Beauty And Stupid escrita por Shinnie


Capítulo 2
II - Amor á primeira vista?


Notas iniciais do capítulo

Okay, nada a declarar. ~S.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/275615/chapter/2

Havia se passado um longo tempo desde o começo da aula, e como sempre, eu me mantinha em silencio, apenas observando aquela multidão estranha que cismava em olhar pra mim. Parecia que eu havia vindo de outro planeta, mesmo que eu fosse totalmente diferente de todos ali, eu não poderia ser a única.

Tentei me desviar dos pensamentos igualitários que rondavam a minha mente fértil e mal criada. Nunca conseguia pensar coisas que me deixassem calma ou somente um pouco menos estressada, era um costume bem feio.

As horas foram passando rapidamente, e eu estava dando graças por ter passado tão rápido, poderia voltar para casa e descansar a mente, como sempre fazia de costume.

–Oi. –ouvi uma voz calma próxima ao meu ouvido. Evitei pensar em tantas coisas antes de me virar e olhar para quem me cumprimentara.

–Oi. –respondi, mesmo sem estar com vontade de conversar.

–Você é a aluna nova, não? Meu nome é Isis, como Iris, mas com S.

Evitei rir da maneira desajeitada que ela se apresentou, mas achei fofo ao mesmo tempo, o que me fez ter uma certa dúvida de como responder.

–Ér... meu nome é Miki...

–Miki? Seu nome? Não é um apelido?

Ousadia da parte dela, mas uma coisa que me conquistou. Ninguém nunca se importou se Miki fosse um apelido ou um nome de verdade, ninguém, além da minha mãe, se importava em me chamar assim, tanto que acabei me acostumando.

–Mas olha, alguém que desconfia da minha identidade... Meu nome é... Ah, vamos deixar isso pra lá, aumentar o mistério.

–Bom, eu gosto de mistérios. –sorriu. E daquele sorriso em diante, nos tornamos boas colegas.

Mas a hora teimava em passar depressa, até mesmo quando eu não estava entediada.

Conversamos durante uns vinte minutos somente, estávamos sem tarefas para fazer dentro da sala, e pegamos o ritmo das palavras. Conversamos sobre tudo o que veio na mente. Paixões, musica, gostos, costumes, hobbies... tudo o que aparecesse na hora, nos colocávamos na conversa. Mas o tempo nunca foi meu aliado, e eu fui obrigada a cessar a conversa quando ouvi o sinal tocar avisando que a aula acabara. Meio que me senti mal por uma conversa tão boa acabar tão de repente. Expliquei á ela, em poucas palavras, por que eu teria que ir embora mais rápido, e ela somente concordou com a cabeça, nem ao menos optou por me dizer ‘Tchau’ ou simplesmente ‘Até logo’, o que me deixou com uma certa dúvida: Será que sou tão chata assim?

Depois que entrei no ônibus, procurei meu lugar abençoado, mas um fulano já havia o roubado. Não hesitei em procurar outro, mas certamente, aquele não era lá o meu dia de muita sorte.

Sentei em qualquer lugar, e comecei a pensar novamente sobre o que havia acontecido, e comecei a sentir falta de conversar com ela. Isis, um nome muito... legal, por sinal.

Perdida em pensamentos sem noção, percebi que já havia chegado meu ponto. Desci, e fui caminhando pelo caminho da minha casa, notando que, pela primeira santa vez na minha vida, eu estava sentindo falta de conversar com alguém. Não era normal, mas não era tão ruim.

~

Cheguei em casa, joguei minha bolsa num canto e me sentei no sofá, fiquei encarando a televisão desligada por um tempo, ela era sempre melhor desligada. Eu odiava o barulho da televisão quando ligada, assim como eu odiava ouvir latido de cachorro e muitas outras coisas. Só não sabia como não odiava a mim mesma, ainda.

Queria que a hora começasse a passar depressa como estava na escola do fim do mundo, mas cada segundo era uma eternidade. Por incrível que pareça, eu queria voltar lá, pois estava com saudades de conversar com ela, era uma sensação muito louca, que eu estava ansiosa para sentir todos os dias.

Não me lembrava muito bem sobre tudo que havia conversado com ela, gostava de encarar seus olhos amendoados, sabendo que ela estava me encarando também. Era estranho pelo fato de que eu havia me dado bem com alguém, sem nem mesmo ter pensado numa opinião sobre ‘a primeira impressão’ que ela havia me causado.

–Pessoas fofas me tirando a razão desde 1998, tsc.

–Quem? Está gostando de algum menino na escola já? –ouvi minha mãe e suas perguntas sem nexo.

Sempre fiquei com raiva, e não conseguia responder as perguntas sem noção que a minha mãe insistia em perguntar. Mas dessa vez, eu fingiria que estava tudo bem.

–Nada, mãe. Não é ninguém.

–Ah filha, você sabe que pode contar comigo pra quando quiser, não é? Se estiver gostando de algum menino, você tem que me dizer por que não gosto de ser a ultima a saber!

–Mãe, eu não estou gostando de ninguém, e se tivesse eu diria, beleza?

–Tá! Okay, já entendi! Não farei mais perguntas.

Fingir que estava normal era uma coisa que eu sabia fazer muito bem, mas nunca conseguia finalizar direito, por que sempre ficava nervosa com questionamentos alheios.

Pensei em várias coisas. Tentei verificar se eu estava bem de verdade, coloquei meus fones e voltei a ouvir música. Ficava lembrando dos olhos dela, e incrivelmente só pensava nisso.

“Idiota, idiota...”

~

Parei de ouvir minha música, já eram 20:37, não estava com sono, nem ao menos com fome.

O fato de eu quase nunca comer, não deixava mais minha mãe preocupada. Ás vezes ela perguntava se eu estava com fome, mas quase sempre eu não estava. Então, todos meus dias eram iguais, eu sempre ficava ali no meu canto, e eles nos deles.

Levantei e fui em direção á cozinha, abri a geladeira, como de costume, e depois de cinco segundos á fechei novamente, pegando somente água e pensando em como pensar em nada.

Mesmo depois de passado horas sem eu nem sequer falar com as pessoas da minha casa, eu não me importava, sou ‘antissocial’ como todos ousam me chamar. Então, pra que se importar?

Fui até meu quarto, arrumei meu local de dormir, do lado contrario da cabeceira da cama, e deitei. Sem nem mesmo demorar, capotei.

~

Quando acordei, eram 07:24. Levantei, me enchi de cafeína como de costume, coloquei meus fones de ouvido como sempre, e sentei na cadeira de crochê. Chamo de cadeira de crochê por que ela fica balançando e é igual as cadeiras dos filmes de terror.

Olhei em volta e percebi que ninguém havia levantado. Apenas esperei sentada, que nada acontecesse e que a hora passasse.

~

Já era hora de ir pra escola, e eu não aguentava mais a ansiedade de chegar lá, e conversar com uma certa pessoa que havia conhecido sem querer.

Fui para meu ponto, e esperei o ônibus chegar. Esperei tanto que o desgraçado atrasou meia hora, mas não era problema.

Consegui pegar meu lugar abençoado, e fui.


Chegando na escola, procurei meu segundo lugarzinho abençoado, que por sinal sempre ficava vazio, mas somente enquanto eu não estava lá.

Procurei pela Isis, mas percebi que somente meu ônibus havia chegado, mesmo com o atraso. Fiquei ali, sentada, encarando a portaria e evitando olhar a hora no relógio. Depois de alguns minutos, dois ônibus apareceram juntos, sabia qual era o dela e logo meu coração começou a acelerar.

Não estava gostando nadinha daquele jeito que meu coração acelerava quando a via, era estranho e acabava me dando arrepios, mas eu estava me sentindo feliz, e felicidade era uma coisa que fazia anos que eu não sentia, não daquela maneira.

A vi descendo do ônibus, e vi como seus olhos brilhavam enquanto ela caminhava rapidamente na minha direção, e aquilo me deixava cada vez mais ansiosa para tê-la ao meu lado. Se passavam coisas tão nonsense na minha mente, que eu já não conseguia pensar em mais nada além de... nada.

–Oi, Miki! –me cumprimentou de maneira alegre, com um enorme sorriso de orelha a orelha que me deixou mais feliz ainda, vindo me abraçar.

Me abraçar? Por que será que ela esta fazendo isso? Ela nem sequer sabe meu nome.

–Oi! –disse um pouco sem folego pelo abraço apertado da companheira.

–Ein, então, resolveu se vai me dizer seu nome ou não?

–Ah... meu nome é Mikaella. Não gosto muito do meu nome, mas já me acostumei de me chamarem de Miki.

–Mikaella? Nome bonito.

–Ah, claro, muito melhor que Venúcia.

–Venúcia? Esse seria seu nome?

–Sim. –ela começou a rir, e sem pensar duas vezes comecei a rir com ela.

–Mas não tem graça.

–Graça tem, até. Fico pensando quando um filho cresce com um nome desses, como será que ele se sente? –disse colocando o indicador no queixo olhando para cima. Uma ação muito fofa.

–Então, eu... é... é que... esqueci o que ia dizer.

–Não tem

–Falaremos sobre a tarefa de ontem, então?

–Tarefa? Que tarefa?

–De matemática, sobre o feixe de paralelas, lembra?

–Ah, aquela tarefa que se parece mais com uma aula de violão...

–É, é. Fez?

–É... não.

Ela sorriu, de uma maneira bem simpática, e me pergunto se havia problema se ela me ajudasse a fazer. Somente concordei que aceitaria a ajuda, e permaneci encarando aqueles olho amendoados outra vez.

Tinha algo de errado, eu sei, mas... eu gostava de estar ali, naquele momento com aquela garota dos olhos amendoados e cabelos longos que eu havia conhecido sem querer.

~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sei que não mereço mas... que tal uma review? :> ~S.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beauty And Stupid" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.