My Happy Pill escrita por Gabby


Capítulo 24
Calor do Momento I -Ichigo & Rukia


Notas iniciais do capítulo

Eu gostaria de agradecer á
Alessandra Silva
Rachel Nelliel
Matsumoto Narumy

Esse capítulo não tem UlquiHime, mas suponho que você vai gostar, já que ele é praticamente IchiRuki. Esse capítulo foi dividido em dois, porque ficaria ENORME se ficasse dividido apenas em 1. O título do próximo capítulo irá ser: Calor do Momento II -Gin & Rangiku, onde o encontro tão bem falado desses dois irá ser mostrado e a relação de Zangetsu com os seus amigos irá surgir.



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Eu nunca quis ser tão ruim para você
Uma coisa eu disse que nunca faria
Um olhar seu e cairei em desgraça
E isso sumiria com o sorriso do meu rosto”

O Sol estava bonito, contrariando totalmente as previsões. No final de semana inteiro chovera e agora, segunda-feira, o sol mostrava-se espetacular. O céu estava azul celeste, como em uma pintura. Não havia nuvens, o céu estava totalmente limpo, mas o sol não estava quente demais, como no verão. Era um clima perfeito de primavera.

Ichigo estava vestindo uma camiseta azul escura de mangas curtas e uma calça jeans. Ele tinha se arrumado assim que chegara da escola para ir á casa de Rukia, mas não se preocupara em vestir algo muito chique, afinal ele ia á casa da melhor amiga e podia se sentir confortável com ela.

—Zangetsu, Rukia vem me buscar de limusine. Legal, não?

O outro garoto encontrava-se no outro canto do quarto, observando a janela. Ele parecia entretido com o clima, como quase sempre estivera. O final de semana todo, em que chovera, ele tinha andado um pouco triste e cabisbaixo. Hoje, assim que olhara a janela, ele mudou de expressão tão rapidamente quanto o clima.

—Sim. –ele respondeu, sem realmente prestar atenção. –Limusines são legais.

Ichigo mostrou o entusiasmo na conversa que faltava em Zangetsu.

—Você já andou em uma?

—Já. –ele respondeu, calmamente. Virou-se para Ichigo com uma expressão serena no rosto. –Às vezes, minha mãe alugava para ir á algumas festas. – Tensa Zangetsu sentou-se na cama, como Ichigo estava sentado. –Às vezes, um amigo meu me levava para alguns lugares com a limusine da família.

—Sente fala dos seus amigos?

Zangetsu jogou a cabeça para trás.

—Um pouco.

—Você fala com eles por algum aparelho?

—Pelo celular, mas não conta porque é por mensagem. Eu não olho para o rosto deles e nem ouço as suas vozes, o que não dá para matar saudade alguma. Preciso me contentar com aquelas carinhas para saber sua expressão.

—Por que você não liga para eles ou, sei lá, os chama no skype?

Zangetsu deitou e ficou a observar o teto branco do quarto de Ichigo. Os tons de branco uma vez ou outra se escureciam, porque o teto estava sujo. Em uma das extremidades do quarto, havia uma pequena teia de aranha. A aranha não estava lá no momento, apenas um pequeno inseto miserável pego em sua teia, que tinha sido atraído para lá porque a lâmpada ficava próxima.

—Eu sei lá.

Uma buzina foi ouvida e Karin berrou para que descesse, já que Rukia já havia chegado com a limusine.

—Zangetsu, ligue para eles. –Ichigo insistiu no assunto, mesmo com Karin já irritada berrando lá embaixo.

—Ichigo, vá embora. –resmungou Zangetsu. –Gosta de fazer os outros esperarem? Karin já está ficando impaciente e sua amiga Rukia não merece esperar.

—Ora, então ligue para algum amigo essa tarde e eu saio agora!

—Tá bom, ta bom! –concordou Zangetsu impaciente. –Eu ligo. Agora vá embora, seu idiota.

O Ichigo apenas riu do nervosismo do primo, pegou a sua bolsa escolar e desceu as escadas correndo, por pouco não tropeçando e ralando o joelho. Deu um beijo no rosto de Yuzu e mandou um aceno para Karin. Depois, saiu correndo até a rua, onde a limusine branca dos Kuchiki’s o esperava.

.ﻚ

Zangetsu olhou o celular por alguns segundos. Realmente não sabia o por quê de não ter ligado antes para seus amigos, talvez por vergonha; vergonha de ser o único á sentir falta da voz deles.

Zangetsu não era a pessoa com mais amigos do mundo, mas tinha alguns, os mais preciosos que alguém poderia ter. Ele nutria amizade sincera por estes dois e sentia saudade de verdade destes.

Olhou novamente o celular, colocado na agenda. Olhou para o último contato na lista, o nome de seu melhor amigo, e clicou.

.ﻚ

Rukia se sentia um pouco incomodada esperando. Ichigo não era de fazer os outros esperarem, então ficou preocupada com ele. Mas logo Ichigo chegou, com a bolsa balançando desajeitadamente para lá e para cá. Ele acenou e entrou dentro do carro, ao lado de Rukia. Ela fez sinal para o motorista prosseguir. Ele assentiu e fechou o vidro que separava os passageiros do chofer.

—Para os dois ficarem a sós. –explicara ele.

—Rukia, –o menino disse –pensei que tivessem uma limusine preta.

—É, é. –ela falou –A gente tem duas, na verdade. É que o Nii-sama está saindo com os amigos com a preta e deixou esta para mim. A gente realmente não a usa muito, já que geralmente o Nii-sama dirige os próprios carros.

Essa limusine era mais velha, de um branco quase descascado. Ela possuía o emblema dos Kuchiki’s, como a outra, na lateral do carro. Era menor que a outra e não possuía os outros apetrechos que a negra possuía, como televisão e frigobar.

—Byakuya ta fazendo aquelas festas de limusine de playboy?

—Eu sei lá, Ichigo! –ela respondeu, irritada por Ichigo ter chamado seu irmão de playboy. –As festas que o Nii-sama faz não são problema meu!

Ichigo riu um pouquinho.

—Tá irritada porque ele não te falou, né, um metro e meio?

Rukia virou a cara e ligou o rádio, a única coisa que proporcionava divertimento nessa limusine. Não entendia como esse idiota conseguia ser tão irritante! Começou a tocar AC/DC, uma banda americana de rock clássico.

Os dois se entreolharam, rindo. Esse olhar era de cumplicidade. Começaram a tocar guitarra invisível e pular na limusine. Às vezes cantavam algumas palavras. Quando o vocalista da banda cantava o refrão, os dois berravam também, em uma espécie de coro. Se eles faziam isso sempre? Quando estavam um com o outro, sim. E não era apenas esta música, mas uma lista inteira que eles sabiam de cor, que ia desde o velho rock ao K-pop.

Quando a música estava no fim, a voz de eco do rádio falou:

—Good Times: a melhor rádio com o melhor rock clássico!

E começou outra música: Heat of the Moment –Asia.

Ichigo dublou quase a música toda, mexendo a boca em movimentos escancarados e emocionantes. Rukia seguia o ritmo fazendo alguns barulhos, batendo os dedos no vidro e na coxa.

Você lembra quando nós dançávamos
E a incidência vinha das circunstâncias
Uma coisa levava a outra quando erámos jovens
E gritávamos juntos canções ?não cantadas?

Quando finalmente o refrão chegou, os dois cantaram juntos, um se apoiando no outro. A pele da maçã do rosto se tocava, mas nem um dos dois ligava. Ambos seguravam uma espécie de microfone invisível e berravam como loucos. Eles balançavam-se em meio á lombadas, o que os fazia berrar ainda mais.

Quando a música parou de tocar, mais uma (I Want to Break Free, Queen) a seguiu e eles também dançaram loucamente esta, com gestos exagerados. No começo de uma outra música, que seguia a de Queen, eles chegaram. A música estava tão no começo que eles nem puderam aproveita-la. Desceram na frente do casarão, deixando o carro para que o motorista estacionasse.

—Eu estou louco para fazer 16 e tirar minha carteira. –disse Ichigo, observando o carro. –Para dirigir, eu digo.

—Sim, claro. –respondeu Rukia. –Você daria um bom chofer.

Ela riu e o Kurosaki mostrou a língua, aborrecido.

—Vamos entrar. –chamou Rukia, indo em direção á grande porta, fazendo um gesto de “venha” para Ichigo.

—Ok! –ele apressou—se para alcançá—la.

.ﻚ

Já estavam andando alguns minutos quando chegaram à pequena biblioteca e sala de estudos. A sala era quadrada, e cada parede continha uma estante com livros. No meio, uma grande escrivaninha com 3 cadeiras se dispunha, contendo um computador e alguns livros e papéis. A bolsa da Kuchiki se encontrava jogada em um canto. A parede era aveludada, como se tivessem colado um tapete marrom nela. E, de fato, um carpete preto cobria todo o chão. Em um canto havia uma poltrona vermelha escura e um puff rosa claro. Ele era a única coisa na sala que não possuía um tom escuro, geralmente marrom.

—Pode deixar sua bolsa aí. –disse Rukia, mostrando a escrivaninha com os olhos. Ichigo o fez. Ela tirou os sapatos e colocou ao lado do puff, ficando apenas com as meias ¾. Ichigo também tirou os tênis e as meias com os pés, ficando descalço. A sensação do tapete á seus pés era confortável. Rukia caminhou até a escrivaninha, onde ele estava e disse: —Separei alguns livros que talvez nos ajudem.

—Acho que a gente não vai precisar de outros livros á não ser o da escola.

Rukia deu de ombros.

—Mas se precisarmos...

Ichigo andou á passos lentos pela biblioteca, parecendo um felino. Ele olhou os livros das estantes, tentando achar algum título que reconheça.

—Nem tente. Esses são os livros da faculdade do Nii-sama. Me dão dor de cabeça e tédio só de olhar.

Ichigo parou de olhar para os livros da faculdade de Byakuya e partiu para a outra estante, onde livros de ficção e mangás se distribuíam. Pegou um, deu uma folheada e guardou lá de novo. Desses ele já ouvira falar.

—Esses são meus. –comentou a Kuchiki, alegremente. –Nii-sama adora que eu leia, por isso compra todos os que eu desejo.

—Byakuya compra tudo o que você deseja! –resmungou Ichigo.

—Compra nada! —replicou Rukia, irritada. —Uma vez eu quis um filhote de tigre e ele nem me deu!

—Ele não te deu um filhote de tigre? Mas que horror! –ironizou Ichigo.

—Ah, vai se catar, Ichigo, seu miserável. Venha aqui e me ajude a estudar.

Ichigo riu um pouquinho antes, mas sentou sem falar outras coisas relevantes. Ele gostava de Rukia de verdade e, apesar das brincadeiras, não queria que Rukia se desse mal em história. Até porque Byakuya era muito rígido sobre as notas de Rukia, e só a presenteava quando era bem-comportada e recebia boas notas, caso contrário recebia castigos. Ela não podia ir á muitas festas que gostaria de ir e também raramente ia á casa dos amigos. Byakuya a mantia em rédea curta, para não causar problemas e não fazê-lo passar vergonha.

—Tá, Rukia, você já fez o resumo dos capítulos pelo menos?

—Já estou na metade. –ela respondeu, um pouco orgulhosa de si mesma. Pegou o caderno de sua bolsa e mostrou para Ichigo.

—Tipo, eu vi em algum lugar que a melhor maneira de você lembrar de uma coisa é a escrevendo. A gente vai fazer o resto do resumo, então.

—Ichigo, acha que se eu conseguir melhorar daqui para cá não vou ficar de recuperação nesse semestre? –Rukia perguntou, um tanto nervosa. A única vez que ela tinha ficado em recuperação era em matemática, na quarta-série, no final do ano. Byakuya ficou uma fera, tranferiu-a de colégio para um público –o mesmo colégio que até hoje ela estuda-, já que antes estudava em um colégio particular, um dos mais caros e requintados do país. Até hoje lembrava dele dizendo, furioso: “Já que não quer estudar, eu vou parar de jogar meu dinheiro fora com sua educação. Colocarei você em um colégio público, onde vai ter que batalhar para ter um futuro de verdade.” Ela tinha ficado tão assustada que havia chorado na frente do irmão, mas ele não se abalou. Apenas virou para o lado e murmurrou algo sobre ela estar colhendo suas próprias sementes. Hoje, nem sabia o que o irmão poderia fazer.

—Claro, se você se esforçar. –respondeu Ichigo, desleixadamente. Não sabia a importância que isso tinha para a Kuchiki.

—Acha que eu tiro mais de 8?

—Não posso confirmar nada, já que esse bimestre já está quase no fim. Mas, tipo, acho que tira mais que 7, já que você não é uma aluna bagunceira na sala de aula.

—É, é. –Rukia assentiu, um pouco triste. Byakuya não achava que 7 era uma nota satisfatória, então precisava se esforçar. Ainda bem que o irmão não tinha visto suas últimas notas, por causa dos preparativos sobre a viagem. Ele partia terça de noite e só voltava três semanas depois. O mais chato era que não podia nem mesmo aproveitar seus últimos dias com o querido irmão, já que esse já aproveitava com os amigos.

Vendo que a sua amiga estava triste, Ichigo colocou a mão em seus ombros, sorrindo, e disse:

—Então você vai ter que se esforçar!

“Era o calor do momento
Dizendo-me o que o seu coração queria dizer
O calor do momento brilhava em seus olhos”

.

Grimmjow absolutamente amava o jeito que a amada Neliel sorria. Não era qualquer sorriso –era um sorriso puro e ensolarado, belo e reconfortante. Naquela tarde, eles haviam combinado de ir á um circo. Nell não queria ir em uma balada ou algo assim, mas sim em uma bela apresentação circense, onde riria com o palhaço e se impressionaria com o malabarista.

Eles estavam na plateia, observando o cuspidor de fogo fazendo o que ele fazia de melhor: cuspir fogo. Neliel batia palmas e se impressionava com o tamanho talento do homem, mas Grimmjow só conseguia lembrar da infância.

E você se vê em 82
As discotecas não te enfeitiçam
Você não se interessa com coisas maiores
Você alcança a pérola e voa nas asa do dragão”

Ele nem sempre fora órfão, como Neliel e Ulquiorra, antes ele tinha uma família. Não era uma família muito boa, mas era uma família. O pai era um irresponsável que havia sumido quando o garoto ainda tinha seus 10 anos e a mãe, após a fuga do pai, havia se envolvido com drogas e ficara dependente. Mas antes disso, antes da fuga e das malditas drogas, Grimmjow havia vivido feliz.

Os pais sempre o levavam para passear e, com os seus 7 anos, o haviam levado para um circo. Não era apenas um circo, era o seu primeiro circo e o que ele mais gostara. Ele tinha ficado muito impressionado com tudo aquilo e com todas aquelas pessoas, cuspindo fogo e se contorcendo, mas o que ele mais gostara era o trapezista. Imaginava-se lá no alto, saltando como um macaco, o vento bagunçando o cabelo. Ele já imaginava a adrenalina que ia sentir quando segurasse a mão do colega com toda a força e o companheirismo que deveria ter com ele, para confiar-lhe tanto. Aquilo era perfeito para ele; quando criança, enquanto todos os outros meninos queriam ser aviadores, Grimmjow Jaegerjack sonhava em ser trapezista. Mas ele nunca fora e nunca ia ser, porque não conseguia seguir seu sonho sem os pais.

.

Quando já eram quase cinco horas da tarde, Ichigo e Rukia decidiram fazer uma pausa. Eles estavam exaustos e de cabeça quente e, para esfriar a cabeça, decidiram tomar um sorvete. Rukia morava em um bairro rico e tranqüilo, que tinha sua própria praça. Lá, Rukia dissera que havia um tiosinho que sempre vendia picolés em seu carrinho.

Eles avisaram o mordomo da família Kuchiki, que era responsável pela Rukia enquanto Byakuya ficava ausente, e ele deixou, sorrindo confortavelmente. Eles caminharam pela rua alguns minutos. Ela era rodeada por casas do tamanho da de Rukia, com carros caros italianos em suas garagens e piscinas de água cristalina á suas costas.

–Todas essas pessoas são tão ricas que eu me sinto mais pobre ainda! –comentou Ichigo e Rukia riu alto.

Ela usava um vestido branco, que esvoaçava com o vento de primavera, e um chapéu da mesma cor, que ela havia colocado para proteger a pele alva do sol. Estava simples, porém linda e sofisticada.

Finalmente chegaram à praça. As árvores e o gramado eram verdes e estavam tão bonitos que nem parecia que haviam passado por um inverno. Os bancos de mármore, as estátuas e o chão eram todos brancos, sem nenhuma sujeira ou imperfeição. Havia uma criança, segurando um balão vermelho, junto com sua mãe, que parecia sair dos filmes de Marilyn Monroe. Duas amigas, uma com um óculos vermelho em forma de coração, passeavam com o cachorro, uma York Shire. Em um canto, sentado em um dos bancos, um casal de adolescentes beijava-se apaixonadamente. Era uma praça perfeita, com cidadãos harmoniosos e lindos passeando dentro dela. Se o Céu fosse uma praça, seria essa.

—Impressionado? –perguntou a Kuchiki, vendo a expressão do seu amigo. Ele apenas gaguejou. –Ichigo, esse bairro é todo montado pela Beautiful Garden para ser o bairro perfeito e a Beautiful Garden não faz trabalho mal-feito!

Eles continuaram a andar, até verem o tiosinho do sorvete. Era um cara de cabelos brancos e rugas de expressão perto dos olhos e nas bochechas. Tinha uma barriga proveniente e usava um chapéu de pesca, mas parecia bem simpático. Foram até ele:

—Então, o que desejam, casal bonito? –ele saudou, animadamente.

“Não somos um casal”, mas Rukia já interrompera perguntando do que tinha. O vendedor abriu o carrinho animadamente, mostrando as diferentes marcas de sorvete.

–Eu sou querer um Magnum branco! –exclamou a Kuchiki.

O vendedor o pegou.

Aqui está, senhorita!–ele deu para ela. –São cinco reais.

O preço fez Ichigo lembrar de um coisa.

—Puts,Rukia! Deixei a carteira em casa! –ele exclamou, envergonhado de si mesmo. O tiosinho do picolé riu e falou algo como: “Ah, juventude!”.

—Quem se importa? Eu que vou pagar mesmo. –resmungou a Kuchiki, em tom agudo.

—Mas...

—Mas nada, Ichigo! Escolhe essa porcaria logo!

Vendo que não podia vencer á discussão, Ichigo aceitou o dinheiro da Kuchiki. Ele resolveu escolher o picolé mais barato, que era 1 real, para não fazê-la gastar dinheiro, embora Ichigo tenha visto a nota de vinte que ela segurava em mãos.

Decidiram sentar na beirada de uma fonte, porque esta era muito linda. Consistia em uma mulher de traços delicados e cabelo longo, trajando uma túnica grega, que segurava uma jarra por onde escorria a água límpida e transparente, que enchia a pequena piscina ao seu redor.

Eles abriram o picolé lá e o tomaram em silêncio, até a Kuchiki resolver tomar uma iniciativa.

—Ichigo, chocolate belga é muito bom! –exclamou ela, falando do delicioso picolé que era coberto por uma camada de chocolate. –Prove. –ela estendeu o picolé para Ichigo.

— N-não! –Ichigo exclamou, um tanto corado, fazendo com que a Kuchiki recolhe o picolé. –Eu já gastei seu dinheiro, ainda preciso comer seu picolé?

—Oras, esse picolé –apontou para o picolé vermelho de Ichigo —, só custou 1 real, Ichigo. Larga de ser bobo!

—Ai, tá bom! –Mais uma vez, ele via que não podia vencer a discussão. –Só uma mordida.

—Claro! Acha que eu te daria mais que isso?

Em vez de rirem, eles ficaram em silêncio; em um momento de tensão. Finalmente, Rukia estendeu o picolé e Ichigo o mordeu, saboreando o cremoso chocolate que o cobria, seguido pela sensação gelada.

Ela recolheu o picolé, assim que o Kurosaki terminou de morder. Observou os olhos castanhos de Ichigo, da cor de nozes, ou da cor de chocolate ao leite. Estava tão perto que podia ver o seu reflexo neles –ela havia se movido alguma hora, só não sabia quando —, os lábios levemente entreabertos, alguns fios escapando pelo chapéu... Ichigo também se aproximava, ela sentia a respiração dele em seu nariz. Tinha cheiro de morango com chocolate branco e estava gelada. Ai, meu deus! Eles iam se beijar? Sim, de fato iam se beijar. Rukia tomava conta disso e alegrava-se por dentro por causa disso, quando algo os interrompeu.

O chapéu.

O chapéu tinha esbarrado no olho de Ichigo, fazendo com que o ruivo se assustasse e se impulsionasse para o lado oposto do dela, deixando o seu picolé vermelho cereja cair na água azul da piscina. O ruivo também caíra, levantando uma boa parte de água que respingou em Rukia.

Bom, se ela soubesse, não teria usado o chapéu naquele dia. Na verdade, iria queimar o chapéu assim que chegasse em casa.

“Porque foi o calor do momento
O calor do momento
O calor do momento brilhava nos seus olhos”

Ichigo fazia um escândalo, porque não conseguia se levantar. Ele tinha caído de pernas para cima, fazendo com que sua cabeça ficasse debaixo d’água. Estava conseguindo se afogar em uma piscina em que a água não chegava nem ao joelho. Rukia se sentia incapacitada de ajudar, já que estava em estado de choque; ela nunca havia passado por uma situação tão ridícula. Então a menina se levantou e ficou lá, observando o Ichigo se afogar em 30 centímetro de água, enquanto seu picolé derretia inteiro.


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Notas finais do capítulo

Desculpe-me quaisquer erros. Música do capítulo: Heat of the Moment -Asia, que significa calor do momento. O próximo capítulo terá como música tema a continuação desta mesma música. Engraçado como eu me matava para fazer algo grande antigamente e agora faço isso naturalmente. Mas que coisa boa.
Gente, eu acho que estou em minha fase "clássicos" agora. As últimas músicas aqui colocadas são antigas e minhas leituras agora são de autores clássicos da literatura. Acabei de ler A Hora Da Estrela, da Clarice Lispector (aquele final foi ao menos injusto com a Macabéa), estou lendo O Retrato de Dorian Gray, do Oscar Wilde (mas eu acho que é censurado :((( ) e pretendo ler Dom Casmurro, do Machado de Assis. Vamos ser interativos: O que vocês acham dos clássicos? Já leram os que eu estou lendo? Quais são os seus preferidos?
Eu consegui usar o travessão, então fiquem felizes, leitores, porque eu também estou!
Bye Bye!!