Trick Play escrita por Ana Sedgwick


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões aos fãs de PoT que lerem essa desgraça (isto é, SE alguém ler, cof).



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– Vou ter que desligar agora Kei, se não vou me atrasar.

Ela engoliu seco ao ouvir a resposta.

– Não! – praticamente berrou, desesperando-se. Alguns estudantes que passavam ao seu redor pararem para fita-la, achando que era com eles – Não pode!

Do outro lado da linha o rapaz não conseguia conter o riso.

– E pare de rir! – ordenou. Apoiou o celular entre o queixo e ombro enquanto puxava a manga do blazer verde. Começou a estudar os desenhos pretos com que cobriu o braço freneticamente. O mapa que fora feito as pressas mais parecia um rabisco de criança e já tinha manchando a camisa branca do uniforme. Parecia que ela havia se esfregado na graxa.

Porém, sabe se lá como, com algum esforço ela ainda conseguia distinguir algumas poucas coisas escritas ali.

– É sério Hideki, da pra parar com o ataque? Já estou praticamente no portão, e agora?

– Juro que eu estava me contendo para não te perguntar, mas você ainda continua com aquela mania de desenhar a cidade inteira no braço quando sai? – a morena estremeceu ao ouvir aquilo. Não tinha abandonado aquele hábito e nem pretendia. Se encostou no muro do colégio, a fim de não atrapalhar a passagem. – Nem precisa responder. Mas enfim, o que quer que eu faça? Não entendo praticamente nada da Rikkaidai. Saber chegar até lá é uma coisa, conhecer a escola é outra muito diferente.

– Pelo amor de Deus, vai dizer que nunca veio visitar a sala daquela sua ex que estudava aqui? Aquela tal de Yumi-chan – a garota fez questão de repetir aquele nome com uma voz extremamente melosa – Ou seria Yuki-chan? Não lembro direito de como ela se chamava.

– Calma. Teve uma Yumi-chan e uma Yuki-chan. De qual delas estamos falando?

Keiko tentou, mas não conseguiu evitar a corada que suas bochechas deram graças ao ciúme depois de ouvir aquilo. Era incrivelmente possessiva com Hideki e ele adorava dar corda naquele ponto.

– Não importa. Só quero saber onde fica o prédio do terceiro ano, mas que coisa!

– Juro que não me lembro – o rapaz confessou e depois de Kei soltar todos os palavrões que conhecia para si mesma, continuou: - De qualquer forma, a senhorita teve as férias de verão inteiras para ir até aí e estudar o trajeto. Você não o fez e eu te ajudei até agora.

– É, eu sei.

A novata suspirou. Não era nem de longe um poço de responsabilidade. O mais velho também não podia falar muita coisa quanto ao tema, mas agora que havia conseguido ingressar na faculdade parecia que finalmente estava tomando algum jeito.

– Tudo bem. – continuou calmamente - Sabia que ia arranjar alguma desculpa para me ligar de uma forma ou de outra.

Ela tentou rebater alguma coisa, mas não conseguiu pensar em nada. O caso era exatamente aquele.

– Tenho que ir, agora é sério. Peça para algum aluno te ajudar aí – Kei grunhiu alguma coisa do outro lado da linha e ele sorriu. – Vamos, não seja boba.

O garoto sabia que Keiko precisava de apoio. Ela sempre fora tímida com estranhos e agora estava completamente cercada por eles.

– Não estou sendo boba. Não é nenhuma droga de bobagem e você sabe disso.

– Sei sim.

A morena soprou a franja e olhou para o céu, sentindo-se extremamente sem graça. Hideki conseguia ser tão sociável que conversar com ele sobre aquele assunto em questão não era lá muito confortável.

– Tudo bem, eu vou indo. Não quero mais te atrapalhar, mister Universidade – ela já ia desligar, mas lembrou-se de acrescentar: - Ah! Nada de ficar se engraçando com as vadias espertonas daí, ouviu?

Ele voltou a rir.

– Eu? Imagina! Boa sorte com o colégio. E vê se não esquece de me ligar para contar o que achou do “super clube de tênis” aí da Rikkai.

– Até parece que vou esquecer. E Obrigada, de verdade. Mais tarde a gente conversa.

Assim que desligou o celular, Keiko prosseguiu com alguns poucos passos e entrou pelo portão. Já havia percebido pela quantidade de estudantes que passavam por ela enquanto conversava do lado de fora que a estrutura da tal Rikkai Daigaku Fuzoku estava longe de ser pequena. Tratava-se de uma escola com mais de dois mil e quinhentos alunos e ela sabia disso. Porém, a ficha só caiu quando a morena se deparou com o pátio do colégio e na hora convenceu-se de que havia entrado acidentalmente em um enorme formigueiro.

Sentiu as pernas tremerem e desejou poder voltar para casa o mais rápido possível – e provavelmente teria feito isso se não tivesse lembrado de que o mapa do trajeto que rabiscou no braço provavelmente já havia virado um borrão de uma vez por todas.

Keiko respirou e expirou fundo varias vezes e também contou os dedos das duas mãos para ver se acalmava os nervos. Ela mesma achava este exercício que seus pais haviam recomendado ridículo, mas ele se mostrava bem eficaz em algumas situações. Não que aquela fosse o caso.

Quando criou coragem, seguiu o que Hideki havia dito e resolveu pedir ajuda para a primeira pessoa que não considerasse muito mais perdida que ela. Decidiu-se no impulso pelo garoto alto de cabelos brancos que estava um pouco mais a frente dela. Cutucou-lhe o ombro e ele virou o rosto para trás. A novata logo se adiantou:

– Ahm... Oi. Não quero ser incomoda nem nada, mas você saberia me dizer onde fica a sala 3-B #16? É no bloco do terceiro ano, mas não tenho nem ideia de onde isso fica.

Os lábios do rapaz se juntaram em um leve sorriso quando Kei terminou de falar.

– Mas é claro – ele respondeu, em um tom um pouco duvidoso - , puri.


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