- CHARLES! – Renée gritou quase histérica e se levantou da cadeira – Isso é
absurdo. Depois de anos e anos com investimentos você faz uma pergunta dessa!

- Senta Renée estamos com convidados. – ele disse firme.

Bella não levantava a cabeça e sentia suas mãos tremerem um pouco.

- Diga a verdade. Eu estou aqui com você. – sussurrei em seus ouvidos.

- ISABELLA FALE PARA O SEU PAI A VERDADE! – Ela gritou. O desespero tomou
conta dela.

- Renée larga de ser histérica, está assustando os convidados.

Ele estava se referindo a Mike que olhava a cena sem saber para onde correr.
Alice estava do seu lado sentada olhando tudo elegantemente.

- “Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que
temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.” Eu
gosto muito dessa citação de Fernando Pessoa Bella. Então me diga, qual é o seu
sonho?

E as lágrimas escorriam pelo rosto dela. Era a tortura. Renée tinha um sonho
e ela outro, no meio daquilo tudo tinha seu pai. Que ela não queria
decepcionar.

- Por que está chorando Bella? Isso deveria ser algo simples de se falar.

- Eu... não... pai..

- São os livros Bells? – ele disse com muito carinho.

- NÃO! NÃO SÃO!

Ele se levantou da cadeira.

- Sinto muito pelo final da noite. – disse olhando para todos – Mas acho que
Bella não está em condições de continuar na sala. Seu humor não pode ser
afetado desse jeito não é Renée?

- Bella minha filha venha aqui, vou te levar para o quarto.

Bella se agarrou em mim. Charles observou mais um pouco aquilo, calado.

- Renée, os pais de Mike pediram para levarmos ele, o carro quebrou essa
semana e ninguém poderá vir porque eles foram jantar nos Smiths. Leve-o para
mim, eu me despeço de Alice e Edward,

- Charles leve você por favor... – ela falou numa voz manhosa.

- Estou cansado. Leve e eu vou me despedir de todos. Mike foi um prazer
recebê-lo aqui, mande lembranças para os seus pais. Diga que espero seu pai no
gabinete para falarmos de sua loja, quero um novo investimento e acho que a
loja é lucrativa o suficiente. Vá com Renée.

Ele se levantou um pouco tonto com a cena. Renée pegou a chave e foi embora
contrariada. Ficamos ali, eu, Alice e uma Bella chorosa.

- O que aconteceu aqui hoje Bells? – ele disse se aproximando dela e a
abraçou. – Eu preciso te entender filha. Eu quero te ajudar. Não gosto de vê-la
triste.

- Pai... – ela chorava mais. – Eu não quero...

- Não quer o quê filha? Me diga... por que eu preciso entender.

- Dançar....- ela chorava como se pudesse extinguir dentro dela tudo o que
ela não queria. Tudo que ela guardou. Alice levantou e ficou do meu lado. E ela
o abraçou mais apertado.

- Por que não me disse isso antes? Por que chegamos a esse ponto?

- Não sei... seu coração pai...

- Ver minha filha chorando porque não quer mais fazer algo me dói mais Bella
do que ela simplesmente abandonar um sonho de outra pessoa. Foi ela não foi?

- Sim... pai.. não briga com ela...

- Não vou, agora se acalma meu amor. Está sentindo algo Bella?

- Estou nervosa... olha...

- Alice pode dormir aqui em casa hoje? Eu apreciaria esse seu gesto.

- Claro!

- Leve eles para conhecerem sua biblioteca meu amor. Eles vão gostar. Sua
mãe está chegando e independente do que ouvir, nós te amamos.

Ele soltou Bella e eu peguei a mão dela. Bella estava com os olhos vermelhos
e o rosto também. Ele nos levou para dentro da casa numa parte mais afastada.
Uma porta escura com a fechadura dourada. Ela abriu e vimos uma verdadeira
biblioteca de contos de fada.

- Bella isso é lindo. – disse Alice admirando a grande sala com muitos
livros. Tinha uma organização impecável. Uma escrivaninha que parecia muito
antiga e até um pequeno banco de madeira para subir e pegar nas prateleiras
mais altas. Uma linda poltrona com forro floral, lindo. Não era difícil
imaginar ela ali deitada lendo ou dormindo com um livro na mão.

Nessa hora um pensamento varreu minha mente. Nossa casa teria que ter uma
biblioteca maior e melhor que essa para superar e assim ela se sentiria sempre
em casa.

- Quem decorou?

- Um decorador de Nova York, especializado em bibliotecas clássicas. Ele
veio aqui por dias e só depois de tudo pronto papai deixou eu entrar. Os livros
chegaram em caixas especiais, alguns são primeiras edições e outros de
colecionadores como os da Jane Austen.

Ela falava com muito orgulho e assim que ela foi até a poltrona ouvimos os
gritos de Renée e Charles. Ela o acusava e ele era enfático em dizer que Bella
não pisaria mais naquela escola, Renée falou sobre a vergonha dela sair,
Charles disse que nem ligava. Nessa hora Alice viu o pequeno som que estava na
escrivaninha. A musica começou a tocar.

Alanis – Hand in my pocket

Mão no meu bolso

Estou quebrada mas eu estou feliz

Eu sou pobre mas eu sou gentil

Eu sou baixinha mas eu sou saudável,
yeah

Eu estou exaltada mas eu estou firme
ao chão

Eu tenho juizo mas eu estou abatida

Eu estou perdida mas eu estou
esperançosa baby

E o que isso tudo quer dizer

É que tudo vai ficar bem, bem, bem

Porque eu tenho tenho uma mão no meu
bolso

E a outra está acenando

Eu me sinto bêbada, mas eu estou
sóbria

Eu sou jovem e eu sou mal paga

Eu estou cansada mas estou
trabalhando, yeah

Eu me importo mas sou despreocupada

Eu estou aqui, mas na realidade eu já
fui

Eu sou errada e sinto muito, baby

E o que isso tudo quer dizer

É que tudo vai ficar completamente
bem

Por que eu tenho uma mão no meu bolso

E a outra está acendendo um cigarro

E o que isso tudo quer dizer

É que eu nao tenho tudo isso
desvendado até agora!

Porque eu tenho uma mão no bolso

E a outra está dando o sinal de paz

Eu sou livre mas estou concentrada

Eu sou inexperiente mas eu sou sábia

Eu sou dura mas amigável, baby

Eu estou triste mas eu estou rindo

Eu sou valente mas eu sou uma
"medrosa"

Eu estou doente mas sou bonita baby

E o que isso tudo quer dizer

É que ninguém tem tudo isso
desvendado até agora!

Porque eu tenho uma mão no bolso

E a outra está tocando piano

E que tudo se resume aos meus amigos

É que tudo vai ficar bem, bem, bem

Porqueu eu tenho uma mão no bolso

E a outra está chamando um taxi