A Deusa Mãe escrita por Hakushiro Lenusya Hawken


Capítulo 18
A fonte dos sacerdotes


Notas iniciais do capítulo

A caminhada continua. Entretanto, incidentes acabam por destruir a sanidade das heroinas, e descobertas as esperam.
Será que Byakushi e escapará de mais um episodio na terrivel terra das maravilhas?



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Já sabe-se que o que eu vi, ultimamente, acabou com meu bom humor e também com minha sanidade. Nas ultimas três horas, não olhei para meus parceiros, evitei ser abraçada e cumprimentada pelos aldeões e pelos companheiros.

Seguimos o mapa, ao que Yomi só puxou assunto ao avisar que erramos alguma curva. No fim, sentamos num banco branco, com ervas enroscadas em seu encosto. Eu estava impaciente. Apertava a mão perto do ventre, num ato anormalmente frenético.

- Excelência... – Sua voz pousou em meus ouvidos de forma grave e pesada, entretanto, com o mesmo ar feminino de sempre. – Suas ordens... Excelência.

- Eu não tenho a mínima ideia do que fazer. Estou andando completamente avulsa, sem ter um destino fixo. Afinal, conquistar a ultima sacerdotisa está complexo até para você.

- Excelência...

- Yomi... – Suspirei. – Meu nome é apenas Byakushi. Pare com isso.

Me levantei, alongando a ponto de perder o equilíbrio, e momentos depois, passamos a prosseguir nossos caminhos. Andando tão lentamente, Yomi passou a guiar o grupo, até que de longe, vimos uma belíssima construção assemelhando com uma igreja antiga. A morena se aproximou primeiramente. Após alguns momentos, ela nos chamou com a mão e pediu para Reno ajudar a empurrar a porta. As abas da porta da construção eram enormes, e a parte interna não se assemelhava de forma alguma com uma igreja ou templo.

- Já vi esse lugar... – Purpura sussurrou. – Yomi, veja no mapa...

- O lugar que nós estamos... – Ela se ajoelhou no chão, colocando o mapa todo esticado no solo. – Chama-se Royal Cemitery. É o cemitério dos lordes e condes de Copas... Entretanto, há apenas algumas pessoas por aqui.

- Mesmo assim... – Reno se arrepiou. – Em pensar que estamos num cemitério...

O salão dava para uma porta enorme, que não tinha abas. Claro que, com a bravura da Yomi e minha coragem, a caravana avançou sem temor. Aquela sala não era fechada. Apesar das paredes solidas, não tinha teto. Arvores cresciam belas, mas sem flores, e cobriam com suas copas as paredes e tapavam o céu parcialmente. Na frente, jaziam alguns túmulos. Yomi leu em voz alta, da direita para a esquerda, nomes em Oriano, que foram traduzidos para que Reno e Purpura conseguissem entender.

Condessa Magdalene, das florestas. Barão Dustrias, da cidadela leste. Duque e Duquesa Abgayo Denoo e Astra, do forte do sul. Feiticeira Hina... – Ela apertou os olhos, tentando ler. – Hina... Eu não consigo ler o resto. Está coberto por ervas.

Purpura puxou as ervas, numa tentativa de ajudar na leitura, mas a placa já estava com as escritas embaçadas pela própria planta. Quando nos levantamos para dar mais uma olhada no local, dava-se para ver uma escada que dava para o nada. Yomi apontou para a ponta desta, com um olhar curioso.

- Havia dois andares... Essa construção é mesmo muito antiga!

- Eu quero ver o que há lá em cima. – Eu disse, decidida.

Fui até as escadarias e avancei contra os degraus, séria. Ninguém me seguiu. Lá em cima, eu via boa parte da cidadela leste, das florestas, os muros do forte...

- Yomi-chan! – Gritei. – Daqui estou vendo uma espécie de estatua extremamente alta! Ela deve estar a quilômetros de distancia!

- Em que direção?

- Ao oeste! – Respondi.

A morena folheou o mapa mais uma vez, e ao oeste, pelo menos naqueles papeis, havia uma mancha branca, como se não houvesse nada. Ela estalou a língua, irritada, e os dois parceiros estavam explorando a vegetação de forma que naquele momento, não dava nem para vê-los.

- Que estranho... Não há nada aqui... Tem certeza de que é ao oeste? Você nunca teve...

- Juro... – Gritei. – É ao oeste! Vamos para lá! – Acabei me virando para ela, com um largo sorriso no rosto.

- Excelência... – Ela me encarou séria, vendo meu sorriso desaparecer. – A estatua está mexendo com sua cabeça... Desça daí!

- Claro, claro... Só mais um pouco... AHHHH!

- BYAKUSHI-SAMA!

...

- Minhas costas... – Grunhi.

- Byakushi! – Purpura e Reno gritaram em coro, contornando a construção por fora até chegar em mim. – Bya... Você está sangrando!

- Não estou não. Eu não fui per... Uh...? – Eu realmente tinha aterrissado em algo macio. Escutei uma tosse sofrida, o que me fez pular dos escombros. – Yomi?!

A morena estava com uma estaca de madeira cravada na clavícula, e uma bem menor no peito esquerdo. Eu, no entanto, estava apenas com alguns arranhões. Seu corpo estava todo manchado de sangue. Da boca, uma grande quantidade escorria por entre os lábios, e os olhos que estavam abertos, também continham um brilho morto.

Purpura havia me falado que quando eu perdi o equilíbrio, Yomi subiu às pressas aquela escadaria e se jogou contra o nada, para amortecer a minha queda. A maga colocou a mão sobre o peito da morena, depois no pulso e pescoço...

- Não tem pulsação...

- Ah, não... – Eu não conseguia acreditar. Coloquei a mão na testa, limpando o suor frio. – Procure alguma pulsação!!

- Não há...

- YOMI!

Me joguei contra seu corpo, ao que fui pega pela maga, que falou que se eu caísse daquela forma sobre a outra, as estacas me penetrariam, mesmo que um pouco, no coração e pulmão.

- Mas... Ela!! Yomi!! Yomi!!!!

Eu estava mais pálida que o costume. Tremia, mais do que tremi diante dos monstros. Chorava mais do que chorei perante o corpo dos outros... Eu queria morrer.

Momento depois, eu já não chorava mais, mas tinha certeza de que meus olhos estavam tão mortos quanto os da morena. Toquei em sua testa depois desci estas até os olhos, fechando os olhos. Reno se abaixou, tocou no copo da morena e procurou as estacas, retirando-as de seu corpo. Ele ameaçou levantá-la, passando uma das mãos por baixo da nuca e a outra por baixo dos joelhos, mas naquele momento, pedi para que parasse.

- Vamos deixá-la aqui? – O rapaz perguntou. – Então vamos enterrá-la.

- Não. Ela não queria ser enterrada. Queria ser jogada nas águas. Vou jogá-la em algum rio.

- Byakushi...

Eu fechei meus olhos, sentindo gotas escorrerem pela minha face. Quando os abri, percebi que não eram lágrimas, e sim gotas de chuva. Nesse momento, os olhos do moreno se arregalaram ao me olhar, e ele sorriu, sussurrando um “como você é linda”, e depois olhou para a morena, também elogiando sua aparência.

Ele enxergava com a água. O som que ela fazia nos objetos.

Eu peguei Yomi em meus braços e ergui como se ela fosse um boneco de pelúcia. Nunca havia me sentido tão forte, tão fraca, tão amargurada...

Caminhamos floresta a dentro novamente, uma vez que ela se interrompia graças à vila. Purpura estava sempre na frente. Reno ficava do meu lado, agora enxergando para todos os lugares que íamos. Eu, que só olhava para a expressão serena da mulher, estava séria e não via para onde andávamos.

Sem perceber, estávamos no coração da floresta.

- Cuidado. – A maga disse. – Estamos em área pantanosa. Quanto mais andarmos, mais difícil ficará de nos atolarmos no lodo. Então vamos correr.

Antes de atravessarmos o terreno ensopado, eu coloquei Yomi em meus ombros, segurando-a pelas cochas, que ficavam enroscadas em minha cintura. Sussurrei um “sinto muito”, e corri atrás dos parceiros, procurando sempre por pedras para pisar. Quando elas não existiam, o jeito era deixar afundar-se no lodo.

A travessia durou meia hora. Logo, estávamos em terreno seco, e a chuva parava, lentamente, embaçando a visão de Reno. Havia, no entanto, mais daquelas criaturinhas minúsculas, que nos atacava com pequenas sarabatanas. Purpura, que já estava cansada, apenas empurrou a pirralhada com tiros no chão, que saíam de seu indicador e dedo médio, como raios de luz roxos.

Eu, que já estava com a mente quase limpa, ao ver o sangue daquelas criaturinhas escorrerem, mareei meus olhos novamente, parando de andar mais uma vez, ao que Reno e Purpura me encararam.

- Byakushi...?

- Sim...?

- ... – A maga sorriu quando eu também sorri, só que de forma falsa. – A estatua está perto. Já passamos três quartos do trajeto.

- Que bom.

As próximas arvores tinham raízes enormes, que se enroscavam uma nas outras, fazendo uma teia. Tive de colocar Yomi em meus braços novamente, para podermos passar pelos vãos das raízes. Purpura mostrava o caminho, ao que Reno acompanhava, e eu, mais lentamente graças ao peso da morena, que começava a me fadigar, ia bem atrás.

-Ai!

Sem ver direito, bati em cheio minha testa em uma das raízes. E como era dura. Só reparei agora como sua casca era áspera. Eu senti algo quente escorrer de minha testa, e vi onde tinha batido, uma mancha de sangue. Logo, imaginei que minha testa também estava ensanguentada. Mesmo assim, só sacudi a cabeça tentando limpar o excesso e segui. Escutei o grito dos dois, e apressei o passo, o que apenas me fez esbarrar em mais raízes e marcar minhas pernas com fortes hematomas. Elas no entanto, eram cobertas graças a roupa.

Quando cheguei até eles, descobri que não estavam com problema nenhum. Na nossa frente, havia apenas um campo cercado de arvores floridas das mais diversas cores. E no meio, uma fonte enorme, que escorria água límpida e extremamente cristalina, cuja tal nem sombra no chão fazia. Ela tinha cinco andares, e na menor, os pés nus de uma mulher se apoiavam na beirada da tigela e ela erguia um pote enorme, abaixo do queixo. Seus olhos fechados deixavam lagrimas cristalinas escorrerem, deslizando até o pote, e de um pequeno furo, deslizava até as outras tigelas.

- De perto... É tão maravilhosa! – Exclamei.

- A Fonte dos Sacerdotes. – Purpura murmurou, lendo numa placa. – Eu creio que... Essa fonte não deve ser tocada.

- Eu vou deixar Yomi aí... Olhe! Tem peixes! Eles podem comer carne humana.

- Que horror... – Ela disse. Logo depois apontou para luzes pequeninas que voavam perto da água. – Olhe só... Pirilampos.

- Eles gostam de água. – Reno acrescentou. – Byakushi, faça logo seu trabalho. Precisamos continuar com nossa jornada.

Me aproximei da água, com a morena nos braços. Me sentei em sua margem. Acariciei a face pálida da moça por alguns momentos, beijando sua testa e dizendo no pé do ouvido um delicado “descanse em paz”. Logo depois, empurrei seu corpo na tigela maior e mais baixa, ao que ela afundou. Por incrível que parecesse, a água não sujou-se com nenhuma gota de sangue.

Reno rasgou um pedaço de sua roupa, me entregando. Pediu para eu limpar o sangue de minha testa. Perguntei como ele havia visto. O mesmo falou que Purpura apenas avisou, e sorriu gentilmente.

Escalei as tigelas, indo até a quinta. Me coloquei entre as pernas da estatua, sentada, mergulhei o tecido na água e passei em minha testa. Fechei os olhos. Havia ardido mas o ferimento, no entanto, não estava mais lá. Afundei minha cabeça na água, retirando-a logo depois. Enquanto a água escorria em meu rosto, Reno me encarava apaixonadamente.

- Eu preciso dessa água. – Sorri.

Purpura me chamou para baixo, entregando um pequeno frasco. Era ali que ela guardava uma de suas poções, mas no momento, estava vazia. Peguei um pouco da água da tigela mais baixa mesmo, e guardei em meio ao decote. Me virei para os parceiros, sorrindo. Eu estava com a alma leve, como se um peso enorme afundasse junto de Yomi em meio às águas. Com aquele sorriso, Purpura também sorriu, mas pediu para que fossemos embora.

Entretanto, quando nos viramos, algo que não queríamos ver apareceu bem em nossa frente. Era uma mulher de cabelos longos que escorriam pelo chão, apesar de ela estar suspensa numa esfera que continha duas finas pernas, asas enormes, e cauda colossal. A cauda se contorcia de uma forma estranha. Ia para lá e para cá, como se tivesse vida própria. A mulher também não tinha olhos e não se envergonhava disso, afinal, seu rosto estava totalmente descoberto. Os cabelos estavam soltos, emoldurando a face melancólica.

- Vocês profanaram minha fonte. – Sua voz saiu duplicada, como se ela e mais alguém estivessem falando juntos. – O que querem com minha fonte?

- Aqui está escrito “Fonte dos Sacerdotes” e pelo que eu saiba, a sacerdotisa daqui não é você.

- Claro que sou. – O olho da esfera abriu brilhante. Agora dava para se ver: A esfera era inteira um globo ocular. – Sou Hina, sacerdotisa de Copas.

- Desculpe, mas... E a Castagine?

- Quem é Castagine?

Ficamos um bom momento calados, ao que a mulher imitou. A mesma desceu do animal qual estava montada, e mostrou a nós sua arma: Um livro de magia arcana.

Ela e Purpura se entreolharam. A maga pediu para que eu e Reno saíssemos do local, mas no entanto, apenas nos aproximamos da fonte, sentando em sua tigela.

Ela pegou de seus bolsos o amuleto Histeria, amarrando em seu próprio pescoço. Eu disse-lhe de forma alta que ele só funcionava com os orianos, e ela disse que já sabia. No mesmo instante, suas roupas se transformaram em algo completamente diferente. As placas de metal se moldaram melhor em suas roupas, luvas com proteções de aço, caneleiras, joelheiras, todas elas entrelaçadas entre si como raízes de uma arvore.

- Modo Histeria Adaptado carregado. Eu também tenho sangue oriano!

Ao seu redor, vários tipos de símbolos arcanos e orianos se misturaram, até que no fim o símbolo de Copas dentro de um pentagrama brilho em sua frente. Ela avançou contra o circulo e voou com um cetro em mãos para cima da outra, que defendeu com um campo de força invisível.

O embate estava sempre no empate. Eu ouvi palavras desconhecidas vindo das duas, invocando vários tipos de magias negras e brancas. No fim, o cetro de Purpura atravessou o livro e retirou-o da mão da inimiga, que rosnou de raiva.

Entretanto, quando o livro foi jogado no chão, ele se abriu em paginas aleatórias. O braço esquerdo de Hina brilhou de varias cores, ficando no fim rosado, e o livro também foi tomado por essa cor. No mesmo instante, esqueletos saíram das gravuras da pagina, mostrando-se de estaturas deformadas. Um deles voou para cima do corpo de Purpura e agarrou-a no pescoço, mas com a mão livre, um tiro, que no mínimo era três vezes maior que o usado na selva saiu de seus dedos e jogou o monstro longe.

Depois desse ataque, ela acabava por atirar nos outros, destruindo o exército de Hina, que concentrava sua magia nas mãos para algum ataque especial. Quando a ultima barreira foi quebrada, Purpura foi de encontro com um tiro rosa claro, quase branco, que tapou nossa visão.

- Full Moon Bazooka! – A mulher gritou.

- Negativo. – Foi a ultima coisa que ouvi depois de escutar um grande estrondo e tapar os olhos.

Quando a luz se dissipou, me deparei com Purpura parada, em pé e com expressão horrorizada. Reno, no entanto, não estava ali... Não estava do meu lado e nem na área de batalha.

- RENO!!! – A maga gritou.

Com essa explosão de fúria, Purpura voou para cima da outra, com o cetro em mãos. Duas finas cascatas escorreram de seu lado, rubras. Seus olhos estavam sangrando. Ela havia entrado em real Histeria. No entanto, quando Hina estava prestes a carregar mais um de seus golpes, a maga atravessou-a.

- Purpura! – Gritei.

Purpura foi direto pro chão. Seu rosto mergulhou na grama quase imaculada e ela fechou os olhos graças ao impacto. Não me contive. Me ergui no solo e saquei das minhas costas a arma que tinha conseguido dentro do monstro aracnídeo. Fechei meus olhos... E ao abri-los gritei.

- Destrua-a, Blinde Justice! – E passei a mão em seu olho. A arma atirou algumas das esferas, no entanto, foram absorvidas pelo tiro de bazooka dela.  

Purpura se ergueu atrás da mulher, limpando suas roupas, tentou um ultimo ataque, enfurecida. Passou seu cetro pelo pescoço da mulher, mas esta apenas atravessou como se seu corpo fosse fumaça.

- BYAKUSHI! PARE! – Ela gritou, com os olhos mareados. Eu, acatando suas sábias palavras, parei.

Hina olhou para trás, assustada com aquela reação. Assustada também por não ter morrido com aqueles dois ataques. Ela abriu os lábios para perguntar algo, mas a única coisa que fez foi apontar uma das mãos para a maga e atirar um fino fio de luz, o mesmo que Purpura usava. O tiro atravessou a carcaça de ferro e atravessou seu ombro, jogando seu corpo delgado para trás e a fazendo cair no chão. Nesse momento, peguei minha arma e atirei, dessa vez acertando.

O tiro caiu sobre ela em cheio, mas no entanto, quando a fumaça se dispersou, ela estava em pé, olhando para as próprias mãos e negando algo com a cabeça. Ergueu sua cabeça, me encarando.

- Por que vocês não conseguem me atingir...? – Ela perguntou, com a mesma voz duplicada. – Por que ela me atravessou...?

Purpura estava novamente em pé. Dessa vez, sem a Histeria, pois dava para ver em suas roupas. Ela se ergueu em pé, e murmurou algo que apenas Hina entendeu. As duas se entreolharam. E a chuva passou a reinar lentamente.

- Houve um dia que a princesa, filha da rainha com Zatsu, escolheu uma sacerdotisa para o reino de Copas. Ela, no entanto, vivia sendo espancada pelo barão Dustrias, até que fugiu. Aproveitou a caravana de Aiya para ir para a Terra e encontrou um marido.

- Como você... – Hina foi interrompida.

- Esse homem era moreno. A criança ficou com ele, enquanto a mulher voltou para seu mundo juntamente de Aiya. Ele teve anos depois outro filho com uma mulher de sua tribo.

- Foi...?

- O nome do pequeno se tornou Reno. E da mocinha, Murasaki.

- Mas...

- Ele recebeu uma mensagem que veio das estrelas, dizendo que sua mulher havia morrido após ser apunhalada por uma faca amaldiçoada de Dustrias. Ela jogou a faca nas águas de uma fonte cuja água era milagrosa. A faca afundou-se, junto do sangue da mulher. No entanto, a estatua passou a chorar seu sangue, e mesmo após o ultimo suspiro, a estatua continuava a chorar.

- E então... A mulher foi acordada por um monstro arredondado que grunhiu ao pé de seu ouvido. – Hina prosseguiu. – E então... As águas da fonte voltaram a ficar límpidas. – A mulher começou a chorar, sem mais nem menos. – E a mulher nunca mais saiu da Fonte dos Sacerdotes.

- Essa mulher não ficou sabendo se sua filha permanecia viva ou não. E apesar de estar montada na besta de um olho só, sonhou acordada que o povo de Copas carregou seu corpo até o Royal Cemitery. Entretanto... Esse sonho foi real.

- Como é? Eu estou aqui... Estou viva! Estou aqui, não estou...?! – Hina estendeu os braços, como se mostrasse para nós que estava ali, e bem.

- Não. Você é um espírito sem corpo, arrancando da pele pelo monstro de apenas um olho. Você... Morreu... – Purpura se aproximou, deslizando o dedo pela testa da mais velha. – Mamãe.

O corpo de Hina se desfez em pó, e foi levada junto do vento. Purpura ainda estava com a mão esticada quando ele desintegrou-se inteiro. Nesse momento, lagrimas escorreram pelos olhos.

- Reno...

- Quer dizer que você é filha da ex-sacerdotisa de Copas...? – Perguntei, tentando conter minhas lagrimas. Afinal, também fui amiga de Reno.

- Reno... – Ela desabou no chão. – Ele morreu me protegendo. Ele morreu... – Ela cobriu os olhos com as mãos, desabando em um choro profundo.

Deixei a minha arma cair no gramado e fui até ela, abraçando-a. Com os soluços desesperados da mesma, não contive os meus, e logo depois éramos duas chorando desconsoladamente.

Um brilho, no entanto, chamou minha atenção. Após esse brilho da fonte se calar e afastar os pirilampos, as lágrimas da estatua voltou a ser sangue... E no mesmo momento, a besta de um olho só avançou sobre nós, exibindo que apesar de ter uma forma circular, tinha grandes dentes na cauda. Ele ergueu a boca contra nós e avançou a cauda sobre nós, querendo mesmo nos devorar, no entanto, apenas um esguicho de sangue roxo caiu sobre a gente, que fechamos os olhos e então não conseguimos ver o que acontecera.

Olhamos para um dos lados. Parte da cauda fora decepada, e apesar de fora do corpo, a boca em sua ponta gritava de dor e a esfera pulava desnorteada, até que pulou para cima e abriu as asas, mostrando que em cada uma delas, havia uma espécie de coração.

- Que desperdício de tempo. Perderam o Reno e ainda por cima não eliminaram o inimigo... – Nós olhamos para frente, onde jazia dois pés calçando botas altas. – Espero que ele não tenha morrido em vão, não é, Excelência...? 


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Notas finais do capítulo

Quem será a pessoa que acabou de ajudar as meninas em meio a tanto desespero? Confira no proximo cap!
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