Show De Vizinho escrita por Alana Mara Farias


Capítulo 14
Ele se foi...




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CAPÍTULO 13

Os meses se passaram e
mesmo co a ajuda de Alice e Ângela, as minhas notas na escola foram péssimas em
todos os testes e provas. Por mais que eu esforçasse, eu não conseguia realmente
estar ali, naquela sala, ouvindo o que o professor tentava me ensinar. Meu corpo
estava presente e meus ouvidos também, entretanto, minha mente vagava por
lugares sombrios e angustiantes que me faziam ficar imersa na dor que me atingiu
no dia em que Edward e eu nos separamos.
Eu tentava dissipar meus
pensamentos, participar das conversas entre os meus amigos, mas cada palavra me
fazia lembrar do pior dia da minha vida. E isso era doloroso demais, até o ponto
em que eu não sentia nada. Absolutamente nada. Havia dias em que eu me sentia em
estado vegetativo, tamanha era a inércia de meu corpo. Fiquei aliviada quando
mais um dia de aula se passou, permitindo-me ir para casa afogar-me num mundo
onde nada existia. Era apenas eu num espaço escuro, vazio. Eu não enxergava
nada, não fazia nada.

A campainha tocou e eu me perguntei quem seria a
essa hora. Pensei na possibilidade de ser Charlie. Depois de ter certeza de que
eu ficaria bem sozinha, ele voltou a trabalhar em tempo integral na delegacia, e
às vezes, esquecia as chaves, mas não me lembro de ter trancado a porta.

Desci escada a baixo, olhando diretamente para uma figura masculina que
pairava na porta, fazendo sua sombra refletir ali. Meu coração acelerou pelo
jeito que o cabelo se mexia por conta do vento lá fora. Estiquei a mão que
tremia em direção à maçaneta quando vi a sombra se afastar. Abri rapidamente a
porta, vendo dois homens que se preparavam para voltar a seus carros, virarem-se
para mim, olhando-me seriamente. Olhei para seus uniformes e, instantaneamente
meus olhos encheram-se d’água por reconhecer suas fardas verdes.

-
Senhorita Swan? – um deles chamou por meu nome, enquanto eu tentava não
acreditar no que estava por vir.

Não tive como pronunciar palavra
alguma, pois sabia o que iria acontecer dali pra frente. Era óbvio prever o que
esses dois homens do exército, um coronel e outro soldado – que inclusive estava
ferido -, vieram fazer em minha casa.

- Estamos aqui para entregar-lhe o
Comunicado de Desaparecimento do Soldado Edward Anthony Masen Cullen. – pus a
mão na boca abafando o grito desesperado que eu prendi em minha garganta – Ele
nos deu esse endereço, caso acontecesse algo com ele. Entendo que este é um
momento delicado, mas peço que avise aos pais dele, pois não temos nada além dos
dados que o soldado Cullen nos confidenciou sobre você.
- Ele...
desapareceu? – eu não entendia.

Abri o comunicado quando o coronel
Stephen Boyel aconselhou-me a ler.


31 de Novembro de
2009
Washington D.C.
Gabinete do Comando de Guerra do Exército dos
Estados Unidos da América

Comunicamos que Edward Anthony Masen Cullen,
soldado que serviu o Exército dos Estados Unidos da América, desapareceu no dia
27 de Novembro de 2009 na cidade de Bagdá localizada no Iraque, quando a base
foi atingida por bombas e alvejada por tiros de terroristas iraquianos.

Infelizmente seu corpo não foi encontrado, portanto, informamos-lhe que está
desaparecido até encontrarmos algo que possa combinar com seu DNA.



Com pêsames,
Comando Geral do Exército dos Estados Unidos da
América



- OMG! Não, não pode ser! Onde Edward está? Por que
fizeram isso com ele?

Eu gritava ao mesmo tempo em que chorava
loucamente pensando onde o corpo de Edward estaria, sem nem ao menos ter direito
a um enterro, a uma despedida. Meu corpo inteiro doía, era como se tivesse
arrancado tudo de mim e agora só restava uma carcaça de um corpo que eu não
sentia, tamanha a dor, o desespero que percorria por minhas veias. Eu estava
angustiada. Meus gritos eram assustadores e eu me sentia tão vazia que eu não
conseguia me controlar.

- Peço que a senhora se acalme, nós vamos...

- Ficar calma? VOCÊS MATARAM O MEU EDWARD! O TIRARAM DE MIM E AGORA ACABARAM
DE TIRAR MINHAS ESPERANÇAS, MINHA VIDA! VOCÊS SÃO UNS ASSASSINOS ISSO SIM! SAIAM
DA MNHA CASA AGORA SEUS ASSASSINOS DE PESSOAS INOCENTES! EDWARD FOI COM VOCÊS
PARA AJUDÁ-LOS A SALVAR VIDAS E VOCÊS ACABARAM DE TIRAR A DELE! SAIAM!


Eu gritava desesperada enquanto os empurrava porta afora sem me
preocupar se os estava desrespeitando ou não. Eles tiraram o Edward de mim,
obrigaram-no a ir para a guerra e o mataram. O tiraram para sempre da minha
vida, dos meus braços. Eles entraram no carro desculpando-se pelo ocorrido.


- Suas desculpas não vão trazer o Edward de volta. – contestei antes que
um deles levantasse o vidro da janela do carro.

Fiquei ali parada,
segurando a carta que acabara de receber, apertada contra meu peito, que parecia
estar vazio, sem batimentos, sem vida. Minha vontade era de gritar, de socar
alguém, de sumir, de morrer e juntar-me a Edward novamente.


Os dias
se passaram e eu perdi a noção de tudo o que acontecia no mundo lá fora. Eu não
comia, não bebia, não levantava da cama. Meu quarto estava todo tapado para que
nenhuma luz entrasse pela janela ou por qualquer outra fresta.
Sentei-me na
cama co o cobertor nas pernas e me abracei, fechando os olhos. Imaginei Edward
entrando pelo quarto e me abraçando bem forte. Passando seu nariz pelo vão de
meu pescoço enquanto sussurrava o quanto me amava. Meus olhos imediatamente
encheram-se d’água e eu, mais uma vez, estava chorando. Porque eu nunca mais o
teria de volta. Nunca mais veria seu sorriso, seus olhos, seu rosto. Nunca mais
sentiria sua pele e muito menos seu abraço ao redor do meu corpo.


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