Na manhã seguinte acordei tarde e por isso não consegui apanhar o pequeno-almoço então segui directamente para a aula de Transfiguração. Respirei aliviada quando vi que os outros alunos ainda estavam a entrar na sala e segui atrás deles. Sentei-me na mesa atrás do Malfoy e do Daniel, sorrindo para este último quando ele se virou para trás a sorrir. Depois olhei para o lado quando uma rapariga de cabelo negro e curto se sentou lá.

- Olá! – Disse ela a sorrir.

- Olá! – Respondi confusa.

- Sou a Pansy Parkinson. E tu és a Suzane Manson não é?

- Sim. – Eu estava realmente confusa com aquilo.

Depois a professora McGonagall começou a sua aula sobre animagus. Bem, aquilo poderia ser realmente muito interessante se eu já não soubesse tudo sobre essa matéria. Começava a questionar-me porque é que eu ainda ia assistir às aulas. Podia perfeitamente fazer os exames naquele momento que sem dúvida nenhuma passava com nota máxima a tudo. Apoiei a cabeça na mão esquerda e fiquei ali entediada durante duas horas, sempre a ouvir a professora falar. Nem dei conta quando o sinal de saída tocou e todos se levantavam.

- Pretendes ficar aqui a manhã toda? – Ouvi o Daniel dizer. – Está um lindo dia de sol porque não aproveitar mais este furo nas aulas e vamos até ao jardim?

- Só vou se me prometeres que não te metes em mais confusões. Porque hoje não faço nada, deixo-vos matarem-se uns aos outros.

- Prometo. Hoje fico lá sossegadinho ao teu lado. – Depois virou-se para o outro lado. – Hey, Draco também vens?

- Não Daniel. Hoje prefiro ficar pela sala comum. – Depois de falar virou-se e saiu da sala.

- Então vamos nós. – Disse o Daniel todo animado puxando-me pela mão boa.

E fomos assim com ele a puxa-me pela mão até à mesma árvore onde eu estava no dia anterior. Ficamos lá durante algum tempo a conversar e a rir mas depois ele disse que precisava passar pelo dormitório porque se tinha esquecido de um livro. Levantamo-nos e fomos para a sala comum mas quando lá chegamos toda a alegria que eu tinha tido naquela manhã junto ao lago se evaporou dando lugar ao ódio. No meio da sala comum estavam Draco Malfoy e Pansy Parkinson agarrados e aos beijos.

- Pensei que o Draco já não tinha nada com ela. – Disse um Daniel espantado ao meu lado.

- Parece que te enganaste. – Disse e fui sentar-me na poltrona junto ao lume parecendo indiferente àquela cena. – Vai lá buscar o que te falta que eu espero aqui Daniel.

Mas o que se passava comigo? Porque é que aquela cena me deixava assim? Talvez porque ele me beijou duas vezes ou então porque isto pode estragar o plano. Respondi a mim mesma mas tentado concentrar-me na segunda hipótese. Depois olhei pelo canto do olho para trás mas a Parkinson já não estava lá mas o Malfoy estava lá a olhar na minha direcção. Então fiz algo instintivo mais uma vez. Levantei-me e caminhei lentamente até ele ficando frente a frente com ele, olhando fixamente para os olhos dele e então levantei a mão esquerda e dei-lhe um estalo.

Ele ficou simplesmente a olhar para mim com a mão na face vermelha. E eu olhava para ele com fúria no olhar. E ficamos assim até ouvirmos uma voz e desviarmos o olhar para lá.

- Suzy para que foi isso? – Perguntou um Daniel completamente confuso da entrada do dormitório masculino.

- Pergunta-lhe a ele. – Disse apontando para o Malfoy que continuava com a mão na cara e saí da sala comum.

- Hey Suzane espera. – Ouvi a voz do Malfoy atrás de mim no corredor. – Foi a Pansy que me beijou, eu não tive culpa.

- Oh claro e eu sou um duende verde. – Disse com sarcasmo sem me virar para trás mas parada no meio do corredor. – Poupa-me das tuas desculpas porque eu não tenho nada a ver com isso.

E depois segui o meu caminho para o salão principal. Passado algum tempo depois de me sentar o Daniel sentou-se ao meu lado e ficou a olhar para mim.

- O que foi? – Perguntei irritada.

- O que se passa entre ti e o Draco? – Perguntou ele curioso fixando-me os olhos.

- Nada. – Disse rapidamente.

Ele ficou ali a olhar para mim sem dizer nada e depois abanou a cabeça e voltou a sua atenção para a comida. Eu fiz o mesmo e ficamos assim em silêncio até ao final do almoço altura em que nos levantamos e fomos para a aula de Defesa Contra a Magia Negra.

- Tem aqui duas caixas, uma para os Slytherins e outra para os Gryffindors. – Disse o Snape quando todos estavam instalados nos lugares. – Quero que se levantem e tirem um pedaço de pergaminho que contém um número. Depois consoante o número vão fazer pares.

- Slytherins contra Gryffindors… Isto vai ser interessante. – Disse Daniel ao meu lado. Eu apenas olhei para ele.

Finalmente uma aula prática em que eu não precisava de ficar entediada a ouvir um professor falar. Então todos se levantaram e foram até às caixas tirar um número. Eu segui os outros, tirei um número e voltei para o meu lugar.

- Muito bem. – Disse Snape assim que todos estavam novamente no lugar com o respectivo número. – Consoante eu for chamando pelos números os alunos com os esses números levantam-se e vêm até aqui à frente. O duelo termina quando um dos dois ficar sem varinha. Número um.

Então dois alunos que eu não sabia o nome levantaram-se. O duelo não durou muito, com uma vitória para Slytherin. E Snape foi chamando sucessivamente os números. Até agora tinham sido cinco duelos, quase todos com vitória dos Slytherin. Claro que o Daniel e o Malfoy contribuíram para isso. O Daniel duelou com um rapaz que fiquei depois a saber chamar-se Longbottom e o Malfoy duelou com o Weasley.

- Seis. – Ouvi Snape dizer e levantei-me.

- Vamos ver agora se te ris para o Potter. – Disse o Malfoy secamente quando passei por ele. Só aí percebi com quem ia duelar, e engoli em seco.

- Brilhante. – Murmurei para mim própria.

- Muito bem. Às vossas posições. – Ouvi Snape dizer.

Tanto eu como o Harry nos colocamos em posição de combate. Ele atacou primeiro mas eu protegi-me sem qualquer dificuldade atacando depois com um feitiço não verbal que o fez voar para trás. Eu estava preocupada em magoa-lo mas não podia dar parte fraca, não em frente a tanta gente. Ele levantou-se rapidamente e atacou-me de novo, mas desta vez eu não me protegi, desviando-me do feitiço com um passo para o lado e retaliando com um outro feitiço que o fez novamente cair ao chão. Ainda ele não tinha tocado o chão já eu estava a lançar outro encantamento fazendo a varinha dele voar na minha direcção. Agarrei-a com a mesma mão em que estava a minha varinha, já que a outra mão continuava inutilmente ao peito e fiquei a olhar para ele enquanto se levantava. Quando ele já estava em pé atirei-lhe a varinha e voltei para o meu lugar.

- Oh podias tê-lo magoado ou algo assim. – Disse Daniel desapontado.

- Eu não estou aqui para magoar ninguém. – Disse mantendo o olhar para a frente onde já estavam a Granger e a Parkinson.

Desta vez fiquei feliz por ter sido Gryffindor a ganhar e com pena de não ter sido eu a defrontar a Granger. O resto da aula passou-se assim, com poucas vitórias de Gryffindor e bastantes de Slytherin.

- Todos os duelos terminaram mas ainda temos alguns minutos até ao final da aula por isso queria só fazer um último duelo. – Disse Snape e depois olhou para mim. – Miss Manson não se importa de vir até aqui?

- E vou duelar com quem? – Perguntei levantando-me e indo até ao centro da sala.

- Comigo. – Disse Snape com um sorriso.

- Tudo bem. – Disse calmamente. – Mas não espere que eu faço o meu melhor.

- E porque não? – Perguntou Snape curioso.

- Porque se eu o fizesse o senhor nem sequer conseguiria pensar num feitiço pois já estaria no chão. – Ele olhou-me ameaçadoramente mas eu mantive a minha postura calma. – Eu vou deixar o professor atacar-me e vou apenas desviar-me, como fiz com o feitiço do Potter, sem usar a varinha. Se o professor me conseguir acertar eu vou para um castigo qualquer que o professor queira, durante uma semana.

- Ficaste doida Suzane? – Berrou Daniel do seu lugar olhando-me completamente espantado.

- Muito bem Miss Manson. Como queira. – Disse Snape sorrindo.

- Só mais uma coisa. – E apontei a varinha em direcção às mesas criando uma parede protectora entre eles e o local do duelo. – Assim o professor não tem de se preocupar com a direcção dos feitiços. Quando o professor quiser pode começar.

Eu apenas fiquei com a minha varinha apontada para o chão olhando nos olhos de Snape. Ele começou a lançar feitiços uns atrás dos outros e eu saltava graciosamente de um lado para o outro, baixando-me de vez em quando, desviando-me de todos os feitiços. Eu via que ele começava a ficar frustrado por não me conseguir atingir.

- Hey professor, eu sei que está a ficar irritado mas a Maldição Cruciatus é proibida. – Eu disse no meio dum salto desviando-me de uma luz vermelha.

- Como sabias que maldição eu estava a pensar usar? – Ele perguntou confuso enquanto lançava mais um feitiço.

- Porque o professor está a esquecer-se de fechar a mente. – Disse com um sorriso enquanto me desviava dum feitiço. – E assim eu posso ver o que pretende fazer.

Ele ficou espantado a olhar para mim e ao mesmo tempo em que a campainha de saída tocava eu levantei a minha varinha fazendo com que a varinha de Snape voasse até mim. Depois virei-me para os outros que nos olhavam espantados por detrás da parede invisível e direccionei a varinha para lá fazendo a parede protectora desaparecer. Atirei a varinha do Snape na sua direcção, invoquei o meu saco e saí porta fora a sorrir. Sem dúvida uma das melhores aulas até agora.