Pov Thalia

Eu estava encostada na parte da frente do meu carro esperando Percy chegar era o único que faltava. Luke já estava dentro do carro no banco da frente e Nico se apoiava no carro ao meu lado.

– O que aconteceu com o Percy? Já tem uns 10 minutos que o sinal tocou – falei puxando o pulso de Nico que estava de relógio.

– Relaxa Thalia, nem faz tanto tempo, as pessoas sempre enrolam na saída – Nico disse abrindo sua mochila e dando de ombros.

– Você vai pra casa do Percy de novo?

– Não eu vou pra casa. E você vai me dar uma carona até lá – ele disse procurando algo na sua mochila.

– Ow criatura, quando que eu disse que te levaria mesmo?

– Ah Thalia, é só duas ruas de diferença. E você tá me devendo uma – ele sorriu.

– Pelo o que? – perguntei levantando as sobrancelhas e Nico puxou o que estava procurando da sua mochila e levantou no ar como um troféu.

– Pelo super-mega-divino-power CD autografado do Green Day! – ele sacudiu o CD alegremente – E estou dando ele a você já que também consegui um!

– WOW Nico você tá falando sério? UHUL! – o abracei para agradecer – Valeu mesmo!!!

Então soltei o abraço devagar, mas continuei perto dele. Nico sorria abertamente e não sei o que aconteceu exatamente, mas ele começou a se aproximar inconscientemente e eu também, acho que foi pelo impulso de emoção do CD que ele me deu, eu não sei, estávamos realmente perto...

– Desculpem pela demora gente! – Percy falou chegando perto de nós.

Eu levei um susto tão grande quanto o de Nico. Nos afastamos rapidamente e Nico bateu a costela no retrovisor do carro e gritou um “AI”. Eu tropecei e peguei o CD que tinha caído no chão, funguei e guardei o CD na mochila com a cabeça baixa e Nico ainda reclamava da costela e olhava pro chão envergonhado.

Percy olhava de mim para Nico, com uma mão na boca aberta e outra apontando para nós em sincronia com a cabeça. Olhei para o vidro do carro, atrás do vidro Luke estava com uma cara estranha, meio chocado, com um de seus fones do ipod caído da orelha.

– Eu... eu atrapalhei o casal halloween? Não creio que fiz isso! – disse Percy sorrindo malicioso.

– Não, não atrapalhou. Não tinha nada acontecendo aqui, ok Percy? Vamos logo – fiz a volta e entrei no lado do motorista, enquanto Nico abria a porta de trás e Percy entrava rindo.

– Por que você atrasou peste? – falei mudando de assunto.

Percy parou de rir na mesma hora.

– Ah ta que você não sabe, do jeito que é Annabeth já deve ter contado tudo para você pelo celular.

– Eu to boiando, quebrei meu celular... sem querer. O que aconteceu?

– Ah daqui poucas horas você vai acabar descobrindo – Percy falou meio... corado?

Deixei Nico na casa dele. Quando ele saiu Percy me mandou um olhar engraçado, me contorci para dar um tapa nele e voltei pro meu lugar. Percebi que Luke não tinha falado uma palavra até agora.

– E então Luke, por que está quieto assim? Não gostou da escola? Ou da cidade?

– Ah, não, não é isso – ele deu um sorriso forçado – É muito legal aqui.

– Você parece meio incomodado.

– Não é nada... então, parece que você curte Green Day né? – ele disse mudando de assunto.

– Aham – eu sorri.

– Engraçado, você não parece que gosta dessa banda, mas ela é muito boa.

– Não é a única que eu gosto.

– Acho que esqueci meu caderno na escola – Percy falou pensativo lá atrás.

– Parabéns, você é mesmo muito ciente das coisas – eu ri.

Estacionei o carro em frente de casa e descemos. Me despedi dos meninos, que foram para as suas respectivas casas e entrei na minha. Almocei e fui pro meu quarto.

Entrei e liguei o som no máximo e me joguei na cama enquanto mexia no meu celular. Com dificuldade percebi que alguém batia na porta. Diminui o volume e gritei pra entrar, ainda deitada na cama. Pensei que era minha mãe, sei lá, então nem olhei.

– Posso me sentar ai? – Estranhei a voz que parecia meio tímida e levantei a cabeça, gritei de susto e sentei na minha cama em um pulo, Nico gritou comigo levanto susto do meu susto.

– AHHH! Que foi criatura?! – Nico perguntou com uma posição de ataque olhando ao redor do quarto. Comecei a rir.

– Am... nada não, me desculpe por isso – respondi sem graça enquanto ele se sentava ao meu lado – eu só não imaginava que seria você.

– Sua mãe me mandou subir, falou que estaria no seu quarto. Se quiser eu vou embora.

– Ah, não, está tudo bem. Então, por que a visita? – perguntei mexendo de novo no celular.

– Sabe Thalia, eu fiquei pensando sobre hoje de manhã e as zuações do Percy, talvez ele possa ter razão em uma coisa – Nico falou olhando distraído para o chão.

Ai senhor, não acredito que isso vai acontecer. Eu ouvia a batida do meu coração, e perguntei uma coisa provavelmente sabendo a resposta:

– No que você acha que Percy tem razão? – perguntei parando de mexer no celular e olhando para ele. Nico se virou para mim.

– As vezes acho que poderíamos ficar bem... juntos – essa última palavra ele disse devagar enquanto se aproximava.

Congelei na hora. Droga, eu queria muito que isso acontecesse, mas por que eu acho que isso... não estava certo? Eu gostava muito de Nico, mas era errado o beijar. Somos tão perecidos que isso faria de nós um casal perfeito, mas eu sou um pouco rebelde. Nada pode ser balanceado para mim. Percebi quase tarde que não podia fazer isso.

Quando seus lábios estava a milímetros dos meus eu me afastei um pouco desconfortável.

– Nico. Eu... – murmurei constrangida.

Ele parou e também se afastou olhando pra janela no lado contrário a mim.

– Droga, eu sabia que isso acontecer, me desculpe – ele riu sem graça – devia ter seguido minha intuição, mas intuição masculina não é tão boa quanto intuição feminina.  – ele fez uma careta e se jogou para trás deitando na cama com uma mão na testa.

– Não se desculpe Nico, não tem nada para você se desculpar, eu que me desculpo.

–Ok, eu desculpo quando você me beijar mesmo.

– Nico!

– É brincadeira – ele riu e se sentou de novo sorrindo para mim.

– Não se sinta mal ok? Eu só acho que a gente não daria muito certo, deve ter outra garota mil vezes melhor que eu para você – eu disse me levantando e pegando duas barrinhas de chocolate da minha “gaveta das porcarias” e oferecendo uma para ele.

– Estou feliz que você não veio com aquele papo de “podemos ser apenas amigos Niquito” – ele disse realmente feliz mordendo a barra de chocolate.

– Você está feliz pelo chocolate que ganhou isso sim! – eu disse rindo.

– É, isso também conta – ele disse dando de ombros e mordendo outra vez o chocolate.

– Perae, mas ainda somos amigos né?

– Só se você me der mais uma barrinha de chocolate.

– Tudo bem – respondi sorrindo – Só tente não acabar com meu estoque.