Lia acordou em meio as cobertas, na cama. Ela lembrou-se vagamente da noite anterior e sorriu meio sem jeito olhando o namorado que estava dormindo feito um anjo. A roqueira não perdeu a chance de aprontar uma com ele então, foi até a cozinha e pegou um balde com água gelada, voltou ao quarto e abriu as cortinas.

— Dinho, acorda... - Pediu Lia, com o balde em mãos, Dinho apenas resmungou e não acordou. Em questão de segundos ela jogou a água do recipiente no menino, rindo. Ele acordou assustado e furioso.

— Porque você fez isso? - Dinho falou em um tom alto, limpando a água do rosto.

— Porque eu queria te irritar.

— Uma garota normal acordaria o namorado com café na cama, não com um balde de água gelada. - Ele disse, revirando os olhos.

— Para de drama e se veste, nós vamos explorar esse lugar lindo! - Ela ordenou, animada.

— São dez da madrugada. - Ele disse logo após consultar o relógio que ficava ao lado da cama, Lia revirou os olhos.

— Manhã.

— Pra mim é madrugada, é final de semana, eu podia estar dormindo.

— Como você é irritante!! Vai dormir então, eu vou ir sozinha. - Lia disse já irritada, Dinho suspirou e resolveu ceder.

— Não, eu vou com você, espera aí.

(...)

O casal já caminhava a mais de meia hora num caminho lindo e natural do local, eles tinham como destino uma cachoeira que Dinho visitava quando era menor.

— Hunf, cansei. - Ela se sentou numa pedra respirando ofegante.

— Já? Que fraca! - Provocou o menino, rindo. - Quer que eu te leve no colo?

— Claro que não, tá doido? - Ela riu, revirando os olhos. Os dois descansaram por um pequeno tempo e logo seguiram o caminho novamente, entre "tapas e beijos".

Na casa de Lia, Fatinha arrumava as malas, tinha achado um emprego no hostel perto do colégio e eles tinha lhe dado uma moradia. A periguete se despediu e agradeceu o pai de Lia, Tatá e Paulina por tudo, sendo simpática. Lorenzo ajudou a loira a carregar as coisas para a "nova casa" e foi embora, Fatinha começaria o emprego no começo da semana, mas os "patrões" tinham deixado-a ficar no lugar sendo muito bondosos. A garota aproveitou os últimos dias livres e resolveu ir até o Misturama, ainda tinha um pouco da mesada dos seus pais e podia gastar em algo lá. Assim que chegou no lugar viu Ju, Rafa, Rita e Morgana sentados numa mesa, resolveu se juntar à eles.

— E aí, galera! - Saudou, sentando ao lado de Ju.

— Oi. - Responderam todos muito desanimados, principalmente Ju.

— Eita, que bicho mordeu vocês?

— O bicho desanimação, conhece? - Rafa zoou, rindo sem jeito.

— Parece que não é todo mundo que tava desanimado,hein? - Fatinha disse, deixando um ar curioso no ar.

— Do que você tá falando? - Morgana perguntou.

— Lia e Dinho foram fazer uma "lua de mel", sozinhos numa chácara afastadinha o bastante pra NINGUÉM interromper. - Fatinha explicou, e quando disse a palavra "Ninguém" olhou pra Ju que ficou triste e saiu dali praticamente correndo.

— Qual o seu problema, garota? - Rita perguntou, irritada. Logo os amigos de Ju forma atrás dela deixando Fatinha "falando sozinha".

(...)

Já era noite e Lia e Dinho estavam na varanda da chácara, o fim de semana estava por fim e no outro dia os dois já iriam embora, não se importavam muito, afinal, tinha sido tudo perfeito. A noite era de lua cheia e o céu estava radiante; pelas estrelas e pela lua, tão bela.

— A lua tá tão linda hoje. - Lia disse, se aconchegando mais no abraço do namorado.

— Sabe a história de amor dela? - Ele perguntou e ela negou. - Quando o sol se encontrou com a lua pela primeira vez, logo eles se apaixonaram, mas, Deus teve de lhes dar o brilho e separá-los, fazendo cada um ficar em um turno do dia. O sol sendo o astro-rei que ilumina o dia e a lua com sua beleza enfeitando as noites, mas eles ficaram extremamente tristes por não poderem mais se encontrar, o sol notou que a lua não aguentaria por muito tempo e então pediu a Deus para ajudá-la, Deus criou as estrelas para fazer companhia a lua, mas mesmo assim ela se sentia triste e solitária. - Ele suspirou antes de continuar, Lia estava prestando atenção nas palavras,deslonjeada com a história. - Mas Deus sabia que nenhum amor nesse mundo poderia ser impossível, nem mesmo os do sol e da lua, então ele criou o eclipse. E essa época é esperada por muito tempo, tanto pelo sol quanto pela lua, quando eles se encontram conseguem viver o amor que foi proibido, aproveitando o máximo, dizem que não se pode olhar muito pra eles quando isso acontece, a luz desse romance é tanta que é capaz de cegar.

— Meu Deus... que lindo! - Lia disse, sorrindo. Os dois continuavam a fitar a lua, que do céu, brilhava demais.

— É linda mesmo. - Ele disse, dando um beijo no topo da cabeça de Lia, que sorriu docemente.

(...)

Dinho e Lia já haviam chegado na cidade, depois do fim de semana "perfeito", os dois se despediram e seguiram cada um pra sua casa, estavam precisando tomar um banho pois antes de sairem da chácara haviam novamente ido a cachoeira. Lia abriu a porta de casa e viu a família toda no sofá, menos Fatinha.

— Lia!!!! - Tatá comemorou, sorridente.

— Ué, e a Fatinha?

— Ah, ela disse que arranjou um emprego, mas ela não me falou onde foi não.. - Tatá respondeu.

— Ela tá trabalhando no hostel perto do seu colégio, agora, me conta como foi o fim de semana? - Lorenzo levantou do sofá, abraçando a filha que riu.

— Foi bom. - Disfarçou Lia, ela sabia que se dissesse o quão perfeito foi iriam desconfiar, e no fundo Lorenzo sabia o que podia ter acontecido, só que confiava em Lia.

— Só bom? Aquele menino te fez alguma coisa? - Paulina perguntou, também abraçando a neta.

— Ele não fez nada! - Lia riu, logo depois ela explicou tudo que tinha acontecido, cortando alguns detalhes e foi tomar banho. A roqueira saiu do banheiro totalmente renovada, ela vestiu uma roupa simples e foi pra frente do computador, dando de cara com uma chamada de vídeo de Raquel. Lia pensou várias vezes em recusar, mas a mãe continuou insistindo, então aceitou.

— O que você quer? - Perguntou ríspida, Raquel ficou surpresa ao ver Lia ali.

— Filha! Como você está linda.. que milagre atender minhas chamadas.

—Eu não ia atender, mas você ficou insistindo. O que você quer? - Lia disse ríspida, Raquel suspirou.

— Consegui uma folga aqui, vou passar um tempo com vocês e tenho uma surpresa. - Disse a mãe da garota, sorrindo esperançosa.

— Não quero saber das suas surpresas e muito menos de você iludindo a Tatá, deixa a gente em paz. - Pediu Lia, meio irritada.

— Lia, você vai ter que aceitar, não pode agir assim comigo pra sempre.

— É claro que eu posso. E vou. Raquel, sério, ninguém aqui quer te ver, pode ficar aí cuidando das pessoas que precisam. - Disse a roqueira, desligando o computador imediatamente para não correr o risco de receber mais chamadas da mãe. A garota suspirou pesadamente e apoiou os braços na mesa, tapando o rosto com as mãos, tentando interromper a onda de dor que vinha por aí.

(...)

Era segunda-feira e o dia havia amanhecido ensolarado, Ju acordou e foi se arrumar, logo depois foi gravar o seu blog, ensinando a fazer uma make bem sóbria o que fez Bruno estranhar.

— Ju, tá tudo bem? - O irmão da menina perguntou assim que a viu saindo do quarto, com o cabelo mais liso e roupas escuras, ela não era mais a Ju de antes, toda colorida. Tinha optado por acessórios mais rockeiros e em vez da mochila de sempre, uma bolsa preta com spikes.

— Tudo ótimo, Bruno. - Ela respondeu, sorrindo. - Porque?

— Sei lá você tá estranha, nunca te vi assim, tão... rock (?)

— Dizem que se a gente muda de fora pra dentro é bem melhor, resolvi fazer assim.. Acho que não vale a pena ficar chorando por pessoas que realmente não se importam. - Respondeu ela, Bruno assentiu orgulhoso da atitude da irmã e foi preparar o café da manhã. - Bruno, hoje eu não vou tomar café, quero chegar mais cedo na escola, preciso falar com o Rafa. Tchau, beijos maninho. - Juliana disse e após pegar uma garrafinha de suco de laranja saiu de casa meio apressada, ela foi até o quadrante entre pensamentos, sozinha, assim que chegou no local encontrou Lia e Dinho se beijando na frente da escola.

— Argh. - Murmurou para si mesma e notou que o casal tinha se separado. Ela resolveu ignorá-los e seguiu para dentro da escola, todos a olhavam e reparavam em seu novo visual, Ju ia ir até o local onde estavam Rita, Rafa e Morgana, mas notou que Gil estava sozinho desenhando alguma coisa, num canto da escola, o sinal já ia bater, mas ela resolveu ir até ele mesmo assim.

— Bom dia?

— Bom dia, Ju.... Hum, você tá diferente. - Elogiou o grafiteiro, sorrindo.

— Obrigada, Gil. - Sorriu Ju, sem jeito. - E aí, o que tá fazendo?

— Hum, um desenho... Nada demais. - Ele disse, mas antes que pudesse esconder o desenho Ju o pegou e olhou, era um casal apaixonado e lá no fundo, um menino triste.

— É lindo. - Murmurou Ju, admirando o desenho.

— Obrigada.

— Você gosta dela né? - Perguntou Ju, meio tristonha. Antes que Gil pudesse responder o sinal tocou e todos tiveram que ir para a aula, a professora chegou alguns minutos depois.

— Bom dia, meus alunos. - Belinha saudou, sorridente. - Hoje vamos trabalhar com os poemas do gênio William Shakespeare.Quem vai ser voluntário/a? - Ela perguntou e ninguém respondeu, Belinha fitou todos os alunos que estavam evitando contato visual com ela, mas notou que tinha uma que estava escutando música nos fones, ela decidiu chamar aquela, que no caso, era Lia. - Lia Martins.

— Ahn? Eu? - Lia retirou os fones, confusa.

— Você vai recitar o poema de William.

— Porque eu?

— Porque não você? - Perguntou, irônica. Lia revirou os olhos e levantou, sendo fitada pelos colegas. Dinho riu da atitude da namorada e prestou atenção em cada detalhe. Ela pegou a folha com o poema e começou a recitar, na frente de todos.

— A longa distância apenas serve para unir o nosso amor. A saudade serve para me dar a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos... E nesse momento de saudade, quando penso em você, quando tudo está machucando o meu coração, – deu fôlego para continuar - e acho que não tenho mais forças para continuar; eis que surge tua doce presença, com o esplendor de um anjo; e me envolvendo como uma suave brisa aconchegante... Tudo isso acontece porque amo e penso em você.

— Ótima leitura, Lia! Pode sentar. - Isabela disse e Lia foi para seu lugar, recebendo um sorriso largo de Dinho assim que o fitou. As aulas passaram muito rápido e já era o intervalo, Lia e Fatinha estavam conversando sobre o emprego da menina.

— Eu pagaria pra ver você trabalhando, cara, sério! - Lia disse, rindo.

— Acho que vai ser legal, se você quiser ir dar uma ajudada, tá convidada, viu? - Fatinha disse e Lia assentiu, irônica. - Hey, se liga em quem tá vindo. - A periguete disse, assim que Ju passou com seu grupinho de sempre, mas agora estava com Gil no meio.

— Esse visual rock dela ficou bem maneiro. - Lia disse e remexeu no canudo do copo que estava com seu suco de morango.

— Tá brincando? ficou o ó! Prefiria ela toda patricinha! Ela tá parecendo uma.... sei lá, objeto sem identificação. - A loira disse, com uma cara engraçada.

— Manera aí, Fatinha. - Lia riu, baixinho. — Você não me contou como foi na chácara, huuuuuuuuum, safadinha!

— Foi b... - Antes que Lia pudesse terminar sentiu alguém beijar o topo de sua cabeça, era Dinho, ele estava com Fera e Orelha.

— E aí! Sobre o que falavam, gatinhas? - Fera indagou, sorrindo.

— Sobre o... - Fatinha tentou falar mas Lia interrompeu.

— Sobre o novo emprego da periguete da escola! - Lia disse, sorridente, Fatinha revirou os olhos.

— Hum, tá trabalhando é? Preciso filmar. - Orelha provocou.- Tô achando tão boa essa idéia de ter as duas gostosinhas do colégio andando juntas. Fatinha e Lia, podiam fazer um filme.— Ô Orelha! - Dinho repreendeu, bravo.

— Você é nojento. - Lia disse, revirando os olhos.

— Nojento demais. - Fatinha concordou, Orelha levantou as mãos para cima, brincalhão.Enquanto isso no outro lado do pátio, Ju olhava a cena com ódio.

— Eles nem se importam com nada, só pensam em si mesmos, um belo grupo. - Juliana disse.

— Esquece isso, Ju. - Gil falou, Rafa assentiu.

— Não dá, eles tem que pagar pelo que fizeram. - Respondeu a it-girl.

— Esse negócio de vingança não leva a nada, sério! - Disse Rita e Gil assentiu, meio triste. Agora Lia, Dinho, Fera, Fatinha e Orelha pareciam brincar e rir, como um grupo de amigos feliz que se divertia como num dia qualquer, ignorando as pessoas que eles fizeram sofrer, que no caso eram Ju e Gil.

— Qual é, Gil, sei que você gosta dela.. Sabia que ela andou indo pra uma chácara SOZINHA com o Dinho?

— Vou pegar algo pra beber, querem ir comigo, Morg e Rita? - Rafa disse, na tentativa de deixar Ju e Gil sozinhos, ele sabia que vingança não era a praia das amigas, mas não podia evitar afinal Ju estava em péssimo momento e ia tentar qualquer coisa, ia ser pior interromper a menina.

— Quem gosta deixa livre. - Gil disse, baixinho.

— Não vem com essa de poeta, Gil. Você sabe do que eu tô falando, a gente não pode facilitar pra esses traíras.

— Nem dificultar, ia ser inveja.

— Para de pensar neles, e pensa em você, no quanto ela te fez mal.. Agora vai, topa fazer algo contra eles? - Ju propôs.

— Não sei....- Gil desviou o olhar para Dinho e Lia, e viu os dois se beijando-, eu topo. - Ele respondeu repleto de ódio e dor.

— Yep. Começamos, então? - Ela sorriu maldosa, e ele assentiu. Fatinha observou a cena meio desconfiada.