Dias Escuros escrita por Fertt


Capítulo 3
Caos




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O centro estava à beira do caos. As lojas foram todas invadidas. Alguns comerciantes corajosos estavam nas ruas examinando os estragos, mas a maioria das pessoas parecia estar escondida em algum outro lugar. Vidros quebrados e facas largadas por todo canto. Felizmente não vi sinal de sangue. Havia uma movimentação suspeita vindo da usina nuclear principal no final do centro.

  Eu queria respostas. O que fez essa gente perdida do Distrito Doze invadir o Treze? Nunca houve disputas ou qualquer tipo de manifestação agressiva por nossa parte para com eles. Então o que eles estavam fazendo aqui? E por que a única resposta que eu consegui até agora foi ‘’comida’’?

  Corri para a usina. Não estava nem ligando para o perigo que eu estava correndo. Pelo que sei, eu tenho uma arma, e eles apenas facas. Havia um multidão enfurecida a frente do portão principal. Enquanto eu empurrava as pessoas para poder passar ouvi muitas vezes os termos ‘’prefeito’’, ‘’absurdo’’, ‘’Capital’’, ‘’roubo’’, ‘’fome’’. 

A usina estava superlotada. As pessoas estavam divididas em dois grupos: de um lado, os que deviam ser as pessoas do Doze, com suas facas e comida roubada; e do outro a mais uma parte da multidão enfurecida. No meio do grande salão principal estavam o prefeito do nosso distrito e um homem alyo de cabelos grisalhos que eu nunca havia visto. Fui chegando mais perto. Eles pareciam estar tentando chegar a algum acordo do jeito mais politicamente correto. O homem grisalho falava pelo Doze. Ele parecia imponente, ao contrario de todos aqueles que a alguns minutos estavam saqueando nossas casas e lojas, esses pareciam arrependidos e envergonhados.

  Pelo que pude ouvir, o Distrito Doze estava passando por uma situação muito crítica de pobreza, miséria e fome. E situações críticas pedem por medidas críticas. Este era o melhor argumento do homem grisalho. Nosso prefeito, Zohrar Thommas, sempre foi um homem tolerável e disposto a ajudar, mas o povo não partilha de suas qualidades; enquanto ele está tentando achar uma forma de todos irem para casa felizes, a multidão enfurecida clama pela intervenção da Capital.

  Nosso distrito é pequeno, mas é poderoso. Somos o que gostamos de chamar de auto-suficientes. Fome e miséria há em todos os cantos, mas não é tão freqüente aqui. É uma realidade distante do nosso povo. Não esperava que ninguém daqui entendesse o ato de desespero das pessoas do Doze.

  A discussão se prolongava e prolongava cada vez mais. Sem solução. Até que um estouro interrompe todas as vozes. 

E vem a confusão. Me vejo sendo pisoteada. Estão todos correndo para os fundos da usina. Não entendo nada. O que esta acontecendo? Não devíamos estar indo para fora? Quando finalmente consigo me levantar eu vejo a destruição em massa. Bombas sendo jogadas em solo na frente da usina. Pessoas sendo queimadas. Pessoas em fogo. Pessoas morrendo. Distrito Doze, Distrito Treze, não importa, estamos todos sendo mortos.

  Corro atrás multidão. Alguém me dá uma facada nas costas e percebo que estou sem a minha arma. Me sinto vulnerável sem ela, fraca. Sem pensar duas vezes dou um soco na cara de um homem que esta carregando uma pistola, e pego-a para mim. Me sinto melhor agora.

  Consigo sair pela parte de trás da usina que dá para a floresta. Há muitas pessoas correndo para lá, mas também há muitas voltando de lá. Descarto a possibilidade de ir para floresta. Me lembro de John e Meganne. O que será que aconteceu com eles?

Disparo o mais rápido possível para casa. Não olhe para trás, não olhe para trás, não olhe para trás, é tudo que consigo pensar.

- John?! Meganne?! John?! Você estão ai?! Meganne?! – Ninguém me responde. Corro para casa de Meganne. Idem. Não há ninguém aqui.

 Me sinto mergulhando em um buraco negro e sem fundo. Afundando no chão. O que fazer agora? Por que estão matando todo mundo? Quem está matando todo mundo? Estão John e Meganne mortos? Estou perdida em perguntas quando alguma coisa me empurra violentamente para a parede. Alguma coisa se quebra e tudo fica escuro. 


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