- Oi Mogie.       

      - Oi!       

     - Vejo que chegou atrasada hoje.       

   - Sim.        

  Não estava interessada em contar minha vida para o Valentim. Mas eu não poderia ser tão rude com ele.       

 - Eu estava conversando com um amigo.       

 - Que bom você já fez um amigo!       

 - É bom sim.       

- Não precisa se preocupar, sua mãe não vai saber a não ser que você conte.       

- Obrigada Valen.       

Eu chamei o Valentim de Valen pela primeira vez! Não podia acreditar em como eu mudei meu ponto de vista tão rápido.       

- Não há de que Mogie.       

Subi para o meu quarto e troquei de roupa. Hoje era o dia em que minha mãe chegaria mais cedo e eu cheguei atrasada. Minha sorte é que Valen não iria contar nada para ela. Eu estava muito feliz e acho que nada iria estragar minha felicidade a não ser que.         

- Mogie!         

Essa voz me era muito familiar.         

- Já estou descendo, mãe.         

Desci as escadas e me deparei com ela. A minha mãe.             - Que semblante caído.         

- Diz isso porque você não trabalha naquele lugar.         

A minha mãe trabalhava como garçonete em uma lanchonete a duas ruas desta casa. Era uma lanchonete muito movimentada, mas com o tempo o fluxo de pessoas foi diminuído devido a falta de cozinheiros e garçons.         

- Tudo bem mãe não precisa me tratar assim.         

- Desculpa Mogie, é que eu estou muito estressada.          Por um momento eu pensei em trabalhar ali como garçonete, mas a minha falta de convivência social não iria ajudar em muita coisa. Então pensei em ser ajudante de cozinheira, afinal, ninguem iria me ver e eu estaria fazendo algo me sentindo bem. Também ajudaria muito na renda da casa.         

- Será que eu poderia trabalhar como ajudante de cozinheiro?         

- Não é arriscado para você?         

- Não só pra mim, mas como pra qualquer outra pessoa.         

- Vou levar você para fazer um teste.         

- Ok.         

O que eu precisava naquela hora era lembrar os ensinamentos do meu pai e fazer tudo perfeitamente bem.         - Frederico!         

Me surpreendi com a informalidade da minha mãe.                - Oi Rita!         

- Trouxe uma encomenda para você.         

- Qual?         

- A minha filha se candidatou para ser ajudante de cozinheiro.         

- Que maravilha! Olá garotinha!         

Garotinha?         

- Olá senhor.         

- Tem certeza que quer ser ajudante de cozinheiro?              - Sim.         

- Ótimo! Venha comigo.         

Ele pediu para que eu fizesse um prato que eu soubesse e pra não usar todos os ingredientes da dispensa. Coloquei meus fones de ouvido e comecei a ouvir “I Can” do Skillet.             - Formidável!         

- Concordo. Está muito bom!         

- Obrigada. E então, senhor Frederico, estou nessa?             - Com certeza! Pode começar amanhã mesmo.         

- Muito obrigada!         

Acho que agora sim meu dia estava perfeito.                

19:42         

Resolvi deixar um email para o meu pai contando sobre o meu dia.         

Oi Phil. Estou muito feliz hoje! Consegui fazer dois amigos. Na verdade três. Já é um bom começo, você não acha? Minha mãe conseguiu um emprego pra mim como ajudante de cozinheiro. Eu estou muito feliz! Vou me lembrar sempre dos seus ensinamentos. Vou jantar agora. Espero que tudo continue assim, bem. Estou com saudades. Beijos,            

                     Morgana “Mogie” Gallego