A Deusa Mãe escrita por Hakushiro Lenusya Hawken


Capítulo 19
Seu poder de persuasão


Notas iniciais do capítulo

Yomi, após mais uma batalha, demonstra que consegue comandar todos que quiser, até mesmo homens inimigos. Mas será que essa habilidade não trará consequências para as heroínas?



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- Excelência... – Ela me encarou séria, vendo meu sorriso desaparecer. – A estatua está mexendo com sua cabeça... Desça daí!

- Claro, claro... Só mais um pouco... AHHHH!

- BYAKUSHI-SAMA!

Você já pulou de um lugar bem alto, sem cordas para te suspender? Já tinha feito isso mais vezes, mas mesmo assim... Isso não parece um parkur. Eu não consigo olhar para cima... O chão me parece tão agradável. Deve ser uma morte tão... Tão tranquila... Eu vou simplesmente me espatifar ali... E morrer. Quando eu perceber, já estarei no céu dos orianos... Ou quem sabe no inferno deles, junto de Oudo. De qualquer forma, eu não consigo ter medo...Uh?

- Enquanto eu estiver do teu lado, você não vai deixar esse povo em apuros... Está entendido, Byakushi?

- Yomi...Você vai morrer junto comigo...

- Não... Eu lhe salvarei. Não chore por mim... ARGH!

~~~~~~~~

- Yomi-chan... Você...

- Eu lhe salvarei. Não chore por mim.

Ergui meus olhos para vê-la e apesar da mesma estar de costas, eu realmente sabia que não via uma miragem. Ela estava ali. Purpura me puxou pelo braço, me fazendo levantar e correr até a estatua, nos escondendo atrás dela.

- NÃO! Eu não vou perder ela novamente! YOMI! Purpura, me solte! É uma ordem!!

- Recebemos ordens de Aiya... Para proteger-lhe a alma. – Ela respondeu, me agarrando pelo pescoço.

O monstro avançou contra Yomi, que mostrou na mão esquerda a faca amaldiçoada que matou Hina. Uma de suas laterais tinha 3 dentes. A outra era lisa. O cabo era extremamente curto, e havia desenhos de tribais nas duas faces da faca, talhados a mão.

- Em nome de Conchita... Eu lhe mando para o inferno!

Ela gritou, avançando sobre o animal com a arma em mãos, cortando ambas as pernas de uma única vez. A esfera voou para cima, se esquivando de mais um ataque, e abriu as belas asas. De suas pontas, dos pequenos orifícios ali presentes, uma gosma azulada foi esguichada para cima da morena, que simplesmente moveu a faca no ar.

A lamina foi capaz de rebater o liquido como se formasse um campo de força invisível ao seu redor. O monstro fechou o olho para que o acido não corroa seu globo ocular e foi nesse momento que a morena escalou sua extremidade redonda com a faca, encravando-a na pálpebra superior. Agarrou agora em sua asa, mas no momento que ia golpea-la ali, o bicho saiu voando. Yomi teve de agarrar com as duas mãos para não cair, segurando a faca com a boca.

- Yomi!!!

O bicho voou com toda a força para o solo, se jogando contra ele e derrubando a mulher, que grunhiu de dor. Nesse segundo, Purpura jogou para ela o amuleto amaldiçoado, cujo tal foi colocado em seu pescoço e no mesmo momento ele entrou em ativação.

Yomi se ergueu num salto, rugindo surdamente. As asas ósseas de novo se formaram em suas costas, juntamente com os chifres, e a faca estava rodeada por uma áurea azul marinho.

A esfera voadora se jogou contra ela, o que ela imitou, e o encontro foi em meio aos ares. A cauda da fera estava regenerada, e este abriu a boca numa tentativa de engolir metade da morena, mas ela foi mais rápida. Pisou em sua língua e saltou para cima, caindo sobre a cabeça do monstro. Segurando a faca com ambas as mãos, passou a golpear ferozmente aquele olho, varias vezes, freneticamente, até que este esguichou uma enorme quantidade de sangue.

Após esse ataque, o animal enroscou sua cauda com a boca aberta nas pernas da mulher, qual rugiu feroz. Ela foi girada no ar inúmeras vezes e quando foi solta, foi em direção da estatua, mas segundos antes de se chocar com a pedra, a pele que encaparia as asas nasceu, e Yomi passou a voar com graça pelos ares. Ela posicionou a faca na frente, e se jogou contra a asa do monstro, arranco-lhe o coração. Voou através da fenda da asa, perdendo as suas próprias, que eram temporárias.

A faca voltou a brilhar, assim como os belos olhos verdes. A cauda avançou contra ela, mas foi decepada. Pelo pedaço que sobrava ali, a morena foi erguida, ao que aproveitou novamente para ficar sobre o monstro. Arrancou-lhe a asa restante por inteiro, ao que o bicho caiu no solo de forma que formara uma cratera em meio ao mato ralo.

Segundo depois, Yomi estava deitada sobre o animal, desmaiada.

- Ela está... Bem? – Purpura perguntou.

- Yomi...? YOMI!

Eu saí de meu esconderijo, correndo até ela. Dessa vez, apesar de ter voltado do estado Histeria, estava acordada. Me olhou chorosa e segurou minha mão, tremula.

- Lamento por ter te deixado em meio a viagem, Excelência... Não vai acontecer novamente...

- Ah, Yomi...

Eu agarrei-a próxima de meu peito, derramando lagrimas silenciosamente para ela não perceber. Descemos do cadáver e voltamos para perto da fonte. Dei todo meu aponho à morena, para que ela não caísse ou se machucasse em meio ao trajeto. Sentei-a na beira da tigela. Purpura, no entanto, estava caçando perto de onde foi seu embate com Hina algum vestígio de Reno até que encontrou no chão sua gargantilha e sua arma de tiro.

Sem pensar duas vezes, ela jogou-as na água da fonte. Se ajoelhou na beirada, juntou as mãos e passou a orar. Yomi e eu ficamos em silencio, solidarias com sua dor.

Permanecemos horas assim, mas o moreno não voltou. Yomi disse que possivelmente só funcionava quando o corpo está lá dentro. A morena colocou a mão no peito, onde havia um rasgo em sua roupa. Depois, na clavícula, onde estava o outro rasgo. Purpura, no entanto, estava concentrada na oração.

Ficou assim por mais uns 10 minutos, até que começou a chorar. Chorou desesperadamente, até que eu peguei-a pelo braço para refazermos o caminho de volta.

Estávamos novamente dentro do cemitério, para prestar homenagem à Hina. Eu orei em seu nome. Purpura e Yomi fecharam os olhos e também se concentraram. Logo depois pronta para ir embora, a morena apontou para outra lapide, mais distante, onde estava escrito claramente:

Governante Reno, de Conchita

- Irmão... – Purpura limpou as lagrimas que escorreram pela face e se aproximou de sua lapide, abaixando a cabeça e fazendo uma curta oração. – Sentiremos sua falta.

- Me agradeçam depois...

- !! – Olhamos para a porta, onde uma mulher de capa preta e encapuzada estava com uma pá em mãos.

Em um piscar de olhos, a mulher já não estava ali. Nos entreolhamos, assustadas. Yomi disse que deveríamos terminar logo a viagem. Ela não estava aguentando mais ficar naquele lugar. Todos nós estávamos irritadas na verdade.

...

- Que dia mais louco. – Yomi disse, com a mão na testa. – Uma hora estávamos todos juntos e na outra, perdemos um de nós.

- Quase dois. – Completei, cabisbaixa. – Reno nunca teve a oportunidade de me conhecer direito...

- Ele estava feliz. – Purpura sussurrou. – Não são todos que conseguem beijar os lábios da filha de Aiya.

Por alguma razão, corei com aquele comentário.

- Olhem! A cidadela! Graças a deus! – Gritei.

Corremos até lá, ao que fomos recebidos calorosamente pelos aldeões, que ainda se lamentavam pela perda de Maomi. Yomi perguntou se eles conheciam a Fonte dos Sacerdotes... Ela explicou onde este ficava para as pessoas dali, até que finalmente entramos em uma casa.

Lá dentro, Yomi teve de trocar de roupa mais uma vez. Dessa vez, a roupa foi mais simples, um vestido negro liso, amarrado por uma grossa fita da mesma cor. Tomamos e comemos alguma coisa para prosseguir, mas antes mesmo de sair novamente da cidadela, fomos parados por um grupo de soldados que nos encaravam com fúria.

Yomi agarrou minha mão, revidando o olhar, inatingivelmente.

- Vocês estão presas por revelar a localização de uma propriedade particular ao publico. C-90, separe-as.

Mesmo que eles estivessem planejando nos separar à força, não fomos contra sua vontade. Yomi sorriu e soltou sua mão da minha, me encarando delicadamente. Sussurrou um “está tudo bem” e deixou ser levada por alguns dos guardas. Eu, no entanto, fui escoltada a metros de distancia dela, enquanto dois guardas seguravam Purpura, que se debatia para escapar e nos ajudar. Como ela não disse nada para os aldeões, não iria ser presa.

Fomos levada ao Forte do Duque e Duquesa, que no entanto, já haviam falecido. Fomos escoltadas escada a cima, onde estava minha cela. Ela era grande, e até um pouco confortável. Levaram em consideração pelo menos o meu posto dentre os orianos. Afinal, eu era filha de Aiya.

Yomi, no entanto, somente acenou e foi levada para baixo, onde eu nunca mais a veria. Seria mesmo...?

Lembro-me que quando a porta se fechou, corri até seu encontro, gritando histericamente para que me devolvessem minha melhor amiga. Eles apenas me mandaram calar a boca, que ali, eu não mandava em nada, principalmente na situação que me encontrava.

Dormi por algumas horas, sendo acordada pelo abrir de uma porta. Eu estava deitada sobre a cama, encolhida e ainda com os olhos vermelhos de tanto chorar. A pessoa tinha uma voz feminina, no entanto, ao me virar, não consegui ver seu rosto. Era a mesma pessoa que fez a lapide de Reno no Royal Cemitery.

Ela trancou-se para dentro, colocando a lamparina na mesa e se sentando em meu lado.

- Devo perguntar o que você fez...?

- Mandaram me interrogar?

- Não, as ordens foram tão somente para prendê-las separadamente. Entretanto, Yomi será interrogada.

- E por que eu não...?

- Você não tem historia alguma para contar. Pelo menos nada que fosse útil para a sacerdotisa.

- Então é obra dela... Aquela mulher é terrível! – Gritei, socando o colchão. – O que eles farão com minha amiga?!

A mulher sorriu para mim, já que dava para ver metade de seu rosto, e sacudiu na minha frente o molho de chaves que carregava consigo. Ela se levantou, retirando o capuz e mostrando a delicadeza de seus traços, que na verdade, eram bem conhecidos...

- ZION!

- Olá, irmãzinha... Ou melhor... Irmãzona, já que é mais velha que eu.

- Por que tanto mistério...? Poderia muito bem ter falado que era você!

- Não podia. Na verdade eu não posso. Só quero que tenha confiança em mim... Sabe que quero o bem de Orion e de Aljha Rhara.

- Mas por que não pode...?

- Papai é mal.

- Zatsu...

Zion desceu sua capa até a altura dos cotovelos, exibindo como seu corpo estava maltratado. Havia marcas de queimadura perto dos seios, e varias golpes de facas e chicotes. No entanto, o que mais me chamava atenção foi um golpe abaixo do seio direito, grande, e bem escuro. Ela havia dito que um de seus pulmões foi arrancado. Subiu novamente a capa e recobriu a cabeça.

- Sou conhecida no forte como C-90. Desculpe pela rudeza de antes. Ande... Vista isso. Você será minha aprendiz a partir do momento que sair da jaula.

- Veremos Yomi...? – Perguntei enquanto vestia-me com a mesma capa que ela usava, de forma que meus cabelos não aparecessem.

- Se Aiya abençoar... Sim.

Zion destrancou a porta. Descemos pelos diversos andares do Forte, até eu perceber que Zion não sabia onde a morena ficava. Ela olhava pelas janelinhas das portas de ferro, vendo os diversos presos dali. Eu, no entanto, não tinha coragem de ver. Yomi estava no andar mais inferior de todos, mas era o maior. Quando chegamos lá, fomos paradas por dois guardas. Eles pediram para que mostrássemos a marca, mas no entanto Zion hesitou. Ela não a tinha.

Fingiu puxar a manga da capa para exibir a marca que liberava a passagem dela para a próxima sala, no entanto sacou uma espada de alcance mediano, que era expelida para fora, golpeando o pescoço de um dos guardas. E quando o outro ia anunciar o ataque aos outros guardas, a mulher arrancou-lhe o apito e logo depois perfurou o peito.

- Apesar de termos conseguido chegar até aqui... A próxima sala é extremamente guardada por dentro. – Ela sussurrava. – Teremos apenas de observá-la e ver o que é capaz de fazer.

- O...Ok.

Abrimos a estreita e comprida janelinha da porta, e eu tive de tampar a boca para não gritar de terror.

Yomi estava apenas com a meia-calça listrada que sempre usava debaixo dos vestidos. Entretanto, até essa estava rasgada. Os cabelos eram os únicos que serviam ali para cobrir os seios nus. Ela estava cabisbaixa, e sangrando em varias partes do corpo. Marcas de chicotes, de facadas e de queimaduras se espalhavam pelo peito, abdômen e pernas.

- Está pronta para falar...?

- Eu não irei trair minha pátria.

- Ask...

- Sim, madame.

O rapaz de longos cabelos rubros sacudiu o chicote e saraivou o corpo da morena, sem dó. E a mesma, que gritava, apenas sorria. Ela era forte. A testa escorria sangue e pingava pelo queixo. E a mesma continuava negando... Eu a conhecia bem... Ela nunca ia dizer se isso fosse ferir Conchita.

Zion me puxou pelo braço e arrastou para fora daquele lugar. Segundos depois, a sacerdotisa saiu da sala e desceu as escadarias. Ask fechou a porta logo depois, encarando a morena com os olhos brilhantes, cheios de fúria. Ele deixou o chicote de lado e sacou uma vara fervente. Nesse momento, já estávamos plantadas em frente da porta, olhando pela janelinha novamente. Eu mexi na maçaneta, mas Zion bateu em meu pulso, falando que aquele rapaz não era pra brincadeira.

O ruivo desceu a meia-calça dela. Eu tapei a boca, para não gritar junto dela. O moço aproximou o longo ferro do intimo da morena, mas ela ergueu a cabeça, e assim que nos viu, sorriu.

- Ain... Você vai ter a coragem de tirar a virgindade de uma dama com um objeto...? Que horror!

- São ordens da madame...

- Se você me soltar aqui... Poderá me perfurar com outra coisa... E aposto que você também se divertirá mais.

- O que quer dizer...?

- Estupro é uma boa forma de punição, não é...?

O sorriso dado ali, foi tão falso, mas no entanto tão perfeito. Ask derrubou o que carregava em suas mãos e gritou o quanto aquela mulher era fofa, mesmo na beira da morte. O ruivo abriu suas algemas, e a morena deixou que seu corpo escorregasse até o chão do cômodo. Abriu as pernas, para... Bem... Vocês sabem.

- Agora... Você vai me dar a chave... – A expressão dela estava séria, mas seus olhos verdes brilhavam como esmeraldas ao sol. – E vai me seguir até o lado de fora do forte. Depois disso, o senhor vai contar para mim onde a sacerdotisa está e qual a forma de controlá-la... Estamos entendidos?

- S...Sim!

Após estar solta, Yomi saiu da sala, encontrando as figurinhas que a observavam, ou seja, eu e Zion. Ela estendeu a mão à Ask, e já sabia que ele não iria traí-la, mas o que queria mesmo era outra coisa. O seu sobretudo. O sobretudo de Ask era chique. Todo preto e com seis belos botões prateados. Havia em um dos bolsos um relógio de bolso, conectado por uma corrente de aço que envolvia um dos botões. Yomi vestiu aquela roupa as pressas, só se sentindo livre para caminhar por aí quando TODAS as suas marcas estivessem cobertas.

- Agora... Os sapatos.

Era estranho entender como que ela controla tão bem aquele homem. O mesmo estava, creio eu, encantado com a beleza dela. Eles calçavam o mesmo numero, e por Yomi sempre usar botas, as dele eram completamente convidativas. Totalmente vestida, a jovem chamou o ruivo para perto, que a abraçou. Ela acariciou seus cabelos, presos, e depois conduziu a caravana escadaria acima.

...

- Então... O único momento que o espinho é revelado é quando ela dorme. Onde ela dorme...?

- Ela me fez jurar que nunca revelaria onde seu leito estava.

Segundos depois, Yomi bateu sua mão na parede, a poucos centímetros da face do homem, e aproximou a sua em meio ao ato, quase colando os lábios. Ao recuar, assoprou a mão, falando que havia matado um bichinho. No mesmo instante, o ruivo corou, com os olhos brilhantes e famintos para conquistar uma mulher que parecia ser tão inconquistável.

- Se eu contar, você me dá uma noite...?

- Uma noite, hm? Está certo, afinal, você tem lá sua beleza.

- Perfeito, perfeito! Então tá... O templo da sacerdotisa de Copas fica suspenso no ar. É um castelo mediano sobre um pedaço de terra em forma de triangulo com a ponta para baixo. Só há uma forma de subir lá... Com asas.

- Com asas, hm? E onde posso conseguir um animal voador...?

- A...Atrás... Pelo amor de Zatsu não me olhe dessa forma! Assim... Assim está melhor. Bem, tem uma criação de Estelas atrás do forte. O exército normalmente usa pra escoltar a sacerdotisa.

- Estelas?

- Cavalos dragões, que ligavam as estrelas para comunicar os reis dos dois planetas.

- Zatsu e Theon, correto?

- I...Isso...

- Você é um bom menino, sabia?

- Eu terei um premio...?

- Me leve até as Estelas e depois lhe dou o premio.

Ask nos conduziu até o outro lado do enorme forte, e os 15 minutos de caminhada passaram tão lentamente para mim que eu acabei achando que havíamos virado a tarde toda caminhando. Eu puxei assunto com o ruivo, perguntando a razão daquele nome, e ele respondeu que quando era menor, fazia interrogatórios para Hina, e nunca havia tido pais para batizá-lo. Então Hina deu-lhe o nome de Ask, por causa do seu trabalho, por que fazia tantas perguntas e ficou até hoje.

Escutamos os relinchos dos demônios de quatro patas e corremos até o... Estábulo? Tá, vou chamar disso. Ask falou que Estelas eram animais inteligentes e fieis, mas que selecionavam o dono com precisão. Eu fui a primeira a entrar na gaiola daquelas criaturas, e nenhum deles avançou contra mim. Muito pelo contrário. Era como se eu não estivesse ali. Ask mandou eu bater palmas, e quando fiz isso pela terceira vez, um pequeno Estela, mirrado, só que aparentando ser forte, se aproximou, me cheirou, e espirrou um jato de fumaça.

- Ele não gostou de você. Mas foi o único que sentiu algum interesse. Volte aqui... Vá você, Zion.

Quando Zion entrou, um outro Estela se aproximou, sem ela precisar fazer algo. Já havia abaixado a cabeça permitindo sua subida e saiu da jaula com ela em cima de seu dorso. Agora, só faltava Yomi. Quando a morena entrou, precisou apenas de abrir os olhos para que toda a criação de Estelas corresse até ela, amontoando-se, pisoteando uns aos outros até que um deles encostou a cabeça na palma da mão da morena.

- Você é meu.

Os outros, desapontados, se afastaram e se estiraram no chão. O escolhido abaixou a cabeça e Yomi não perdeu tempo em montar, acariciando o fino pescoço do animal.

Vocês poderiam me dizer o que significa uma dor no peito, um aperto aqui, no coração, que é transmitido aos seus olhos com um brilho cheio de cólera? Mesmo que por um segundo, eu estava com um sentimento de fúria por uma amiga, mas por que...? Ela me ama, eu amo ela... Olhei para Yomi com o canto dos olhos e bufei, abaixando a cabeça e dando as costas para a gaiola. Eu teria de pegar carona com uma das duas moças, mas...

- Que...?

O mesmo Estela de antes correu para mim, e quando eu me virei, percebi que meus cabelos alvos estavam à mostra. Ele abaixou a cabeça, mas quando percebeu que eu não havia feito menção de montar, ele ergueu novamente.

- Vai mesmo me deixar montar?

O animal tinha olhos vermelhos, como qualquer um deles, mas eu percebi que suas escamas não eram brilhantes como as dos outros animais. Toquei a mão em seu focinho, tirando dali uma camada de sujeira.

- Branco...?

- Um Estela branco?! – Ask me encarava, surpreso e com os olhos brilhantes.

O dragão sacudiu seu corpo de forma que todo o pó negro caísse no chão. Depois, ao mostrar suas escamas brilhantes e brancas, ele deu um pulinho e passou o pescoço debaixo de minhas pernas, me forçando a ficar sobre seu dorso, ou eu cairia no chão.

- É uma fêmea! É uma fêmea albina... E ela gostou de mim!!

Sim, a fúria que eu senti pela Yomi havia sumido por completo. No entanto, eu a vi... Vi seus olhos verdes levemente apertados e a boca contraída numa expressão de inveja... Yomi-chan... Será que nossa amizade será baleada por algo...?


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Notas finais do capítulo

Já perceberam que vira e meche eu estou matando personagens, né? Pois é.
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