Assim que aulas acabaram Fatinha chamou Lia para conversar, a roqueira estranhou mas resolveu ir ao encontro da amiga no hostel, quando chegaram no local Fatinha viu que o gerente estava ali e pediu um tempinho, o moço liberou. Lia e Fatinha foram para o quarto, a loira estava aprontando uma com a amiga.

— E aí, você e o Dinho conversaram? - Ela perguntou, sentando-se na cama logo depois que Lia fez o mesmo.

— Não, a Raquel chegou e estragou tudo... E eu acho que já percebi o que ele tem com a Ju. - Lia respondeu, meio triste.

— Hum.. Lia, espera aí vou falar uma coisa com o meu gerente.-  Fatinha disse com um sorriso sapeca e saiu rápido do quarto, a menina pegou o telefone e discou o número de Dinho que atendeu na segunda chamada.

— Alô? - Ele disse.

— Dinho, vem pro hostel, a Lia tá aqui. - Ela disse, Dinho nem perguntou mais nada, apenas confirmou e foi minutos depois já estava no local, ele recebeu um sermão do gerente de Fatinha que disse que era pra ele não demorar, já que ela tinha que trabalhar e quando chegou no quarto, viu Lia conversando com a periguete.

— Oi... - Ele saudou sem graça.

— O que você tá fazendo aqui? - Lia perguntou, curiosa e surpresa. Fatinha saiu do quarto cantarolando e deixou Dinho e Lia sozinhos, a menina queria sair dali mas era praticamente impossível.

— Acho que agora a gente vai poder conversar. 

— É... Mas acho que você não tem que falar nada,eu vi tudo. - Ela suspirou, tentando não demonstrar tamanha tristeza em falar aquilo.

— Não sei se você vai acreditar em mim, provavelmente não, mas eu quero te dizer que foi tudo planejado pela sem noção da Ju, é, eu não sabia que ela ia agir dessa maneira e colocar a melhor amiga em segunda opção por causa de um garoto e me decepcionei.. Quando ela foi lá em casa na primeira vez foi porque ela tinha esbarrado em mim de propósito e trocado os celulares... -Ele começou a explicar, Lia ligou os fatos e lembrou da mensagem que recebera quando estava em casa, o remetente era Dinho, mas no caso Ju havia escrito.

— A mensagem que eu recebi foi mandada por ela? - Ela perguntou e Dinho assentiu.- Eu não vi ela esbarrar com você...

— Você tava com o Gil. - Dinho afirmou, ela assentiu.

— Ah meu Deus, o Gil também tá no meio disso?

— Ih... Provavelmente, eles armaram pra gente... - Ele falou e abaixou a cabeça,fitando o chão-, e deu certo.

— É... - Lia disse, era a única coisa que ela conseguiu pronunciar.- E quando eu cheguei lá e vocês estavam se abraçando? Não tinha como ser armação, Dinho.

— Ela pediu desculpas se eu não aceitasse ia ficar um clima mais tenso do que já está, acho que era o mais apropriado a se fazer no momento.. Daí ela me abraçou, justo na hora que você chegou, o mundo tava conspirando. - Dinho suspirou, ela riu sem graça e o silêncio tomou conta do local.

— Então, eu acho que vou indo... 

— Mas você não vai dizer nada? Me perdoou? Ainda tá brava? - Ele lotou-a de perguntas, Lia suspirou e ficou pensativa por alguns segundos, sendo fuzilada por Dinho. O celular da garota tocou livrando-a do momento tenso.

— Alô? 

— Lia, porque você ainda não veio pra casa? Tá de castigo, esqueceu? - Raquel disse, tentando soar tranquilamente.

— O castigo me impede de ver meus amigos? Tô no hostel, Raquel. - Ela respondeu, impaciente.

— Seu pai não vai gostar de saber disso. - Disse a mãe da menina, ainda num tom calmo, ela tinha pensado sobre o assunto, ela sabia que estava sendo muito rude com Lia.

— Vai me dedurar pra ele?

— Ahn... Tudo bem, mas vê se volta antes dele chegar... - Respondeu e depois suspirou, Lia murmurou um "tá legal" e desligou, Dinho olhava curioso.

— Eu tô em um tipo de prisão domiciliar. - Ela disse, Dinho riu. 

— Por fugir com o Fera? - Ele abordou, já chegando ao assunto que queria.

— Não fugi com o Fera, ele é meu amigo e me ajudou quando eu tava mal.Mas eu não te devo satisfações, você não é nada meu.

— Mas isso é escolha sua, eu posso voltar a ser "algo" seu.. - Ele se aproximou, ficando com o corpo mais perto do da roqueira, eles estavam se aproximando cada vez mais e isso era perigoso, já quando estavam perto um do outro o casal não pensava nas consequências. Quando Dinho segurou a cintura de Lia e estava prestes a beijá-la Fatinha entrou no quarto.

— E aí os pombinhos se resolv.....- Ela olhou a cena, os dois tinham se separado rapidamente. - Ops!!! Desculpa!! Podem continuar....

— Ah qual é Fatinha, não tava rolando nada e... e... Eu já vou embora! Tchau! - Lia disse e saiu afobada pra fora do quarto. Dinho fuzilou Fatinha que fez uma cara engraçada em pedido de "desculpas". Ju estava em casa com Rita na sala quando Bruno chegou meio chateado, ele ainda estava mal pelo lance da ex-namorada Ana.

—Bruno?! - Ju sorriu animada.

— Oi....- Ele disse sem graça, Rita levantou do sofá e cumprimentou o menino que ficou encantado com o jeito da mesma. 

— Sou Rita, colega da Ju.

— E amiga! - Ju corrigiu, animada. Bruno sorriu meio bobo e Ju notou o clima dos dois, que ficaram se fitando por alguns segundos.

— Ahn... Eu preciso ir, amanhã a gente se fala! - Rita disse e saiu meio apressada, deixando Bruno totalmente encantado com seu jeitinho de ser.

— Notei um certo clima! - Ju zombou o irmão, Bruno revirou os olhos meio irritado e tentou disfaçar.

— Que clima o quê, Juliana! - Ele respondeu. Ju cantarolou alguma coisa e fez Bruno soltar uma risada, os dois ficaram conversando e se provocando por um tempo até que o telefone de Bruno toca e ele vai para o quarto atender, Ju ficou fitando o teto da sala por um tempo até que resolveu ir para o quarto procurar alguma coisa pra fazer, a menina decidiu retocar o make e quando foi pegar o delineador acabou derrubando-o, ela viu o produto rolar até perto da porta da varanda e resmungou algo baixinho. A menina se abaixou para pegar o objeto e quando levantou espiou pela porta de vidro e viu Lia saindo do hostel, ela sentiu um aperto no peito e uma saudade dos velhos tempos, como era e Lia eram grandes amigas, logo ela afastou os pensamentos da mente e foi pra sala novamente,ignorando o que ia fazer alguns minutos antes.

 Lia chegou em casa e foi abordada por Raquel.

— Onde a senhorita estava?

— Eu já disse, com a Fatinha. No hostel. - A roqueira afirmou e logo suspirou.

— Lia, precisamos conversar. - Raquel disse, séria.

— Ah, qual é!? Pra você começar a dizer que está certa e vir com aquele papinho de que vai mudar? - Lia perguntou sem se interessar muito pela resposta que viria da parte da mãe.

— Tudo bem, eu entendo.. você tem o direito de estar me odiando, mas foi tanto tempo longe que eu ao menos sei como lidar com você e a Tatá... O Lorenzo, a dona Paulina e você não me dão ao menos a chance de aprender a ser uma boa mãe, eu tento me esforçar.. Lia, eu não queria ter te magoado tanto, eu não queria ter criado essa barreira entre a gente, eu juro! - Raquel explicou com os olhos marejando, as lágrimas começavam a passear pelo rosto da mulher aos poucos e Lia percebeu. A roqueira suspirou e olhou para o chão, desviando o olhar fixo da mãe.

— Eu não sei como lidar com você e você não sabe como lidar comigo, irônico, né? 

— Poderíamos dar uma chance pra sermos realmente "mãe e filha"? - Raquel indagou, meio sem noção de suas palavras. Lia riu.

— Não é tão fácil. Nunca vai ser. - Ela respondeu e deu as costas, deixando a mãe completamente confusa olhando pra parede.Dinho tinha acabado de chegar em casa e Alice percebeu que o filho estava meio triste, na verdade muito triste.

— Dinho! - Ela chamou, o garoto olhou meio sem vontade.

— O que foi, mãe? - Ele se jogou no sofá, Alice levantou e sentou ao lado do filho, puxando-o para perto dela num abraço aconchegante.

— Pode conversar comigo, sou sua mãe mas posso ser sua amiga. - Ela disse, Dinho suspirou e se abraçou mais forte na mãe.

— Porque as mulheres são tão complicadas? - Ele perguntou, Alice riu baixinho. Os dois ficaram conversando e por mais complicado que fosse Dinho conseguiu "esvaziar" um pouco das mágoas que estava guardando com a mãe e ficou mais... leve.