“Você é a minha vida”. Ela sussurrou. “Por favor, me perdoa por tudo aquilo que eu te falei, eu fui uma completa idiota. Eu te amo tanto e eu sei, eu juro que eu sei que você também me ama”. Ela começou a chorar. “Por favor, não vai embora, por favor, não me deixe”. Ela começou a sussurrar em um tom de desespero, apertando seus braços ao redor do meu pescoço.

“Você também é a minha vida”. Sussurrei em seu ouvido. “E eu não vou a lugar algum sem você” Lhe assegurei e voltei a acariciar seu cabelo, tentando acalma-la. Voltamos para casa em completo silencio, eu ainda estava muito magoada. Depois de alguns minutos, ela adormecera em meus braços.

Pov. Quinn

Acordei no dia seguinte meio confusa, achando que tudo o que aconteceu não havia passado de um sonho, mas assim que eu percebi que estava no meu antigo quarto, que minha perna estava doendo um pouco e que a Rach não estava deitada ao meu lado esperando que eu acordasse para me dar um beijo de bom dia, eu soube que tudo havia sido real.

Levantei lentamente, tentando não machucar minha perna ainda mais e fui até o banheiro para fazer a minha higiene pessoal. Quando eu fiquei um pouco mais apresentável, eu fui ate o quarto, encontrando a Rachel sentada na janela no meu quarto, olhando para o lado de fora.

“Bom dia Rach”. Falei sorrindo, fazendo que ela direcionasse seu olhar para mim.

“Bom dia”. Ela falou sem me olhar nos olhos. “Você precisa de ajuda para se trocar?”.

“Acho que sim”. Corei.

Ela assentiu sem falar nada e veio me ajudar a trocar de roupa.

“Por que eu estou dormindo nesse quarto?”. Perguntei curiosa depois de alguns minutos, aquele silencio já estava me matando.

“Eu precisei limpar toda a bagunça que o outro estava”. Respondeu simplesmente.

“Você esta bem?”. Perguntei.

“Estou sim”. Ela falou e se afastou um pouco. “Eu vou preparar o seu café da manhã”. Disse baixinho e foi em direção ao corredor.

Ela ainda estava magoada. Pensei com pesar.

“Rach”. A chamei antes que ela saísse.

“Sim?”. Ela perguntou sem se virar.

“Podemos conversar?”. Perguntei insegura.

“Eu tenho que fazer o seu café”. Desconversou.

“Vai ser rápido”. Garanti.

“Ok”. Sussurrou e se sentou na minha cama, eu me sentei a seu lado e respirei fundo tentando organizar meus pensamentos.

“O que aconteceu depois que você saiu de casa ontem?”. Perguntei baixinho.

“Eu fui dar uma volta na floresta para tentar clarear meus pensamentos”. Falou sem me olhar nos olhos.

“E você conseguiu?”.

“Não muito”. Encolheu os ombros. “Eu pensei em todas aquelas coisas que você me falou e...”.

“E?...”. A incentivei a falar.

 “Eu não sei o que fazer”. Levantou os olhos, eu consegui ver a dor que ela estava sentindo.

“Eu...”. Ela me interrompeu.

“Você realmente pensa todas aquelas coisas?”. Voltou a abaixar a cabeça.

“Não”. Respondi sem hesitar.

“Por que não?”. Ela me perguntou. “Eu realmente era assim”.

“Mais você não é mais”. Garanti.

“Como você sabe que não?”. Me desafiou.

“Você sempre foi carinhosa comigo, sempre cuidou de mim, você demonstra seu amor a todo minuto”. Sorri carinhosamente.

“Eu posso estar fingindo”. Deu de ombros.

“E por que você faria isso?”. Levantei uma sobrancelha sorrindo.

“Para fazer você se apaixonar por mim, com eu já fiz com tantas outras mulheres”. Voltou a dar de ombros. “É divertido levá-las para a cama e depois ver todas elas morrendo de amores por mim”. Sorriu maliciosamente.

“Então por que você me ‘adotou’ e cuidou de mim desde praticamente o meu nascimento?”. Fiz aspas quando falei adotou.

“Peso a consciência, sabe, seu sangue tem um cheiro delicioso, mas eu não sou muito a favor de beber sangue de crianças”. Ela Sorriu maligamente, mas eu conseguia ver através dos seus olhos que ela estava mentindo.

“Eu não sou mais criança, você pode beber agora se quiser”. A desafiei, me aproximando e tombando minha cabeça para o lado, deixando meu pescoço a mostra. Percebi que ela prendeu a respiração e voltou a abaixar a cabeça. “Você não seria capaz de fazer isso”. Levantei minha cabeça e sorri acolhedoramente.

“Você me magoou falando todas aquelas coisas Quinn”. Ela falou fracamente, deixando as brincadeiras e provocações de lado.

“Eu sei”. Meus olhos lacrimejaram. “Eu sei que eu te magoei falando todas aquelas idiotices, e me dói não saber como me redimir com você”. Comecei a chorar. “Você é a minha vida, você é o ar que eu respiro, quando você não esta por perto é como se um buraco se formasse no meu peito. Saber que você esta chateada comigo esta me matando aos poucos”. Meus soluços aumentaram. A Rach percebendo o meu desespero, chegou mais perto de mim e me abraçou protetoramente, me colocando em seu colo, mas eu percebi que ela estava tensa por me ter tão perto.

“Shhhhhhh, não chora”. Ela sussurrava no meu ouvido enquanto me ninava.

“Me desculpa, me desculpa...”. Eu falava repetitivamente, enquanto apertava ainda mais seu corpo contra o meu.

“Se acalme Quinn”. Ela começou a acariciar meus cabelos, tentando me acalmar. Depois de alguns minutos assim eu consegui parar de chorar.

“Melhor?”. Perguntou se afastando um pouco. Balancei a cabeça positivamente.

“Mesmo chateada comigo, você ainda cuida de mim”. Sussurrei admirada.

“Eu sempre vou cuidar de você”. Acariciou meu rosto hesitantemente. “Não importa o que aconteça”. Garantiu e me tirou do seu colo. “Mas eu acho que eu tenho uma parcela de culpa nisso tudo”.

“Você não tem”. Discordei.

“Eu deveria ter te explicado aquela historia de não querer te transformar”. Explicou, me fazendo prender a respiração. “Tira essa ideia de que eu não te amo da sua cabeça. O fato de não querer te transformar, não tem nada haver com amor”.

“Por que você não quer então?”. Perguntei curiosa.

“Eu não quero essa vida para você”.

“Como assim?”.

“Ser uma vampira não é um mar de rosas Quinn”.

“Eu não concordo”. Falei com um pequeno sorriso. “Você é mais rápida, mais forte, seus sentidos são muito melhores do que os de um humano e você têm poderes”. Arregalei meus olhos entusiasmada.

“Eu perdi a minha humanidade Quinn e eu não quero que você perca a sua”. Tentou me explicar. “Quando eu me transformei em vampira, eu fiquei mais fria, minhas emoções ficaram praticamente extintas, eu senti raiva, eu fiquei tão sensível que qualquer acontecimento me deixavam com vontade de brigar, vontade de matar. O pior é a sede, você não consegue acabar com ela, depois de muito tempo é que você consegue controla-la, mas não extingui-la totalmente”. Me explicou com pesar.

“Mas eu não vou estar sozinha, você vai estar do meu lado, você vai me ajudar nessa jornada”. Peguei a sua mão, entrelaçando nossos dedos. “Não vai?”. Sorri.

“Eu sempre vou estar do seu lado, eu nunca te deixaria sozinha, principalmente em uma situação dessas”. Me garantiu.

“Então não há o que temer”.

“E a Santana e Brittany?”. Perguntou depois de alguns segundos.

“O que têm elas?”. Perguntei confusa.

“Você não poderá mais vê-las”.  Me explicou fazendo o meu peito doer, eu realmente amava aquelas duas.

”Por que não?”. Sussurrei.

“Você poderá ataca-las, pois o sangue delas irá te atrair”.

“Eu... eu posso aprender a me controlar, antes de voltar a interagir com elas”. Tentei resolver o problema.

“Demora um pouco para aprender a controlar sua sede e reaprender a interagir com os humanos”. Ela me explicou. “Elas já seriam duas adultas e você continuaria sendo uma adolescente, elas iriam desconfiar”.

“Eu abriria mão de tudo isso se fosse para ficar com você”. Afirmei depois de alguns minutos em silencio. “Eu sei que vai ser difícil, mas eu realmente quero isso”.

“Você estaria abrindo mão de muita coisa”. Abaixou a cabeça.

“Por você vale apena, eu te amo”. Segurei seu queixo, levantando seu rosto. “Eu não quero ficar sem você”.

“Eu também não quero ficar sem você”. Acariciou meu rosto levemente, me fazendo fechar os olhos. “Eu sei que você corre perigos se continuar sendo humana, mas eu posso te proteger”.

“Você não pode me proteger contra tudo meu amor”.

“Claro que eu posso”. Franziu a testa, fazendo um bico contrariado.

“Se você não me transformar, alguma coisa irá nos separar. Pode se um acidente, alguma doença ou a velhice”. Sorri. “Você não pode me proteger dessas coisas”. Falei docemente, escutando ela suspirar derrotada.

“Você esta certa”. Sussurrou.

“Eu estou?”. Abri um enorme sorriso.

“Se eu não te transformar, eu vou te perder”. Voltou a falar normalmente. “Eu me sinto tão egoísta pensando assim”. Suspirou.

“Nós somos duas egoístas então, porque se você não me transformar, EU vou te perder”. Falei. “E eu não quero isso”.

“Tudo bem você venceu”. Ela abriu um lindo sorriso.

“Você vai me transformar?”. Gritei animada. Se eu não estivesse com a perna quebrada, eu iria me levantar da cama e começar a dar pulinhos animados.

“Vou”. Falou dando risada da minha reação. “Mas não agora”. Completou.

“Rach...”. Reclamei fazendo bico.

“Eu vou te transformar, relaxa”. Deitou na cama preguiçosamente.

“Quando então?”.

“Quando você terminar a escola”. Sorriu.

“Mais eu ainda estou no segundo ano”. Reclamei.

“Eu sei”.

“Eu não vou esperar dois anos”.

“Eu quero que você passe tempo com os seus amigos”. Explicou. “Depois da transformação você não vai mais vê-los”.

“Dois anos é muito tempo! Já que você quer que eu me despeça deles, então, me transforme no final desse ano”.

“Mais o ano termina daqui três meses Quinnie”. Eu sorri, fazia tempo que ela não me chamava por esse apelido.

“Tempo suficiente para me despedir”. Dei de ombros.

“Falando assim, ate parece que você não vai sentir falta deles”. Franziu a testa confusa.

“É claro que eu vu sentir falta deles, principalmente da Britt e da Sant”.

“Então por que você quer ser transformada tão rápido?”. Perguntou. Eu me ajeitei na cama e deitei ao seu lado, a abraçando pela cintura.

“Porque eu quero começar logo o nosso Para Sempre”. Sussurrei a fazendo sorrir levemente.

Eu tentei unir nossos lábios, mas ela virou o rosto impedindo que o beijo acontecesse. A reação dela me magoou, mas fui eu quem procurou por isso, fui eu quem havia a magoado e eu teria que correr atrás do prejuízo se quisesse que tudo voltasse ao normal.