Romeo And Juliet escrita por bloodyfiction


Capítulo 3
Capítulo 3 - Volta a casa de Julieta




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Chegar a casa era um ritual divino, apos ser buscada com Téo na frente do colégio, agüentar a ladainha de fofocas e besteirol dele até a casa dele, depois ir pra minha casa.

Às vezes eu não suportava a voz de Teobaldo, outras vezes mantinha normalmente, afinal, ele é meu primo, meu único amigo, claro que da minha idade, ou homem, eu tinha mais amigos com certeza, mas consideravam mais colegas, afinal amigo, amigo mesmo é aquele que te levanta quando você esta por baixo, então nessa categoria o único que entrava era Téo.

Assim que cheguei, coloquei minha mochila na cama e fui tirando aquele uniforme horroroso. A saia estilo kilt azul e vermelha podiam até combinar com meu all star vermelho. Mas não combinavam comigo nem um pouco. Sem contar aquela gravata azul marinha que éramos obrigados a usar no primeiro dia de aula, junto com o blazer preto, que como eu disse antes, no primeiro dia éramos obrigados a usar apenas no primeiro dia de aula.

Olhei-me no espelho, vestida daquela maneira, e não gostei muito, parecia mais astuta e orgulhosa que o normal, formal demais, estranha demais. Sinceramente, cheguei a de lampejo pensar, “como Romeu poderia ter gostado de mim? Estou tão feia, esquisita.”, cheguei a me virar, fazer poses, segurar a barra da saia e fazer charminho, mas nada tirava aquela sensação horrorosa de dentro de mim. “Ainda bem que manhã não vou precisar da gravata e vou poder usar o blazer aberto”, não conseguia passar aquela impressão então a única coisa que eu fiz foi despir-me enquanto ia para o banheiro, tirava o  blazer e joguei na cama enquanto fazia o mesmo com a gravata, porém dessa vez jogando no chão. Abri o armário procurando uma roupa decente, escolhi por fim uma camiseta comum branca e um shorts confortável. E me pus a tomar banho, lavando meus cabelos castanho-avermelhado pela enésima vez na mesma semana, acho que alguns fios já estavam ficando fracos e caindo, mas não ligava muito, apenas fechei os olhos e mentalizei as coisas que mais desejava no momento. Não sabia se mentalizava Romeu junto, mas por fim resolvi pensar apenas no sucesso que necessitava nesse ano e paciência que precisarei ter com Patrício. E claro, a festa de sábado, que só Deus sabe como ela vai terminar.

Na verdade mesmo, o que eu mais esperava é que eu conhecesse um cara legal a ponto de me fazer dar um motivo para que a idéia idiota da minha mãe de um suposto namoro com Patrício fosse esquecida, mas, seria impossível, afinal, a única coisa que aquela mulher pensa é que eu devo me casar com alguém na qual seja boa o suficiente para fazer com que seus negócios cresçam.

Se você pudesse ver minha cara de desprezo nesse momento poderia entender o que estou dizendo.

De fato, a única coisa que me resta é sair do banho e me vestir. É o que eu faço, me seco, e enrolo a tolha na minha cabeça, enquanto visto minhas roupas, tiro a toalha e penteio meus cabelos, olhando minha aparência no espelho, giro, olho de um lado, de outro, e finalmente pego o secador, secando meu cabelo para que ele não pingasse no chão e minha adorada amiga ama tivesse trabalhos.

Saio e vou direto pra cozinha, me sentando na bancada, que é o lugar onde sempre faço as refeições casuais, como: almoços sem minha família,lanches da tarde, café da manhã e etc.

Logo a ama da casa veio colocando um prato cheio na minha frente, frango grelhado, salada, arroz e feijão, tudo o que eu mais desejava naquele momento, logo ela puxou um banco do meu lado e sentou na minha frente como sempre interessada nos meus assuntos e no meu mundo.

Ela era uma das mulheres que eu mais confiava, seu nome era Márcia. Era ama da casa desde que eu me entendo por gente, era uma moça morena, muito bonita, alta de um corpo largo, sorriso no rosto e cabelos encaracolados cheios. Recebia bem dentro da minha casa, o que lhe rendia um bom estilo de vida, me lembro de quando ela entrou na minha casa, morava na rocinha, mas logo depois de alguns anos de sábio uso de dinheiro ela logo melhorou de vida, mora num apartamento em Copacabana com seu marido e sua filha (adotada, ela é estéril)

- Então mocinha me conte sobre seu primeiro dia de aula. – sorri ao ver seu sorriso presunçoso na minha frente, creio que ela percebeu que fiquei vermelha, me pergunto se foi por causa de Romeu, ou se fosse a grandiosidade da escola, embora eu faça o tipo: filha de papai orgulhosa, não sou, gosto de simplicidade, minha antiga escola era prova disso.

- É... Foi legal né – ela riu maliciosamente, ela me conhecia.

- Legal como!? Seu primo fez o de sempre que eu sei, aquele chato do Patricio, nem preciso dizer, infelizmente Julieta você sabe que sou sua melhor amiga, que sabe o que digo e acho que você deveria... – lá ia começar ela com o discurso sobre o Patrício, era apenas algo idêntico ao que minha mãe dizia só que de uma forma mais amigável e doce.

- Já sei ama, continue. – ela revirou os olhos e estendeu a mão para trás e gritou:

- PEDRO!? Faça um favor pra mim? – Pedro, um dos criados da casa parou na frente da porta da cozinha e esperou o “favor” ou seja, ordem de Marcia. – Coloque água para a  gatinha de Juli?  Digo, para a Janis. - Janis era o nome da minha gatinha, uma homenagem a Janis Joplin, nada mais esperado para mim. – Continue Juli, por favor.

- Então, ah, lá é legal, grande, um frei, o tal do Frei Lourenço é um cara ótimo gostei muito dele. – Ela sorriu e colocou as mãos sobre as minhas enquanto eu repousava de mais uma garfada no meu imenso prato de comida “adeus anorexia”, que era um clássico do especial volta as aulas de Márcia, ela sempre achava que eu ia morrer de fome, ou tentar imitar as meninas ridículas do meu colégio.

- E, bem... creio que não tenha sido por causa de nenhum franciscano que você ficou vermelha assim, foi algum, moreno, alto, sedutor? Ou foi assim um loiro, baixinho, completamente fofo? – ri das comparações de Márcia, apenas dei de ombros.

- Vamos fazer o seguinte, talvez. Fica assim? – Ela riu, deu um leve tapinha no meu ombro.

- Ele tem nome? – Nossa, agora eu fiquei em duvida, conto a ela ou não sobre, Romeu? A duvida estava em mim e eu não sabia o que fazer... Resolvi contar, afinal a ama é a minha mãe que eu nunca tive.

- Romeu... Romeu Monteiro. – Seu olhar foi uma mistura de censura, e medo. Mas logo depois sorriu de leve. – Ele... é bonito, legal mas nada confirmado, eu não vou dizer se sinto algo ou não, nem eu sei na verdade... Sei que está ai e... – ela logo me cortou, sabia que ia começar uma serie de filosofias.

- Julieta, a vida é sua, você sabe o que faz, confesso que Romeu não é feio, muito pelo contrario é lindo, você sabe bem disso, já o vi jogando futebol naquele campinho há duas ruas daqui com aqueles colegas dele e realmente... bem, é meio chato essa barra de você ter que casar com quem seus pais querem que case, ou ficar longe de quem seus pais querem que você fique longe – nesse momento ela estava olhando fixamente em meu olho, e eu já havia largado o garfo e olhava assustada para aquela série de verdades e opiniões, ela segurou minha mão. – Julieta, se você realmente começar a gostar desse rapaz, simplesmente o faça, não ligue pra o que seus pais vão pensar, ou sua família vá fazer, por que se eu for demitida desse emprego saiba que é por que você é mais minha amiga que eu empregada dessa casa.

Olhei pra cara dela, depois algum tempo de tensão, apenas abri um sorriso e deixei que a tensão passasse.

Essa era a Marcia que eu conhecia.

Essa era a semana que eu esperava.


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