Amour Sucré escrita por Kamiille


Capítulo 17
Capítulo 17 - Sonhos.


Notas iniciais do capítulo

Dake era como uma criança que cresceu demais.



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A porta se abriu.

-Querida! Ainda está acordada? Por que não foi dormir? Aconteceu algo? Você esta bem? –Titia disse enquanto eu percebia que não havia nenhuma sacola de compras com ela.

-As compras foram boas tia? Eu só não sei se vai ter espaço pra você colocar tantas sacolas em uma geladeira tão vazia como está essa aí, atrás de você. –Eu disse usando toda a minha ironia.

-Ah, e-eu acabei esquecendo de passar no mercado... Q-quero dizer, lembrei-me que tinha comida na geladeira... -Ela se sentou no sofá de frente para mim.

-Ótimo tia! Sua memória está ótima! Não é mesmo? Agora me diga, onde você estava já que não foi no mercado? –Eu estava fazendo o interrogatório de titia sentada na poltrona da sala.

-É... É... Que... –Titia gaguejava.  

-Continue dona Alice, estou ouvindo. –Eu disse a encarando.

-Ah, eu fui dar um passeio na cidade. Conhecer um pouco mais o lugar, dar uma passada no novo emprego pra acertar as coisas... Nada de mais. E você? Como foi sua tarde? –Titia tentava desesperadamente mudar de assunto.

Eu deveria ter instinto até ela falar a verdade, mas eu achava que a verdade veria até mim... Eu sentia isso. Ela estava perto.

-Passei a tarde com um... –Parei nessa parte. Dakota era meu amigo? Conhecido? Estranho?

Um... –Titia que me encarou dessa vez.

-Um garoto que eu conheci na praia uma vez, eu descobri que ele mora aqui no prédio. –Eu completei.

-Qual nome dele? –Titia pareceu interessada, pela primeira vez, com quem eu me socializava.

Quando eu estava prestes a responder o celular dela tocou.

-Ah! Sim, já estou na Austrália. Sim, começo a trabalhar amanhã mesmo. Sim. Ótimo! Até amanhã. –Palavras de titia ao telefone.

-Dar uma passada no novo emprego né dona Alice... Depois dessa eu vou até dormir. –Eu disse indo pro meu quarto temporário. Ela não disse nada. Parecia estar sentido culpa por estar mentindo.

Fiquei trocando mensagens no celular com Castiel praticamente a madrugada inteira. A última mensagem que trocamos fora as 04:45 da manhã.

“13:30”

Olhei para o relógio de cabeceira. Mandei um sms de bom dia para Castiel e fui tomar um café da manhã-almoço. Titia sairá para trabalhar horas antes... (segundo o bilhete, por que né...).

“Ding Down”

Já imaginava quem era.

-Olá Dake. –Eu disse e insinuei para ele entrar.

-Olá! Ainda está de pijama? Já são uma hora da tarde. –Ele disse sentando no sofá como se já fosse um grande amigo meu.

-Eu acabei de acordar. –Eu disse terminando de comer uma barra de cereal.

-Nossa! Você dorme pra caramba! –Ele disse ligando a televisão.

-Eu passei a madrugada acordada trocando mensagem com o Castiel. –Respondi distraída.

Ele não falou mais nada.

-Vou me trocar. –Falei indo em direção ao quarto.

Ele assentiu, mas não tirou o olho da teve, onde passava um telejornal.

Na Austrália havia um fato: Calor! Muito calor! (dia). Frio! Muito frio! (noite).

Coloquei uma regata preta com slogan do Kiss, um short branco com alguns strass e meu all star preto cano alto. Quando cheguei na sala Dake ainda estava vidrado na teve. Sentei ao seu lado.

-Qual seu sonho? –Perguntei em uma tentativa frustrada de puxar assunto.

-Você é péssima puxando assunto. –Ele riu, mas respondeu. –Eu quero me profissionalizar em surf, fazer isso pro resto da vida! Quero também um dia, montar uma família. Sabe? Ter filhos, uma esposa... 

-Entendo. –Eu disse.

Estranhei a ideia de ele querer casar... Ele sempre “pegador”... Talvez isso fosse somente uma fachada... O verdadeiro Dake parecia somente estar à procura da garota certa...

-E você? Qual seu sonho? –Ele perguntou quebrando meus pensamentos.

-Eu não tenho muitos sonhos... –Eu disse.

-Ah! Qual é? Vai dizer que você não quer ser nada? Trabalhar em nada? Sei lá, por que você vai à escola então? –Ele perguntou. –Pra mim, se vai à escola pra se formar e ter um bom emprego. Eu não quero ter um bom emprego, por isso larguei a escola. Quero ser surfista profissional! O que você quer ser? –Ele não me dava tempo para responder.

-Um dia, eu escrevi um texto. Esse texto, descreveu totalmente a resposta para a sua pergunta eu me lembro um pouco dele... É mais ou menos assim:

“Para nós, estudantes que estão no 2º ano do colegial, os adultos sempre perguntam: “Quais são seus planos?”, “No que sonhas em se tornar no futuro?”. Eu, respondo desta forma: “Não sei. Ainda não decidi.” O normal seria sair de uma boa escola para uma boa faculdade, e então para uma boa empresa. Isso mesmo, apenas continuar vivendo normalmente. Embora ficar em casa jogando ou brincando no computar seja mais fácil, eu sempre frequento as aulas. Porque não quero causar problemas a minha tia. Não quero ser chamada de vagabunda anti-social. Não quero ser chamada de parasita no futuro. Por isso, irei normalmente para sociedade e me tornarei uma assalariada. Mas mesmo na sociedade, somente aqueles com as melhores notas agora vão se destacar. Então, não será nada além de uma extensão do que vivo agora. Um futuro chato. Estar vivo é chato. Essa é minha visão da vida, depois de 15 anos vivendo como uma boa garota e seguindo a maré.” –Eu citei o que lembrava e completei:

-Eu escrevi isso quando morava no Canadá, estava no segundo ano do colegial... Hoje minha vida deixou de ser chata por que tenho Castiel e amigos, mas ainda não tenho um sonho de me tornar uma profissional em alguma área... Eu sonho em viver ao lado de Castiel, ter filhos... Não me passa pela cabeça com vamos ser sustentados. –Eu sorri.

Eu não sabia o por quê, mas ficar perto de Dake me deixava bem. Era como se ele fosse muito amigo meu. Eu não sentia a mesma coisa que sentia com Castiel, mas com Dake... A sensação de amizade, de confiança... Ele parecia uma pequena criança confiável, agradável, amavél, inocente e fácil de conviver.

-Nossa. Não precisava transformar isso em um discurso de vida, ok? Vou pensar mil vezes antes de perguntar algo. –Ele disse e me fez rir.

-Idiota! Pense mesmo, ok? –Eu falei tentando frustradamente impor respeito.

-PARA TUDO! –Dake falou e olhou pra teve totalmente vidrado. Ele me fazia lembra uma criança concentrada no desenho.

“...e para quem gosta de pegar onda hoje à tarde será ideal! Haverá ondas incríveis e turbulentas com um calor que pretende durar até o extremo do final da tarde. Essa foi a previsão do tempo aqui na Austrália. Volte agora com a Roberta Brandão...” –Depois das palavras da moça da previsão os olhos de Dake brilharam.

-Vamos surfar! –Ele me olhou com uma animação incrível.

-Ah, claro... Você só se esqueceu de que eu não sei surfar! –Eu disse tentado expressar obviedade.

-Prazer, Dake. Futuro surfista profissional e seu atual professor de surf. –Ele disse estendendo a mão.

Eu olhei pra ele com cara de “não vai rolar” e ele fez uma cara de cachorro abandonado com biquinho e tudo... Eu cedi. Lá vou eu, a pessoa mais desastrada do mundo em cima de uma prancha de surf... Se me filmassem, iria dar uma bom curta de comédia.


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Notas finais do capítulo

No próximo capitulo, a visão de Castiel.



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