Clato - 74 Edição Dos Jogos Vorazes escrita por Clove Fuhrman


Capítulo 1
De volta à escola


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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A luz entrou pela janela do meu quarto, eu não queria levantar, mas tinha que levantar, é o meu primeiro dia na escola nova, ensino médio, vou poder me aprofundar finalmente em algo que eu realmente gosto. Facas. Abro meus olhos, vejo Silvia entrando pela porta.

–- Oi Clove – Silvia começa – Levanta para não se atrasar para a escola, e você já ficou sabendo da novidade?

–- Claro, já vou levantar, que novidade? – pergunto, apesar de não ter curiosidade não quero magoa-la.

–- Vou participar dos jogos esse ano – ela diz sorridente – finalmente me sinto preparada, já estou com 17 anos e então não quero perder tempo, já estou avisando as meninas.

–- Parabéns – digo tentando parecer animada – eu tenho 15 apenas, quem sabe um dia eu não participe também? Certo mana? – comecei a rir, não faço questão de participar dos jogos – mas só se você ganhar.

–- Ah dane-se vou ganhar sim – ela ri – mas agora, apronte-se mocinha, quero ir com você para a escola, finalmente vamos poder treinar juntas! Vou indo...

Ela desce correndo as escadas, eu realmente acho que ela pode vencer, eu não gostaria que ela arriscasse. Meu quarto não é muito grande, mas é o suficiente para eu me sentir em um espaço só meu, meu mundo, é aqui que guardo o meu diário, meus segredos. Me arrumo rapidamente, não quero atrasar a Sílvia. Coloco uma calça jeans e uma blusa azul marinho. Maravilha, escola nova e não conheço ninguém fora minha irmã. Desço as escadas de vagar meu pai já saiu para o trabalho minha mãe está na cozinha.

–- Oi Clove, tudo bem querida? – Minha mãe perguntou feliz.

–- Oi mãe tudo, vou comer no caminho, não quero atrasar a Sílvia – respondo.

–- Ela já contou a novidade? – ela pergunta, concordo com a cabeça, e saio.

Do nada, me deu uma vontade de saber quem vai ser o tributo masculino, a colheita é em um mês ainda, não posso ter pressa. Vamos para a escola, Silvia fica me contando coisas e detalhes que eu sempre ignorei, vejo umas flores amarelas no chão, elas me trazem boas lembranças realmente não sei o motivo. Chegamos a escola, é um pouco maior que a minha anterior, tem um grande pavilhão, parece ótimo para treinos, deve ser para isso que é usado. Passo pela porta, Silvia vai ao encontro de suas amigas, e me deixa sozinha, “maravilha” pensei. Sigo no corredor sozinha, Silvia me aponta a sala em que devo ir, e sigo em frente. Entro na sala, todos os alunos ficam me olhando, percebo que sou a mais baixinha entre esses alunos. Não ligo muito para isso. Assim que chego na sala, o professor nos encaminha para a sala de treinamento, observo que um garoto alto, loiro e musculoso fica me observando. Fico ignorando tudo e todos, então vou direto para as facas, lindas, laminas novas e afiadas. Consigo perceber as pessoas me olhando, como se eu não fosse capaz. Não gosto disso, talvez meu tamanho passe essa impressão, posso não ser forte, mas tenho certeza que teria capacidade de matar em segundos.

–- cuidado com essas facas – fala uma morena alta de olhos azuis, zombando.

–- Tenho certeza que sou melhor nelas do que você. – respondo.

–-Duvido – ela retruca.

Eu a ignoro, ela continua me fitando, escolho uma faca e acerto no alvo mais distante da gente. Ela deixa escapar um “wow”. Pego algumas facas e continuo lançando em alvos diferentes, devo admitir que realmente gosto de fazer isso. Sinto alguma coisa me observando, viro para o lado e vejo que aquele loiro ainda está me olhando. Quando a aula acaba, vou direto para casa, nem espero Silvia aparecer, quando chego ela já está lá.

–- Como foi a aula? – minha mãe pergunta.

–- hum, boa – respondo, pego uma maça e subo para meu quarto.

Estou relatando o que aconteceu ao meu diário, quando Silvia entra.

–- Eu te vi na saída, porque não me esperou? – ela começa.

–- Nenhuma de nós é criança – rebato.

–- Fez amigos novos? – ela pergunta ansiosa, eu a ignoro – fez??

–- Não – digo, e então completo – só uma chata ficou me incomodando no treino.

–- Mesmo? – ela fala, eu concordo com a cabeça – e então porque o Cato ficou te olhando na saída?

–- Quem? – lembro do loiro – ah, não ligo.

–- Um dia ainda roubo o seu diário – diz ela saindo.

–- Nem tente – falo.

Vou para o banho, estou morrendo de sono apesar de não ter feito nada de mais hoje. Vou dormir, tenho sonhos turbulentos, com os jogos, no meu sonho eu estou lá, em um momento bem, em outro sendo morta. Acho que se eu realmente fosse, eu ganharia, de repente fico com uma pequena vontade de me oferecer, mas não vou fazer isso com minha irmã. O resto da noite passa rápido.

–- Clove – Silvia chama.

Levanto e vou ao seu encontro. Ela está sentada no sofá, ainda de pijama, não sei o que pode ter acontecido. Ela não gosta de se atrasar para a escola.

–- O que foi? – pergunto.

–- Acha que eu posso vencer? – ela pergunta.

–- Claro que pode, aliás, vai vencer – respondo com um sorriso, e volto ao meu quarto para me arrumar.

Silvia é uma das únicas pessoas que eu tento ser legal, acho que é porque ela já me ajudou bastante, e pelo fato de sermos parentes. Coloco uma roupa qualquer, preta simples, e vou para a escola com ela. Meu cabelo está preso, e meio desajeitado, Silvia está arrumada minimamente como sempre, às vezes brinco que ela deveria ter nascido no distrito 1, mas eu realmente não em daria bem lá. O dia vem rápido, não quero levantar, minha única motivação são as facas. A escola foi chata, até nos levarem para o treinamento, fui direto as facas como sempre. Uma coisa me irritava, o garoto, Cato, ainda ficava me observando.

–- Oi Clove – fala a garota morena de ontem.

Ela interrompe meu contato visual, o que me deixa meio tonta e acidentalmente dou uma facada nela. Apesar de não ser intencional, fico feliz, ver a dor no rosto dela enquanto ela tinha uma tentativa falhada de me envergonhar. No final da aula, vou esperar a Silvia perto da porta. Até que Cato vem ao meu lado.

–- Oi Clove. – ele começa.

–- Oi. – eu respondo.

Eu percebo que ele vai falar algo, então Silvia aparece.

–- Vem Clove – ela nos olha – hum, acho que eu vou sozinha.

–- Estou indo – falo, e vou até ela.

Vamos em silencio para casa, consigo perceber que ela quer me encher de perguntas mas por algum motivo não fez isso, para minha sorte, mas então ela acaba, e Silvia começa:

–- Sobre o que estavam conversando?

–- Nada – respondo.

–- por enquanto – ela ri com um sorriso malicioso. Dou um soco em seu ombro e entro em casa.

Entro pego meu prato e fico almoçando no sofá, realmente vou sentir muita falta da Silvia quando ela for para os jogos, ainda mais se ela perder. Expulso esse pensamento. O resto da tarde voa, então vou escrever no diário antes de dormir.

“Diário, coisas estranhas aconteceram hoje, não estou tão confiante em que Silvia vai ganhar, tenho medo disso. Hoje na escola, o mesmo garoto continua me observando, e eu realmente não gosto.”

Vou dormir, essa noite não é tão tranquila quanto geralmente são, mais sonhos com os jogos vorazes! Mas dessa vez foi diferente, eu estava em cima da cornucópia, eu estava me segurando, quase caindo em um abismo que tinha em volta, então Cato aparece e me empurra. Então eu começo a berrar, e cair, até me chocar no chão. Acordo assustada e suando. Tomo banho para tirar o suor, e como não consigo mais dormir, desço até a cozinha e preparo um sanduiche, pego suco e subo até meu quarto, fico na janela, observando a rua até terminar de comer. Me arrumo e coloco o prato na pia, bem quando Silvia chega:

–- Oi Clo – ela fala rindo – Não vou mais te atrapalhar em tentativas de conseguir um namorado.

–- Ah, não enche – digo, se ela não fosse minha irmã eu teria cravado uma faca nela, devo estar mais vermelha que um tomate.

Vamos juntas a escola, ela treina primeiro hoje, isso significa aula teórica eu realmente não gosto disso, mais um ponto para ir para os jogos vorazes. Estou vestida na cor verde escuro hoje, não fica bem em mim, mas não tenho muita paciência em escolher roupa e não me agrada deixar a Silvia fazer isso. Quando essa aula chata termina vamos ao treino. Como de costume vou diretamente as facas, começo nos alvos mais distantes, e vou voltando aos mais próximos, então ouço:

–- Oi

Ah nem treinar em paz eu posso mais penso.

–- Você é a Clove né? – viro para o lado, e vejo que é o Cato que está falando comigo. – cuidado para não se machucar com as facas.

–- Não vou me machucar – respondo.

Uma garota o chama e ele vai ao seu encontro. O treino me relaxa, me faz sentir que sou boa em alguma coisa. Minha paz não durou muito o treinador, Brutos, me falou para tentar algo diferente de facas, ótimo, pensei. Vejo umas cordas no teto fazendo um caminho até o outro lado do salão, hum, parece divertido. Quando subo, tenho um pensamento, será que tenho força para terminar? A resposta é não, mas infelizmente só a tenho quando estou na quarta corda e começo a cair. Mas infelizmente, não é no chão que eu caio.


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