Após o encerramento das entrevistas somos mandados para nossos quartos, em nossos respectivos andares. O jantar é servido, mas estou tenso demais pra comer. Acho que só agora me caiu a ficha que é amanhã que começa a contagem dos meus dias. Sou o primeiro a me retirar e sigo para meu quarto, fecho a porta e seguro a chave, costumo trancar sempre, mas por algum motivo, resolvo deixá-la aberta hoje.

A tensão enche meu corpo no momento em que me deito, fico acho que uma meia hora parado, olhando pro teto.

- Vamos Blight... Apenas durma. - digo a mim mesmo, fechando meus olhos. Mas não durmo, fico virando de um lado para o outro por horas, minha boca seca e então levanto-me para beber água, e vejo que o relógio marca 2:37 da madrugada.

- Ah, que se dane... - bebo a água e vou pra varanda, olho a cidade por algum tempo e então sento-me no parapeito. Pelo que sei, eles são protegidos por um campo de força que impede sua queda. Fico um bom tempo la, o ar frio da noite está tão gostoso que fico la olhando pra vasta coleçao de luzes que a Capital emana em seus magníficos corredores, ruelas e avenidas.

Escuto uma leve batida na porta e a fito por um instante, até que ela se abre um pouquinho e vejo os cabelos espetados de Johanna me procurarem pela cama, e em seguida pelo quarto, até que seus olhos se conectam com os meus, ela cora de leve sobre a escuridão.

- Ah.. Só quis conferir se estavam dormindo.

- Tudo bem, eu não vou conseguir dormir, Tô tenso demais pra isso.

- É bem normal isso. Mackena dormiu, acho que tomou alguns calmantes que conseguiu com a Tigris. Elas são bem amiguinhas. Se quizer posso te fazer companhia... - Ofereceu-me Johanna, eu pretendia recusar, mas achei melhor não, por que tive uma ótima idéia.

- Tudo bem, mas posso te fazer umas perguntas em troca?

- Tudo bem... - Ela entra e se joga na minha cama, não havia notado, mas ela está apenas com uma camisola que cobre metade das coxas, muito atraente, ela repara que eu olhei e então chama minha atenção - Vai ficar me olhando ou vai vir conversar?

Eu dou uma risada um pouco alta e vou, ando até a cama e me deito perto dela, colocando um travesseiro atrás da cabeça e virando-me de lado para melhor vê-la.

- Como eram seus Jogos? - perguntei, e vi que seu leve sorriso morreu e ela se virou para encarar o teto... Levou alguns segundos até ela começar a dizer:

- Era uma floresta escura, com névoa e fazia muito frio. Eu pretendia ganhar por meu irmãozinho, que estava doente. Se eu vencesse, teria dinheiro para pagar um médico da Capital e curá-lo. Mru parceiro morreu logo no primeiro dia, e isso me deixou acabada. Eu tinha apenas uma pequena mochila com duas garrafas de água, frutas secas, e uma lata de carne, uma corda e luvas.

"Eu sempre fui boa em escalar e por isso, mantinha-me nas copas das árvores, mas existiam corujas que adoravam carne humana, elas me perseguiram e fizeram um corte fundo em minhas costas, perdi o equilíbrio e caí em cima de uma menina do 9 que tinha um machado, com a queda, o machado afundou em seu peito e ela morreu, as corujas a levaram. Nimguém soube que a causadora de sua morte fui eu. Mantive-me escondida, porém armada. No final de uma semana e meia, sobraram apenas 4 carreristas e eu, eles ja estavam me caçando, quando lasquei a cabeça da garota do um de cima da árvore, depois disso matei os outros e me tornei vitoriosa, e salvei meu irmão. - Ela me diz, com os olhos marejados. 

- Pelo menos salvou seu irmão. Cumpriu seu propósito.

Ela sorri pra mim e ficamos nos encarando por vários minutos, as mãos de Johanna fazem desenhos em meus braços e meus dedos brincam com seu cabelo.

- E você nunca teve outro próposito, nunca se apaixonou, quer casar? Nada? - pergunto-lhe, ea sorri pra mim e se aproxima mais, nossos rostos estão a menos de 3 centímetros, sua respiração quente exala em meu rosto e seu halito doce invade minhas narinas quando ela sussurra:

- Me apaixonei sim. Por você.

Ela diz, e então nos beijamos, o beijo é envolvente e voraz, a língua de Johanna percorre meus lábios e ela me abraça, entrelaçando suas pernas na minha. Minha boca desce, até seu pescoço e a deixo de costas pra cama, beijando-a de cima. Johanna ofega por um leve instante e então me abraça com força, da um passeio com a língua em meu pescoço e mordisca minha orelha, e depois diz:

- Seja meu, Blight. 

Eu ofego por un instante e beijo a linha de sua clavícula e sussurro em seu pescoço:

- Eu sempre fui.

E então, começamos a fazer amor.