A Deusa Mãe escrita por Hakushiro Lenusya Hawken


Capítulo 20
A sacra, o baú e a coroa


Notas iniciais do capítulo

Byakushi invade o templo do ultimo sacerdote e descobre coisas sobre o passado de sua prima Yomi... Entretanto, também correm riscos de vida. Como que ela sairá dessa? E o que um baú misterioso traz de tão especial?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/274952/chapter/20

- Hey, Yomi! E a noite que você prometeu?!

- Suma, idiota! – Ela gritou, já lá em cima, olhando para baixo com um olhar cheio de desdém. – Eu não tenho vontade de me ceder a alguém que se apaixona por qualquer olhar profundo!

As duas Estelas, a negra e a branca, voavam lado a lado, enquanto Zion conduzia mais atrás, olhando para nós com certa apreensão. Ela via que a cada curva, nós disputávamos para ver quem ficaria na frente, com a minha vitoria 3 vezes, a dela 2. Logo, enquanto começávamos a discutir, Zion gritou que estava vendo o templo a poucos quilômetros. Nesse momento, a morena abaixou a cabeça e negou, sussurrando um baixo “O que estou fazendo?” enquanto eu olhava em seus olhos, compartilhando do mesmo pensamento.

- Yomi... Eu creio que esse mundo está mexendo com nossas cabeças. Nunca sentimos inveja uma da outra.

- Sim, excelência. Levando em consideração o quanto aquela lagarta sacra fuma, acho que isso está bagunçando nossos sentidos...

- Trégua...?

- Não... Fim de guerra. – Ela olhou para mim, dando seu melhor sorriso, ao que retribuí.

Segundos depois, os três Estelas pousaram no chão do terreno liso, e não derraparam pois não tinham cascos e sim patas. Yomi desceu, eu desci logo depois, e por fim ajudamos Zion a sair da montaria. Zion era a mais baixa entre nós. Eu tinha 1,75, Yomi tinha 1,84 e ela 1,65. As Estelas tinham, no mínimo, 1,75 de altura, então dava para entender o por que dela não conseguir descer sozinha.

O templo era, na verdade, um altíssimo castelo com um grande coração dourado emoldurando a porta. Era até mais convidativo que o próprio palácio de Malesia. Entretanto, no portão estava o símbolo sacro que eu já tinha visto no diário de Aiya: Um dragão de asas abertas dentro de um pentagrama

Nós 3, sangues puros, tocamos nas portas e empurramos o símbolo para dentro, que girou três vezes até que uma das extremidades da estrela se abriu e o dragão rodopiou por ranhuras na parede da porta, até chegar em nossas mãos. Beliscou cada uma delas e depois voltou para o pentagrama, que se fechou, no mesmo instante que um vapor quente subiu da parte inferior desta, e fez os portões se abrirem.

- Não vejo nada...

A única coisa que vi... Ou melhor, escutei ao entrar no templo foi um sopro abafado e logo depois, todas os castiçais começaram a queimar uma chama azul. O tapete que ligava os portões a outra sala era roxo bem escuro, diferente do resto da mobília, totalmente lilás. Em qualquer lugar que você olhava, havia a estatua ou a pintura de um dragão branco engolindo um dragão lilás.  Fora a porta principal, havia no mínimo 14 portas menores nos cantos, cada uma dava para um destino. A maioria estava trancada com cadeados enormes, assim como a maior, que havia uma enorme tranca.

- Creio que seja ali que a sacerdotisa está.

- Eu não quero violência, Yomi... Será que podemos evitar invadir o templo dessa forma?

- Aquele é o salão de orações, onde eles cultuam os demônios para acalmar a ira deles.

- Demonios...? – Eu e Yomi encaramos Zion, que nos olhou surpresa por ficar sabendo que nós não sabíamos de nada.

- Sim. O chefe, Pi, assassino dos outros 4 demonios, os devorou, mas a alma de cada um deles ainda está ligada a um elemento. O branco à escuridão, o vermelho ao fogo, o azul à água, o verde ao vento e o lilás à terra.

- Pi é o branco...?

- Exato, Byakushi. O branco, aqui, não é visto com bons olhos. O branco é o brilho da lua que devorou Sanddrif sete vezes. O dragão branco por muito tempo lutou ao lado dos sacerdotes, mas se apaixonou pela filha da rainha secundaria...

- Lunatus... – Yomi fechou os olhos.

- E então pediu para Hina lhe conceder a forma humana temporária... Que sumiria toda vez que a lua beijasse Sanddrif, ou seja, toda noite.

- Lunatus então rejeitou Pi e pediu para os sacerdotes sumirem com o herói. Como vingança, ele atacou seus parceiros, matando todos os outros heróis, tentando se tornar o rei e conquistar Lunatus. Entretanto, no casamento forçado, Lunatus pediu para sua irmã mais velha cortar-lhe a língua para que a mesma não falasse Sim.

- E assim foi feito. Pi, extremamente irritado, atacou os sacerdotes, os quatro da família real e amaldiçoou toda a família secundária.

- Todo dia, quando a mãe olhasse no espelho, veria em seus olhos rubros memórias dos mortos por Pi e perderia a sanidade, atacando tudo e todos. O pai, toda vez que a mulher caísse na loucura, entraria em profunda depressão, se drogando de todas as formas possíveis. A filha mais velha iria conviver com a morte eternamente, vendo todos os amigos e achegados partirem e ela não poder fazer nada. A mais nova iria ser atacada por uma doença incurável que atacaria seu corpo eternamente. – Yomi finalizou.

- Essa é a historia guardada pela religião daqui... Bya... Byakushi?

Eu estava encarando um ponto fixo na parede, como se não estivesse ali. Entretanto, eu apenas estava em choque por descobrir mais uma horrenda historia. Tapei os olhos e gritei “não” diversas vezes, me odiando por fazer parte de algo tão perverso. Olhei para Yomi, depois para Zion, que me olhavam aterrorizadas. Segundos depois, a trava do portão central se abriu, e fomos forçadas a correr para a primeira secundaria que apareceu em nossa frente.

A porta dava para um salão, com uma escada que dava para a escuridão absoluta. Olhei para minhas parceiras, suspirei, e parti para frente, em seus degraus, sendo rápida, pois sabia que logo a sacerdotisa iria nos seguir.

Mais castiçais foram acesos. O local estava infestado de insetos. Eu mesma pisei em vários e outros vários picaram nós três. A escada dava para um corredor ainda mais obscuro, sem nenhum condutor de luz. Abracei Yomi, temendo cair em algum lugar, E Zion passou a apalpar a parede, procurando saída.

- Reno ajudaria muito aqui... – Murmurei, começando a lacrimejar os olhos.

- Reno me disse que você não fica bonita chorando. Vamos... Limpe essas lagrimas...

- Como que...

Eu olhei para seus olhos, os verdes brilhavam como fosforescentes, iluminando até mesmo parte de seu rosto. Yomi estava mais séria do que nunca. Me soltou de imediato, se virando para a escada, assim que escutou passos. O vestido longo se arrastava pelos degraus, e com ele, uma bola de cristal brilhava. Num outro ponto, a pupila vermelha brilhava, num leque erguido para cima. Ao chegar no salão, este tomou uma coloração roxa, que vinha da bola de cristal.

- O que estão fazendo aqui...? Jokers fedem muito.

- Eu quero saber mais sobre o culto ao Pi. – Desafiou Yomi, apagando seus olhos e tombando a cabeça para um dos lados. – Ou melhor... Sobre o ritual para trazê-lo novamente a este mundo.

- Você não tem autorização para saber sobre os Copas. Jokers não são bem vindos aqui... Se não forem embora sozinhos, eu terei de expulsá-los.

...

- Muito bem, Yomi... Olha onde viemos parar.

- Ah, ser sacrifício de demônio não parece ser tão ruim assim... – Yomi retrucou, com um sorriso no rosto.

- Isso foi uma piada? – Perguntei.

Estávamos nós 3 presas em uma espécie de cadeira mecânica, ligada a um aquário de águas coloridas. A de Zion era verde... A minha, azul... A de Yomi, roxa. A sala estava cheia de fieis á cultura da sacerdotisa, que ajoelhavam sobre os cacos de vidro e oravam numa língua que eu pouco traduzi. O sangue deles escorria até uma pedra que continha sobre esta o esqueleto de um reptil enorme, de, no mínimo 10 metros de comprimento, sem contar com a calda esticada.

- O sangue, a vida. – Castagine começou.

Ela jogou sobre o esqueleto da besta um liquido azul escuro, feito de flores esmagadas.

- O perfume, a alma. O espinho... - Ela cravou a faca sobre o crânio do animal. – A dor.

Quando olhou para nós, as cadeiras afundaram nas águas, e nós três fomos obrigadas a tapar a respiração. Ela voltava, e ia novamente, até que eu, mais frágil, engoli um pouco do liquido, tossindo histericamente. Mas ela continuou, e na segunda, eu havia engolido ainda mais água, mas Zion, no entanto, já tinha perdido consciência.

- O ritual... O ritual vai se concretizar... Se nós três apagarmos...

A frase foi interrompida pela imersão na água, mas Yomi se mantinha forte. Eu, já nem tanto. Estava sempre muito claro a diferença entre nossa força.

- É incrível... Já basta derrotar... O exército. Agora temos que... Vencer um... Dragão... – Ela continuava falando, mesmo tendo engolido alguma quantidade de água.

A sacerdotisa, vendo que não iríamos desistir, pausou o ritual, pedindo para que as cadeiras deixem as águas pela ultima vez. Ela subiu as escadarias que elevavam os aquários do chão e parou com as mãos nos braços da minha cadeira e na da morena.

- Por que os Jokers temem tanto a vinda de Pi...?

- Não somos Jokers... Somos de Aljha Rhara! Só queremos acabar com o reino de Zatsu!

- Vocês...?! Acabarem com Zatsu?! Isso é uma piada?

- Sim, somos piadistas...

A pupila do leque se dilatou, no mesmo momento que a sacerdotisa caiu na gargalhada. Eu olhava para Yomi sem entender o que ela queria fazer, mas percebi agora que as fivelas das correias que prendiam Yomi estava se soltando, tanto nos braços quanto nas pernas. O leque se fechou por um misero segundo e a morena forçou seu corpo para cima, batendo os pés no baixo ventre da mulher, que perdera o equilíbrio e caiu escada abaixo. Minha parceira colocou os pés sobre o assento da cadeira e ergueu a parte que prendia seus braços pelo encosto até se sentir livre.

- Pegue-as!

Aquela faca foi útil. Yomi arrancou-a das vestes e me libertou, pedindo para eu faYomi arrancou-a das vestes e me libertou, pedindo para eu fazer o mesmo com Zion. Nesse meio de tempo, os fieis voaram contra ela, com bestas nas mãos, e alguns com punhais curtos. A morena se jogou para trás do tanque e empurrou-o em direção aos membros da seita, afogando os mais próximos, e fazendo alguns outros caírem em meio a corrida.

Peguei Zion em meus braços e corremos pela lateral do salão, procurando evitar um embate com aquelas pessoas. Enquanto eu corria desembestada, Yomi ficou para fechar os portões do salão com a lança de uma das armaduras que vez ou outra enfeitavam os corredores. Após isso, voltamos a correr pelas portas abertas, encontrando uma, que em particular, era maior que as outras exceto pelo salão central.

- Uma arca! – Gritei, sentindo meu instinto curioso me empurrar até ele, para abri-lo.

- Do jeito que isso aqui foi programado para matar Jokers, eu não estou com muita vontade de ver o que há lá dentro.

- Vai que é uma arma preciosa que vai nos ajudar no exército... Segure Zion. Vou ver.

Yomi tocou no amuleto de Histeria e depois encarou a bela arca dourada, assim que sentiu o peso de Zion em seus braços. Eu dei uma ultima olhada nela, que estava com os olhos estreitos, receosos. Mesmo assim, me atrevi a chutar a tranca do baú. Me abaixei até ficar um pouco mais alta que a caixa e puxei-lhe a tampa para cima, onde um brilho prateado tomou a sala de iluminação precária.

- Bya! Se afaste!

- Não é uma arma... – Eu disse, com voz desanimada.

Eu levei minhas mãos para dentro do baú e arranquei de lá moedas de ouro branco, prata, diamantes, algumas joias, perolas... Até que no fundo eu encontrei uma enorme e extravagante coroa de prata, cravejada de pedrinhas coloridas, de pontas afiadas como pequenas facas envoltas por uma aureola de anjo. Pelo menos era como eu descrevi o belo artefato à Yomi. Poli uma de suas extremidades e li em voz alta o nome Enix. Vi pelo reflexo da coroa a expressão de surpresa de Yomi, que sorria ao sussurrar um delicado “vó” enquanto eu apenas espremia os olhos como se nada entendesse...

E nada entendia. Levei a coroa até minha própria cabeça, mas o ato não foi completado por escutarmos um estrondo.

- Eles vão escapar.

- Já escaparam. – Yomi suspirou. – O certo é matarmos os fieis e enfrentarmos a sacerdotisa. Arrancar o espinho enquanto ela estiver apagada.

- Disse que não queria violência, eu não disse?

- Então arranje outra forma de acabar com eles...

Me ergui do chão, encarando a porta do corredor que ligava o salão principal, todas as pequenas portas e o salão de culto. Estava séria, com a coroa em mãos. No instante que eu escutava o som dos gritos histéricos dos fieis, mais ouvia os batimentos acelerados em meu peito, mas achava que isso era o certo. Elevei a coroa mais uma vez até minha cabeça, desci-a lentamente, encaixando toda sua extremidade inferior sobre minha testa.

E... De repente... Tudo ficou branco... Como uma explosão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?
Pretendo pausar a fic por tempo indefinido. Não há razões para eu escrever algo sem saber o que os leitores acham. Voltarei assim que eu ver que está tendo procura novamente. Grata.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Deusa Mãe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.