Acordo algumas horas depois, perdi a noção do tempo depois do acontecido com Johanna, que a propósito, não está no quarto. Deve ter voltado pra evitar histórinhas para toda Capital saber. Acordo com uma batida na porta, e a voz histérica de Savannah irrompe do outro lado:

- Bliight, - cantarola - anda, precisa acordar. Hoje é um dia muito corrido!

- Ah... Tudo bem, vou tomar um banho e ja me apronto.

Digo me levantando e indo ao banheiro, estou apenas de cueca e entro no boxe e tomo um banho breve, quando saio, a minha equipe de preparação e Lumia estão la.

- Rápido, temos apenas duas horas para prepará-lo. Vista isso e vamos pro aerodeslisador. 

Diz Lumia, jogando para mim uma roupa normal demais. Eu a olho por  um instante e então digo:

- Vamos usar isso na arena?

- Não bobinho, isto é para chegar aos túneis. - Diz A mulher ráquitica de que não gosto. - A roupa pra arena estará lá.

Visto-me rápidamente e saio, ou melhor sou puxado pra fora do quarto. Mackena ja estava pronta e levanta-se bem rápido, Johanna também, sorrindo pra mim.

- Mas eu não vou tomar nem café? - pergunto, e Lumia nega com a cabeça. - Merda! Gente, me joga um pãozinho pelo menos!

Digo e estendo a mão, Mackena da um risinho e me joga um pão, Johanna pega outros dois. Agarro-o e ja enfio na boca.

Somos levados até o subsolo, com todos os outros tributos, ficamos ao lado dos primos do 6 e o casal do 8, quando os tributos do 12 chegam, Atala, uma mulher negra e que é responsável pelo treinamento começa a falar:

- Vocês irão em dois grupos, mas nenhum tributo ficará com seu parceiro de distrito, o mentor deve acompanhá-los até o aerodeslisador e se despedir ali mesmo. Esperem o mentor do Distrito a sua frente terminar a viagem para levar seu tributo. Boa sorte e bons jogos Vorazes.

Ao terminar de dizer, eu e Mackena nos olhamos e dou-lhe um abraço. Johanna chega e nos olha, depois começa a dizer:

- Escutem, na Cornucópia. Está bem claro que eles vão colocá-los distantes um do outro. Não fujam! Peguem pelo menos uma mochila e sei lá, cada um uma arma e procurem-se, dêem cobertura um ao outro e matem pelo menos alguém. Entenderam?!

Faço que sim e dou um tapinha nas costas de Mackena, vamos pra fila logo atrás dos primos. A mentora deles é uma ruiva magrelinha de olhos lunáticos e meio desfocados. Lembro-me dela, é Engina e ganhou sua edição criando armadilhas com a própria arena, que era um jardim.

Ela leva os Tributos dela até os aerodeslisadores e volta tropeçando, Johanna a ajuda a levantar-se. Elas se dão um abraço, Mas Johanna parece não gostar, pois revira os olhos. Dou uma risada e recebo um cutucão no braço por Mackena.

- Mackena, você vem comigo ta bom? Blight, espera bem ai... - Ela puxa Mackena e a guia até o aerodeslisador em que a maioria dos Carreristas estão. Ela da um abraço em Mackena e diz algo que não consigo ouvir, depois mais um abraço e se despede dela. Ela vem caminhando até mim e para diante de mim, dizendo:

- Vamos lá... Não quero que demore mais...

Sigo a seu lado por um bom tempo, não largo sua mão por nada. Quando paramos em frente ao aerodeslisador, ela se vira pra mim com os olhos cheios de lágrimas, e começa a dizer:

- Olha...

Mas a interrompo, tapando sua boca com meu dedo.

- Sei o que estou fazendo... Não me arrependo nunca de ter feito aquela escolha, mas é minha promessa. Eu te amo Johanna... Adeus. - Digo, segurando ao máximo meu choro.

Ela desaba a chorar, e me beija... Beija como se fosse o ultimo beijo que damos. E seria irônico, se este realmente não fosse. Escuto alguns tributos espantados dentro da nave, e com certeza algum fotógrafo pegou isso e estará em todas as revistas de Panem amanhã cedinho! Ela se despede e corre, eu apenas entro na nave e me sento no primeiro banco que vejo. Escuto algumas fofoquinhas entre os Carreiristas, mas ignoro. Em pouco mais de três minutos, as portas se fecham e decolamos... Tive a sorte de sentar-me na janela, por isso vou olhando pra baixo pra ver se vejo algo interessante, mas estamos tão velozes que tudo que vejo é um borrão verde e cinza. Meia hora depois da decolagem, um Pacificador passa pedindo que estendamos os braços para colocar os localizadores em nossos antebraços. Para os idealizadores sempre nos localizarem. Começamos a pousar uma hora depois, e vemos nossos estilistas a nossa espéra. Chego a Lumia e Tigris alguns segundos antes de Mackena, que vem com a cara fechada, fazendo tempestade com a garota do 4, que faz gestos obscenos para ela, que apenas ignora.

Lumia e Trigris nos tiram dali e seguimos por um corredor escuro, Mackena ainda mantém a cara fechada quando pergunto:

- Qual foi a com a garota do 4?

- Ah! Ela é apenas uma vadia nojenta que me provocou no voo... Lembre-me de matá-la logo, certo?

- Certo! A gente destroça ela.

- Meninos, guardem a fúria para daqui a pouco. - Diz Tigris, com um risinho felino no rosto... 

Passamos por uma porta que continha um número sete enorme, e em seguida dois corredores, um com o meu nome, e o outro com o nome de Mackenna. Nos separamos ali, e ando ao lado de Lumia por vários minutos, subimos escadas, fazemos curvas, descemos rampas até que chegamos a uma porta com dois Pacificadores de cada lado, eles abrem a porta e então entramos.

Lumia vai até o closet e analisa a roupa, me sento no sofá. 

- Bem, a roupa é bem resistente. E Parece ser isolante térmica. Talvez a arena seja fria, ou tenha noites frias. Vista-se.

A Roupa era bonita, consistia em uma regata preta justa, uma jaqueta cinza com detalhes vermelhos e um zíper resistente, com dois pares de bolsos. Umas calças do mesmo material da Jaqueta, mas forradas internamente por flanela e um par de botas de couro com sola de borracha. Ficamos na sala em silêncio por uns 40 minutos, até que uma vóz irrompe de auto falantes, dizendo:

- Trinta segundos.

Encaro Lumia nervoso. Levanto-me apressado e bebo água, aliso os cabelos e ano pela sala, um círculo na parede se abre e um cilindo de vidro desce e abre uma portinha para mim. Olho a cena e Depois Lumia se levanta. 

- Blight. Chegou a hora... Boa sorte... - Ela diz, abrindo os braços para mim. Eu corro e a abraço, era a coisa que mais precisava agora, fico por um bom tempo até que começamos a andar em direção ao cilíndro. Eu paro, a fito e digo:

- Adeus Lumia...

- Tchau Blight... Boa sorte amigo...

Entro no cilindro e ele se fecha. Ponho a mão no vidro onde o mesmo fechou-se. Lumia me olha e sorri, confiante... O Vidro começa a subir e minha apreensão só aumenta. Subo por uns trinta segundos sem parar e então sinto um vento breve e vejo um cone dourado a minha frente, a Cornucópia. Quando paro de subir vejo onde estou, é um espaço enorme, um hall de chão cinza, e concreto liso. Procuro por Mackena, mas como Johanna disse, ela está muito longe de mim, na extremidade esquerda, enquanto eu estou, se contado da esquerda, na sexta plataforma, analiso o que ha a minha frente e acima, vejo armas, uma espada, várias facas em um colete de couro, um soco inglês que termina em uma âmina é o que está mais próximo de mim, e do tributo ao meu lado, um garoto, acho que do 3. Acima vejo apenas um teto a vários metros de altura. A vários metros de distância vejo prateleiras altas, com caixas. "Isso é um armazem! Um armazem abandonado!"

- Senhoras e senhores. Está aberta a Septuagésima Edição dos Jogos Vorazes! Boa sorte Tributos! E que a sorte esteja sempre a seu favor! - A Vóz de Claudius Templesmith irrompe do nada. E uma vóz eletrônica começa a contagem. Um minuto. "Corre pro soco inglês afiado Blight." Quarenta segundos. " Não, corre pra Mackena e pega uma mochila. " Trinta e cinco segundos. " Não, deixa ela e foge."

- Calma Caramba! - Digo, nervoso. E vejo a menina do quatro a minah direita rindo de mim. Vadia nojenta.

Dez segundos. " Pega o soco Inglês e corre pra Mackena. "

O Gongo rompe e Danço um minuto no poleiro, corro em direção ao soco inglês, como menino do 3 em meu encalço, ele se abaixa pra pegar e eu o chuto nas costelas, pego o soco inglês lâminado e vejo que são dois, encaixo um em cada mão e corro, Vejo Mackena pegar um jogo de facas amarrados por uma corda e sorrio pra ela ela me vê, sorri de volta e atira uma faca, a faca vem em minha direção e fico pasmo. Ela quer mesmo em matar agora? Fecho os olhos esperando a morte mas sinto a faca passar zunindo pelo meu pescoço e atingir alguma coisa, viro-me e vejo a vadia nojenta do 4 cair com a faca profundamente enfiada na garganta, cospindo sangue. Continuo a corrida, e vejo a menina do 5 com um machado e tremendo de medo, chego por trás, fincando as lâminas das minhas armas em suas costas, e a puxando para o chão, quando ela caí, fica com um dos socos ingleses preso, o outro cai no chão na frente de meus pés. Pucho o machado de sua mão e desco com violência em direção a seu peito, escuto os ossos se partindo e o sangue sujar minha calça, pego o soco inglês e arranco o amchado de seu peito, a tempo de ver seus olhos perdendo o foco. Morreu. O Garoto onstruoso do um vem em minha direção, está desarmado, e ao ver meu machado muda para o menino do 6, que porta uma lança, chega por trás e quebra seu pescoço, arrancando a lança de sua mão, e chutando a sua prima. que foge carregando uma mochila minima. Alguém pucha meu braço e me viro a tempo de ver que é Mackena, ela carrega dois coletas de facas e uma mochila e diz, aos berros:

- Foge seu louco! Já tem um machado, pega só uma mochila! ANDA!

Tenho tempo de ver o menino do 9 fincar uma espada no garoto do 12. Mackena para por um instante e lança uma faca em sua direção, acertando-lhe na espilha dorsal e fazendo-o cair, ja morto. Saímos dali o mais rápido que conseguimos, armados, com suprimentos e vivos. 

Viramo-nos em uma prateleira alta e vemos o corpo do garoto do 10 no chão, sua parceira Anita, acabara de quenrar-lhe o pescoço e correra na direção oposta a nossa, com um facão e duas mochilas. Corremos por quarenta minutos, não ousamos parar por nada, corremos para uma ecada e subimos e nos escondemos atrás de uma caixa grande de madeira e alguns galões vazios. Descançamos e conferimos nossas bolsas. Na minha, contém uma garrafa de um litro de água, carne seca, algumas maçãs, um par de luvas, um canivete e um spray de embalagem cinza. A De Mackena é mais farta, contém duas cordas, fósforos, um odre de água vazio, dois vidros de iodo, frutas secas, biscoitos, uma tesoura resistente, duas lanternas, quatro pares de pilhas e uma bolsa térmica.

- Quanto tempo conseguiremos sobrevier com isso? -  Ela pergunta. Cansada ainda.

- Não sei, vamos esperar um pouco certo. E dividir isso bem, tem facas o suficiente?

- Tenho sim, dois coletes cheios e mais um jogo que peguei assim que desci da plataforma. E você?

- Tinha dois socos ingleses lâminados, mas perdi um nas costas da menina do 5, em compensação, tenho este machado.

Ficamos por um tempo calados, dividindo nossos bens, encho o odre de água de Mackena e bebo um pouco da minha água. Depois de mais ou menos 30 minutos, escutamos um Boom! Nos entreolhamos. O combate inicial havia acabado e já contaram os mortos. Seguiram-se um tiro de canhão atrás do outro até compeltar dez. Quem havia morrido nós descobririamos a noite.