Vicodin escrita por Cathy Thesaurus


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

drabbles pra os desafios dessa semana de "100 palavras para House".



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I.

Havia no máximo um mês que Stacy havia partido, trancado em seu apartamento, sem higiene, sem amor-próprio, House estava mais prostrado do que ousava admitir.

Estava sem ninguém, sem amor, nem podia andar direito mais, MERDA!

Batidas incessantes indicavam que alguém se preocupava, ele não quis ouvir.

- Trouxe um remédio mais forte, sei que seu analgésico não está funcionando.

Ele reconheceu a voz feminina, esperou um tempo de silêncio, abriu a porta e encontrou um saco de papel, dentro estava um frasco de remédio.

Ele tomou um comprimido a seco. Soube, todos os seus vazios seriam preenchidos com vicodin.

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II.

Sentado em seu piano, mais um aniversário. Seus dedos tocavam “Happy Birthday to you” automaticamente. Sozinho, sozinho. Sua escolha. Não precisava das pessoas dizendo o que fazer o que era melhor para sua saúde, para o seu bem-estar.

Jogou uma pílula para o alto como se brindasse tudo que ainda estava por vir, todos os anos de solidão.

No fundo ele só esperava uma coisa, que alguém entrasse por aquela porta e removesse de si toda a dor, entregar-se por amor, desintoxicar-se numa só noite e fazer amor.

Isso era só sonho, miseráveis também sonham.

- Happy Birthday to me.

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III.

O quarto era gelado, as paredes claras, os lençóis pareciam molhados. Tremia, como se todos seus músculos estivessem lutando contra um monstro que vivia dentro de si.

O coração batia de forma descompassada, passava de escola de samba para bolero. Tudo doía, respirar, pensar, lembrar. Lembrar doía.

Um sorriso amargo - como o gosto de sua boca - plantou-se nos seus lábios. Vicodin. Podia ver um frasco à sua frente, podia sentir o comprimido descendo rasgando a garganta seca. Pôs as mãos ante do rosto tudo sumiu como se o vicodin fosse o que restava de si dentro daquele corpo.

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IV.

Vicodin. Sete Letras. Paracetamol e hidrocodona. Veneno para o fígado. Vício, remédio, sentia como se às vezes fosse enganado, o remédio fosse na verdade doce e dizerem que era Vicodin curasse tudo.

Andava trôpego chocando-se contra as paredes do cubículo, pedia por sanidade, pedia por quem era. Implorava silenciosamente pelo velho Gregory House. Temia que todo seu brilhantismo fosse na verdade efeitos colaterais do remédio.

Tão inundado em abstinência estava não percebia que a única coisa que sua salvação trazia era o afastamento gradual de tudo que ele realmente desejava.

- Cuddy. – sussurrou antes de dormir no quarto da clínica.

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V.

Uma aposta fez com que aceitasse a desintoxicação. Tão certo de si mesmo, certo de que ainda restava um pouco de vontade própria que aceitou. Era orgulhoso demais para rejeitar uma aposta dela.

Conforme a semana foi passando a dor era tanta que quebrar-se, partir-se fisicamente era mais leve que a falta, a necessidade de alguns comprimidos.

Quando assumiu que era viciado, e era tão óbvio que era uma reafirmação. Wilson o acusava de ter mudado.

O que ninguém entendia era que a mudança era natural para um miserável viciado em vicodin que se matava pela solidão. Isso jamais admitiria.


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