certo ar de diversão em sua expressão,

Sorri e fui para perto de Shane, me sentando ao seu lado, no sofá.

─ É que aqui na minha barriga ─ sorri para ele colocando a mão sobre meu ventre ─ tem um bebezinho.

Ele olhava de mim para a minha barriga, de olhos arregalados.

─ Você... Você comeu o bebezinho?

Dá cozinha, Rick soltou uma gargalhada alta.

─ Cuidado com ela Shane, é uma devoradora de criancinhas ─ brincou ele.

─ Rick! ─ exclamei repreendendo, mas não pude evitar rir ─ E não Steve, eu não comi o bebe. ─ falei olhando para ele.

─ Então... Como ele foi parar ai? ─ perguntou ainda mais confuso, apontando para a minha barriga.

─ Há, se livra dessa agora tia Louse. ─ riu-se Rick, enquanto colocava uma grande travessa de lasanha sobre a mesa.

─ Ah... Bom ─ falei olhando para ele ─ Eu pedi ao papai do céu um bebezinho, então... Bom, ele colocou uma sementinha dentro da minha barriga, que foi crescendo, crescendo, até virar um bebezinho aqui dentro.

Ele olhava para mim, perplexo.

─ Mas... Por que ele não sai daí?

─ Porque aqui ele está protegido, e quando ele estiver pronto, ele vai sair.. ─ falei sorrindo para ele.

─ Vai sair por onde? ─ perguntou assustado ─ Você vai vomitar ele?

Rick riu gostosamente.

─ Não.. Não. ─ neguei me esforçando ao maximo para arranjar uma saída para aquelas perguntas embaraçosas ─ Ele vai... O médico vai cortar minha barriga, e vai tira-lo daqui.

O garotinho me olhou ainda mais assustado e colocou a mão sobre os lábios, perplexo.

─ Mas... ─ começou ele, porém Rick o interrompeu.

─ Chega de perguntas campeão, vamos comer. ─ disse pegando o garoto no colo e levando-o até uma cadeirinha alta. Então olhou para mim ─ Vem Rose.

Eu me levantei e o segui até a grande mesa, que estava disposta com os mais variados tipos de comida.

─ Você fez tudo isso? ─ perguntei, pasma ─ Achei que você era o cara da pizza. ─ sorri.

─ Pois é... Hum, eu até sei cozinhar. ─ disse ele passando a mão pelos cabelos.

Enquanto eu examinava o ambiente meu olhar se demorou em um canto do sala de jantar, onde haviam algumas caixas empilhadas com o nome “Lelui Restaurantes”

─ Claro ─ ri ─ e o chef do Lelui também cozinha como ninguém, sabe.. ─ falei me sentando.

─ Ah ─ exclamou ele, se sentando também ─ O que me denunciou?

Indiquei as caixas com a cabeça e sorri.

─ Tudo bem, tudo bem... Eu não sei cozinhar. ─ sorriu erguendo as mãos em sinal de rendição. ─ mas... ─ continuou, apanhando um prato e se servindo de purê ─ coma, parece estar delicioso.

Fiz questão de ajudar Shane a se servir, depois servi a mim mesma e me pus a comer... A comida era deliciosa, não tanto quanto da vovó Molly, mas ainda sim, muito boa...

O resto da noite se passou como um borrão, e depois de muito insistência de Shane eu acabei por aceitar passar a noite ali, no quarto de hospedes.

Mais tarde, na penumbra do quarto me coloquei a pensar... Mas que grande loucura estava minha vida. Eu estava nos Estados Unidos, dormindo na casa de uma pessoa que conhecia a menos de três dias, e com uma grande barriga de cinco meses de gestação.

E Deus... Como sentia falta dos meus primos.

Me virei para o lado, tentando achar uma posição mais confortável, mas a essa altura da gestação, isso era uma tarefa difícil... Dali a quatro meses eu estaria com meu bebe nos braços, enfim não estaria mais sozinha.

Foi com aquele pensamento agradável e acariciando minha barriga que me embalei em um sono suave e sem sonhos.

xx-xx

–TRÊS MESES DEPOIS-

Três meses. Três meses haviam se passado desde que eu chegara ali. Merlin, parecia que ainda ontem estava descendo no aeroporto.

Bom, pode não parecer grande coisa, mas para mim é um grande avanço, em três meses consegui –enfim- deixar meu apartamento em ordem, com a ajuda de Rick, pois seria impossível com a minha barriga de oito meses de gestação faze-lo sozinha. E falando nele, estávamos cada vez mais próximos, assim como estava do pequeno garotinho, Shane, que a cada dia se revelava uma criança encantadora, eu olhava para ele e via refletido meu futuro filho.

Apesar de vários pedidos de Rick, eu não cedi ao ímpeto de ir até o hospital e pedir uma ultrassonografia para saber o sexo de bebe, queria que fosse surpresa.

─ Como se já não houvesse surpresas demais na sua vida ─ ele murmurou, aborrecido, quando eu negara mais um de seus pedidos para ir ao hospital.

Sim, ele sabia um pouco da minha historia, depois de pegar uma certa confiança nele, e depois do tanto que ele vinha me ajudando, achei que merecia saber.

Claro que escondi os detalhes mais fortes, e também outras coisas que não suportava nem sequer lembrar, muito menos falar.

─ Céus Rick, está mais ansioso do que eu, que sou mãe da criança –ri- logo, logo ele ou ela nascerá, e ai nós enfim saberemos.

─ Enquanto isso... Amarelo, tudo amarelo ─ disse ele olhando para o quartinho que eu arrumara para o bebe, com a decoração amarela ─ decoração, roupas, pijamas, sapatos...

─ Não! ─ protestei ─ há coisinhas verdes e azuis também, macacõeszinhos vermelhos.. ─ sorri ─ Ora Rick, deixe disso.

─ Tudo bem... Tudo bem... E o nome? Já está decidido?

─ Se for menino se chamará Leo.. ─ sorri ─ Como a constelação, Leão...

─ Nossa, que selvagem ─ brincou ele.

─ E se for garota, se chamara... Adhara.

─ Coitada da garota ─ murmurou ele.

─ Rick! ─ repreendi ─ Adhara é o nome da segunda estrela mais brilhante da constelação “Cão maior”.

─ E o que tem isso? ─ ele deu de ombros ─ e por que essa obsessão com as estrelas e constelações? ─ perguntou ele, arrumando o véu de proteção em cima do berço.

─ Eu gosto das estrelas... ─ respondi me lembrando de quando no meu segundo ano do colegial, Scorpius me levara até o telhado da escola para observar as estrelas, e me mostrara a constelação sob a qual seu nome fora escolhido.

─ Tudo bem... Tudo bem. ─ deu de ombros ─ Adhara até que não é tãaaao mal assim.

Eu ri e joguei uma almofada em formato de nuvem nele.

─ Ei ─ protestou ele pegando a almofada ─ estava pensando, que tal sairmos hoje?

─ Sair? ─ perguntei, um tanto desconfiada ─ para onde?

─ Tem um bar aqui perto, que acabou de abrir, comida italiana, musica legal... Vamos lá?

─ Um bar...? Não Rick, isso pode não ser bom para o bebê, deixa pra próxima.

─ Proxima Ro? O bebe logo vai nascer e você vai passar quarenta dias de dieta, vai, vamos lá, que mal pode ter?

─ Mas... ─ tentei protestar.

─ É sério, acha que eu te levaria para um lugar que apresentasse riscos? ─ perguntou arqueando uma sobrancelha.

─ Ah... Tudo bem. ─ falei, rendida ─ Um pouco de massa não pode fazer mal, não é? ─ sorri

─ Beleza! ─ exclamou, animado ─ Vou para a casa me trocar e passo aqui em... Quarenta minutos, pode ser?

─ Estarei pronta ─ falei caminhando com ele até a porta.

─ Então... Até depois, Ro. ─ deu um beijo na minha bochecha e desapareceu pelas escadas, sem nem se dar ao trabalho de usar o elevador.

Entrei para dentro do meu pequeno apartamento e fechei a porta, pensando se sair aquela noite era realmente uma boa escolha.

Estivera planejando assistir filme até tarde comendo um bom pedaço de bolo de brigadeiro que eu mesma havia feito, considerando que amanhã teria o dia de folga.

Mesmo com oito meses de gravidez eu ainda me sentia bem para trabalhar meio turno, mas ultimamente vinha me sentindo cansada e com dores nas pernas, por isso decidi dar um tempo.

Suspirei e fui em direção ao banheiro, almejando um bom banho relaxante.

Depois de meia hora já estava pronta, com um vestido rosa claro bem larguinho e sapatilhas confortáveis, os cabelos soltos pelas costas e uma maquiagem leve, estava apenas esperando que o porteiro interfonasse, avisando a chegada de Rick, o que não tardou a acontecer. Cheguei lá em baixo e o encontrei encostado no capo do seu carro, vestia uma camiseta social, calças jeans e sapatenis. Seus cabelos estavam penteados para trás e seus olhos verdes brilhavam para mim.

Ele é muito bonito, isso eu tenho que admitir.

Sorri e fui ao seu encontro.

─ Você está linda, Rose. ─ disse ele, me ajudando a entrar no carro.

─ Fala sério, estou gorda. ─ ri enquanto ele fechava a porta.

─ Gorda não seria a palavra certa ─ disse ele entrando pela porta do motorista ─ diria que apenas... cheinha.

─ Cheinha? ─ ri ─ Isso é pior que gorda.

Ele me encarou sorrindo e deu partida no carro, e nesse instante eu percebi que aquilo poderia ser um encontro.

Bom, eu sou uma mulher grávida, e Rick é meu amigo, tomara que ele não esteja levando esse passeio com outras intenções.

Algo como dez minutos se passaram e nós chegamos no lugar, era pequeno e iluminado, haviam, no maximo, cinco casais ali, sentados nas mesinhas, conversando baixo enquanto comiam suas comidas.

Ótimo. Tranqüilo. Exatamente o que eu precisava.

Nos sentamos e logo uma garçonete alta, de cabelos castanhos, veio nos atender com um sorriso afetado.

─ No que posso ajudar? ─ perguntou ela.

Antes que eu pudesse sequer olhar o cardápio, Rick respondeu.

─ Pizza ─ e olhou para mim ─ em nome dos velhos tempos. ─ sorriu.

─ De que? ─ perguntou a garçonete.

─ Quatro queijos. ─ respondi ─ E um suco natural de uva, por favor.

─ Pra mim, um copo de vinho. ─ pediu Rick.

Sem dizer mais nada a garçonete deu as costas, sumindo através do balcão.

─ Aconteça o que acontecer, você sempre será o cara da pizza. ─ ri.

─ E você sempre será a garota de branco.

─ Eu não me casei.

─ Mas se formou... Dra. Weasley.

Eu sorri balançando a cabeça.

─ É estranho ouvir você me chamar assim.

─ Prefere que eu te chame como? Tia Louse? ─ riu imitando Shane.

─ Isso é fofo ─ sorri ─ adoro quando Shane me chama assim.

─ Steve. ─ corrigiu ele, rindo.

Esse era o bom de estar com Rick, nunca ficávamos sem assunto, nos dávamos bem e ele me fazia rir, ele fazia-me esquecer, pelo menos por ora, tudo que ruim que acontecera em minha vida.

Eu ainda estava rindo com ele quando um estralo alto na entrada do bar chamou minha atenção, e logo após, a garçonete que havia nos atendido gritou. Quatro homens entraram no recinto, com os rostos mascarados e armas em punho.

Senti todo sangue esvair de meu rosto e Rick apertando fortemente minha mão, que segundos atrás repousava sobre a mesa.

Nós estávamos em meio a um assalto.