Culpada escrita por Inial Lekim


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Oie *-*



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A situação era, ao todo, estranha. Nossos olhos se encontraram — havíamos vivido uma mentira.

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Me diz que vai embora
Que ama outra pessoa
Faço de conta que estou sofrendo
E começo a chorar

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— Hermione — a voz de Rony saiu trêmula. — Precisamos conversar.

Eu estava sentada em frente à lareira, olhando o antigo álbum de fotos da época da escola. Tudo parecia tão distante...

Olhei para Rony.

Quando foi que tudo mudou?

— Pode falar — disse eu. Coloquei o álbum de lado. Nesse momento vi que, atrás de Rony, havia duas malas enormes. — O que aconteceu?

Rony se aproximava lentamente. Parecia sentir dor a cada passo.

— Hermione... — Ele suspirou. Olhou nos meus olhos, e pegou minha mão entre as suas. — Eu vou embora.

Eu vou embora... Essas palavras repetiam-se em minha mente e, quase que automaticamente, meus olhos encheram-se de lágrimas. Lágrimas falsas.

— Por quê? — perguntei.

Ele ajoelhou-se a minha frente.

— Estou apaixonado por outra pessoa — respondeu.

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Então, eu desabafo
Eu tenho outro também
Alguém que escuta e me entende
Sabe bem o que é amar
As tuas malas já estão aqui
Já não precisa fingir.

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— Sinto muito — falou, tocando meu rosto.

— Desde quando? — perguntei.

— Muito tempo.

Vivíamos uma mentira. Naquele momento eu soube disso.

— Eu também — falei, enxugando uma única lágrima que saiu de meus olhos. — Também estou apaixonada por outra pessoa.

Nesse momento, os olhos de Rony se estreitaram. Ele me encarava como se não tivesse entendido o que eu acabara de falar.

— O-O que?

— Eu amo outra pessoa, Rony. Alguém que sei que não devia amar, mas não consegui evitar...

Ele soltou minhas mãos e ficou de costas para mim. suas mãos passavam nervosamente por seu cabelo.

— Desde quando? — perguntou, repetindo minha pergunta anterior.

— Muito tempo — respondi igualmente. — Não aja assim Rony. Não há necessidade — olhei para as malas encostadas no canto da parede. — Ela deve estar lhe esperando.

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Eu também te trai
Eu também te enganei
O sabor do pecado
Eu também já provei
Fui pior que você
Porque eu soube esconder
Então já não se culpe, meu bem
Eu sou culpada também

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— Como isso foi acontecer? — perguntou ele, mas para ele mesmo do que para mim. — Onde foi que errei?

— Não foi sua culpa, Ron. Simplesmente aconteceu.

Ele virou-se para mim.

— Como acabamos assim? — perguntou ele.

— Não sei. Acho que nos enganamos esse tempo todo. Nós dois tivemos culpa.

Rony se aproximou de mim. Seus olhos foram diretamente para o álbum ao meu lado. Ele abriu onde havia uma foto com Harry, ele e eu. Estávamos felizes naquele dia.

Eu o amava naquela época.

Quando foi que o amor acabou? Talvez tenha sido naquele dia em que encontrei ele por acaso. Draco Malfoy. Fazia anos que eu não o via. Ele continuava igual, a não ser os cabelos, que estavam mais longos. Conversamos. Ele enfrentava uma crise no casamento. Ofereci meu apoio, como faria com qualquer outra pessoa. Mas ele não era qualquer pessoa.

— Quem é ele? — perguntou Rony.

Não havia por que mentir, não é?

— Draco.

Rony me encarou incrédulo.

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Não me olhe com essa cara
Você fez a mesma coisa
Te digo, da minha parte
Eu não estou arrependida não, não
Os homens não são os únicos
Com amores escondidos
É que as mulheres disfarçam bem melhor
O proibido
As minhas malas já estão aqui
E alguém espera por mim

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— Malfoy? — seu rosto tomou uma coloração avermelhada rapidamente.

Me levantei, afastando-me dele.

— Não tem o porquê de agir assim Rony. Você fez a mesma coisa comigo. E, ao menos da minha parte, não há arrependimento. Não me arrependo de nada do que aconteceu.

— Eu poderia esperar qualquer um, menos o MALFOY! — ele gritou o último nome.

Tentei me manter calma diante dele.

— Aconteceu. Não a como voltar atrás agora.

Ele se jogou no sofá e escondeu o rosto com as mãos.

— Pretendia me contar isso algum dia? — perguntou.

— Sim. Só não sabia como contar.

— Alguém sabe?

— Gina. Ela é a única.

Ele deu um risinho triste.

— Era por isso que vocês duas sempre sumiam juntas? Você ia se encontrar com ele, e a levava para ter um álibi?

— Sim.

— E o que vai fazer depois que eu for embora? Pelo que eu saiba, Malfoy ainda está casado.

— Ele já entrou com o pedido de divórcio. Vamos ficar juntos depois que tudo isso acabar.

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Eu também te trai
Eu também te enganei
O sabor do pecado
Eu também já provei
Fui pior que você
Porque eu soube esconder
Então já não se culpe, meu bem
Eu sou culpada também

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Ficar juntos...

Várias foram às vezes em que Draco me pedira que deixasse Rony, que ele faria o mesmo com Astória. Mas sempre havia algo a se relevar — Rose e Hugo. Eu não podia simplesmente fazer isso com meus filhos. E ele tinha o filho dele. Tínhamos que pensar neles em primeiro lugar.

Agora, que os três estavam em Hogwarts, Draco sempre trazia a tona esse pedido. Eu sabia que isso era o certo a fazer, mas não sabia como. Rony andava tão estranho ultimamente... Agora sei o porquê — Fazíamos a mesma coisa. Enganávamos um ao outro.

Todas as vezes que eu estava com Draco, Rony também estava com outra pessoa. Eu não ficava com raiva, nem triste por causa disso. Na verdade eu não tinha esse direito — sentia-me até feliz por Rony, por ele ter encontrado alguém que o amasse. As coisas entre nós já não eram as mesmas. Não fazíamos mais amor, era simplesmente uma coisa física. Não havia paixão de ambas as partes. Nesses momentos, eu sempre me sentia como se estivesse traindo Draco. Me sentia suja. Por que era com Draco que eu queria estar. Era ao lado dele que eu queria acordar todo dia, ir dormir todas as noites. Eu queria chama-lo verdadeiramente de meu. Odiava ter que dividi-lo com Astória, praticamente morrer de ciúmes sempre que me vestia e saia pela porta, sabendo que, assim como eu, ele teria que voltar para sua casa — a casa que dividia com ela. Astória era a Sra. Malfoy, enquanto eu era a Sra. Weasley.

Sobrenome o qual somente eu sabia o quão imerecido era. Ao menos agora quem passaria a levar esse nome seria alguém que o merecia.

— Nós erramos, não é? — Rony mantinha-se de cabeça baixa. — Devíamos ter conversado mais. Talvez, se tivéssemos feito mais isso, não estaríamos nessa situação agora.

— Talvez — falei.

Por fim, Rony levantou-se e se aproximou. Seus olhos azuis, que antes me faziam esquecer tudo, agora não exerciam influência alguma sobre mim. O que eu sentia por Rony agora era apenas amor fraterno, igual ao que eu sentia por Harry.

Rony passou a ponta dos dedos por meu rosto. Estavam frios. Inclinou a cabeça em minha direção e tocou meus lábios com os seus. Seus lábios estavam quentes. Foi rápido. Ele encostou sua testa na minha e suspirou.

— Talvez — repetiu ele. Sim, talvez houvesse sido diferente. Rony se separou de mim e olhou em meus olhos. Ele deu um breve triste sorriso. — Adeus Hermione.

Foi até onde estavam suas malas. Pegou-as. O acompanhei até a porta. Rony olhou uma última vez para mim antes de aparatar.

— Adeus Rony — sussurrei para o vento.

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Fui pior que você
porque eu soube esconder
Então já não se culpe, meu bem
Eu sou culpada também.

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A casa parecia maior após a saída de Rony. Fui até o sofá, onde antes estava sentada. O álbum permanecia no mesmo lugar, aberto na foto em que estávamos Harry, Rony e eu. Realmente, aquele tempo estava tão distante. Quando nada mais me preocupava além de ajudar Harry e estudar. Se alguém, algum dia naquele tempo, me dissesse que eu estaria nessa situação agora... A vida é tão estranha...

Deixei o álbum de lado e fui até o telefone. Disquei o número a muito gravado em minha memória. Tocou apenas duas vezes até que o atendessem.

Hermione — um sorriso bobo surgiu em meu rosto ao ouvir a voz de Draco.

— Acabou Draco. Rony e eu. Acabou — falei.

Houve um momento de silêncio do outro lado da linha.

— Draco?

Isso é sério? — perguntou ele.

— Eu nunca brincaria com isso. Eu estou livre agora, Draco. Nós... — Então a ligação foi interrompida. Eu ouvia apenas o tu, tu, tu... no telefone.

Eu não entendia o que havia acabado de acontecer. Quando estava discando o número de Draco novamente a campainha tocou. Até pensei em não atender, deixar que pensassem que não havia ninguém em casa. Mas não fiz isso. Coloquei o telefone novamente no gancho e fui atender a portar.

E lá estava ele.

Draco sorriu assim que me viu. Não tive empo de dizer nada, já que ele me abraçou e me rodopiou no ar, me fazendo rir.

— Agora você pode ser só minha — disse ele, assim que me colocou no chão. — Assim como eu sou seu. — E me estendeu um papel levemente amaçado.

Eu li.

Reli.

E ali estava escrito que Draco Malfoy era o mais novo solteiro do mundo bruxo. Ele e Astória estavam separados finalmente.

Num impulso, joguei os braços ao redor de seu pescoço e beijei-o, pegando-o de surpresa. Draco me levantou em seu colo, me fazendo prender as pernas ao redor de sua cintura. Ele me levou para dentro, fechando a porta com o pé. Senti o tecido do sofá em minhas costas. Nossas roupas foram jogadas ao chão. Minha pele parecia em chamas. Seus beijos eram molhados e sensuais, mas ao mesmo tempo calmos. Isso era algo que apenas Draco conseguia fazer. Ter seu corpo junto ao meu, senti-lo dentro de mim, levando-me a um frenesi sem igual. Era algo imensurável. Seus toques me deixavam arrepiada.

Foi incrível.

Diferente de tudo que havíamos feito. Foi lento, calmo, inesquecível... horas depois, Draco estava com a cabeça deitada entre meus seios. Estávamos suados, satisfeitos e com um sorriso no rosto. Eu brincava com o cabelo loiro e longo de Draco.

— Eu te amo, Hermione — murmurou Draco. Sua voz estava sonolenta.

— Eu te amo, Draco — disse em seu ouvido. Ele ergueu o rosto e me beijou lentamente.

Rony e eu, nós dois fomos culpados pelo fim do nosso casamento. Mentíamos um para o outro. Eu, verdadeiramente, não me arrependia de nenhuma das decisões que tomei. Eu estava feliz, assim como tinha certeza que Rony também estaria.



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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram?