Ano X782

Fiore, Magnolia.

Fairy Tail.

Mirajane voltava de uma missão, cabisbaixa. Mais não era uma missão qualquer, onde você não consegue o dinheiro que deveria, ou algo assim. Na verdade, a usuária de Take Over estava com um saco cheio de dinheiro na mão, mas não parecia dar importância.

Ao seu lado, caminhava um homem que aparentava ser forte, musculoso, também estava cabisbaixo. – Apesar de estar um pouco confuso.

A mulher parou no meio da rua, e ergueu os olhos vermelhos. Ainda chorava.

Fairy Tail

Ficou ali, parada por alguns segundos, fitando a marca da guilda que se destacava no prédio gigante. Podia-se ouvir os gritos enlouquecidos de todos, a guilda estava agitada como sempre. Elfman ergueu seus olhos chorosos também, fitando Mirajane, confuso.

Se dependesse de Mirajane, ela poderia ficar ali por horas, tempos... Ela sabia que, quando entrassem por aquela porta, todos a receberiam com sorrisos alegres, e simpatia... E perguntando:

“Como foi a missão”

A jovem albina adorava o sorriso de todos, queria que todos sorrissem. Ela sempre foi uma pessoa malcriada que só sabia brigar com Erza e arrumar encrenca. Mas, naquele momento, naquela hora, naquela noite... Receber sorrisos depois do quê aconteceu é algo que ela considerava uma ofensa.

Mas uma hora, ela teria que ser forte e encarar a todos da guilda.

Sentia-se estúpida por deixá-la fazer aquilo, se sentia um lixo. Mas seria, agora ou nunca. Eles teriam que saber, de qualquer jeito.

Fixou as orbes azuladas, cheia de lágrimas, nas de Elfman. E então ele assentiu. Quase na mesma hora, abrindo as portas da guilda, entrando. Os cabelos brancos tampavam seus olhos. A atenção de toda guilda se moveu para eles.

Natsu, Gray, Erza e muitos outros se rodearam em volta dos irmãos, curiosos e sorrindo. Como Mirajane imaginou. Ela não aguentaria, ela não suportaria...

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Aquela Fairy Tail... aquele lugar acolhedor e aconchegante. Ele lembrava ela. Aquele sorriso inocente, diferente de muitos outros, ela era a única que a reconhecia pelo que realmente ela era, não como o demônio Mirajane, mas sim, como uma jovem qualquer. Se lembrando de seu reconhecimento, escorreu mais duas lágrimas pro seu rosto.

E a alegria da guilda então acabou e todos ficaram preocupados. E perceberam também que Elfman também estava no mesmo estado que Mira, totalmente abalado. As lágrimas saiam mais nele. Ele se sentia completamente culpado.

- O quê houve? – Perguntaram todos, Makarov apareceu, se desviou de toda a multidão que envolvia o casal de irmãos e agora, fitava-os de braços cruzados, como se já soubesse o quê havia acontecido.

Mirajane, percebendo o olhar deste, se entristeceu mais ainda, a tristeza, ela... foi sentindo... alimentando-se da alegria dela pouco a pouco.

A albina não pode mais aguentar, se jogou de joelhos no piso da guilda e começou a chorar alto. O quê foi um choque para todos. A demônio Mirajane, chorando?

Até que Erza arregalou os olhos, enquanto percorria os olhos em volta dos dois, parecia estar procurando alguém. Mesmo sem saber, mesmo sem querer... Ela tocou na ferida.

- Onde está a Lisanna?

Isso fez com que Elfman chorasse também, e que Mirajane aumentasse ainda mais. E a tristeza bateu em todos da guilda, o silêncio preencheou o local e lágrimas começaram a se formar nos olhos de Natsu.

- Onde está a Lisanna? Onde está? – Ele urrava e gritava, pularia em cima dos irmãos se Gray não o segurasse.

- O quê está fazendo, idiota? – Gray gritou para Natsu, que não aparentava muito mais calmo que os outros.

Erza se aproximou de Mira, com pena. Se aproximou sorrateiramente, para que ela não lhe despachasse, e encostou a sua mão no ombro da mesma. Mirajane poderia considera-lá uma inimiga, mas Erza era completamente diferente.

Quando o suposto “demônio” fitou-a e Erza ia recuar quando aconteceu algo inesperado. Mira a abraçou, inundando os ombros de Erza, tentava falar lentamente, porém, saia apenas soluços.

Erza olhou para a guilda, e gritou:

- Alguém, por favor, vá buscar uma água.

A usuária de Take Over bebeu um gole da água e tentou falar, com um pouco de sucesso.

- L-i-i-s-sanna... Ela... ela... – Falava fracamente.

O olho direito de Erza começou a se encher de lágrimas.

Depois de algum tempo na guilda, tudo foi se esclarecendo aos poucos, Mirajane e Elfman se sentaram em bancos, acalmados. Eles explicaram tudo. Lisanna havia morrido, dissolvida nos própios olhos da irmã, que não parará de chorar desde então.

Natsu e todos da guilda ficaram abatidos.

- E-eu... foi tudo culpa minha, eu não deveria... – Elfman disse, sendo interrompido pela irmã mais velha em seguida.

- Não foi, Elfman. Você não teve culpa nenhuma, apenas saiu do controle. Foi culpa minha, eu... eu devia tê-la impedido, eu não acredito que fiz isso. E-eu vou voltar pra Fairy Hills.. – Ela disse enquanto batia as portas da guilda, muito abalada. Ainda soluçando.

No quarto da Fairy Hills, ela encharcará todo o seu travesseiro com lágrimas que não paravam de rolar pelo rosto que estava rubro. Tomou um banho sem vontade e se pôs em frente ao espelho, fitando sua imagem.

Perdida, acabada, culpada.

Era esses os defeitos que encontrava enquanto olhava no espelho. Apenas defeitos. Sua irmã, Lisanna, era aquela que só enxergava suas qualidades. Mas agora sem ela, era o mundo acabando, desabando.

Agora ela sentia que, não podia contar mais ninguém. Sua irmã mais nova era a única com qual conversava sobre seus sentimentos mais profundos. Ela sabia que, não seria mais a mesma depois disso.

Mira então, soltou os cabelos prateados que caíram como cascata em seus ombros. Ela conseguiu sorrir fracamente. Foi até seu armário e tirou lá um único vestido vinho, longo. Vestiu-o com rapidez e então se olhou no espelho. Sorriu mais ainda. Ela se sentia uma outra pessoa.

Porém, ela não se sentia mal com isso. Ela se sentia mais doce.

Doce como Lisanna era.

No fundo, ela não se sentia tão diferente assim, no fundo, o demônio Mirajane era uma pessoa muito doce. 

(Leiam as notas finais)