Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 64
Mudança de rumo


Notas iniciais do capítulo

Eu já falei que to muito inspirada essa semana?

Vai aí mais um capítulo para vocês.

Boa leitura!



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— E é tudo isso que o senhor tem a dizer? A culpa foi dele? Uma desculpa digna de criança?!

Doug bradava com Gil, uma folha amassada de jornal em sua mão.

O jogador, por sua vez, estava sentado na cadeira à frente do gerente de maneira displicente, como se não ligasse para nada que estava acontecendo ali. A seu lado estava William, com uma postura mais rígida que a de seu filho.

—Então quer dizer que Dean escolheu deliberadamente lhe dar um soco no meio de um bando de gente, logo após nós ganharmos o campeonato e aqueles troféus todos, por motivo nenhum? Ele escolheu SOZINHO manchar a história do clube com uma luta de gato e rato? É isso mesmo que está dizendo?!

—Sim. Eu não fiz nada , senhor, a não ser tentar ir embora dali. E não havia ninguém vendo até aquele momento. Foi só quando ele decidiu empurrar minha namorada no chão, que estava tentando defender aquele crápula, que a confusão se armou. E eu não entendo o motivo de ele não estar aqui comigo.

—Não interessa onde Dean está. Eu estou falando com você, Gilbert. Onde o senhor estava com a cabeça quando decidiu que era uma ótima ideia entrar em uma briga justo naquela noite... porque em vez de os jornais falarem da nossa premiação histórica eles acharam melhor cobrir uma briga entre nossos melhores jogadores!

Gil encarou o gerente de seu time, a incredulidade estampada em seu rosto. Aquele homem não era cego, tampouco burro. Ele sabia muito bem da desavença entre Gil e Dean, e sempre escolhera, aos olhos de Gil, defender o outro jogador. Embora irritante, tal fato nunca impedira Gil de fazer o que ele fora contratado para fazer: jogar basebal. Ele relevara muita coisa em nome do espírito esportivo do time. Tanto que agora os Devils tinham um título inédito. Mas nada disso parecia bastar para Doug. E Gil não sabia se tinha vontade de continuar com isso.

— Como eu já disse, senhor, eu somente respondi a agressão de Dean. Eu sinto muito que tenha acontecido nesse momento, mas...eu não posso ficar calado enquanto ele faz o que quer. Dean não gostou quando eu cheguei ao clube, muito menos quando eu assumi a posição de capitão... ele não suporta o fato de eu ser um melhor jogador que ele e fica o tempo todo me hostilizando. Lembra do incidente com meu equipamento que desapareceu? Eu tenho certeza que foi ele, mas o clube não fez nada para investigar um roubo que aconteceu dentro de suas paredes. Ele é seu protegido? Ótimo! Fique com ele! Eu não preciso aturar nada disso! Tenho um bom dia!

Gil se levantou como um furacão e saiu porta a fora, deixando os dois homens parados na sala.

— Mas o que foi isso?!- Doug exclamou.

William, que nunca vira o filho agir assim com um superior em sua vida, não podia dizer que estava surpreso. O técnico se virou para o chefe e respondeu.

—Isso aí é o que acontece quando você chega a seu limite. E se eu fosse você eu abriria bem os meus olhos. Você tem duas galinhas dos ovos de ouro em seu time. Dean te traz um patrocínio grande, é verdade, mas se parar para pensar... não é garantia de que isso sempre vai acontecer... já Gilbert... o garoto tá no melhor do seu jogo. Ele não só pode te trazer títulos, como também todo aquele dinheiro de merchandising... ter o melhor jogador do campeonato no seu clube abre portas que um só patrocinador não pode cobrir.

William também se levantou, mas antes de sair deu sua cartada final.

— E o senhor está apostando suas fichas na galinha errada. Do jeito que a coisa está agora, não me surpreenderia se Gil não tivesse mil propostas para trocar de time... e não sei se ele está feliz o bastante com os Devils para ficar aqui.

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Apesar de ter muito o que pensar sobre sua vida profissional, Gil resolveu que não iria pensar sobre aquilo por um tempo. Afinal, ele estava de férias e queria aproveitá-las.

Assim, para se manter ocupado o jovem resolveu oferecer ajuda a sua amiga para montar a festa de um ano de sua afilhada. Com Catherine e Sara trabalhando, Gil ficou encarregado de ajudar a avó da garota a organizar a festa- que na opinião do jogador estava se tornando um evento.

— Quero dizer, para que uma garota que mal anda direito quer um pônei fantasiado de unicórnio na festa?!- Gil e Sara estavam a caminho da festa e Gil comentava sobre a preparação- Afinal, ela nem vai se lembrar de nada!

— Para isso que existem as câmeras de vídeo, Gilbert!- Sara estava se divertindo com as reações do namorado- Além do que, eu acho que essas festas são mais para a família do que o bebê. É um momento de celebrar e compartilhar a alegria de ter um filho.

Sara falou enquanto dirigia. Ela prometera ser a “motorista da rodada” para seus amigos. O que permitiu a Gil observar sua namorada enquanto falava. E aquela fala dela saiu tão natural... como se fosse um desejo dela, apesar de o jovem nunca ter visto na morena um indício de desejos de ser mãe.

 Sara reparou que seu namorado ficara muito calado depois de sua resposta e virou o rosto para o lado. Gil tinha uma expressão estranha no rosto.

—Ah... Gil, tá tudo bem?

—Sim... é que... eu nunca vi você falando assim sobre...

— Sobre o que? Filhos? Ué... – Sara repassou mentalmente sua fala e não viu nada estranho nela, a não ser que...- Gil, eu não to falando nada disso por experiência não, tá? Eu não to grávida e nem desejo ter um filho agora!

— Mas você quer... eu digo, um dia?

— Não sei... um dia, quem sabe... mas não no momento. O senhor vai ter que se contentar com as fofuras da Lindsay por enquanto.

O casal ficou quieto durante o resto do percurso. Cada um com seus pensamentos. Gilbert se lembrando que bem no início de sua carreira ele havia sonhado em mostrar ao pai que era possível sim ter uma carreira e uma família perfeita. Ele queria ser melhor que o pai, e essa vontade era o que impulsionava seu desejo por uma família. Não por amor ou um desejo real de ser pai e sim por um desejo torpe de vingança. Era tão estúpido e fraco aquele pensamento que logo se perdeu. Mas naquele momento, no qual Gilbert tinha em suas mãos o anel do campeonato, prova de que ele vencera uma grande batalha... bem, agora ele tinha a seu lado uma mulher incrível. E o desejo fraco por uma família para chamar de sua foi ganhando forças. Ele só tinha que esperar que Sara tivesse os mesmos desejos.

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Bagunça generalizada.

Era assim que Sara se referiria a qualquer festa com mais de duas crianças daqui para a frente.

Uma bagunça chique, decerto. Gil tinha razão, era uma festa digna de 15 anos. Lindsay então, mais parecia um bebê da realeza com aquele vestido da cor do arco-íris. O tema da festa era, obviamente, unicórnios e Sara nunca contara tantos bichos fantásticos em sua vida.

Os convidados eram um mix de gerações. Havia crianças suficientes para formar uma turma de pré-escola, pais para cada uma e vários amigos de Lily, inclusive um tal de Sam Braun- que parecia muito como um vovô orgulhoso de sua neta.

De mãos dadas com seu namorado ela entrou na casa de festas, mas o perdeu antes de contar dez passos. Afinal, ele era uma celebridade no momento em Vegas. Quer você gostasse do esporte, quer não, você sabia quem era o padrinho de Lindsay. Sem se importar, Sara se dirigiu até seu grupo de amigos e se sentou. Boa companhia, lugar bonito e comida de festa de criança... o que ela tinha para reclamar?

Infelizmente, uma pessoa em particular não gostava nada de ficar nas entrelinhas da festa. Afinal, o bebê era dele! Como assim todos os convidados queriam uma foto de Gil com Lindsay! Para piorar mais ainda a situação, Edie e Catherine não vinham tendo um bom relacionamento. Brigas e mais brigas, era só o que o esperava quando chegava em casa. Se não era sobre dinheiro era sobre a falta de objetivo na vida dele. Ou então sobre as horas que ele praticava. Ele não acertava nunca! Ou chegava tarde demais ou nunca estava lá quando ela precisava! Era de deixar qualquer um louco e Catherine se achava a dona da razão.

Para aguentar aquele evento, só mesmo uma cerveja gelada. Ou duas, ou três? Quem estava contando? Não seria sua querida esposa, afinal esta estava ocupada demais dando atenção a todos os homens da festa que não fosse casado com ela, obviamente.

A salvação dele veio em forma de sua filha. Lindsay certo momento encontrou o pai, e ficou pedindo colo para o homem. Com o bebê em mãos o pai ficou um pouco mais tranquilo. O problema se deu foi com a insistência de Catherine em não lhe dar atenção. A gota d’agua foi quando ela resolveu sumir da festa com um daqueles amigos dela. O tal cara com quem ele sabia que ela já tinha um caso. Aquilo não poderia ficar assim.

Eddie esqueceu tudo à sua frente. Deixou a filha brincando sozinha e foi atrás dela. E encontrou sua mulher em um dos quartos estilo camarim da casa.

— Ora, ora ora! O que temos aqui?

Eddie entrou no camarim, onde Warrick e Catherine estavam conversando. A loira tinha lágrimas nos olhos e estava sentada na cadeira em frente à penteadeira. Já Warrick estava do lado dela, agachado e com as mãos no rosto da loira.

— Eddie... que diabos...

Catherine se levantou rapidamente e se afastou de Warrick.

— Então é isso o que você faz quando diz que vai sair com seus amigos? Vai se encontrar com seu caso!

— Eddie, você está muito enganado- Warrick se meteu na frente de Catherine ao ver que o marido estava muito irritado – Eu só estou conversando com ela, nada demais...

— Como se eu fosse otário para acreditar nisso! Você tá me traindo na festa da nossa filha!

— Só porque você seria baixo o suficiente para fazer isso não significa que eu também faria a mesma coisa, Eddie!

O homem voou para cima dela, mas Warrick foi mais rápido e o interceptou. Os dois perderam o equilíbrio e pararam no chão, com um tentando se desvencilhar e o outro o prendendo.

—Pelo amor de Deus, Eddie, Warrick parem com isso!

Mas a confusão tava armada e nenhum dos homens pareceu escutá-la. Até o momento que um choro de criança adentrou o recinto.

—Lindsay... Eddie, onde está a Lindsay

O homem parou de lutar e arregalou os olhos. Ele a deixara sozinho!

— Ela estava brincando na casinha e ...

— E você a deixou sozinha? Ah, Eddie!

Sem esperar por nada, Catherine saiu em disparada atrás de sua filha, e encontrou a bebê no colo da avó, chorando compulsivamente. Atrás dela, a caixa que fora usada para guardar os brinquedos que ela ganhara estava no chão, com os pacotes esparramados.

—Mas o que aconteceu?

— Ela conseguiu virar a caixa em cima dela!- Lily contou. Quando a bebê viu a mãe, aí que aumentou o berro- Não acho que tenha se machucado, foi só um susto. Mas ainda assim, Catherine... como você pode deixa-la desacompanhada? É só um bebê.

—Pois é, mãe!- Catherine respondeu e se virou para o pai da criança- como pode?

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*CSI~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

No dia seguinte à festa, Gil foi visitar sua amiga a pedido dela. Lá chegando, o jogador pode ver que a casa estava uma zona, não somente de brinquedos novos e velhos, mas também com muitas roupas e acessórios masculinos espalhados aqui e ali. Lindsay estava segura em um cercadinho, e assim que viu o padrinho pediu colo para ele.

— Senhorita, como está bonita hoje!- ele pegou a bebê e deu um beijo em sua bochecha- Você não vai ajudar a mamãe a arrumar a bagunça não?

Ele se virou para Catherine e observou a mulher andar de um lado ao outro do apartamento, juntando cacarecos aqui e ali e depositando-os em um grande saco de lixo.

— Lindsay é mais capaz de fazer a bagunça do que ajudar no momento...

— E eu posso servir de alguma ajuda?

A loira parou no meio da sala, um par de meias nas mãos.

—Ah, Gil... – e caiu em prantos.

—Mama!- Lindsay chamou por sua mãe e Gil a colocou novamente no cercadinho. Meio sem jeito, ele foi até a amiga, tirou as meias da mão dela e a fez sentar.

— Cath...

A loira só chorou mais e se agarrou ao amigo, que não pode fazer nada a não ser confortá-la. Quando ela se acalmou, conseguiu explicar que o marido saíra da festa logo após o incidente e que não voltara até o momento.

—Então eu decidi que se ele não se dá ao trabalho de estar com a filha ontem ele não precisa nem voltar para casa...

— Sinto muito, Cath...

Apesar de já esperar o pior daquele relacionamento, Gil estava genuinamente triste pela amiga. Ela era uma mulher incrível e merecia ter um cara tão incrível quanto ela.

—Eu não sei porque achei que ia ser diferente... achei que com uma filha, sei lá... que ele amadureceria, sabe?

Gil queria dizer que uma família não era garantia nenhuma de que a pessoa fosse amadurecer. O próprio pai dele era um exemplo disso. Ele era da opinião de que Eddie era do tipo de cara que nunca iria deixar de ser o que era : um bon vivant, que só queria os prazeres sem os deveres... mas ele não achou que era isso o que sua amiga queria ouvir.

— Cath... você sabe que tem o meu apoio, não importa o que queira fazer... eu vou estar sempre aqui para você e para a Linds...

— Ah, Gil... obrigada... no momento, eu preciso me livrar das coisas dele... você me ajuda?

— Com prazer.

Os amigos então se puseram a organizar todos os pertences de Eddie. Quando terminaram, Gil os levou até a portaria e deixou lá para que Eddie visse. Quando voltou para o apartamento viu que sua amiga abrira uma garrafa de champagne e servira com suco de laranja. Era a bebida favorita dela.

—Não está meio cedo para beber?

—Relaxa... só vou tomar um copo...ou dois.

Gil sorriu e se sentou ao lado dela. Lindsay agora estava no meio dos dois no sofá, tomando um suco de laranja.

— Sabe... as vezes eu acho que voltei com o Eddie só para ganhar a Lindsay... eu a amo tanto...

A bebê largou o copo de suco e foi se deitar no colo da mãe. Gil não pode deixar de sorrir com a cena. Imaginou como seria ter um filho, ter aquele amor incondicional que só pode vir de uma criatura inocente como Lindsay. Depois, lembrando-se da reação de Sara aquele assunto, achou melhor não pensar nisso agora. Planos futuros, quem sabe?

—Então, Cath... você não pode só ter me chamado aqui para ajudar a arrumar a casa né? Tem algo mais que queira conversar?

—Ué... agora você precisa de um motivo para visitar sua melhor amiga? Achei que minha companhia já fosse suficiente.

Gil sorriu e respondeu que sim, era mais que o suficiente.

—Ainda sim... temos assuntos a tratar, se te fizer sentir melhor. O que o Donald queria com você?

— Você acredita que ele veio reclamar comigo por conta do incidente com o Dean?

Os dois engrenaram em uma conversa animada, na qual o tópico da vez era falar mal de Doug, Dean e dos Devils em geral.

— Sabe , Gil... se eu fosse você pensaria sério em me mandar de lá... quero dizer, você tá em alta agora... tenho recebido várias propostas por você... inclusive...

—Inclusive o que, Cath?

— Os Cubs querem você, Gil... não é esse o time por qual você torceu sua vida inteira?

Os Cubs de Chicago... o time pelo qual seu pai fez história. O time que era o sonho de consumo de Gil desde garotinho. Eles não o quiseram quando ele começara... talvez pela história com o pai. Mas agora... depois de tê-los derrotado, Gil imaginou que fizera com que os Cubs o vissem com outros olhos.

— Eu tenho aqui o telefone de um dos diretores do clube. Ele está em Vegas essa semana e gostaria de conhece-lo. Sem pressão, Gil... marca um encontro com o cara e escuta o que ele tem a oferecer. Não vai te custar nada.

Após aquela novidade, Gil não conseguiu ficar muito mais tempo com sua amiga. Na verdade, nem esperou chegar em casa para ligar para o cara. Os sonhos não podem esperar.


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