Chovia.

Eu gostava do som da chuva, o som de uma gota caindo do céu e espatifando-se no chão, transformando a terra em barro, a solidão em alegria.

Por mais que não parecesse, eu me sentia alegre em dias como esse. Adorava banhos de chuva e os trocadilhos: chuva com sol casamento de espanhol; sol com chuva casamento de viúva. Passei toda minha infância tentando descobrir qual a diferença entre elas. Elaborei a tese de que chuva com sol seria: a já estava chovendo quando o sol saiu. Sol com chuva seria o contrario, a chuva caiu depois quando o sol já estava no céu.

Já passava da hora de dormir e eu tinha que trabalhar cedo no outro dia, eu sabia bem disso, mas quem se importa com horários quando algo tão bonito quando a chuva cai do lado de fora?

Como gostaria de fazer parte da chuva, me misturar a ela, transformar tudo ao meu redor, minha vida, a paisagem a minha volta, as pessoas.

Será que a chuva era capaz disso? De mudar as pessoas?

- Gray-sama!

Ouvi aquela doce voz me chamar. Como adorava aquela voz. Falando em trocadilhos, aquele era o mais evidente de todos em minha vida.

- Gray-sama, não é a Juvia que está fazendo chover! Juvia não está triste!

Ela e a mania de achar que era sua culpa estar chovendo. Tentei acalmá-la tantas vezes dizendo que a culpa não era dela, mas parecia uma linda boneca de porcelana, se a contrariasse poderia quebrar.

- A culpa não é sua, Juvia. A prova está aí. Você não está triste e mesmo assim esta chovendo.

- Mas Juvia não quer que chova. Gray-sama não gosta de chuva.

- Quem disse isso?

- O Gray-sama. Lembro-me de você dizendo que odiava aquela chuva quando estávamos indo viajar, mas a chuva não deixou.

- Isso mesmo Juvia. Não gostava daquela chuva, estava me impedindo de ser feliz com a mulher que amo. – ela corou, como adorava vê-la corada. – Eu gosto dessa chuva, é bonita, e posso ser feliz o quanto quiser com a mulher que amo.

E pensar que há alguns meses estava brigando com Natsu, que dizia que eu ia morrer só, pois parecia uma pedra de gelo, sem sentimentos. Mas ela entrou em minha vida e derreteu todo o gelo.

- Juvia, vem curtir a chuva.

Peguei seu braço e puxei-a para fora da casa. Estávamos tomando banho de chuva. Apesar de repentino, um sorriso surgiu em seu rosto, assim como no meu. Éramos o casal mais feliz da face da Terra, eu tinha certeza.

E pensar que meu sonho de criança tinha se realizado de um modo tão estranho. Eu estava ali, misturado com a chuva. Minha chuva, minha Juvia.

Talvez a chuva fosse capaz de mudar as pessoas. Ou talvez apenas a Juvia tivesse o poder de mudar a mim.