Into Your Arms escrita por AnaSabel
Meus olhos se abriram para uma luz branca e forte. Eu estava em um quarto desconhecido. Senti algo pegando minha mão, olhei para frente e vi um rosto masculino. Pisquei tentando entender o que estava acontecendo, mas ele havia sumido. Minha visão estava embaralhada e em seu lugar uma mulher se aproximou.
– Olá querida, você está bem?
De repende as imagens do acidente vieram na minha cabeça, e um nó se formou na minha garganta.
– Meus pais. Cadê eles? – Perguntei a enfermeira.
– Tenho certeza que depois sua tia irá explicar tudo, mas por enquanto você precisa descansar.
– Não, eu quero falar com minha tia agora!
Ela ficou quieta e observei-a saindo do quarto, e logo em seguida trazendo minha tia Rose. Ela veio até mim, e me abraçou forte. Como eu sentia falta daquele abraço. Ela me soltou e vi que seus olhos estavam marejados de lágrimas.
– Minha querida Lissa, como você está meu amor?
– Estou bem tia.
– Que bom minha querida, temos muitos assuntos pendentes...
– Cadê meus pais? – Perguntei interrompendo-a
Ela abriu a boca, mas logo a fechou. Ficou em silêncio me observando, e eu a encarei confusa. A verdade estava na minha frente, minha tia não precisava nem responder. Mas eu não queria acreditar, não podia aceitar. Eu podia ter saído daquele carro no dia do acidente, mas a razão do meu viver, não.
Uma semana depois.
–Então está com tudo pronto? – Tia Rose perguntou.
–Sim, já está tudo na mala. – Falei soltando um suspiro baixo.
Eu estava na minha casa arrumando minhas roupas e outras coisas pessoais para levar na casa da minha tia. A partir de hoje começarei a morar com ela. Tia Rose me explicou como tudo aconteceu e que fiquei dois meses em coma. Os médicos afirmam que foi um milagre eu ter vivido.
Essa deve ter sido a semana mais complicada da minha vida. Os dias passaram se arrastando. Era difícil aceitar que você perdeu algo que fazia parte do seu cotidiano e ainda mais difícil conviver com essa ideia.
Apesar das lágrimas que caíram, minha tia estava sendo ótima comigo. Ela entendia o que eu estava passando e me ajudava sempre me entretendo com alguma coisa. E a cada dia a ferida que havia sido aberta em meu peito cicatrizava, aos poucos.
– E então o que vamos fazer hoje? – Perguntou tia Rose animada.
– Não sei, você é que manda.
– Que tal alugarmos um filme e comprar umas besteiras para comer?
– Fechado. – Eu disse alcançando o entusiasmo dela.
Após passarmos no mercado e ter comprado pipoca, chips e leite condensado, fomos à locadora e alugamos “A Fera” e “Um Dia”. Fizemos brigadeiro e fomos assistir aos filmes.
– Posso apertar play? – Perguntei
– Calma, já estou levando os refrigerantes! – berrou minha tia da cozinha.
Começos por “Um Dia” e logo depois “A Fera”. Quando acabamos de ver lágrimas escorriam por meu rosto, como se isso ainda fosse possível. Olhei para tia Rose e vi que seus olhos também estavam vermelhos, e rimos juntas da situação.
Levamos as comidas até a cozinha e sentamos no sofá para assistir ao noticiário.
– Andou falando com suas amigas? – Perguntou tia Rose
– Ashley e Sarah ligaram algumas vezes para saber como eu estava. Eu disse que logo voltaria pra escola, mas precisava de um tempo só pra mim.
– Hm, e já falou com Matt?
– Ele também me ligou, mas a situação está estranha ainda. – Eu disse olhando para Rose e ela sorriu.
Matt e eu crescemos juntos, no primeiro ano começamos a namorar e um pouco antes do acidente eu terminei com ele. Matt me fazia bem, mas as coisas começaram a desandar e até hoje ele gosta de mim, ou melhor, é louco por mim. Era complicado, ele não entendia, mas o tempo havia passado e não éramos mais as mesmas crianças de antes.
– Eu quero voltar às aulas. – Eu disse encarando minha tia.
– Mas já? Tem certeza? – Perguntou Rose
– Sim tia, eu quero voltar a minha vida normal, falar com meus amigos, estudar...
– Você que decide, se quer voltar então volte, tenho certeza que estará fazendo a coisa certa – Disse e logo depois me abraçou.
– Eu quero perguntar uma coisa. – Eu disse quando subitamente a imagem do jovem no hospital veio a minha cabeça.
– Diga Lissa.
– Quando eu acordei no hospital, antes da enfermeira entrar, eu vi um homem. O que ele estava fazendo me visitando? Você o conhece? – Perguntei intrigada.
– Não. Quer dizer, na verdade a moça da recepção me alertou sobre ele, mas nunca o vi no hospital. E segundo a enfermeira ele te visitava todos os dias.
– Ele me visitava todos os dias? – Perguntei assustada.
– Eu sei que é estranho, mas ninguém sabe o porquê. Disseram que é novo na cidade.
– E você nunca o viu?
– Não querida. Mas não se preocupe depois disso ele nunca mais apareceu. – Disse tentando me acalmar.
– Hm. – Respondi fitando o chão.
– Bom estou indo dormir. E se você quer ir pro colégio amanhã, não vá se deitar muito tarde. – Ela disse me dando um beijo na bochecha.
– Pode deixar tia. Boa noite. – Falei sorrindo.
Olhei-a subindo as escadas e logo em seguida desliguei a televisão e subi para meu quarto.
Após tomar um banho, escovar os dentes e por um pijama, deitei na minha cama esperando o sono vir. Mas ao contrário do que eu queria, não foi ele que veio a minha cabeça e sim o tal homem do hospital. Precisava saber por que ele me visitava todo dia no hospital. Eu precisava conhecê-lo. Mas como? Como iria achar alguém ao qual eu nem sabia o nome?
Eu estava confusa, não sabia o que pensar e muito menos o que fazer. Queria que minha mãe estivesse aqui, para poder me aconselhar e me dizer o que deveria fazer. Mas ela não estava aqui. Lágrimas começaram a rolar por meu rosto, e foi assim, como nos dias anteriores, que adormeci.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
aceito críticas e também elogios, então comentem please! (: