A Deusa Mãe escrita por Hakushiro Lenusya Hawken


Capítulo 3
Como tudo se começa


Notas iniciais do capítulo

Onde a turma se encontra com quem os invocou e começam a se instalar nas províncias de Aljha Rhara. A paz reinará até quando?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/274952/chapter/3

Era como se voltassem às origens. Àquele tempo quase pré histórico onde tudo era verde e marrom. As mais velhas olharam ao redor para ver se encontravam civilização, e as mais novas procuravam a passagem de volta para aquele templo. Não havia volta.

Num lugar deserto onde só havia vegetação, as pequenas mais mimadas começaram a chorar. Acalântis mandou todas se calarem... Precisava pensar. Lembrou-se em poucos minutos que carrega o livro russo que conseguira no fundo de uma biblioteca. Estava amarrado nos cintos amarelos de sua vida.

– Não vamos nos desesperar. Eu não li o resto das instruções. – Abriu o manual e passou a folhá-lo. Caminhou de um lado para o outro, mostrando estar um pouco nervosa. – Achei o capitulo... Vamos ver.

Byakushi era a única que estava realmente calma. Se sentou numa grande pedra com metade da sua superfície encravada na terra e assim, não se dava para ver o que a pedra continha.

– Escuta aqui... Se não me explicarem tudo o que aconteceu, eu não manterei minha calma.

– Quieta. – Ordenou a loira. – Vou começar. Com as dez guardiãs e governantas unidas num território de Aljha Rhara, as guardiãs... Somente as guardiãs possuem autoridade para convidar mais dez pessoas de pura alma e que sejam compatíveis com cada atributo. As governantas devem escrever o nome das escolhidas na grande pedra espiritual do local de invocação.

– Byakushi, saia daí! –Danya ordenou. A menina o fez.

Elas se colocaram em circulo em volta da pedra. Bem claro, estava desenhando o mesmo símbolo do portal na superfície. Resolveram começar por ordem das cores: A primeira foi Caitlyn. Ela sorriu ao dizer o nome do único médico que a cuidou bem: Marthy. Marthy tinha longos cabelos negros e uma filhinha de 5 anos que tinha um problema sério: Ela sangrava pelas mãos, ao invés de suar. Mari teve a mão espetava por um fino graveto que Acalântis havia pegado por ali, para realizar o ritual. Gritou de dor pela primeira vez na vida, mas cumpriu seu dever e escreveu o nome do homem.

A segunda foi Meiying. Ela disse o nome de seu irmão mais velho (eram três filhos), Chung, e Haruna fez sua parte também. Escreveu logo abaixo do nome de Marthy, e seu sangue era um pouco mais grosso que o da princesa.

– Isso é chamado de sangue pobre. – Comentou a loirinha, lembrando do que haviam lhe ensinado.

– Sangre pobre é o teu! – Retrucou a ruiva. – Esse sangue fino que demora-se horas para ser estancado!

– Prosseguindo! – Foi a palavra de ordem que Acalântis deu. Após isso, foi a vez de Dan dizer.

E Dan escolheu, sem duvida alguma, Leona. Byakushi mordiscou a palma da mão com os caninos e arrancou um filete de sangue. Quis colocar lá no alto, onde seus pés alcançavam. Sua letra era invejável, mesmo que escrita de forma garranchada por falta de equipamento.

Acalântis escolheu seu marido, Adalberto. Kenji também usou dos dentes para arrancar o sangue, mas o fez bem na ponta do indicador. Era tímido, então escreveu baixo.

Ina escolheu seu irmão mais velho, também. Pediu para que Tahra escrevesse o nome de Kamael bem legível, para que não haja confusão. A mesma não desejava fazer, mas teve a mão perfurada pela graveto, e aproveitou o sangramento para cumprir seu dever.

Cinara pediu para escrever ali o nome de Ciníra, sua irmã gêmea. Ela o fez, alegremente, pois tudo o que a loira quisesse, Saryel também queria, e vice-versa.

Kita não precisou dizer nada para sua ama. A pessoa escolhida pela guardiã era o próprio pai, Enma, pessoa qual Lukaria era apaixonada. Ela escreveu grande, gastando muito do próprio sangue, e nem ligando para o que escorria atoa depois. Era sempre assim.

Murasaki sussurrou o nome de quem desejava salvar: Majokko, sua caçulinha. O rapaz não precisou ouvir duas vezes. No final das contas sua audição era boa até demais. Mas ao se aproximar,chegou a esbarrar na pedra, como se não tivesse a visto... Sim, ele era cego.

Enquanto isso... Lunatus discutia com Theia sobre quem escolher. Ela queria sua irmã Saeris, mas a governanta queria Theon, seu gêmeo.

– ESCREVA SAERIS! AGORA! – Exclamou alto, fazendo seus olhos tomarem ainda mais a coloração rubra. Theia teve de aceitar.

Após tal decisão, Theia ainda discutia com sua guardiã. A voz rouca que perguntava o por que parecia vir de alguém choroso. Mas Achila teve sua ideia. Era uma mulher calada, e por isso não tinha amigos a quem desejava salvar. Lua e Morte nunca tiveram algo a ver, mas estavam dispostas a criar um elo numa futura e possível guerra. Guerra sim. A revolução dependia disso.

– Theon. – Foi o que a guardiã disse. Mufasa fechou os olhos... Tinha outros planos, mas naquela hora era a guardiã que mandava.

E escreveu. Com certeza, a guardiã da lua seria totalmente grata. Ou não... Quem sabe. Com o nada acontecendo, Acalântis resolveu ler o próximo passo naquele manual.

Seguiram cada dica do manual, e juntas chegaram ao seu destino. Havia uma bela muralha formada, de pedra, em um circulo enorme e perfeito. Num dos lados tinha o portal, que só faltava colocar a madeira para se tornar fortes portões. Era um lugar inacabado.

Se perguntaram quem poderia ter feito aquilo tudo. Já havia então uma civilização ali? Atravessaram a muralha pela vaga nas paredes e se depararam com o nada. Esperavam uma cidade, mas havia apenas natureza intocada.

Seria mesmo? Como você define “intocado”? Algo 100% feito pela natureza? Então não era o caso. O lote era de quilômetros e mais quilômetros de distancia e era subdividido em vários ambientes, que passavam de desertos áridos até a florestas vividas, tudo isso refeito por alguém. Não era possível que todos os ambientes terrestres estivessem ali, lado a lado, como se fossem quintais de deuses diferentes.

Calada, Acalântis lia a ultima pagina do manual, que dizia claramente para ficarem ali e esperarem algum milagre... Alguma pegadinha? A loira, estressada, jogou o livro longe e exclamou aos céus “O que viemos fazer aqui?!”

Sua resposta foi o uivo de um lobo. Acompanhado pelo rugido de um leão, o pio de uma harpia... O por do sol rubro descia atrás de uma montanha, mais rápido do que acontece na Terra. Lá, parecia que cada hora se passava em um minuto. Não dava para se calcular. O dourado exibiu a silhueta de alguém... Uma humana. Atrás dela, os animais que fizeram barulho anteriormente e muitos outros.

– Sejam bem vindos. Meu nome é... Aiya. Esse aqui é meu reino... E agora o reino de vocês. – Desceu a encosta da montanha enquanto falava, tão delicada que parecia deslizar. Em pouco tempo, estava frente a frente, e continuava. – Ser sozinha não é um fato legal. A solidão é algo impróprio aos humanos.

– Que jogo idiota é esse? – Retrucou Acalântis.

– Jogo? Oh não... Eu estava recrutando membros de coração puro para me fazer companhia. Como vocês já devem perceber... Aqui não é o planeta de vocês. Eu tentei refazer cenários parecidos, mas isso leva tempo.

– Está tudo muito perfeito! Até nossa fauna você copiou! – Agora quem falou foi Meiying, assim que viu os animais se aproximarem. Eram 30, pelo que contara.

– Ah, muito obrigada. Mas como pode ver, eu toquei apenas numa pequena parte do terreno. Aljha Rhara não é só isso. É muito maior. Imagine assim: Uma cidade dentro de um grande continente.

– E sua meta é transformar tudo num espelho? Quero dizer... Uma cópia da Terra? – Agora quem perguntou foi Byakushi, se aproximando.

– Não só isso... Eu sou a irmã gêmea de um rapaz... Que tomou meu lugar em Orion. Para mostrar-lhe que não sou tão fraca assim, resolvi criar essa terra... Um universo cujo tal receberá o nome de minha mais preciosa joia de lá... Aljha Rhara.

– Não há vida em Orion.

– Você sabe de nada, mocinha. – Retrucou a mulher. – Você é apenas uma albina órfã. Quem é você para dizer onde há vida ou não?

E foi aí que Byakushi se calou, cruzando os braços.

Aiya tirou o capuz xadrez que cobria tua cabeça. Seus cabelos eram extremamente longos, e as mechinhas tinham as cores do arco-íris. Vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, turquesa e violeta. Uma era preta... Outra branca... Outra rosa. Mesmo assim, os tons eram bem opacos. Os olhos... Não tinham íris. Eram brancos. Os lábios eram rosados e a pele era branca... Não. Não o branco de uma pessoa que não toma sol. Branco mesmo, de sombra marfim.

– Mas eu não sou forte. É por isso que escrevi o livro. Esperei 986 anos para vocês aparecerem. E pela índole forte, acredito que tenha sido Acalântis a mulher que cuidou disto tudo... Foi ela que reuniu vocês. Sou grata.

– Não foi nada. Por onde devemos começar?

– Vocês tem de montar suas sedes por aqui. E eu só poderei mostrar à vocês seus respectivos territórios. Estava com medo. Minha raça vive no máximo 1000 anos. Eu estou bem velha e não consigo construir mais nada. É por isso que criei os animais... Para me ajudar.

– Você não parece tão velha. – Comentou a albina.

– Não... Minha raça envelhece pouco. É o espírito que se desgasta. Venha... Vou levá-las para seus novos lares. Darei a cada uma 3 dos meus amigos e... Vocês poderão viajar mundo a fora para recrutar quem mais gostariam de pedir ajuda. Lembrem-se... Devem seguir um critério para suas escolhas.

– Certo! – Gritaram em coro.

Primeiramente, carregou-se de levar Mariska e Caitlyn às Geleiras Imortais da Luz. Ainda não tinha dado um nome para os ambientes. Mariska chamou as geleiras de Utah... Utah, as Geleiras Imortais da Solidão. Haruna e Meiying foram guiadas até o Vulcão das Chamas Extintas, qual foi chamado pela ruiva de Doyle, o Vulcão da Justiça. Byakushi e Danya foram levadas até os Campos Celestes. A albina chamou o terreno de Ebinazaka, os Campos Celestes da Honra. Kenji e Acalântis seguiram aos Desertos dos Castigos Solares, chamado pelo loiro de Micin, as Areias da Penitência. Os Planaltos do Trovão se tornaram lar de Tahra e Katrinah, que chamaram os morros planos de Grogan, o Planalto da Meditação. As Cachoeiras Prateadas da Garoa se tornaram lar de Cinara e Saryel. Recebeu o nome de Higun, as Cachoeiras dos Desafios. As Montanhas índigas da Ilusão receberam o nome de Churchill, a Montanha Sentinela, nome dado pela Lukaria, que dividia o território com Kita. Murasaki e Reno dividiam a Floresta Escura do Tempo, nomeada de Zíncica, a Floresta da Lágrima. Josephina e Theia chamaram o Lago da Lua de Serenate, a Lagoa Lendária. Mufasa e Achila se refugiaram numa bela Caverna, a Caverna da Morte, chamada por elas de Xeper, a Caverna das Memórias.

As casas eram bem pequenas, mas bonitas. Cada uma levava na porta o desenho da paisagem que simbolizava. A nativa se sentou pacientemente perto das futuras governantas e deu mais alguns conselhos. Distribuiu alguns dos animais, como o prometido e... Em minutos depois, os parceiros cujos nomes estavam escritos na pedra apareceram em seus respectivos lares. Então, seria um animal por pessoa, três por atributo.

Se passaram alguns dias...

Aiya ajudavam-nas a treinar, corrigia cada erro e melhorava cada habilidade. Fez com que todas ficassem calmas, com paz no espírito, num equilíbrio com a natureza que muito prega o Taoismo.

Lutaram com bastões, espadas, lanças e arcos... Meditaram, descansaram, fizeram as pazes e se conheceram. Aprenderam sobre o bem e o mal, Aiya e seu irmão, que até aquele momento apenas recebia o nome de Shin.

– Meu trabalho aqui se acabou. – Concluiu Aiya, ao ver as cabanas reformadas e melhoradas, no 354º dia.


O sol se punha atrás da montanha mais uma vez. A noite começava e as governantas estavam em circulo em volta de uma pedra cuja tal a líder estava sentada. A mulher de cabelo multicolorido deu sua ultima ordem:

Cuidem bem... Da sociedade que lhes darei.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse capitulo demorou 3 duas para ser construído. A ideia da mudança súbita de ambientes foi dada por uma amiga que as vezes me ajuda na construção da historia. Reviews são sempre bem vindos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Deusa Mãe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.