Pov Annabeth

Depois de todos se encararem e deixar com que o silêncio deixasse todos nós constrangidos, eu resolvi tomar a atitude inicial já que eu percebi que ninguém o faria.

-Que tal entrarmos pra conversarmos?

Os quatro semideuses trocaram olhares e acabaram percebendo que não éramos monstros, então apenas assentiram. Todos entramos sem dizer nada. Quando já estavam todos acomodados nos sofás da sala de estar eu comecei:

- Bem, nós estamos aqui porque – fiz uma pequena pausa – viemos resgatar vocês. Mas primeiro, vamos nos apresentar. Eu sou Annabeth e estes são Percy e Grover. – apontei respectivamente para os dois que estavam sentados no mesmo sofá.

- Eu sou Nicolas, essa é minha irmã Katherin. – disse um garoto alto, provavelmente o mais velho dali. Ele apontou uma garota, aparentemente a mais nova dali, e pude ver as semelhanças. Os dois com olhos azuis e cabelos loiros, porém o de Katherin com cachos definidos ao longo dos fios.

- Hanna, quinze anos e é isso ai! – disse a garota divertida. Se físico era de uma líder de torcida e seu sorriso travesse me lembrava uma dupla no acampamento. Ela tem cabelos longos e negros, que estão soltos, e a pele bronzeada.

- Charlie Hicks. – o garoto disse e tive certeza de que era meu meio-irmão.Os olhos cinzas, o cabelo loiro, tudo.

- Nós não somos normais. – disse Percy – e vocês também não.

- Sabemos a verdade. Sabemos sobre tudo, menos quem são nossos pais. – disse Kath, a garota de treze anos.

Eu não compreendia. Mas se bem que, pelo menos um deles devia ter encontrado um sátiro, já que agora há vários por todo o país.

- Antes, precisamos ouvir a história de cada um de vocês. – eu disse num tom de naturalidade que desconheci, já que tantas hipóteses percorriam minha mente. Se eles conheceram alguém, onde está?

Deixei de lado meus pensamentos por um momento para prestar atenção nas histórias. Eles contavam de como era sua vida antes, com sua família mortal e o mesmo de sempre que já ouvi milhões de vezes.

Pelo o que entendi Nick e Kath sofriam constantes ataques no apartamento em que moravam em Chicago. Eles se mudaram diversas vezes, indo para as cidades vizinhas, mas os monstros sempre os encontravam. A solução que a mãe deles encontrou foi matricula-los em um internato em Washington, na esperança que não encontrassem eles lá. Eles estavam lá à pouco mais de seis meses, quando um sátiro encontrou Nick.

- Ele era meu professor de biologia. Me contou sobre deuses e mitologia. Disse que há um lugar seguro pra pessoas como nós. – Nicolas contava e todos nós prestávamos atenção, o silencio dominava o ambiente – Eu contei para Kath e levei ela para conversar com ele, explicar que simplesmente não podia deixar minha irmã. Então ele disse que ela também poderia ir, também é filha de um deus, talvez o mesmo.

 - Foi estranho!!! Ele ficou me cheirando. –comentou Kath.

Nicolas continuou contando sobre o dia em que viu Charlie sendo atacado por monstros, na verdade aranhas. Estremeci, pensando em como eu fico quando vejo pequenas aranhas no canto do chalé 6, imagina ser atacada por várias de um tamanho um tanto anormal. Apresentou para o sátiro e ele teve certeza de que Charlie era outro semideus.

- Esse sátiro teve sorte hein. E você Hanna? – perguntou Grover enquanto se deliciava com uma almofada.  Ele nem ligou o olhar estranho de Kath e Charlie nele.

- Bom, morei minha vida toda em Richmond, na Virgínia. Faz três meses que minha mãe morreu e vim morar com minha vó aqui em Washington. – disse Hanna, fazendo o olhar travesso dar lugar a uma expressão de dor, perda.

Ela contou que sempre soube que Ra filha de um deus.

- Minha mãe sabia e nunca escondeu de mim. Me disse que um dia alguém viria e me levaria para um lugar seguro, mas isso nunca aconteceu. Então, Walter me encontrou a poucos dias andando pelo bairro.

- Quem é Walter? – Percy perguntou, ele não pode parar e raciocinar.

- O sátiro, Cabeça-de-alga! Continue, Hanna. – eu disse de modo encorajador.

Ela contou que então Walter, o sátiro ou professor de biologia se preferir, a levou para conhecer os outros meios-sangues e todos se deram muito bem.

-Falta uma pessoa.- lembrou Grover. Ele apontou para Charlie que fez cara de insatisfeito, porém começou.

- Meu pai nunca ligou muito para mim, já que é um grande advogado e está sempre viajando. Ele me colocou em um internato em Detroit há quatro anos, mas no último ano a escola fechou e eu vim para cá. Quer dizer, não exatamente para cá, mas num internato da redondeza. Há quase uma semana, aranhas de todos os tipos e tamanhos me perseguiram quando eu estava caminhando pela cidade.

-Foi então quando Nick achou você. – eu deduzi e ele confirmou com a cabeça.

- Quê? Dá pra resumir pro Cabeça-de-laga aqui??? - Aff Percy...

- Ah, por favor, até eu entendi! – disse Kath, com muito mais atitude do que ela já havia demonstrado desde que chegamos – Walter encontrou a mim, Nicolas e Hanna. Nicolas encontrou Charles e Walter confirmou que ele é um meio-sangue. Melhorou? – Percy somente assentiu.

-Mas, onde está Water? – eu perguntei

Os quatro pareceram fazer um acordo silencioso se entreolhando e Charlie disse:

- Quando nos reunimos pela primeira vez com Walter, a primeira coisa que ele disse é que íamos atrair muitos, muitos monstros, o que para mim é óbvio. Continuando, ele nos deu instruções se acontecesse algo. Enfrentamos vários monstros por dois dias, mas ontem, quando enfrentamos uns monstrengos de pernas diferentes, tivemos de seguir as instruções...

- Que seriam... – encorajou Grover

- Deixa-lo, arranjar um lugar seguro para dormir e partir para Nova York assim que conseguíssemos, confiando em apenas pessoas com camisetas laranjas, que seria nossa ajuda.

Examinei minha roupa, eu estava com minha típica camiseta do acampamento, suja de pó de monstro.

-Vocês não sabem se Walter pode estar vivo ou sei lá? – eu disse esperançosa. Mas os quatro apenas negaram com a cabeça.

- Acho que pela descrição de Charlie, os monstros que os atacaram eram as empousas. – comentou o meu namorado que estava realmente prestando atenção. Incrível!

- Isso não é importante agora. Precisamos de um jeito de ir para o acampamento. – disse Grover – Sugestões???

-Vamos de avião, ora. – disse Hanna

- Eu não! Nem pensar! De avião a gente não vai e ponto, nem temos dinheiro para tantas passagens. – o filho de Poseidon disse/teve um taque.

-Então, vamos de trem. – Falou Nick como se fosse muito simples. Na realidade, deveria ser, mas como somos seis semideuses e um sátiro, nada é tão simples.

- Tudo bem, mas e o horário? E o dinheiro? – perguntou Charlie, exatamente o que eu ia perguntar a menos de um segundo.

Percy tirou a carteira do bolso e examinou-a.

- Tenho 47 dólares e vocês? – disse ele

- Hum, 20 dólares, 21,26 dólares. Annie? – falou Grover tirando uma lata da mochila.

- 57 dólares. Então... – Fiz um cálculo rápido de cabeça (N/A: Que eu tive que fazer na calculadora) – Temos...

- 130 dólares. – Charlie e eu dissemos na mesma hora.

- Se ajudar. Tenho 15 dólares e o resto do povo deve ter mais. – disse Kath me entregando o dinheiro.

- Tenho 34 dólares.  – disse Chalie

- Devo ter algo no meu quarto. – falou Hanna que se levantou e logo já estava de volta. – Tenho 20 dólares. Maaaaaas, minha vó deixou dinheiro para uma emergência e isso, com certeza, é uma emergência, mais 150 dólares. Nick, alguma doação para nossa vaquinha?

- 30 dólares servem? – ele disse e me entregou o dinheiro. – Quanto temos?

-Temos 379 dólares. Deve dar. Tem que dar. Vamos?

- Bora!!! Alguém sabe onde fica a estação? – disse Grover já levantando do sofá.

- Eu sei. – falou Nick

Todos se levantamos e saímos da casa. O caminho até a estação foi tranquilo, por incrível que pareça. Todos íamos conversando sobre tudo, já éramos grandes amigos. Mas, quando chegamos na estação, alguém nos esperava.